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Alguma coisa sobre o tempo, sobre o destino e sobre você por Ve Herz

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Palavras: 3647
Acessos: 805   |  Postado em: 01/03/2021

Notas iniciais:

O nome da história mudou porque ela vai virar livro, sim! Esse aqui é o arquivo beta, cru. E, em breve, assim que acabarmos, vai estar disponível na Amazon <3 

Capitulo XXIV - O que você faz quando ninguém vê?

 

Mafê


Sábado chegou, com sol atípico no falso inverno carioca. Logo me arrumei com calça tipo moletom para ficar mais leve do que jeans, camisa branca e separei um jaleco para pôr na mochila. Acordei Carol com beijos e cheirinhos por toda extensão de seu pescoço. Aquele cheirinho de cabelo recém lavado misturado com o cheiro da cama dava vontade de deitar ao seu lado e não levantar o resto do dia. Avisei que a esperaria no andar de baixo e que não demorasse, pois tínhamos hora marcada no local onde iríamos. 


Encontrei Jane e seu filho, Noah, de 7 anos, que brincava de carrinhos na sala e correu em minha direção gritando “tia fefê”. O peguei no colo e giramos juntos no ar. Os cabelos encaracolados ressaltavam sua pele cor de mel. Me puxou pela mão para mostrar todos os carrinhos que havia ganhado da mãe e abriu um imenso sorriso para mim em questionamento. 


- Tia Fefê, agora você mora nessa casona legal? 


- Moro, meu amor. E você vai vir aqui tomar banho de piscina comigo? - Ele fez que não com a cabeça e questionei o motivo. 


- Minha mãe falou que época de piscina é só no verão. No inverno a gente não pode. 


- Sua mãe é muito inteligente, vamos comer alguma coisa? - Levantei do chão e estendi a mão para ele - eu ainda não tomei café e nosso dia vai ser grandão. Como estão esses dentes de tubarão?


- Estou fazendo tudo o que você falou. Escovo depois de acordar - Disse enumerando com os dedinhos - Depois do almoço uso fio dental e antes de dormir - Balancei seus cabelos e o parabenizei. 


Avistei Carolinda descendo as escadas e vindo em direção à cozinha, me abraçou e deu um selinho rápido, cumprimentando Jane e enchendo sua caneca de café, até que encontrou o pequeno ser humano que a olhou e disse. 


- Oi moça, você é muito bonita. Meu nome é Noah e eu sou filho da Jane e entregador oficial de pirulitos - Ele disse apontando para Jane e sorrindo para Carol, que retribuiu o sorriso largo do pequeno. Eu, por trás dela, a abracei e comentei que onde iríamos era surpresa para Carol e que ele deveria manter o cadeado na boca - Mas tia Fefê, mesmo sendo segredo, ela pode saber que eu sou o melhor entregador de pirulitos do mundo? - Jane sorria e eu o pegava no colo olhando para Carol e concordando com ele - E a tia Fefê é minha dinda mas eu não chamo ela de dinda porque eu tenho outra dinda - e começou a explicar alguma coisa em criancês que nós não entendemos. Carol só sorriu e fingiu compreender - E qual seu nome? Você namora a tia Fefê? Vocês vão ter filhos para a gente brincar na piscina? - O interrompi rindo. 


- Calma aí, caubói. Você parece uma metralhadora de perguntas - Carol estendeu a mão para ele, que a apertou e sorriu. 


- Eu sou a Carolina, você pode me chamar de tia Carol se quiser, Noah - Ele repetiu o tia Carol como se estivesse memorizando o novo nome - E eu namoro sua tia Fêfe, sim. Mas acho que você vai ter que se contentar em brincar com a gente na piscina. 


Como não se apaixonar por alguém tão doce quanto Carol? Acho que Noah já estava encantado por seu sorriso, já que a encheu de perguntas sobre a casa e, depois de um bom tempo, foi chamado por sua mãe pois o motorista havia chegado para nos levar ao destino. 


Noah foi no banquinho exigido pelo Detran e eu no meio entre ele e Carol, na parte de trás do Volvo. O celular vibrou e atendi a ligação de número desconhecido já sabendo quem era. Provavelmente o novo dono do morro onde atenderíamos naquele dia dia para confirmar o carro e quem iria. 


- Estou com quatro pessoas no Volvo, Danielle está de Jeep com Jenyffer e mais quatro mas não sei quem chega primeiro pois não nos falamos. Vou avisar sim, pode deixar - Desliguei o telefone e avisei a André que seria necessário piscar três vezes os faróis antes de entrar e baixar os vidros. Ele concordou sem questionar. Já Carol me olhava com uma imensa interrogação na testa e digitou no celular e me cutucou para que respondesse a mensagem sem que ninguém visse.


“Fernanda, que porr* é essa?” 

“Calma, você vai entender lá” 

“Você não está levando uma criança para um lugar perigoso não, né?” 

“Carol, você confia em mim?”

“Claro que sim né, inferno”

“Então só confia”

“_|_” 

“Nossa, ela lembra dos emojis do orkut, ela”

“Vai à merd*. Me deixa curiosa e, agora, preocupada”

“Você fica uma delícia brava” 


Ela guardou o celular e me olhou de canto sorrindo, mas ainda puta comigo. Fomos nos distanciando da área metropolitana da cidade e seguimos até uma comunidade que fica próxima a um aterro sanitário desativado. Carol apertou minha mão assim que saímos da rodovia principal e entramos em uma rua toda de barro. Noah, que até então estava entretido com um livro de dragões, agora dormia pelo balançar do carro. Jane e André conversavam sobre coisas aleatórias e fui sentindo Carol ficar tensa. Primeiro, a postura de mais relaxada mudou para uma mais ereta. O nariz começou a sentir o odor desagradável de maresia com chorume e ela fazia, ocasionalmente, algumas caretas até que se acostumou e, por último, sua mão, entrelaçada à minha, apertou com força quando viu algumas crianças da idade de Noah portando armas maiores que eles. Ao passar com o carro, acenaram em confirmação para nós após o sinal de André. Carol chegou com a boca próxima ao meu ouvido e sussurrou. 


- Por que esse suspense todo? 

- Eu preciso que você veja sem que eu precise explicar. 


Passamos por mais uma barricada, que ainda estava sendo retirada pelos meninos armados e nos pediram para esperar. Um deles, se aproximou do carro e, acredito que Deus tenha protegido Noah de acordar e ver a cena, mesmo que já tivesse visto outras vezes, sempre era uma sequência de perguntas quando chegávamos em casa. 


- Fala, Dra., a médica e os outros equipamentos já chegaram e estão lá na pracinha. O chefe mandou agradecer à senhora e avisar que tem muito trabalho hoje - Inclinei a cabeça para que pudéssemos nos ver e reparei que o garoto era realmente muito novo. 


- Se eu precisar de ajuda, posso chamar por quem, meu sobrinho? 


- O Chefe pediu pra evitar gente armada perto da ação da senhora, então a área vai estar livre. Mas vou pedir para colocarem alguém de radinho perto e é só falar o que precisa - Carol estava esmagando meus dedos - Bom trabalho, tia. 


Seguimos até o final da rua, passamos por umas duas bocas de fumo e Carol fazia cara de triste cada vez que via alguém armado, uma criança grávida ou, até mesmo, as casas inacabadas, feitas com tapumes ou com sacos apoiados em madeiras. O chão de terra batida subia poeira. Algumas casas ficavam, de maneira improvisada, apoiadas sobre pequenas valas com acessos feitos por tábuas de madeira. 


André parou o carro para que um grupo de porcos e galinhas pudessem ser atravessados por um menino de um lado para o outro. Observei os olhares de Carol em busca de postes ou sinais de civilização por ali. Cheguei perto de seu ouvido de sussurrei que não encontraria luz elétrica ou água encanada naquele ponto da comunidade. Ela concordou em um silêncio triste e me questionou. 


- Você faz o que aqui?


- Estamos perto de você descobrir o que eu faço quando ninguém vê. 


- E por que ninguém vê? 


- Porque eu não gosto de divulgar esse tipo de ação.

Chegamos a uma área descampada, rodeada por uma grande vala onde o único acesso era por uma ponte improvisada A poeira barrenta fazia tudo em volta parecer alaranjado e, ao seu centro, havia um ônibus e duas vans se destacavam do visual. Vi algumas pessoas colocando cadeiras sob uma tenda que deve ter sido cedida pelos traficantes e Danielle já com as mangas na altura dos cotovelos. Chamei Noah, que acordou já sorrindo e pedindo para ser solto. Jane autorizou sua soltura e ele desceu em direção à Dani, que já o esperava com os braços abertos. 


Carol me olhava meio instigada e me seguiu a descer do carro. André, após estacionar o carro atrás da van, foi ajudar com as cadeiras e a montagem. Abri a van e vi que o consultório dental móvel estava pronto para mim. O outro estava ocupado já por um colega de trabalho. Em frente a cada automóvel, havia uma mesa e uma pessoa para consultar ou fazer cadastro das pessoas e Jane já estava sentada ligando um dos computadores e tomando sua posição próximo de Danielle e entregando um pote de pirulitos à Noah, que ficava onde seria a saída dos pacientes junto a uma das enfermeiras auxiliares. 


De frente para mim, de braços cruzados e cenho franzido, Carol questionou. 


- Eu já entendi. Agora explica e me fala o que posso fazer para ajudar. 


- Tá. Eu vi na tv que essa comunidade estava desassistida de saúde básica, chamei Dani e montamos esse projeto aqui. Fazemos isso aqui, grande desse jeito, uma vez por mês para o grosso de atendimentos. Durante a semana, temos uma van que fica aqui com, pelo menos, um médico e um auxiliar para atendimentos esporádicos - Falei enquanto pegava meu jaleco e uniforme cirúrgico na mochila - Claro que, às vezes, precisamos ceder e atender traficantes baleados ou pessoas drogadas, mas isso é o mínimo - Cheguei perto dela e a dei um beijo carinhoso - Você vai ficar nessa mesa aí comigo, tem um computador e uma impressora. O programa já está aberto e o André vem te ajudar a mexer para entender. 


- Mafê, isso é bonito demais. Como você não conta para ninguém? E como tudo fica ligado sem luz? 


- Teria que explicar muita coisa para muita gente. Prefiro só fazer. Tudo aqui está legalizado. É uma colherinha de areia que eu posso dar neste deserto de desigualdades. E quanto à luz, tem dois trambolhos daqueles de luz atrás do caminhão. 


Ela riu por eu esquecer o nome dos geradores. Jeny chegou e demonstrou à Carol como usar o computador para os cadastros e como consultá-los. Carol entendeu bem rápido e eu estava ouvindo de dentro da van enquanto vestia o pijama cirúrgico e colocava o avental descartável por cima. Olhei o relógio, batia cinco para às oito. Praticamente ingleses na pontualidade. Jeny me olhou e baixou os óculos. 


- Pronta para batalha? - Riu pegando os papéis e me olhando. 


- Sempre. Qual sua meta hoje? - Perguntei e sabia que Carol estava nos observando. Jeny deu os ombros. 


- Algumas identidades, certidões de nascimento, CPF. Acho que esse caminho. Eu consegui gente do cartório para vir como ação social. Estão ali - Apontou para um mesão sob a tenda - Vai ser foda hoje. 


- Vamos ser foda. 


As pessoas começaram a chegar. De carroça, bicicleta, com crianças no colo, com idosos ou sozinhos, o local foi sendo ocupado pela população local e, como sempre, o espaço da clínica médica sempre era a mais procurada. A fila era grande. A parte do cartório também não ficava para trás. Muitos ali haviam perdido tudo em enchentes ou eram só invisíveis ao governo por algum motivo aquém da vida. 


Carol aprendeu rápido. De repente, já havia atendido três crianças em velocidade recorde. Consegui remover suas cáries, entreguei kits para escovação dos dentes e expliquei que fizessem ao menos ao chegar e sair da escola para não perderem os dentes novos. Muitas vezes, a escola era o único lugar onde possuíam acesso à água minimamente potável. 


Aparelhos que já haviam sido moldados, bem como alguns implantes, aguardavam seus donos chegarem. Entre um atendimento e outro, lembrava Carol de se manter hidratada e, por volta de meio dia, entreguei um pacote com dois sanduíches e avisei que comeríamos melhor quando fôssemos embora. Recebi um sorriso enorme de retorno. 


- Você pensa em tudo - Ela falou baixo e segurou minha mão. 


- Obrigada por ajudar - Falei descendo da van e beijando sua têmpora. 


- Obrigada você por me mostrar essa intimidade sua - Retornei à van e falei antes de chamar o próximo paciente “Viu, você entendeu” e a vi concordar antes do senhor, com seus quarenta anos que entrou na van descalço, com a pele castigada pelo sol, uma bermuda surrada pela terra barrenta e uma blusa cheia de furos, ele era um dos donos dos implantes. 


Foram vinte implantes feitos naquele senhor no mesmo dia. Deixei com ele cartelas de remédios para caso de dor, instruções para cuidados e revisão semanal. Antes disso, ele havia passado por extrações e minha equipe conseguiu salvar doze de seus dentes. O senhor, de nome João, chorou muito ao se ver no espelho. Claro que estava dolorido, mas estava completamente mudado. 


- Menina, você devolveu minha vontade de viver. Agora eu consigo até um emprego - Ele segurou minhas mãos, coberta pelas luvas e as beijou - Que Deus abençoe seu trabalho e continue com o coração bonito desse jeito - Ele soluçava de chorar e me emocionou junto. 


- Seu João, não há o que agradecer. Vá no pessoal que cuida da aparência e pede para cortarem seu cabelo bem bonito, deixarem essa barba na régua e te darem umas boas roupas para que o senhor vá em entrevistas de emprego - Ele balançou minhas mãos e saiu sorrindo, chorando e agradecendo novamente. 


O relógio já marcava três da tarde quando chegaram mais pessoas para cuidar de cáries e, até o final do dia, perdi as contas dos atendimentos. Minhas mãos latej*v*m. Troquei tantas vezes de avental e material descartável que fui colocando o lixo para trás da van conforme acabava. Aos poucos, o movimento foi amenizando e, por volta de seis da tarde, já estávamos guardando as coisas quando encontrei Danielle, sorrindo com os olhos fundos de cansada. 


- Viado, atendi tanta gente que lembrei meu tempo de residência no SUS - E me abraçou forte - Eu te amo, porr* - E me sacudiu pelos ombros, saindo correndo em direção ao Jeep, dando pulinhos pelo caminho. 


Jenyffer, Jane e Noah vieram em minha direção. Noah contou que entregou muitos pirulitos mas lembrou que todo mundo precisava escovar os dentes, pelo menos, duas vezes por dia para ter os dentes quando ficassem velhos. A equipe recolhia em velocidade recorde todos os computadores, lixos e equipamentos.


Jeny me contou que conseguiu fazer muitas identidades com o pessoal da equipe do cartório. Certidões de nascimento foram o ápice do dia, pois, segundo ela, muitas crianças nasciam em casa por mãos de parteiras e as famílias, quando ficavam com os pequenos, não os registravam em lugar algum. Também contou que ouviu de muitos que já haviam vendido filhos por comida ou em troca de dinheiro, principalmente de famílias mais ricas ou de pessoas que prometiam vida melhor para as crianças no exterior, ou seja, tráfico de menores descarado. Coisas que não conseguiríamos fazer nada por ser algo enraizado e não teríamos como ter acesso àquilo. Segurei sua mão e a abracei, falando que ela fez o que pode até ali. 


Jane, André e Noah já estavam no Volvo. Noah já dormia babando contra o banco e meus olhos procuraram Carol, que estava pegando minha mochila e trazendo a roupa para que eu trocasse. A puxei para dentro da van para conversarmos enquanto eu tirava o pijama cirúrgico. A vi pegando uma garrafa d’água e sorrindo para mim. 


- Acho que nunca vi nada do tipo. Só na tv, naquelas ações gigantes - Eu ri e vesti a blusa que faltava, guardei as coisas na mochila e descemos da van em direção ao carro. Saímos em comboio, com todas as luzes internas acesas e, ao pegarmos a rodovia, ouvimos uma intensa troca de tiros logo atrás de nós. Meu carro era o último a sair e, de reflexo, puxei Noah e Carol ao mesmo tempo para baixo, mandando André correr o mais rápido possível. Carol me olhava com desespero e Noah, sem entender nada, protegeu a cabeça como pedi. 


Os segundos pareceram esticar, abracei Carol e me debrucei sobre ela falando em seu ouvido que tudo ficaria bem. Nesse momento, eu já havia soltado Noah da cadeirinha e o coloquei deitado no chão. Jane também estava abaixada no banco da frente e conversava com Noah sobre seu livro de dragões enquanto ouvíamos os barulhos de tiros cessarem ou, ao menos diminuírem, André avisou que entramos na rodovia principal novamente e que todo mundo estava bem. 


Liguei para todos os carros da frente para confirmar que estavam bem e cada carro foi para um lado, em sua direção. Demorei para perceber que eu e Carol ainda estava debaixo de mim, até que Noah me cutucou e falou mexendo em meu cabelo. 


- Tia Fefê, passou - Inspirei fundo e o abracei, beijando sua bochecha e o colocando de volta na cadeirinha. Puxei carol para um abraço choroso, com pedidos de desculpas por passar por aquilo e ela dizendo que essa era a realidade do lugar, que não precisava me desculpar. Até que Noah quebrou o silêncio - EU ESTOU COM TAAAANTA fome, tia Fefê. A gente podia parar para comer um hambúrguer, né?  


Todos no carro riram, até mesmo André, que apertava o volante com força. Dava para ver pelos braços tensos. Minha mandíbula ainda estava travada e só percebi isso quando ri do pedido do pequeno. Perguntei à Jane se poderíamos, pois ela era a mãe ali. 


- Podemos sim, todo mundo concorda? - Todos fizeram sim sonoro e, assim como começou, a onda de medo e tensão passou. Quando entramos na zona metropolitana, André encontrou um drive thru e fizemos um pedido que Jane gargalhava falando do exagero - Meu Deus, vocês vão comer esse tanto de nuggets?


Carol, com batatas fritas na boca, falou para Jane - Trabalhamos tanto, Jane, a gente merece uma comidinha para aquecer o coração. 


- Tia Carol, não pode falar de boca cheia! - O pequeno repreendeu Carol e me fez rir. André dirigiu para casa, onde eu e Carol descemos com alguns hambúrgueres e seguiu para deixar Jane e Noah em casa. 


 Ao caminharmos pelo jardim, puxei Carol pela cintura e a beijei na bochecha. O cheiro de grama molhada com capim limão enchia meus pulmões e me fazia suspirar de alívio. Deixamos as bolsas com comida na cozinha e, em pensamento mútuo, subimos para tomar banho. Rimos quando nos olhamos tirando a roupa fazendo o mesmo caminho. Fiz que não com a cabeça e ela sorriu para mim 


- Impossível qualquer coisa que não seja tomar banho, comer e dormir - A abracei ao abrir o box e abri a água, nos conduzindo para a ducha. Juro que quase chorei de alívio ao sentir a água morna batendo nos ombros. Carol massageou minhas costas com o sabonete e fiz o mesmo com ela. Terminamos o banho e descemos juntas, de pijamas para comer. Ela sentou na bancada da cozinha e eu continuei em pé, acho que não estava com capacidade de sentar depois de tanto tempo fazendo agachamento entre trocar de avental e equipamento, chamar paciente e agachar para sentar. 


- E aí, o que você achou? - Perguntei de frente para ela entregando batatas fritas para ela. 


- Acho que se eu não fosse apaixonada por você, ficaria agora - Sorriu e encheu a boca de batatas - Tirando a parte que achei que ia morrer, foi o dia mais lindo da minha vida. Cara, vocês ajudaram tanta gente em um único dia, as pessoas chegavam de um jeito e saíam com esperança no rosto - Mordi meu hambúrguer e sorri. Me pus entre suas pernas com as costas viradas para ela e senti seu abraço em meu pescoço - Se você não existisse, eu mandava fazer. 


- Sob encomenda? Mas sério, só quem você viu lá sabe que aquilo existe. É a minha maior intimidade, meu maior segredo. 


- Sob encomenda você já veio para mim. Mas ainda não entendi o porquê do segredo, mas claro que vou guardar ele. 


- Vou explicar. Eu ouvi uma vez na missa que as pessoas são a favor da caridade e contra a mudança da desigualdade social porque a primeira alimenta o ego e a segunda sacia a fome. Acredito que amar o próximo é lutar contra a desigualdade como a gente pode. E essa é a maneira que eu posso. Não quero holofote por fazer o que é o meu mínimo, quero pessoas melhores no mundo - Falei enquanto virava para ela e terminava a frase, estava olhando aqueles olhos cor de mel - Você é uma dessas pessoas boas do mundo. Por isso quis mostrar isso para você - Ela marejou e me abraçou forte - E agora vamos dormir - Ganhei uma concordância com a cabeça sem separar do abraço e suas pernas engancharam em minha cintura - Você não vai sair do meu colo, né? - Ela fez que não com a cabeça e eu ri enquanto jogava algumas coisas no lixo com ela agarrada em mim. 

 

Subi as escadas a segurando com uma mão na bunda e outra no corrimão para não desequilibrar. A levei até o banheiro e fiz com que ela descesse para escovar os dentes. Naquele dia, apagamos na cama e acordamos tão atrasadas para o passeio de barco que eu havia programado, que desisti do passeio e a agarrei de conchinha para dormir mais.  

Fim do capítulo


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