Vanessa se aproximou de Rafaella e com a palma da mão direita emitiu uma luz de uma coloração rosa e as lembranças de Rafa foram retornando a sua cabeça, inclusive os encontros que ficaram guardados no inconsciente da ruiva.

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- Léo...eu lembrei...tudo voltou, lembrei da Vanessa, do que sentia, das vezes que sonhei com ela, eu lembrei...

- Calma Rafa, você está pálida até.

- É ela Léo, sempre foi ela, eu amo a Vanessa e ela faz parte de mim como qualquer parte do meu corpo, temos uma história, eu não sei explicar, mas, sei que ainda vamos ter a nossa hora.

- Rafa, desculpa, mas, a Van não está mais entre nós, ela se foi há tantos anos, mana, você precisa encontrar alguém que te complete.

- Mas quem me completa é a Vanessa. - Falou Rafaella tristemente.

- Você sabe que eu acredito totalmente na imortalidade da alma, na reencarnação, mas, nesse momento te aconselho a seguir, você precisa, quem sabe um dia, em uma outra vida vocês vão se encontrar, mas, agora é impossível.

- Ah Léo...o amor vence barreiras já ouviu falar?.

- Bom maninha, pelo visto está mais animada, então preciso ir, tenho uma ONG a cuidar, se um dia quiser me ajudar no projeto de leitura para as crianças fique à vontade, tenho certeza que só iria te fazer bem.

- Obrigada Léo, qualquer dia desses eu apareço.

- Mana, você fala isso há um ano.

- Desculpa...e obrigada pela força Léo, obrigada mesmo...prometo que vou me esforçar para aparecer, é que tenho passado dias complicados.

- Eu sei Rafinha, a gente se fala, qualquer coisa você sabe que pode me ligar, a qualquer instante.

- Eu tenho certeza disso, obrigada mana, diga a Ric que mandei um beijo, outro bem no meio da bochecha do Donatello, ele está cada dia mais lindo.

- Vou dar irmã, e vê se aparece para ver seu afilhado, ele está crescendo muito rápido...

- Pode esperar que essa semana vou aparecer, me orgulha em te ver como uma mãe maravilhosa, parabéns pela família que constituiu.

- Obrigada e vamos ficar te esperando.

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      Após a saída de Léo, Rafaella terminou a taça de vinho, prendeu os cabelos ruivos e saiu para buscar um travesseiro, continuou deitada no sofá, em seguida apertou o controle remoto em direção ao som, e sorriu com a música que começa a tocar, "Fly me to the moon" na voz de Frank Sinatra, por uns instantes lembrou um dos poucos momentos felizes que tivera com os pais biológicos, quando a música rolava e todos dançavam felizes, foi um tempo bom, mas, que infelizmente durou pouco, respirou fundo e agradeceu, pelo menos existiam lembranças felizes no meio do caos que se seguiu, e adormeceu com um sorriso no rosto.

      Quando abriu os olhos estava em frente a Vanessa, ainda que ela fosse apenas uma névoa bem tênue, Rafaella sorriu feliz, no entanto a alegria durou pouco quando percebeu que um estranho cordão de prata a prendia ao seu corpo duplo e inerte adormecido no sofá.

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- Van, o que é isso em mim?, eu morri? - Falou preocupada, mas, logo abriu um sorriso largo no rosto.

- De jeito algum, está vendo esse cordão prateado ligado ao seu corpo?, então mocinha, está apenas adormecida, ele que lhe mantém encarnada.

- Ah, entendi...eu vou lembrar disso tudo quando acordar?.

- Não sei Rafa, não sei mesmo, é difícil dizer, sabe?, não tem como precisar.

- Poxa, pensei que enfim iriamos ficar juntas...

- Ainda não meu amor, mas, podemos ter vários momentos, como esse...

- Mas é diferente, eu quero me lembrar de tudo, quero guardar bem aqui no coração para quando despertar tenha algo que me faça caminhar sem você aqui comigo...

- Rafa...eu...

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      Os rostos estavam próximos, naqueles segundos que antecedem o beijo, mas, as mãos de Rafaella passaram direto entre a névoa de um tom clarinho que formava Vanessa, suspirou tristemente e levou a mão nos olhos para enxugar as lágrimas, ia sentar no sofá para continuar a conversa quando Inês apareceu, Rafaella assustou-se e pulou para trás.

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- Quem é você?.

- Eu poderia dizer simplesmente Inês, mas, é tão mais divertido dizer que sou a Cuca.

- A Cuca?, tá, e eu sou a Iara...

- Não querida, você não é a Iara porque a conheço.

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      Vanessa se adiantou sorrindo vendo Inês sentar no sofá com um macacão preto de látex.

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- Inês, seja razoável, convenhamos que é muito difícil para alguém acreditar que é a Cuca.

- Porque?, se as pessoas acreditam em fadas, duendes, gnomos, sereias, porque não acreditar na Cuca, no Saci, no Curupira?. Isso é uma discriminação, sabia?.

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      Rafaella concordou com o pensamento de Inês, mas, estava muito mais interessada em saber o que ela queria, e esse pensamento foi rapidamente respondido.

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- Ora minha querida, eu vim fazer um favor para Vanessa, e de certa forma a você, vou doar ectoplasma para ter uma noite de verdade com Vanessa, vocês estão merecendo.

- O que é ectoplasma?.

- Nunca assistiu Caça-fantasma, ou algo do tipo?, bom, ectoplasma é uma substância considerada capaz de produzir materialização do espírito.

- Sim, e como vai...

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      Não deu tempo de terminar a pergunta, com um empurrão Inês fez com que Rafaella voltasse ao seu corpo, depois foi tudo muito rápido, a ruiva despertou, sentando assustada no sofá, sorriu apenas quando viu Vanessa materializada em sua frente, mas, não conseguiu dizer nada, apenas chorou.

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- Rafinha, vai ficar ai sentada chorando e me olhando?, vem aqui amor, eu preciso te sentir.

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      Vanessa deixou as lágrimas caírem com a proximidade de Rafaella, estavam tão próximas que ambas podiam sentir a respiração uma da outra, a morena subiu a palma da mão quase no mesmo instante que Rafaella, assim encostaram as mãos aproximando a testa.

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- Amor, eu esperei tanto por esse momento, não estou acreditando, como sonhei contigo, com a gente juntinho assim...e a Cuca?.

- Já foi, estamos a sós.

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      Rafaella puxou Vanessa para um beijo, mas, ao aproximar-se de sua boca, sorriu e se afastou por uns instantes pois sentiu necessidade de beijar seu pescoço, sem pressa afundou o nariz nos cabelos da morena, buscando seu cheiro.

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- Seu perfume...como você tem um cheiro delicioso Van...

- Me beija Rafa...

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      Vanessa gem*u dentro do beijo de Rafaella que lhe puxou pela mão até o seu quarto, as roupas ficaram jogadas pelo caminho, e foi o fazer amor mais bonito e intenso da vida de ambas.

      Rafaella deslizava os dedos nos seios morenos de Vanessa que sorria com o gesto, depois a morena se aconchegou entre os braços de Rafa para perguntar.

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- Você está bem em relação a Virna?.

- Claro meu amor, ela preferiu assim, e sinceramente quero que ela seja bem feliz.

- Que bom meu amor...

- Van...temos que arrumar outras maneiras de nos encontrarmos, você sabe como podemos fazer isso?.

- Não sei, vamos aproveitar o hoje meu amor, depois a gente pensa no que vamos fazer tudo bem?, agora vem aqui...

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      Roberta foi o caminho lembrando de Rafaella e Virna, era difícil acreditar que o casamento da tia tinha acabado, buscou as palavras certas para dizer, mas, como não encontrou preferiu ficar sem falar nada, achava que a tia estava precisando do silêncio, perguntou se Virna queria ouvir alguma coisa, e na negativa seguiram silenciosas, na porta do hotel Roberta se adiantou pegando a mala da tia levando até a recepção, se despediram rapidamente e seguiu.

      Virna mal teve tempo de agradecer, estava ainda aérea, depois de preencher a ficha saiu em direção ao elevador queria deitar e dormir, estava distraída quando esbarrou a mala em alguém que deu um pulo para trás gritando de forma exagerada.

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- Mas não olha para onde vai?.

- Me desculpe... - Disse Virna olhando a o rosto delicado emoldurado com longos cachos dourados e penetrantes olhos cor de mel.

- Ainda bem que deu tempo de pular, ia deixar uma mancha roxa na minha perna, sabia?.

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      Sem saber mais como se desculpar do mal estar causado, Virna teve uma crise de choro, soluçou alto, sentindo a dor de todo sofrimento acumulado por anos a fio.

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- Desculpe....me perdoe moça, não chore assim...eu sou dramática, sempre fui...ai meu Deus, o que eu te fiz?.

- Não, não foi isso...estou cansada, tão cansada que qualquer coisa me faria chorar, me desculpa se te fiz entender...

- Vamos passar a noite nos desculpando mesmo?. Vamos começar do zero, me chamo Verônica Seabra, e você?.

- Virna...

- Vamos deixar essa mala no seu quarto e é minha convidada, vamos conversar e beber algo no meu, qual andar está hospedada querida?.

- No oitavo, e você?.

- Na cobertura...vamos?.

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      Virna acomodou a mala no quarto e subiu com Verônica, só então reparou que dois homens a seguiam onde quer que fossem.

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- Verônica, tem dois armários seguindo a gente, não olhe agora...

- Eu sei, não se preocupe...são Cauã e Pedro, meus seguranças, infelizmente é preciso.

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       Com um olhar tão intenso em sua direção, Virna ficou sem saber o que dizer apenas sorriu, ficando com vergonha de perguntar quem a bonita loira era, mas, por fim resolveu sanar sua curiosidade.

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- Desculpa te perguntar, mas, qual sua profissão?, deveria te conhecer?.

- Sim deveria, ou não, pelo visto não é uma apreciadora de funk.

- Você com essa carinha delicada canta funk?.

- Sim, nunca ouviu falar na Princesinha do Funk?, então, sou eu...

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      Verônica sorriu mostrando os dentes alinhados e explicou que começou a fazer faculdade de Medicina, mas, percebeu que ganharia muito melhor cantando, e finalizou dizendo.

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- Eu seria uma péssima médica.

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      O telefone tocou e Virna pediu licença para atender, sorriu ao perceber que era a sobrinha do outro lado da linha, avisou que não se preocupasse que estava bem e no momento estava conversando com uma nova amiga, só assim Roberta relaxou e desligou.

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- Minha sobrinha é sempre tão cuidadosa comigo...

- Com uma tia dessas eu também teria muito cuidado...

- Imagino, eu devo ter idade para ser sua tia de certo.

- O fato é que não é, e que bom...me acompanha em alguma bebida?.

- A sua escolha...

- Cauã e Pedro, desçam, escolham o melhor vinho da adega do hotel, e uns petiscos, depois podem ficar na porta, do lado de fora.

- Mocinha, fui delegada, você sabe que isso é arriscado?.

- Algo me diz que esse risco vai valer a pena.

- Não vai acontecer nada do que está pensando.

- E a senhora é vidente?.

- Não, mas, conheço esse tipo de olhar, se quiser minha amizade Princesinha está perfeito, pois vai ter que se contentar com ela.

- Por enquanto ela me serve, deixa eu dançar meu quadradinho encostando no seu quadril que vai quebrar essa marra toda.

- Nem pense nisso...

- A noite é uma criança querida...

- Assim como você, aliás!.

- Vou fazer trinta anos...sou quase a tiazinha do funk.

- Não força Verônica...

- Hahahahah relaxa...só relaxa.

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- Ai Heleninha, minha tia está bem, pelo visto já fez amizade no hotel, espero que seja uma boa pessoa, minha tia merece tudo de bom.

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      Sophia aproximou-se sorriu e abraçou a filha, Renée chegou em seguida com Heloísa.

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- Oi mana...oi Robertinha, hoje eu e as mamães vamos assistir Coraline, pena que não vão poder ficar.

- Helô, eu perdi as contas de quantas vezes vimos esse filme.

- Mas, eu não consigo enjoar...

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      Roberta e Helena entraram na ampla sala decorada entre o clássico e o contemporâneo, com tons claros e um leve toque de dourado nos detalhes.

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- Robertinha, sempre gostei dos detalhes da sua sala, esses espelhos, esses quadros, essa iluminação dá um clima aconchegante.

- Obrigada, vamos aproveitar que meus pais não estão e vamos relaxar no ofurô, disse a Madame Nora que se ela quisesse tirar a noite de folga estava dispensada.

- E ela aceitou?, a Dona Nora é toda caxias, sempre foi desde que éramos bem pequenas...

- Não apenas aceitou como adorou, Madame Nora está de chamego com o motorista, mas, se ela prefere manter escondido, nós fingimos que ninguém sabe.

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      Roberta encheu o ofurô aquecido a uma temperatura de 36 graus Celsius, e depois entrou de mãos dadas com Helena, em meio aos aromas do banho relaxante que havia recém colocado os óleos essenciais misturados com sais de banho, além disso, velas e música suave para relaxamento criava um clima gostoso.

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- Que delícia Robertinha, por mim passaria a noite aqui...

- Não pode, o tempo de permanência na tina não deve ultrapassar os 30 minutos.

- Porque?

- A longa permanência dentro da banheira pode causar uma hipotermia, levando a pessoa a suar em excesso e até mesmo a provocar desmaios. Mas, a gente pode sair, comer aqueles deliciosos chocolates que deixei separados e voltar o que acha?.

- Gostei, aliás, podíamos comer os chocolates agora mesmo...

- Gulosa!!.

- Sempre...Robertinha, que aroma você colocou na banheira.

- Um que meus pais adoram, um tal de Ylang Ylang.

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      Helena riu solta para depois dizer.

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- Louca, você não sabe que o Ylang Ylang é uma alga de origem asiática, altamente estimulante, ela é considerada a flor do amor. Libera rapidamente adrenalina ao entrar em contato com o organismo. O ylang ylang é considerado uma essência romântica e sensual, ideal para um banho a dois.

- Como ia saber?. Hahahahah...meus pais adoram esse cheiro.

- Claro, ôoooo....Hahahahah...

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      Não se sabe se foi a música relaxante, a música suave, a proximidade dos corpos nus, o fato que não foi preciso mais do que uma rápida troca de olhares para as bocas de Roberta e Helena se unirem em um beijo apaixonado, do lado de fora da banheira o frasco errado da essência estava ladeado aos chocolates...

Fim do capítulo