Capítulo XXVII - Apneia
Esse consultório foi planejado para abrigar amigos e clientes que, por algum motivo - normalmente envolve fugir de esposa ou de alguém, só não vale da polícia porque eu não compactuo com isso - Sendo assim, já aconteceu de, por exemplo, o Felipe precisar vir para cá por ter brigado com o pai, a Jenyffer vir para chegar cedo no Fórum da Barra ou a Dani ter algum tipo de consulta na região e ter que descansar.
Logo, eu pedi que Jane providenciasse um verdadeiro closet para qualquer situação. Temos praticamente uma loja de roupas aqui. Por exemplo, atendi a mulher do governador quando a mesma escorregou na escada da sede do governo antes de um evento importante e quebrou um dente. Seu vestido havia sido manchado com sangue e, simplesmente, não dava para tirar. Por isso, temos também algumas roupas de festa. Ela saiu linda, vestidíssima para o evento e o governador de camisa trocada. Ele sempre brinca que eu salvei um acordo do estado naquele dia. Espero que não tenha sido com a milícia.
Expliquei tudo isso à Carol para que ela entendesse o porquê de ter roupas íntimas no local depois que ela saiu do banho e deitou ao meu lado. Estava me recusando a levantar e ela dificultou ainda mais quando começou a beijar minhas costas nuas e sorrir mandando que eu tomasse banho logo pois tinha acordado com a cabeça a mil e precisava mostrar algumas ideias.
- Eu preciso de lápis e papel - Falou entre beijos no meu pescoço, dificultando ainda mais o trabalho de levantar da cama - Vai logo, Mafê… - Começou a me empurrar da cama.
- Pega em alguma gaveta de escritório, lá em baixo - Consegui levantar sob muitas reclamações e fui direto para o chuveiro, onde deixei a mente e o corpo relaxarem ainda mais. Eu realmente parecia estar em uma realidade paralela com Carol nesse momento. Seu cheiro continuava impregnado em mim, minha pele tinha suas marcas e meu coração já era dela por inteiro.
Ao sair do banho, encontrei Carol andando de um lado para o outro em passos lentos com os papéis na mão. Usava meu short do dia anterior e seu sutiã enquanto observava seus movimentos e percebi que ela havia desistido dos papéis quando pegou o tablet e a caneta específica para o equipamento. Ainda em pé, começou um esboço de arquitetura, reconheceria em qualquer lugar o início dos rabiscos. Ela coçava a cabeça com a caneta, girava o tablet, o invertia de posição e desenhava mais. Eu era apenas espectadora daquele momento tão particular dela. Em silêncio, sentou na cama e me puxou pela mão para agachar próximo dela, mostrando o que estava fazendo. Era um prédio perfeitamente desenhado e o que tanto rabiscava parecia ser uma galeria de água.
Sentei no chão, apoiei as mãos no queixo e na cama e fiquei observando-a por um bom tempo, até que, por fim, me olhou de lado, sorriu largo falou que queria me explicar que aquilo tudo era a prática da ideia do uso da água das chuvas para toda alimentação de água não potável do prédio com uma subestação de tratamento. Seu olhar tinha expressão de alívio, euforia e ansiedade. Perguntei algumas coisas sobre o sistema de vazão e ela explicou que precisaríamos da prefeitura para montar uma espécie de captação de água, mas que achava que não seria um problema, já que eles mesmos não o resolviam.
Levantei do chão, juntei os papéis que ela havia jogado na cama em seu momento de desistência e a abracei de lado, apoiando-me na cabeceira, o que fez com que suas pernas fizessem o movimento habitual de virar para o meu colo e minhas mãos repousarem em suas coxas. Comentei sobre ser uma ideia incrível, mas que achava que ela podia conversar com meu avô sobre esse projeto e ver o que ele achava que ela podia fazer.
- Eu já falei com seu avô enquanto você estava no banho. Ele que sugeriu essas alças aqui - pegou uma das folhas e apontou com o lápis - para que os resíduos sólidos grandes tipo pedras e folhas fiquem retidos e possamos tirar com mais facilidade em uma troca - Está vendo aqui? - Apontou e eu assenti - São seis fileiras, para que a gente possa trocar o filtro sem deixar nada passar. Vou mandar para a engenharia fazer isso virar realidade possível. O que acha? - Me olhou com as pupilas pequenininhas pelo sol, o que fazia seu olho brilhar ainda mais. Segurei seu rosto com as duas mãos e distribuí beijos por todo ele, repetindo que ela era um gênio.
- E o que você quer fazer agora? - questionei ligando o celular e abrindo um aplicativo de comida - Japonês, churrasco…? - Ela optou por massa, escolheu os ingredientes e pegou o próprio celular para escanear as imagens e encaminhar para a equipe enviando um áudio de que precisaria de um pré-projeto até o final do dia - Você mandona assim é um tesão absurdo - comentei fazendo com que ela gargalhasse.
- Ah, então por isso ontem você estava tão tranquilinha, não sabia que estava na vibe de ser mandada. Você adora me controlar na cama - Encostou mais o corpo em mim e eu puxei um cobertor, pois o vento da janela aberta estava gelado.
- Na verdade, eu gosto de controlar o seu prazer. Agora, como isso vai acontecer, a gente nunca sabe - mordi o canto de sua boca e ganhei um sorriso de volta - Eu sentia falta dessa liberdade na cama, do que a gente teve ontem. Talvez tenha sentido liberdade de existir como eu mesma - Meus olhos marejaram e senti seus lábios em minha bochecha - Senti falta de ser completa. Obrigada por tudo.
- Você não precisa de ninguém para ser completa, mas fico feliz de ter sua mão com a minha para seguir um caminho que nem a gente sabe onde vai dar - Sorri mais ainda e mordi seu lábio, dando um beijo leve e tranquilo em sua boca. Sendo correspondida com um abraço pelo pescoço e selinhos. Conversamos amenidades por um bom tempo, decidimos juntas vender o apartamento do Flamengo, pois eu não queria ficar longe dela e deixar para Isabella era algo impensável depois que Carol avisou que havia planejado pensando em nós duas.
- Então, esse dinheiro do apartamento do Flamengo… - Ela falou, mas fomos interrompidas ao ouvir o som do interfone, provavelmente anunciando que a comida teria chegado.
Desci para buscar o almoço e comemos na cama, comigo sentada apoiada na cabeceira da cama e ela apoiada em mim de lado - Quero ver o lugar da obra, vamos lá, juntas - Ela falou assim que acabou de comer - Você comprou os terrenos e nem visitou eles. Às vezes acho que sua cabeça não bate muito bem.
- Tem gente para avaliar isso, mi vida. Inclusive, são da sua empresa - Completei rindo e mordendo sua bochecha - Estou tentando delegar as funções para poder viver um pouco mais e depender menos do trabalho. Inclusive, a Jane marcou uma reunião com a Aline amanhã para que eu converse com ela.
- Eu também acho que é o momento de delegar funções e deixar outras pessoas te ajudarem nessas coisas. Mas vamos lá, eu preciso ver umas coisas.
- E deixar de passar o dia na cama com você? - Resmunguei passando o nariz em seu pescoço.
- Eu posso compensar, você prometeu ‘a gente para sempre’. Agora eu tenho você por inteira, então, tenho todo tempo do mundo - Enquanto dizia isso, ela passou as duas mãos pelo meu pescoço e aproximou nossas bocas - Inclusive onde eu quiser - Essa frase foi com o sorriso mais safado que ela poderia dar na vida. Essa mulher vai me matar de tesão ou de amor, ou dos dois.
- Olha as coisas que você está me prometendo, Carolina. E sobre o prédio do Flamengo, quero que fique como pagamento pela ideia genial de usar a água que enche da rua. Se você reclamar disso eu vou comprar uma fazenda escondido, encher de cavalos e colocar no seu nome - Falei levantando da cama e colocando uma blusa qualquer e uma calça de moletom.
- Pior que eu não duvido que você faria isso. Mas, - Ela levantou a sobrancelha enquanto juntava as coisas do almoço e levava até a pia - você precisa entender que eu realmente não preciso de presentes caros. Se você me der uma flor de rua eu vou ficar feliz do mesmo jeito que se me der um carro.
- Vai ficar sem carro então eu ia dar um de natal - Ela riu e eu revirei os olhos de deboche - Vamos logo ver o lugar da obra - Ela deu pulinhos de alegria, tirou o sutiã e o short, ficando completamente nua e vestiu o mesmo vestido do dia anterior. Olhei com a boca semiaberta e falei quase num sussurro - Você vai sem nada por baixo?
Carol deu os ombros e sorriu mais, segurou minha mão e a guiou por seus seios até o meio de suas pernas. Me puxou para perto e mordeu meu pescoço - É só para você não esquecer o que tem mais tarde.
- Você vai me pagar por isso - Falei a guiando para a porta da casa com uma mão em sua cintura completamente controlada. Entrei no carro e me estiquei para liberar a porta para ela. Idiotice, mas estava meio retardada depois de vê-la nua daquele jeito.
- Vou mesmo? - Ela falou levantando uma sobrancelha e entrando no carro com a perna excessivamente alta e lenta o suficiente para que eu olhasse toda sua bucet*. Apertei o volante e fechei os olhos com força, fazendo ela rir alto - Meu Deus, te provocar é tão gostoso que eu sou capaz de fazer isso o dia todo - A olhei de lado e recebi um selinho demorado - Eu realmente te amo, Maria Fernanda.
- Eu também te amo, Carol. Por que demoramos tanto para dizer isso? Digo… uma para a outra? - Falei ligando o carro e repousando uma mão em sua coxa exposta enquanto prestava atenção em sair do condomínio.
- Acho que nós duas já sabíamos disso, mas precisávamos estar por completo uma pela outra e essa é nossa primeira chance disso acontecer de verdade - Entrelacei nossos dedos e a olhei de lado rápido antes de sair do condomínio.
- Agora você não me escapa de jeito nenhum - Falei rindo, soltando nossas mãos e repousando uma delas em sua coxa, levantando suavemente seu vestido
- Cañas, se você aprontar alguma coisa comigo, meu pai te caça no inferno - Ela falou revirando os olhos e descendo minha mão para mais próximo de seu joelho - Se comporta, faz favor.
- Até eu me caço no inferno se fizer qualquer coisa que possa perder você - Ela me bateu no meu ombro e ficou rindo. Voltei a subir a mão por sua coxa e não obtive reprovação dessa vez. A lateral da mão roçava em sua virilha de acordo com o movimento do carro, mas ela não parecia se incomodar, ou estava se controlando demais. Se esticou um pouco, fazendo com que minha mão esbarrasse em sua bucet* e eu, instintivamente, esticasse os dedos para tocar seus grandes lábios. Reparei que ela mordeu a boca ao alcançar o som e cantarolar qualquer coisa que tocava, puxando minha mão para o joelho de novo e sorrindo de canto. Eu não conseguia prestar atenção em nada que não fosse suas coxas, sua nudez e sua voz que, por sinal, é bem desafinada, mas eu gosto de ouvir.
Dirigi por algum tempo, entre subidas e descidas de mão, demoramos, talvez, meia hora até chegar no terreno principal. Um ficava próximo ao outro, separados por um condomínio de apartamentos de luxo. Excelente localização, mas o terreno realmente parecia ser terra de praia pura. Carol desceu do carro e caminhou pelo terreno, parando em um ponto qualquer onde explicou sobre a fundação do prédio e eu estava hipnotizada por cada coisa que ela falava, mesmo que eu não entendesse uma vírgula.
- Acho que, pelo público, podemos fazer os primeiros andares bem estilizados nesse prédio que é a clínica com a recepção e emergência na entrada e um prédio de estacionamento atrás para os funcionários. O que acha? - Fingi ter pensado um pouco - Podemos fazer ele vertical, igual aqueles de Nova Iorque. Ou todo fechado como se fosse só um anexo do prédio - A abracei por trás, sentindo o cheiro de lavanda que saía de seu cabelo, o qual estava preso em um rabo de cavalo devido ao calor excessivo que fazia no local, e beijei seu pescoço.
- Eu confio no seu gosto, mas podemos fazer uma cobertura no estilo do Highline Park, o que acha? - Me olhou por cima do ombro e assentiu com a cabeça e um sorriso.
- Acho que vai ficar incrível se for virado para a praia. Pode ser um lugar a ser alugado para eventos, food trucks - Concordei com a cabeça e voltamos para o carro, fizemos o mesmo no outro terreno, ela bateu muitas fotos e enviou tudo para a equipe por e-mail e um áudio no grupo da empresa.
“Gente, seguinte, vim aqui nos terrenos da Maria Fernanda e as fotos foram enviadas por e-mail. A parte fluvial, alguém, por favor já entra em contato com a prefeitura e pede uma reunião. Quero isso o quanto antes”
Esperei que ela acabasse de falar e colocasse o cinto para que pudéssemos seguir o caminho para casa. Assim que dei partida, lembrei que tinha o contato do governador no celular de emergência e pedi que ela pegasse em minha bolsa.
- Vai ligar para a Jane? Eu ligo daqui - Falou pegando o telefone e eu ignorei, queria ver sua reação.
- Não, vou tentar resolver esse problema da prefeitura - Peguei o celular e disquei para o governador no viva-voz, vendo que ela me olhava espantada, sorri.
“Dra. Cañas, a que devo a honra da ligação?”
- Governador, sabe que não ligaria se não precisasse
“Claro que sei. Deve ser importante”
- Estou com um projeto de dois prédios na Barra e quero fazer um escoamento fluvial. Evitando enchentes no local e reutilizando a água nas instalações
“Você me ajuda com o problema da enchente local e eu te ajudo aprovando isso. Nem deveria se incomodar de me pedir, isso é quase um favor. Preciso saber no nome de quem vem o e-mail para que eu ponha na frente”
- Luvizotto Arquitetura
“Considere feito. Se não estiver liberado até semana que vem, pode me ligar.”
- Obrigada, governador.
“Não precisa me agradecer, você já ajudou tantas vezes”
Com os olhos arregalados, Carol me encarou e gaguejou um “como”. Passei a mão em sua coxa por cima do vestido.
- Atendi ele em algumas situações. Só isso - Avisa o seu pessoal e me avisa depois. Ela assentiu e ligou o som novamente. E fomos conversando sobre músicas até chegarmos em casa.
Descemos do carro abraçadas, minha mão escorregava por sua bunda e ela ria. Jane me esperava de braços cruzados batendo o pé. Cheguei próxima dela e beijei seu rosto.
- Qual é, Janinha. O que houve?
- A Aline está te esperando há vinte minutos - Falou apontando para a sala de estar, onde Aline me esperava com uma pilha de papéis - E eu tenho certeza que você confundiu o dia da reunião porque teve a ideia genial de ficar com o celular desligado - Olhou para Carol, que levantou as mãos em sinal de paz - E eu achando que você era a responsável das duas. Como somem assim e só dão as caras no dia seguinte? - Sorri concordando com Jane e afirmei que havia errado mesmo. Virei para Carol e beijei sua bochecha e sussurrei que a gente se via mais tarde.
- Vou ficar no escritório trabalhando. Só preciso de um banho rápido - Falou subindo as escadas correndo. Jane me olhou furiosa.
- Quem você atendeu? Fiquei curiosa, nem na agenda você colocou.
- Jogador, casado e evangélico metido em orgia com prostitutas. Caiu e quebrou o dente - Jane soltou um ‘Bem feito’ e riu alto enquanto caminhávamos em direção à Aline, que cumprimentei com beijos na bochecha e recebi de Jane uma pasta de materiais.
- Linoca, a gente precisa conversar - Sentei de frente para ela abrindo a pasta com calma.
- Mafê, você quer me matar do coração fazendo isso. O que está acontecendo?
- Eu quero te fazer uma proposta. Mas antes, quero saber tudo o que está nesse bolo de papel que você tem aí - Apontei com o queixo para a montanha de papéis.
- Aqui tem o nome de todos os seus funcionários com alguma ligação com sua ex seja lá o que Isabella for. Inclusive conselheira administrativa Micaela. Parece que elas estão namorando há um tempo.
Passei a mão pela cabeça e peguei a lista. Além de nomes, Aline tinha conseguido levantar todos os desvios, claro que só a parte financeira. Para onde aquilo estava indo, não dava para saber - Aline, aqui tem, pelo menos, trinta nomes da equipe de limpeza à comunicação - Ela assentiu com a cabeça - Essa mulher parece a porr* da Hydra.
Aline riu e esticou os outros papéis - Aqui é de onde saiu cada centavo com o nome da pessoa ligada. Agora você fala, porque daí - apontou para os papéis - eu só sei que vai ter uma mega demissão.
Fiquei séria enquanto folheava os papéis e avistei quando Carol passou em direção ao escritório mas não consegui esboçar nenhuma reação. Olhei para Aline e suspirei, passei uma das mãos nos cabelos, que caíam irritantemente no rosto e o prendi em um coque rápido.
- Seguinte, eu quero te oferecer a direção financeira e administrativa da empresa. Na verdade, quero deixar isso com o seu pessoal - Aline arregalou os olhos e tentou falar alguma coisa - Me fala o quanto você quer, eu preciso de alguém de inteira confiança e esse alguém é você.
- Que porr* de piada é essa? Você é a pessoa mais workaholic que eu conheço. Você deve estar brincando - Falou rindo até não aguentar mais. Chegou a segurar a barriga quando percebeu que, em contraponto, fiquei séria.
- Aline, eu estou falando sério. Sei que sou controladora e viciada, mas preciso dedicar tempo à minha família, à Carol. A gente está construindo alguma coisa e não quero que tempo seja um empecilho nisso. Aceita minha proposta.
- Exclusividade à você?
- Sim.
- Toda minha equipe pode vir junto?
- Quem você quiser, com os salários dentro do razoável - sorri para amenizar.
- Onde eu assino? - Sorri largo e entreguei os formulários de contrato - Mentira, vou levar para um advogado ver e te retorno em, até, uma semana - Concordei e a abracei, agradecendo por ser tão incrível - Você está com febre. Doente? Pegou dengue? Não é possível todo esse amor. Já sei, andou lendo Tessa Reis.
- Babaca. Mas já li sim, é fofo. Só que não foi agora. Você já vai? Toma um café comigo, ao menos - Aline já estava juntando a pasta que entreguei e avisando que todos os documentos estavam em cópia no e-mail meu e do jurídico.
- Vou, preciso ver essas coisas - bateu a mão na pasta - para arrancar umas cabeças de cobra o quanto antes e, quem sabe, convencer Ricardo a largar aquele emprego ruim no jornal - Falou andando em direção à porta - Já sei que ele não vai aceitar, nem precisa vir com o papo de sonho dele e blábláblá. Ele não vai largar aquilo, eu já sei - Parou em frente ao carro e me abraçou forte - Parabéns pelo namoro quase casamento quase bodas, nunca te vi tão feliz - Apertei suas bochechas e sorri agradecendo. Aline entrou no carro e, antes de sair, mandou um beijo para Carol e agradeceu a oportunidade.
- Só assina essa essa porr* logo - Ela arrancou com o carro rindo e ligando Katy Perry no carro. Inconfundível a pessoa que é tão focada e ouve Katy no último volume.
Uma semana depois, a vida parecia andar perfeitamente bem. Eu e Carol estávamos trabalhando de casa. Vez ou outra ela ia ao escritório para assinar projetos e discutir sobre coisas que arquitetos fazem da vida. Aline aceitou o emprego e parecia ter se mudado de mala e cuia para o escritório, de onde mandava relatórios em horários muito aleatórios. Até que descobri que ela e Ricardo estavam fazendo o mesmo horário de plantão para que pudessem passar mais tempo juntos.
De cara, ela demitiu todas as pessoas envolvidas com Isabella por justa causa. Conseguiu tudo com o jurídico e os funcionários agora a chamavam de “A dona da navalha”. Eu adorei saber disso, inclusive, mudei seu nome no celular para “Aline Navalha”. Carol, eu e Jane estávamos em sintonia de agenda, coisa que Jane amava fazer. Organizar nossas vidas. Os exercícios estavam melhores, Carol parecia mais disposta e eu pegando mais peso e nadando para relaxar. Colocamos o apartamento do Flamengo à venda e, para minha maior surpresa, Jenyffer quis comprá-lo para sair da Zona sul e ir para mais perto do centro da cidade.
Era sexta-feira quando estávamos em volta da piscina. Eu tinha acabado de nadar e Carol estava sentada na borda com os pés para dentro. Conversávamos sobre a vida, coisas completamente aleatórias e decidíamos se iríamos jantar fora ou pedir uma pizza quando meu celular de emergências tocou. Afundei na piscina em sinal de total protesto e levantei bufando com Carol me entregando com a chamada no viva voz.
“Fernanda, é Isabella, não desliga”
- Fala - Carol me olhou feio, acho que morreria se ela tivesse lançadores laser no olhar.
“Eu aceito a proposta do divórcio. Quis falar direto com você. Só quero mais uma coisa”
- Já não é o suficiente?
“Quero uma pensão de R$15mil”
- R$12 e eu topo.
“Ok, vou pedir para o advogado colocar no acordo e enviar à Jenyffer”
- Ela marca com você.
“Ba..”
Carol desligou a ligação e colocou o celular sob a toalha novamente. Me fitou por uns momentos e voltou à posição anterior.
- O que foi isso? - Falou com o olhar de espanto e surpresa.
- Olha, eu não sei, mas não vou reclamar não - gargalhei e afundei de novo - Mas só comemoro quando aquele papel estiver assinado. Não aguento mais ouvir o nome dessa mulher.
- Ai, a voz dela me dá ranço - falou revirando os olhos - Vontade de socar a cara dela até parecer boneca de plástico e afundar.
- Mi vida, você está com o celular no bolso? - Segurei suas mãos e entrelacei nossos dedos.
- Não, deixei tudo na cadeira - Sem responder, a puxei pelas duas mãos para dentro da piscina e ri quando levantou toda molhada - Fernanda, eu estou menstruada! Não dá - A abracei pela cintura e beijei sua bochecha com carinho.
- Você está de coletor, tenho certeza - Ela confirmou com a cabeça - Então, não vai vazar, eu só quis mudar o foco e ter você feliz comigo.
Apertou meus ombros, afundou os dedos neles e mordeu meu trapézio rindo - Acho que você está ficando muito forte - Arqueei uma sobrancelha.
- E você gosta?
- Eu sou jogada da pia para a cama, da cama para o tapete, do tapete para a porta, da porta para a parede. Não tenho muito o que reclamar - Falou isso apontando com os dedos como se fosse de um lado para o outro - Estou goz*ndo e te amo. E sim, você já era gostosa, agora está num nível que vou comprar um estilingue para acertar o olho das pessoas na rua.
- Olha ela, perigosa - A puxei pela cintura para um beijo e a apoiei contra a borda da piscina, o que acarretou em um gemido quase inaudível. Passei as mãos por sua cintura e apertei sua bunda, fazendo com que ela apoiasse as duas pernas em volta do meu quadril.
Saímos da piscina pouco tempo depois de muitos beijos e carinhos. Ela foi para o banho e eu entrei no ofurô, relaxando o corpo e sentindo a barriga reclamar de fome. Pedimos uma pizza e comemos no chão da varanda, iluminada com a luz do poste e, duas garrafas de vinho depois, acabamos dormindo no sofá mesmo. Seguimos a rotina de trabalho, eu saía algumas vezes ao dia para atendimentos esporádicos e Carol revezava em reuniões e planejamentos de obras ao longo da semana que passou.
Em uma sexta-feira, chegou eufórica e quase derrubou uma pilha de papéis que eu precisava assinar para Aline adiantar algumas coisas na empresa. Teria que fazer dois novos CNPJ para as construções e para desvincular meu nome direto da primeira clínica. Com os braços estendidos feito uma criança, Carol mostrou um folder e um papel pedindo que eu lesse. Levantei e dei um selinho rápido antes de pegar o material que me entregava animada.
- Está achando que vai chegar assim, sem um beijo depois de passar o dia todo longe? - Ela rolou os olhos e falou agitada para que eu lesse logo. Era uma premiação de sustentabilidade arquitetônica e a carta era o aceite de sua inscrição no prêmio - Êta, porr* - Exclamei a puxando para um abraço, suspendendo-a no ar e girando enquanto ouvia sua gargalhada - Melhor arquiteta do mundo - A segurei na altura dos meus olhos e nos beijamos. Senti a ponta de seus dedos percorrerem minha nuca e provocando arrepios por todo o corpo. Ela entrelaçou as pernas em minha cintura enquanto mordia meu lábio e apontava para o lavabo.
Separamos nossas bocas e olhamos em volta para ver se Jane ou algum dos motoristas estavam próximos e, aparentemente, não havia ninguém. A carreguei para dentro do lavabo, o cubículo chamado de banheiro sem chuveiro.
Em um sussurro misturado com risadas, ela falou que precisava voltar rápido ao escritório e, prontamente, seu vestido social já estava na altura da cintura uma de minhas pernas entre sua virilha, friccionando o contato e a beijando no pescoço - Aham, vai voltar - falei entre um beijo e outro. Seu corpo fazia um movimento de encontro ao meu corpo e sorria quando nossos lábios se encostavam. Passei a mão por sua coxa e subi até a lateral de sua calcinha, que era só um elástico. O segurei com a mão firme e puxei para rasgar e não precisar tirar seu corpo de perto do meu.
- Porr*, eu gostava dessa calcinha - Falou enquanto mordia meu queixo e meus lábios.
- É pelo dia que você me fez andar com você sem calcinha no carro e sem poder encostar - com a mão cheia, passei a mão em toda extensão de sua bucet* e a senti muito molhada - Você reclamou, mas aqui - levantei os dedos para ela, que segurou minha mão e os lambeu todos os dedos com o olhar fixo nos meus. Tirei os dedos de sua boca e a penetrei com dois deles de uma vez só, o que a fez soltar um gemido engasgado - Aqui não tem nada reclamando.
Apertei seus seios por cima do vestido mesmo e ela gemia cada vez que nossos corpos se encontravam em choque e eu aumentava a força da penetração, a fazendo suspirar fundo para segurar o orgasmo. Agarrou meu pescoço com as unhas e me fez olhar diretamente para seus olhos, que, naquele momento, eram quase um amarelo ouro cheio de fogo. Aumentei a velocidade das estocadas junto com a força e, quando senti que ela não aguentaria mais, abaixei e passei a língua em movimentos circulares por seu clit*ris, o que a fez gem*r alto e goz*r na minha boca e em meus dedos que, em momento algum saíram de si. Retirei-os com lentidão, conseguindo ouvir um suspiro de prazer e levantei para beijá-la, mas, antes de minha boca chegar à sua, sua língua alcançou meu rosto e sugou cada gota de seu prazer que estavam espalhados por ali antes de me segurar pela nuca e conseguir um beijo ainda mais quente e provocante.
Quando percebi, sua mão já estava dentro do meu short, masturbando-me com calma e tirando gemidos de minha boca, que não parava de buscar a sua. Eu empurrava sua mão para baixo, implorando, de maneira silenciosa, para que me comesse. Em contraponto, ela ria de provocação. Abri os botões do short, segurei seu rosto na direção do meu, mordi seu lábio e falei arfando - Me fode logo, chega de brincar - Devo ter fechado muito a cara, pois, na mesma hora, senti seus dedos me penetrando com um ritmo absurdamente gostoso. Sentia minhas mãos passando por seu corpo mas não estava raciocinando direito. Resolvi focar em sua boca, onde beijei por longos minutos até que senti todo meu corpo arquear e buscar pelo seu e, instintivamente, relaxar entre tremores.
Nos ajeitamos rápido e voltamos à sala como se nada tivesse acontecido. Carol subiu para buscar outra calcinha e, ao voltar, sussurrou que essa não seria rasgada.
- Olha, se essa foi a indicação, vou aguardar ansiosamente a premiação e sua vitória. Acho que vamos goz*r até ter teto preto - Ela riu e me deu beijos na bochecha.
- Não acho que ganho, mas, sobre o teto preto, tenho muito interesse - Se levantou e ajeitou o vestido social - Estou bem para voltar?
- Como sempre, deliciosa - Dei um selinho rápido e a acompanhei até a porta, onde André a aguardava para levá-la de volta ao escritório e terminar o dia de trabalho.
Quando bati o olho no relógio, marcava ser sete da noite e Carol chegaria com um buraco negro de fome. Preparei uns sanduíches e deixei na geladeira enquanto resolvi que nadaria enquanto ela não chegasse. A noite estava quente, perfeita para exercitar o corpo sem expor a pele ao sol.
Ao ouvir o som do carro entrando na garagem, a avistei descendo do volvo, ajeitando o vestido preto que ia até a altura dos joelhos e tirando os sapatos para entrar em casa descalça. Agradeceu mil vezes ao motorista pelo serviço e falou para ele ir descansar. Vi André saindo com seu carro da garagem pouco tempo depois e resolvi ficar em silêncio absoluto esperando que ela me procurasse. Ouvi meu nome sendo gritado algumas vezes até que ela apareceu, só de calcinha e sutiã na porta da varanda dos fundos e olhando para a piscina.
- Morreu afogada? Não está me ouvindo não? - De braços cruzados, ela entrou marchando com raiva e gritando “Jenyffer está vindo aqui”
- Torna el meu amor. Necessito un petó teu - Ouvi ao fundo um “Catalão não” e a vi voltando devagar e me olhando com menos raiva.
- O que você estava fazendo que não me ouviu? - Perguntou em um tom mais leve - Fiquei preocupada, poxa - Mas nada de chegar perto de mim, continuava na porta.
- Quis brincar com você. Desculpa a preocupação - Saí da piscina e senti seu olhar percorrer meu corpo, o que arrepiou tudo. Peguei a toalha e me sequei rápido. Caminhei em sua direção e a abracei - sem birra, dona Carolina.
- E sem sex*, dona Fernanda. Eu sei que você vem assim, toda molhada de piscina e quase sem roupa é porque quer - eu ri alto e beijei sua bochecha, soltando-a e indo em direção ao banho.
- Eu sempre quero, sou viciada em você - Falei antes de subir as escadas e a vi sorrindo de canto e vindo atrás de mim. Sentou no vão da porta do banheiro e contou sobre o dia.
- Já começamos a fundação do primeiro prédio. Colocamos os tapumes em volta da obra até o material publicitário, que eu odeio aquela merd*. Só atrapalha na hora de desmontar - Ri de dentro do box enquanto ela reclamava e falei para não se preocupar com isso - Não é preocupação. Eu só prefiro as coisas mais práticas. Amanhã vão chegar os containers nos terrenos para abrigar os funcionários, demorou porque pedimos ar condicionado e uma cozinha decente. E me permiti um escritório administrativo em cada terreno em um container separado que depois pode funcionar para vendas, mas pedi pensando em mim mesma.
- Se tem utilidade para você, faz mesmo - Falei enquanto fechava o registro do box - O que Jenyffer vem fazer aqui essa hora da noite? - Olhei para o relógio e olhei para Carol, que deu os ombros.
- Deve ser sobre sua alforria - Concordei com a cabeça e saí para me vestir enquanto a vi tomar banho e voltar de short jeans e uma camisa minha.
Fim do capítulo
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