O encontro por MarianaK
Capitulo 10
Marcela
Só consegui controlar minha respiração, depois que finalmente consegui sair de dentro daquela boate. Meu coração estava acelerado demais, e eu pensei que não iria dar conta de caminhar até meu carro.
Por que será que fiquei tão mexida assim com aquele contato? A gente tinha conversado algumas vezes antes, mas a maioria foi por conta do conserto da moto, eu já estava convencida que aquele jantar com ela tinha mexido demais comigo, mas a esse ponto?
Olhar pra ela tinha me deixado sem fôlego, aqueles olhos em mim, o toque, sei lá, mas essa menina estava me deixando confusa demais com essas sensações.
Cheguei em casa e me joguei na cama, fiquei fitando o teto até criar forças e trocar de roupa, não demorou muito meu telefone tocou, e eu fiquei entre atender ou não a ligação quando vi quem ligava.
- O que será que ela quer comigo? - falei sozinha. - Vamos descobrir.
Mas não era ela do outro lado, fiquei confusa quando ouvi minha irmã me pedindo para buscá-la. O que será que a Tais tinha aprontado? E por que a Marcela que estava com ela?
- Por favor Marcela, me ajuda aqui? Depois eu te explico o que aconteceu. - Taís falou quase chorando.
- Tá bom, eu vou. Mas cadê seu celular, de quem é esse? - fingi que não sabia.
- É da moça que salvou minha vida aqui. Será que você pode deixar as perguntas pra depois irmãzinha? Eu só quero ir embora. - ela pediu.
Eu só tirei o pijama e vesti a primeira roupa que achei e sai. Queria muito saber o que tinha acontecido para ela ter sido salva, estava preocupada, mas ao mesmo tempo com receio. E se eu chegar lá e a Liz ainda estiver com ela? E se ela estiver com a namorada? Como eu iria olhar pra ela depois de sair correndo do banheiro daquele jeito?
Minha cabeça estava a mil por hora, mas não adiantava sofrer antecipado, só teria as respostas depois que chegasse de volta naquela boate.
Quando virei com o carro, vi de longe que minha irmã estava ao lado da Liz e que elas conversavam alguma coisa, não tinha mais ninguém por perto, só as duas.
Quando parei e desci do carro para chamar minha irmã, ela nos apresentou, eu até iria dizer que já nos conhecíamos, mas fiquei presa de novo naquela imensidão verde que eram seus olhos. Minha irmã não parava de falar, mas eu não conseguia entender nada, não tinha atenção para mais nada, além dela.
- Então Má, você pode ou não deixar ela em casa? Ela que me ajudou aqui. - minha irmã falou mais alto.
Só consegui responder que sim e entrei no carro, vendo a Liz ser puxada pela mão e minha irmã indo no banco de trás.
Ficamos em um silêncio constrangedor dentro do carro, pensei em puxar algum assunto, mas não consegui formular nada.
Percebi que ela estava inquieta e não parava de mexer as mão, até que consegui fazer uma pergunta.
- Você tá com frio, posso desligar o ar se quiser. - falei olhando suas mãos.
- Não precisa, não é frio. - ela respondeu sem me olhar.
Fiquei sem graça de perguntar o porquê, e resolvi entrar no assunto da Taís, já que era por isso que estávamos ali.
- O que aconteceu com ela afinal? - perguntei apontando para a minha irmã adormecida no banco de trás.
- Acho melhor ela te contar. - ela olhou para trás. - Mas ela deu sorte que estava por perto.
- E você não poderia? Já que ajudou ela, pode me falar. - olhei pra ela enquanto esperava pelo sinal verde.
- Um rapaz que estava com ela… - ela começou.
Ouvi o relato da Liz sobre o porquê ela ter ajudado minha irmã e fiquei assustada com a situação. Nunca imaginei que o rapaz faria alguma coisa do tipo, mas eu nem o conhecia, não deveria ter confiado minha irmã a ele assim.
- Que péssima irmã eu sou. - falei balançando a cabeça em sentido negativo.
- É, desculpa. Mas vou ter que concordar. - ela riu
- Mas eu nunca imaginei que isso poderia acontecer, eles pareciam tão íntimos. Achei que não teria risco nenhum. - respondi decepcionada comigo mesma.
- Não precisa se culpar assim. - ela tocou minha mão. - Ninguém espera por isso e também não aconteceu nada.
- Graças a você. - falei olhando sua mão na minha e depois olhei seu rosto.
- Acho que você deveria olhar mais pra frente. - ela riu e rompeu o contato.
Voltamos ao silêncio de antes, só quando ela percebeu que o caminho que estávamos não era para sua casa que voltou a falar.
- Você errou o caminho, lembra onde é minha casa? - Ela perguntou
- Aí meu Deus! - coloquei uma das mãos na testa. - Eu lembro, mas é automático pegar o caminho para minha casa.
- Não tem problema. - ela riu de novo. - Eu me viro depois.
Aquele sorriso dela estava me deixando ainda mais encantada. Esperava que fosse só isso mesmo, encantamento.
- Eu não tô legal aqui Mar.. cela. - minha irmã deu sinal de vida.
- Não vai me vomitar no carro Tais. - olhei pelo retrovisor.
- Ent..então para. - mal parei ela desceu.
Liz logo se prontificou e desceu indo de encontro a minha irmã que colocava tudo o que tinha no estômago para fora.
- Logo você ta melhor. - ela falou ajudando e colocando Tais no carro de volta.
Fiquei observando como ela era atenciosa e cuidadosa, ficamos uns minutos paradas ali até que a Taís se sentisse melhor sem riscos de passar mal dentro do carro de novo.
- Acho que fico por aqui mesmo. - ela falou fechando a porta de trás e indo até a porta do passageiro.
- De maneira alguma, esta tarde. Não vou deixar que fique aqui sozinha. - respondi
- Não tem perigo não. Leva ela pra casa. - falou fechando a porta do carro.
- Liz, por favor. É perigoso sim. - sai do carro e fiquei esperando ela me olhar.
Novamente aquele olhar em mim. Já estava ficando sem o controle das pernas quando ela caminhou na minha direção e ficou parada bem na minha frente, sem desviar os olhos.
- Eu não posso continuar dentro desse carro com você.
- Não pode por quê? Se for pelo que aconteceu mais cedo, não precisa se preocupar… - respondi sem conseguir tirar os olhos da boca dela.
- É justamente por isso Marcela, eu não vou conseguir ficar perto de você sem terminar o que comecei. - ela se aproximou mais e segurou minha mão. - Eu quero, não posso, mas eu quero.
Quando eu desviei os olhos da sua boca e olhei no fundo dos seus olhos, eles estavam num tom de verde escuro, que me deixou completamente sem chão. Nossos rostos foram se aproximando, e ela apoio a testa na minha.
- Eu quero muito te beijar agora Marcela, e eu sei que você também tá esperando por isso. Mas eu não posso fazer isso com a Fernanda. Não seria justo. - ela continuou com o corpo colado ao meu.
- Eu entendo você. - respondi enquanto passava a mão por seu rosto. - Vamos sair daqui? Vou deixar você em casa, e não adianta dizer que não.
Ficamos por mais alguns segundos naquela situação. As testas coladas, as mãos dadas e a vontade gritando por um beijo.
- Melhor sair daqui mesmo. - ela olhou minha boca. - Mas acho que vou aqui atrás com a Taís, caso ela passe mal. - riu
Ela quebrou o contato dos nossos corpos e encontrou no carro. Ri sozinha antes de entrar também.
“Então ela tava fugindo de ir comigo na frente”, pensei olhando pelo retrovisor e vi quando ela deitou a cabeça para trás e fechou os olhos.
E eu que nem sair queria, terminei a noite de uma maneira completamente inesperada.
Fim do capítulo
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