Capitulo 30
A Última Rosa -- Capítulo 30
Michelle saiu correndo.
-- O que você está fazendo?
Detrás dela, a voz de Marcela soou estridente, ameaçadora. Michelle desceu as escadas correndo, dois degraus de cada vez, e correu para a porta da frente.
-- Michelle, espera. Vamos conversar.
Marcela berrava de dentro da casa. Michelle saiu correndo pela calçada que separava a casa de onde estava estacionado o carro. Lá fora, no pátio da mansão, caía uma chuva fininha, deixando o piso perigosamente escorregadio. Michelle escorregou e quase caiu no chão.
A imagem de Marcela parada de pé, diante da janela, não saía de sua cabeça.
-- Que filha da puta! -- berrou indignada -- Como corre a vagabunda! Está melhor das pernas do que eu -- entrou no carro e tentou ligar, mas sua mão tremia. Ela não tinha a menor ideia do que fazer e nem para onde ir, mas mesmo assim deu a partida para deixar a mansão.
-- Pare, sua imbecil!
Uma voz irritada soou ao lado do carro. Assustada, Michelle quase perdeu a direção. Acelerou ao máximo o motor deixando um rastro de borracha no caminho. Marcela golpeou o chão com o pé enquanto olhava com ódio o carro sair em alta velocidade.
-- Inferno, Michelle -- resmungou, dando um chute em uma inocente florzinha.
Um carro freou bruscamente ao seu lado.
-- Venha, vamos segui-la -- disse Augusta, abrindo a porta do seu possante para Marcela entrar.
Michelle olhou pelo retrovisor, notando que um carro vermelho se aproximava em alta velocidade. O carro era da doutora Augusta, agora, não havia dúvidas. A princípio não tinha dado importância, dizendo-se que se tratava apenas de coincidência, mas, ao diminuir a marcha para tomar uma estrada secundária, viu que o veículo vermelho também saía da estrada principal.
Com um suspiro, ela pisou fundo no acelerador, querendo se distanciar, mas o carro esporte era muito mais veloz que o seu.
A estrada parecia ainda mais assustadora, em alguns pontos a água tinha invadido a estrada, tornando a direção mais difícil.
Michelle não conseguia tirar os olhos do retrovisor. Sentiu um arrepio de medo. Afinal, por que elas a seguiam? O que pretendiam fazer?
Alarmada, afundou ainda mais o pé no acelerador, mas, o carro de Augusta se aproximava cada vez mais e mais, até emparelhar com o dela.
A estrada era estreita, as curvas sinuosas, mas nenhuma delas diminuiu a velocidade.
Os carros seguiram lado a lado por algum tempo até que Augusta, de maneira insana, jogou seu carro para cima do carro de Michelle forçando-a a sair para a faixa de acostamento. Michelle controlou o carro para voltar à estrada. Porém, viu o caminhão diante de seu carro tarde demais. Jogou o volante todo para o lado, em um último esforço para evitar a colisão de frente. Um segundo depois, ouviu o barulho da batida, na parte traseira do carro. A violência da pancada fez o carro perder muita tração e as rodas escorregarem com a água da estrada. Michelle não conseguiu evitar que o veículo se precipitasse de bico em uma ribanceira.
Jessica entrou na cozinha e encontrou Valquíria e Vitória guardando as frutas e verduras que compraram.
-- Foram às compras? -- ela pegou uma maçã na fruteira e deu uma mordida -- Está lavada, né.
-- Não -- disse Valquíria -- Devia ter perguntado antes.
Jessica fez cara de nojo e jogou a maçã na pia.
-- Michelle foi para a empresa? -- perguntou Jessica, fingindo naturalidade. Mas Valquíria logo percebeu o interesse da chefe.
-- Sim. Ela nos levou até a feira, depois, voltou até aqui para buscar o celular que havia esquecido.
Jessica balançou a cabeça e sorriu.
-- Michelle sempre foi uma cabecinha de vento.
O comentário inesperado fez com que Vitória dirigisse um olhar desconfiado.
-- Sempre? -- perguntou, curiosa -- Vocês já se conheciam?
-- Não, claro que não -- Jessica respondeu, com certo desconforto.
Parecia que Vitória ia dizer mais alguma coisa, mas subitamente mudou de assunto.
-- Quando chegamos em casa a dona Marcela não estava. Ela chegou logo depois com a doutora Augusta.
-- Ela disse aonde foram?
-- Não. Mas a dona Marcela não levou a cadeira de rodas.
Jessica mordeu o lábio, pensativa.
-- É bom que Marcela saia de casa para passear. Pena que ela escolheu um dia tão chuvoso -- disse ela, afastando-se em direção à porta.
-- Dona Jessica -- Valquíria a chamou. Jessica se virou para ela.
-- Sim?
-- Como foi lá na locadora, descobriram algo?
-- Ah, desculpa. Já ia me esquecendo de contar para vocês. O cara alugou o carro até amanhã de manhã. Então, eu e os rapazes estaremos lá prontos para pegá-lo com a mão na botija -- Jessica deu um sorriso confiante e saiu da cozinha.
Vitória coçou a cabeça, preocupada.
Marcela andava de um lado para outro do quarto, com os pés descalços sobre o elegante tapete turco. Foi então que ouviu o som da porta sendo aberta. Imediatamente sentou-se na cadeira de rodas.
-- Olá! -- Jessica entrou no quarto sorrindo -- Tudo bem, meu amor?
Marcela sorriu tristemente.
-- Estou bem melhor agora que você está aqui.
Jessica se ajoelhou diante dela e pegou suas mãos. Marcela estava tremendo, ela então pegou o controle do ar condicionado e subiu a temperatura, mas Marcela ainda parecia fria, tão fria. Jessica colocou um cobertor ao redor dos ombros dela.
-- Estou com medo -- ela sussurrou.
Jessica se ajoelhou novamente diante dela.
-- Está tudo bem, fique calma -- disse baixinho -- Vitória me contou que você saiu com a Augusta. Onde foram?
Marcela viu uma faísca de estranheza se acender dentro das profundezas verdes dos olhos de Jessica.
-- Pedi para que ela me levasse até a lagoa, estava me sentindo morta, deprimida -- Marcela abaixou a cabeça -- Você vive me dizendo para sair de dentro de casa.
Jessica concordou com a cabeça.
-- Deve sair sim, mas porque escolheu justo um dia chuvoso? -- ela se sentou na cama e sorriu suavemente.
-- Você não sabe o que quer! Quer que eu saia ou não? -- ela berrou, completamente descontrolada -- Chega de tantas perguntas! -- Marcela girou a cadeira e foi para o banheiro.
Com os cotovelos cravados nas coxas, Jessica olhava sem expressão para a porta do banheiro. Marcela tinha um temperamento pior do que qualquer pessoa que ela já tinha visto, como uma bomba prestes a explodir.
Jessica tinha tomado um drinque, e preparava-se para uma segunda rodada, quando Valquíria entrou na sala.
-- O tráfego nas estradas aumenta na segunda-feira. Parece que todo mundo sai de casa para fazer compras -- disse Valquíria, à Jessica -- Daqui a pouco ela estará chegando.
-- Espero que não tenha acontecido nada -- disse Jessica, preocupada.
-- Claro que não aconteceu nada -- afirmou Valquíria, saindo da sala.
Jessica olhou mais uma vez para o relógio. Não queria telefonar, não queria parecer controladora. Michelle tinha a sua própria vida, tinha o direito de ir aonde quisesse sem dar explicações a ninguém. Mas, aquela voz sussurrando em seu ouvido a estava enlouquecendo. Dizia o tempo todo que Michelle estava em perigo, que ruim havia acontecido.
-- Eu vou ligar para ela -- disse Jessica, num rompante de impaciência -- A tia Inês vive dizendo que devemos seguir as orientações do nosso mentor espiritual -- ela riu -- Então, vou te ouvir, cara. Se eu passar vergonha, te mato!
Neste momento a campainha tocou. Valquíria apareceu no mesmo instante.
-- Ah, deve ser ela, com certeza esqueceu a chave -- disse ela, toda feliz -- Vou atender -- e foi correndo para o hall abrir a porta com um sorriso nos lábios que tornava sua expressão radiante. Não era Michelle. Era um policial. O sorriso desapareceu de seu rosto.
-- O que foi? -- ela perguntou ansiosa.
-- Gostaria de falar com a dona Marcela, se ela estiver em casa -- disse o policia!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
HelOliveira
Em: 20/03/2021
Michele mais uma.vez levando a pior....espero que nada de tão sério tenha acontecido com ela.
Será que alguém.viu o que aconteceu...passou da hora da Marcela começar a se ferrar...
Bjos
Resposta do autor:
Olá!
Michelle sempre se metendo em confusão, coitada.
Beijos.
NovaAqui
Em: 19/03/2021
Será que a polícia viu o que aconteceu?
Já está na hora dessa 71 da Marcela se ferra um pouquinho
Mulher mesquinha, sem ética
Tomara que tia Inês tenha alguma premonição
Agora é aguardar ansiosamente o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá.
Confio na policia de Hills. Vamos torcer para que aparece uma pista incriminadora, quem sabe.
Abraços fraternos.
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patty-321
Em: 19/03/2021
Pqp, Michele foi muito burra, se machucou com certeza. Doida.
Resposta do autor:
Olá patty-321
Sim, Michelle se desesperou. Mas acredito que ela tem razão em ter medo da dupla maldosa. Elas são capazes de tudo para não serem desmascaradas.
Beijos. Até.
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