CAPÍTULO 12 O PRESNTE
vCAPÍTULO 12
ALBERTO
Contém
homofobia
palavras de baixo calão
menção e planos de estupros
Durante um longo tempo eu venho percebendo que minha vida estava virando de cabeça para baixo, ainda assim, não estava bem certo se tinha agido errado. Tudo que fiz foi para manter minha filha fora do mal caminho, afastando as amizades ruins, mas será que eu tinha agido certo? Nunca tinha encostado um dedo nos meus filhos e justamente no meu bem mais precioso fui capaz de dar uma surra.
Eu sei, tenho consciência que no momento tinha perdido a cabeça, aliás, eu vinha perdendo a cabeça a cada dia que chegava e encontrava aquela família degenerada dentro da minha casa.
— Eu devia ter posto ela para correr da primeira vez que veio, toda mulherzinha com a filha nos braços, eu sempre soube do que ela dizia que sentia pela minha esposa, mas depois de um tempo que ela apareceu com a criança eu pensei que ela estava curada. Alberto afrouxava o ´no da gravata para respirar melhor e liberar um pouco do ódio que sentia por saber que foi covardemente enganado.
O psicólogo Dr. Isaac, com quem eu vinha me encontrando duas vezes por mês para conversar e falar de tudo que sentia, mesmo considerando uma perda de meu tempo mais era obrigado a fazer isso, esse mesmo medico dava um parecer a assistente social de como eu me encontrava psicologicamente, e depois disso era marcado o dia de ver os filhos não dava muita importância a esses encontros, o único filho que queria ver era sua Marina que nunca estava nas visitas ela ainda se negava a me ver.
— O senhor sabia, que aquela sapatão sempre foi apaixonado pela minha esposa? Eu que fui burro de não perceber o jogo dela para se aproximar. Quando a gente era solteiro, ela dizia para Fabiana se afastar de mim. — Alberto falou cheio de ressentimento.
— Me fale dessa outra moça, Luíza, é esse seu nome certo? Dr. Isaac analisava a reação involuntária do corpo de Alberto ao ouvir o nome se levantou e já ia de encontro ao médico e este pacientemente fez um gesto com a mão pedindo para que ele sentasse outra vez.
— O que o senhor quer saber daquela lá? — Sentou novamente rápido no divã.
— Na nossa última conversa o senhor falou que ela já foi sua amiga na adolescência. ― mais uma vez ele fazia anotações em seu bloco que estava descansando em suas pernas.
— E foi mesmo, a gente conversava de tudo, até o dia que descobri que ela gostava de mulher. Aliás, eu não, o pai dela descobriu quando pegou um diário dela, onde ela contava suas imundices, tudo que ela tinha vontade de fazer com uma outra doente. ―Joguei tudo para fora de uma vez, estava me matando lembrar essas coisas.
— O que mudou na amizade de vocês depois que descobriu que sua amiga poderia ser lésbica? ― Quando ele me fez essa pergunta fiquei olhando e pensando que esse Dr. Issac parece que não tinha era o que fazer, ou então eu era um imbecil de estar pagando caro, para que esse filho da puta ficasse me perguntando sobre aquela aberração, eu queria la falar daquele povo, eu queria falar sobre minha esposa e minha filha que estavam sendo manipulada isso sim. Mas como eu estava sendo obrigado pela justiça era melhor falar o que ele queria saber.
— Tudo e nada ao mesmo tempo. O pai dela que era um homem de vergonha na cara, botou ela pra correr. Ela só voltou dois anos depois com uma filha nos braços, a coisa mais linda, parecia uma boneca, quase a idade do meu Marcelo. O velho se negou a conhecer a neta, dizia para todos que não tinha filhos. Eu não vi nada demais, afinal, ela tinha uma filha, então devia estar gostando de homem, até porque, mulher não tem o material para fazer filho em outra.
— O senhor continuou sendo o mesmo amigo. De antes?
— Quando a mulher lá em casa pariu meu primeiro menino, mandou chamar ela para cuidar do resguardo. ― Tomei uma respiração quase que eu digo a verdade, que odiava isso, que as chances de minha esposa ser só minha acabava no memento em que aquela desgraçada botava os pés dentro da minha casa, era melhor inventar uma mentira e com a cara mais lisa eu menti. ― Então sim, continuei sendo seu amigo.
— Alguma vez percebeu uma atitude estranha nela, falta de respeito ou até cantando sua esposa? ―O médico estava percebendo que eu não gostava dessas perguntas, mas continuava a fazer e anotar só levantava a cabeça para ouvir eu responder
— Nunca. Ela nunca faltou com o respeito na minha frente, mas minha esposa não saia do seu quarto e os meninos gostavam, mas dela do que de mim que sou o pai.... mas esse povo é dissimulado. Se eu soubesse antes... Se perdeu em seus pensamentos, não concluído a frase que ficou pela metade. Em seguida continuou: — Sabia que sou o padrinho da menina dela?
— Isso é bom, então o que mudou na amizade de vocês? O fato dela ser lésbica? O fato dela e sua ex-esposa serem amigas? O fato da filha dela ser lésbica? Ou o fato da filha dela namorar a sua? Pense nisso com calma e avalie suas emoções, como nós já passamos do horário e eu tenho cliente aguardando, na próxima sessão a gente volta a discutir o assunto.
Eu caminhava lentamente na calçada indo para meu apartamento, pensando na conversa do Dr. Isaac, que por sinal, se mostrou um grande imbecil, eu não tinha certeza se queria voltar a vê-lo.
No fundo, tinha certeza do motivo que mais me chateava era ver o olhar de admiração da sua esposa pela amiga. Um olhar que nunca teve para ele, quando eles vinham passar as férias tudo que fazia era para agradar a Luíza, o próprio cardápio da casa mudava. “Alberto, Luíza gosta dessa manteiga.” “Luíza não gosta de cerveja.” “Guardei essa laranja pro suco da Luíza...” E ele? E os cuidados com ele? Claro, colocava comida, cuidava das roupas, casa, filhos, mas isso qualquer empregada fazia. Ele queria era aquele cuidado, aquele olhar, o sorriso que ela dava para Luíza. Isso era o que ele queria e nunca teve. Ela sempre tinha para as crianças, para os filhos da Luíza, para a Luíza, mas para ele... Nada. Nem uma palavra de carinho. Cama então, só se fosse a força. Tempo para ele, nunca tinha, então começou a chegar tarde e arranjar mulher na rua e ela não reclamava, não se importava.
— Preciso falar com o Doutor tudo isso que venho pensando, quem sabe ele pode me ajudar. Acho que sempre tive ciúmes, afinal a mulher era minha. Era comigo que ela tinha que se preocupar.
Alberto abriu a porta e ficou no portal com a porta totalmente aberta olhando tudo ao redor. A sala pequena com um sofá, um aparelho de som num canto ainda no plástico. Não tivera vontade de ouvir nada, lembrou de Marina e Virgínia, suas filhas tão diferentes; Marina, a cópia da mãe e Virgínia, a cara da avó paterna, ainda assim tão cheias de vida e sorrisos. Elas sim, elas já teriam ligado o som no último volume, ouvindo aquelas músicas de maconheiro e se requebrando achando que estavam dançando, até isso ele sentia falta.
Uma cozinha dividida por um balcão no meio da sala, o seu quarto que nada mais tinha do que a cama, uma TV e um guarda roupa bagunçado. A saudade de casa bateu forte. Queria o barulho das crianças correndo. dos meninos chegando tarde da noite, das gargalhadas da Marina. Sua filha tinha uma gargalhada aberta, sonora, sem medo ou vergonha de nada, adorava ouvir sua filha cantando ou dançando.
Marina era a cópia da mãe quando adolescente, talvez fosse por isso que a amasse tanto. Talvez, quem sabe um dia, ela pudesse perdoá-lo por ter lhe dado aquela surra. Se é que uma coisa dessas tenha perdão, até porque, ele não achava que tivesse errado como ela pensava. Amou sua filha de uma tal maneira que não suportou a dor de ouvir da própria filha que ela não queria mais ser sua filha, nem seu nome ela queria mais usar. Queria ir pra justiça tirar seu nome da certidão de nascimento.
Talvez esse tenha sido o gatilho avisando que sua vida tinha virado uma bagunça e que em algum momento tinha se perdido. Havia pegado uma curva na estrada e nessa estrada estava só, apenas com seus demônios; a família feliz que ele fazia questão de mostrar aos amigos, essa ele tinha perdido. Tal qual a fumaça carregada pelo vento, viu esvaindo-se com a fumaça: Mulher, filhos, casa, lojas e, acima de tudo, tinham perdido sua paz. Sabia que estava atormentado e que precisava de ajuda, mas se procurasse um médico, todos iam achar que estava louco. Será que não estava? A maioria das vezes achava-se perdido, outras vezes queria matar as “sapatonas: mãe e filha”, outras vezes tinha ímpetos de sequestrar a esposa e mostrar a ela que para uma mulher como ela fuder gostoso, precisava de um macho com um pau grande como ele.
No dia que pegasse Fabiana e visse novamente aquela bunda gostosa, ia se esbaldar, e se ela não quisesse, ia comer a força. Antes tivesse feito isso, mas foi um molenga achando que deveria respeitar... Que a mãe dos seus filhos era diferente das mulheres da rua, essas besteiras que só atrasaram sua vida. Foi então que resolveu procurar ajuda médica, devido aos pensamentos que vinha tendo.
Todos com sua esposa amarrada e amordaçada num casebre isolado, longe da cidade e ele todo dia saindo do trabalho e trans*ndo a noite toda, de todo jeito, até ela desmaiar. Ele sabia, tinha certeza de que estava ficando louco, marcou a consulta com o Dr. Isaac, que um dos seus funcionários indicou por ser o médico da família dele e das lojas do seu patrão.
De volta a realidade, Alberto entrou e fechou a porta atrás de si. Sentou-se numa cadeira e mais uma vez ligou para Marina e a mesma voz mecânica dizia que esse número não existe.
— Como não existe? Eu mesmo comprei esse celular com chip e tudo. Será que eles trocaram o celular da menina? Só pode ser isso. Foi bem a sapatão filha que fez isso para manter ele afastado da filha. No dia que ele encontrasse aquele sapatão sozinha, ia jogar ela dentro do carro, levar para um matagal e comer ela na frente e atrás e depois goz*r na cara dela e obrigar ela a beber até a última gota. Sorriu com os pensamentos, pegou o celular outra vez e ligou para o seu detetive que tinha contratado para seguir Fabiana e Marina.
— Ribamar, tem alguma novidade para mim? — Questionou autoritário com o detetive que colocou para seguir sua mulher e sua filha.
— Não senhor. A sua ex-esposa quando sai, além do segurança ou está com os filhos ou com aquela amiga, nunca sai só. A menina estuda o dia todo, o segurança fica no colégio o dia todo também, ela não sai. Talvez só dentro do condomínio ela saia e lá eu. não posso entrar. — Completou o relatório.
— Aquela lá... Continua a perseguir minha filha? Só de fazer menção a ela, a vontade de sequestrar essa filha da puta voltava a ferver em sua mente.
— Elas continuam namorando sim... Senhor.
— Você é louco! Duas mulheres não namoram e minha filha não é assim. Está só sugestionada por aquela lá.
— Ela tem sempre um segurança com ela, nunca fica só.
— Ótimo. Fique atento. Sabia que não tinha sido sincero com o detetive, estava começando a achar que realmente sua filha estava gostando daquela lá. Ela era inocente, nunca tinha namorado, presa fácil pra alguém chegar e levar na conversar e sua filha caiu na lábia da outra, mas um dia isso acabaria.
Já acordei preocupado se o que eu ia fazer era certo ou não, passei na loja, comprei um headphone desses que os jovens gostam para ouvir músicas e um urso de pelúcia. Ela deve gostar. Na loja as moças pulam de alegria quando recebem, eu não vejo nada de mais nesses bichos, para mim é um brinquedo como outro qualquer, mas elas adoram, então minha filha deve gostar. Tudo pronto parti para o condomínio, Marina hoje completa 17 anos e eu quero estar presente, festejar junto com minha família.
Fim do capítulo
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