Fernanda

Vou dormir com um sorriso no rosto por dois motivos, o primeiro é porque amei ouvir minha loirinha me chamar de vida, e o segundo é que tenho certeza que ela vai mesmo fazer de tudo para sair desse castigo.

Na verdade, eu falei isso de brincadeira, e quando vi a carinha que ela fez quase ri, ela fez uma carinha tão linda, e quando ela disse que vai fazer de tudo pra sair do castigo aí que decidi manter mesmo, porque tenho certeza que ela vai me enlouquecer até eu não aguentar mais, e vou adorar isso.

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- Fala baixo amor, você vai acordar elas.

- Eu quero é que elas acordem mesmo, olha só para aquilo?

Acordo com vozes no quarto, abro os olhos devagar e vejo a Paula e a delegada paradas ao lado da cama.

A Paula está sorrindo e a delegada me olhando feio.

- Bom dia, aconteceu alguma coisa? – pergunto.

- Bom dia Fernanda, não aconteceu nada, não liga pra essa emburrada. – Paula fala.

- Não estou emburrada, - a delegada fala e cruza os braços fechando mais ainda a cara, - e bom dia, mas será que você poderia tirar a mão da minha filha de onde está? – ela fala e eu olho pra onde ela apontou e sorrio.

A Gabi está com a mão no meu seio, e está segurando-o possessivamente, acho que virou uma mania dela.

- Pare de rir, e tire logo a mão dela daí. – ela fala.

- Não vai adiantar, mesmo se eu tirar ela vai voltar com a mão pro mesmo lugar. – falo e a Paula começa a gargalhar.

- Você está querendo dizer que ela sempre dorme assim? – a Paula pergunta ainda rindo.

- Sim, acho que virou uma mania dela, e não adianta, ela só tira a mão se acordar.

- Então eu vou acordar ela, acorda Gabrielle. – a delegada fala e da uma sacudira na Gabi que acorda assustada.

- Credo, por que isso? porque me acordou assim? – diz passando a mão no rosto – está aproveitando que já estamos no hospital pra me matar de susto é? – ela fala se sentando e eu me sento também.

- Liga não filha, sua mãe só não aceita que você já não é mais criança. – Paula fala.

- Não é por isso, - fala a delegada e olha pra Gabi, - filha você sabia que dorme segurando no seio da Fernanda?

- O que, sério? – ela pergunta e me olha sorrindo – isso é verdade Nanda?

- Sim amor, suas mães entraram e viram, aí a delegada surtou um pouquinho.

- Eu não surtei nada - ela fala – só não gostei de ver isso, e isso é culpa sua Fernanda. – ela diz me acusando.

- Culpa minha porquê?

- Você que transformou minha filhinha numa tarada, ela não era assim não. – ela diz e a Paula cai na gargalhada novamente.

- Amor, você não tem moral nenhuma para falar isso. – a Paula fala.

- Nem uma palavra Paula. – a delegada fala olhando feio pra esposa.

- Espera aí, por que você disse isso mãe. – a Gabi pergunta e a delegada imediatamente coloca a mão na boca da esposa que continua rindo. – solta ela mamãe, deixa ela falar. – Paula consegue se soltar.

- A Dani dorme do mesmo jeito, - diz entre risos – e também não adianta eu tirar a mão dela que ela volta a segurar o meu seio da mesma forma, parece que você puxou essa mania dela. – ela fala e nós três rimos enquanto a delegada fica de cara fechada.

- Então mamãe se você faz a mesma coisa, não pode falar nada, eu nem sabia que dormia assim, e se eu sou uma tarada, você também é. – Gabi fala rindo.

- Ah filha, tarada a Dani sempre foi, só que desde que me conheceu, ela passou a ser tarada apenas comigo. – Paula diz.

- PAULA. – a delegada diz.

- Credo mãe, não quero saber disso, já disse que um dia vocês ainda vão me deixar traumatizada, e o que vocês estão fazendo aqui tão cedo?

- Viemos ver como a Fernanda está, e já que é caminho vou te dar uma carona pra escola. – a delegada fala.

- Eu não vou ir na escola hoje, vou ficar e esperar a Nanda receber alta.

- Nada disso você vai ir sim, sua mãe vai ficar e quando a Fernanda for liberada ela vai leva-la pra casa, agora saia daí e vá se arrumar que já estamos atrasadas.

- Mas eu quero ficar até a Nanda poder sair, senão a água de salsicha vai tentar se aproveitar. – Gabi fala saindo da cama e cruzando os braços me fazendo rir.

- Quem é água de salsicha pelo amor de Deus. – Paula pergunta.

- É a enfermeira do cabelo mal pintado que está dando em cima da Nanda tentando reviver os velhos tempos. – ela fala.

- Como assim velhos tempos? – a delegada pergunta.

- É que ela ganhou alguns beijos no passado e ta querendo repetir, e eu não vou sair daqui pra ela vir e dar em cima da minha namorada de novo. – diz isso fazendo um bico lindo, eu me levanto e falo vou até ela.

- Amor deixa disso, já disse que não a via a anos e não quero nada com ela, não precisa ter ciúmes. – falo a abraçando.

- Nanda, ela sabe que você é minha namorada e mesmo assim deu em cima de você, não confio nela.

- Então confie em mim, - falo e sorrio – por mais que você fique linda com esse bico – beijo seus lábios - e essa carinha de ciúmes, não precisa ficar assim, eu amo você e nada e nem ninguém vai mudar isso.

- Tudo bem, eu vou, deixa eu ir no banheiro rapidinho então. – ela fala e vai pro banheiro.

- Que enfermeira é essa que deixou a Gabi com esse ciúme todo Fernanda? – a delegada pergunta.

- É a enfermeira Julia, eu estudei com ela no colégio e nós ficamos umas duas ou três vezes, nem me lembro direto pra falar a verdade, - falo e me sento na cama novamente – ontem ela me chamou para sair e relembrar os velhos tempos eu disse que não, que tinha namorada, e ela até tinha conhecido a Gabi mais cedo, e quando a Gabi estava voltando pra cá ela insistiu nisso e a Gabi acabou ouvindo e ficou com ciúmes.

- Ela deu em cima de você mesmo sabendo que tem namorada? – pergunta e eu digo que sim – detesto esse tipo de pessoa, não sabem respeitar o relacionamento dos outros.

- Isso é coisa de gente sem caráter, sabe que a outra namora e mesmo assim da em cima, até entendo a Gabi ter ficado com ciúme, eu mesma teria ficado. – Paula fala.

- Eu entendo também, não gostaria se fosse ao contrário, mas como eu disse pra ela, ela tem que confiar em mim, e eu não tenho nenhum interesse em ninguém que não seja essa loirinha linda e ciumenta. – falo sorrindo.

Nesse momento a Julia entra no quarto e todas nós ficamos em silencio.

- Bom dia, - ela diz e nós desejamos bom dia de volta – como você está se sentindo? – ela me pergunta enquanto verifica os monitores e anota alguma coisa.

- Estou ótima, quando o medico vem me dar alta?

- Ele já deve estar vindo, você está com muita pressa pra ir embora – ela sorri e olha para as minhas sogras, - parece que você não mudou, por onde vai fica cercada de mulheres bonitas. – ela diz.

Acho que se olhar matasse ela teria caído mortinha no chão agora mesmo por causa do olhar que a delegada dá pra ela, e a Paula não fica atrás, acho que nenhuma das duas gostou desse comentário dela.

- Elas tinham que ser bonitas mesmo, afinal são as mães da mulher mais linda desse mundo – eu falo – essas são minhas sogras, Paula e Daniele, são as mães da Gabi.

Falo o nome dela e ela sai do banheiro sorrindo, sorriso que some assim que ela vê que Julia está no quarto.

- Você aqui de novo? Não tem outros pacientes para visitar não? – minha loirinha fala com a cara fechada e vem pro meu lado.

- Tenho sim, mas os outros não são tão bonitos. – Julia responde.

- Gabi, temos que ir já estamos atrasadas. – a delegada fala, impedindo que a Gabi diga mais alguma coisa. – e Fernanda só apareça na delegacia na próxima semana, nem pense em voltar antes disso.

- O que? Não acho que preciso de todos esses dias, eu quase não me machuquei, acho que posso voltar amanhã mesmo. – falo.

- Nem pensar, só quero te ver naquela delegacia na próxima segunda e nem um dia antes, - ela diz – agora vamos Gabrielle que eu tenho uma reunião daqui a pouco e não posso me atrasar.

- Tudo bem – Gabi diz e se vira pra mim – me liga assim que você sair?

- Ligo sim, agora vai porque você está muito atrasada.

- Vou sim, mas primeiro eu quero isso. – ela fala e me beija.

E posso dizer que não é um simples beijo, é um daqueles beijo que deixam qualquer um de penas bambas, sinto sua língua entrando na minha boca e se encontrando com a minha, e eu até esqueço que não estamos sozinhas.

- Pare com essa agarração na minha frente Gabrielle – a delegada fala e puxa a Gabi fazendo nós interrompermos o beijo sorrindo.

- Nossa mamãe, eu só estava dando tchau pra minha namorada. – ela diz com um sorriso lindo nos lábios, eu sei muito bem que esse “tchau” que ela me deu foi para marcar território.

- Já se despediu, agora vamos, tchau Fernanda, qualquer coisa você me liga, - ela fala pra mim e despois se vira pra esposa dando um beijo nela – tchau amor, te vejo mais tarde – diz e abre a porta – vamos Gabrielle.  

- Tchau mãe, cuida bem da Nanda por mim – diz dando um beijo no rosto da Paula e depois me da mais um beijo, - tchau vida, te amo e me liga – ela fala e depois aproxima a boca do meu ouvido, – não deixa essa água de salsicha ficar dando em cima de você não – me da mais um beijo e vai embora me deixando rindo.

- Será que você pode ir ver se o medico pode vir me da a alta por favor, eu quero sair desse hospital logo. – falo pra Julia.

- Sim eu vou procurar ele e já volto, me deem licença. – fala e sai do quarto, e assim que ela sai a Paula começa a rir e eu olho pra ela sem entender.

- Desculpa, mas é que realmente o cabelo dela esta da cor de água de salsicha. – fala rindo e eu rio junto.

- A Gabi costuma colocar apelido nas pessoas ou foi só nela?

- Só nela mesmo, e até isso ela puxou da Dani, quando começamos a namorar a Dani também colocava apelidos engraçados nas meninas que eu já tinha tido algo.

- Vejo então que ela é praticamente uma cópia da delegada.

- Sim, se parece muito, tanto na aparência quanto nas manias e pelo que vi no ciúme também, boa sorte com isso. – ela sorri.

- Obrigada, mas eu não ligo de ela ter ciúme, ela fica até fofa com ciúmes, é só não exagerar, eu já conversei com ela sobre isso e acho que ela entendeu.

- Acho que entendeu sim, eu conversei com ela também e acredito que depois do que aconteceu, ela vai ser mais tranquila em relação a isso, mas te digo uma coisa, eu entendi porque a Gabi ficou com ciúmes da enfermeira, aquela mulher não tem um pingo de respeito.

- Concordo, e acredite eu não gostei nada do jeito que ela falou, eu detesto gente assim.

Conversamos mais um pouco até que o medico chega e me dá alta, agradeço a ele e saio o mais rápido possível daquele hospital, Paula me leva pra casa e depois vai para o trabalho dela.

Em casa meus pais passam o dia me paparicando e a Lara quando chega do colégio se junta a eles.

A noite a Gabi me liga e conversamos um pouco e quando me deito eu demoro um pouco pra dormir pensando nas coisas que aquela loirinha me disse durante a ligação.

Ela teve a audácia de me dizer tudo o que queria fazer quando saísse do castigo, e isso me deu a certeza de que nesse castigo quem vai sofrer será eu.

Fim do capítulo