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Alguma coisa sobre o tempo, sobre o destino e sobre você por Ve Herz

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Palavras: 3874
Acessos: 2092   |  Postado em: 25/02/2021

Capitulo XXIII - É culpa só sua



Sentei do lado oposto da mesa após lavar as mãos na pia e Jenyffer me olhou rindo, questionei o que era e ela mandou ajeitar a blusa e os cabelos. Pedi desculpas e, de bochechas coradas, enfiei os dedos nos cabelos para soltar os embaraços resultantes do amasso no banheiro ou na escada, sei lá. Dez minutos depois, estávamos tomando algum suco que parecia ser morango com laranja e conversando sobre algumas dúvidas jurídicas que eu tinha em relação ao escritório novo. 

- Você recomendaria um novo CNPJ ou não? - Perguntei enquanto tomava o suco. 

- Sem dúvidas um novo CNPJ. Como a construtora é uma empresa muito grande, seu pai tem acionistas que podem implicar com qualquer coisa. Faz disso um negócio só seu e, se precisar, você tem meu número e eu posso te ajudar nessas questões chatas. 

Ouvimos os passos na escada e Mafê apareceu de samba canção, camiseta de alça e chinelo. Os cabelos presos para cima com tipo uma bandana usada como faixa para os fios soltos não caírem no rosto e um sorriso maravilhoso. 


Apertou Jenyffer em um abraço e beijou sua bochecha. Sentou ao meu lado e, automaticamente, puxou minhas pernas para ficarem sobre as suas. Ajeitei um pouco a cadeira para ficar mais perto e ganhei um selinho rápido. 


- Fala comigo, Diabo veste Prada - Jenyffer revirou os olhos e sorriu de deboche. 

- Olha só, eu quero comissão por - olhou o relógio e nos olhou de volta - despachar Isabella exatamente nesse minuto para os Emirados Árabes por um mês. 


Maria Fernanda deu uma gargalhada tão alta e pegou o copo enchendo-o de suco, repetindo o movimento no meu e no de Jenyffer. 


- Antes de brindar, preciso saber como conseguiu essa maestria - Eu ainda estava boquiaberta, Jeny ria e levantava o copo para brindar. 

- Um menino do seu consultório que atende o Felipe falou de um congresso de harmonização facial. Eu só fiz alguém entrar em contato com ela oferecendo uma vaga. Como sei que ela é sem noção, liguei para ela e falei que recebi a mesma informação e, se ela topasse, você pagaria tudo - Ela levantou o copo - Um brinde à você ter dinheiro e despachar sua ex para um curso que não nos custou nada porque eu liguei para o organizador e consegui uma vaga grátis. 


Eu ri do comentário e percebi que Jeny realmente queria manter Isabella o mais longe possível de Mafê. Um mês seria um respiro enorme, só de pensar que ela não poderia aparecer do nada, já estava bem excelente. Comentou que os seguidores do Instagram de Mafê tinham engajado um negócio chamado Shipp, que era tipo juntar as pessoas e nós duas éramos as da vez. Que Gustavo e Yasmim tinham feito uma campanha forte para nós sermos um casal completamente apaixonado e separadas pelo tempo. Mafê me puxou pela cintura, pude sentir o perfume de verbena de seu sabonete favorito e seus lábios tocando minha testa, falando que era isso mesmo. Desbloqueei o celular para abrir a rede social e era verdade, as pessoas escreviam #Mafelina nos comentários e eu ria daquilo. Jenyffer falou para não me preocupar, pois era uma ação unilateral. Mas as fotos ficaram realmente bonitas, pegaram até uma nossa na festa junina dançando juntas. Até que Mafê tomou a fala. 


- Bom, o apartamento do Flamengo ou Botafogo, porque eu nunca sei diferenciar um bairro do outro, está fora do acordo do divórcio. No resto, você pode pôr tudo o que conversamos. E acrescenta uma pensão de R$3.000 por mês, porque eu acho que ela tem um caixa dois que Aline viu que ela deposita mais ou menos essa quantia todo mês. Deve ser um plano de aposentadoria, foda-se - Mafê falou dando os ombros - E um acordo para que ela suma. 


- Fê, eu vou tentar, mas não estou garantindo muito. Ela parece que gosta de fingir que está com você, que está tudo bem. Acho que ela precisa de uma intervenção psiquiátrica - me manifestei dizendo que concordava completamente com isso. 


- Deixa ela curtir e injetar um monte de botox nas pessoas. Eu vou curtir um mês sem azucrinação na minha cabeça - Mafê falou rindo, parecia extremamente aliviada pela notícia. E eu, com uma pontinha de ciúmes, mas BEM aliviada pelo tempo livre daquele assunto - E, talvez, quando ela voltar, eu esteja melhor da cabeça ou só mais forte mesmo para encarar ela caso não aceite tudo isso - Me olhou com olhar terno e apertou minha coxa como se pedisse força. 


- Namoral, vocês são o casal mais gay que eu já vi na vida - Ponderou Jenyffer - Por favor, procriem - Ela riu divertida e, diferente do habitual, estava de jeans e all star. Era completamente diferente dos saltos e terninhos de todos os dias. Tomei meu suco e sorri para ela. 


- Relaxa aí, a gente vai praticar até conseguir - Mafê riu me fazendo engasgar e riu mais ainda. Dei um tapa nela e todos à mesa rindo. Jane apareceu avisando que tinha marcado uma videoconferência com Aline para mais tarde e ela concordou. Jenyffer levantou da cadeira avisando que precisava ir pois não sabia descer o Alto à noite e que enviaria tudo esperando que o bom humor de Isabella a fizesse assinar o divórcio - Pode deixar que a gente vai praticar, amiga. Uma hora nasce o bebê. 


- Cruzes, você mãe seria um inferno na vida da criança. Ela iria de gangster a princesa da Disney em duas horas. Isso independente do gênero - Eu ri concordando. 


- Pode ter certeza. De Elsa a Hulk em duas refeições. Por isso, melhor só praticar - Falei de bom humor e senti sua mão quente encostando nas minhas costas por baixo da blusa e a olhei de lado com um sorriso animado. 


- Então tenham um peixe, um cachorro, sei lá - Ela disse já de pé na porta de casa - Eu saio daqui toda boiola quando vejo vocês, que raiva. 


Mafê me indicou para levantar passando a mão na minha coxa e eu a segui para dar um beijo em Jenyffer. Sussurrei se ela tinha falado sobre o caso com Felipe e ela sussurrou de volta que não queria estragar o bom humor. Jane e ela estavam voltando com duas caixas com o selo dos Correios e as deixou em cima da mesa e correu para apertar Jenyffer. 


- Vai com calma, eu te amo - Disse beijando a bochecha de Jeny. 


- Se cuida, te amo - Jenyffer respondeu a abraçando de volta e me abraçou em seguida - Cuidem-se - Entrou no carro e seguiu em direção ao portão, até que deixasse de estar em vista. 


Mafê me puxou pela mão até que a proximidade permitisse que ela me apertasse pela cintura e mordeu minha bochecha com cuidado. Encostou a boca no meu ombro e sorriu largo - Chegaram as nossas fotos. O pessoal achou tão lindo que mandou imprimir, vem ver comigo - Fui puxada até a mesa da sala de jantar, onde Jane já havia aberto as caixas e fazendo cara de apaixonada. Mafê pegou o primeiro quadrinho e nós passamos tempos olhando as fotos e decidimos colocar em alguns lugares pela casa. As fotos que pareciam um pouco mais sensuais foram para o quarto. Jane anunciou que precisávamos trocar de roupa para malhar. Mandou que fôssemos separadas e Fernanda ficou me mordendo até subir as escadas com Jane rindo, dizendo que ela não conseguia me soltar. 


Acabou que nos vestimos praticamente iguais, com short e top de ginástica, além dos tênis de corrida. Anderson, o personal crossfiteiro, na verdade poderia ser chamado de torturador medieval. 

Meu corpo não se movimentaria no dia seguinte com tanta abdominal, flexão. Olhei para Maria Fernanda querendo matá-la, mas ela me olhava com a mesma cara de dó. Uma bola de oito quilos contra a parede uma, duas, trinta vezes. Uma corda demoníaca que precisava ser balançada. Pula para cá, corre para lá, prancha. Corre. Extremamente molhada de suor, com a certeza que morreria no dia seguinte, terminei o treino, que Mafê pediu ser de DUAS HORAS e com certeza eu a mataria se conseguisse levantar meus braços no dia seguinte. 


Fiquei estirada no chão, sem forças para me mexer com ela dando tchau para Anderson deitada ao meu lado. Agradecendo pela morte. Me olhou suada, com os cabelos grudados no rosto e rindo. 


- Se eu não conseguir levantar amanhã… - ela me cortou. 


- Vamos passar o dia na cama vendo filme sem reclamar de nada - riu mais e levantou reclamando de dor em alguma ou todas as partes do corpo. Esticou as duas mãos para me levantar e entramos em casa abraçadas. 


- Pelo amor de Deus, não podia começar leve esse inferno? 


- Não, eu preciso de endorfina - Ela ria e gemia de dor. 


- A gente podia trans*r, por exemplo - Falei subindo as escadas e entrando no banheiro, sendo seguida por ela - Entra mesmo, preciso que alguém passe shampoo no meu cabelo - Maria Fernanda gargalhava da minha cara, mas acabou que uma lavou o cabelo da outra e ficou fazendo massagem nas costas da outra reclamando de dor - Acho que a Jane já foi embora - Recebi uma afirmativa - Sou incapaz de me mover para produzir comida, vamos dormir com fome. 


- Vamos, eu também não estou aguentando mais. Podemos ver… - interrompeu a fala para tirar a espuma do corpo e o shampoo do cabelo - Algum desenho. 


- Eu vou dormir de qualquer jeito. Pode colocar até Forrest Gump que eu vou dormir antes da primeira história - Fiz o mesmo movimento e saímos do chuveiro - Fernanda, eu vou te culpar muito pelas dores ruins no corpo. 


- Eu tenho que pedir desculpas pelo seu sedentarismo? 


- Tem! Podia ter sido mais levinho, eu podia ter pulado numa cama elástica. Esse homem acha que eu sou o homem-aranha! - Ela ria enquanto se vestia. Tomou alguns dos remédios e deitou na cama. Deitei ao seu lado e a empurrei para desligar a luz que havia sido esquecida acesa. 


- Amanhã eu juro que mando um massagista vir aqui só para você ficar melhor, só para de reclamar - E tirou forças do cu para me fazer um ataque de cócegas, fazendo com que eu me encolhesse toda e risse até a barriga doer - Ai, vou ver jornal - e ligou a tv na Globo News. Foi a última coisa que eu ouvi. Desmaiei de sono naquele segundo, encolhida em seus braços, com a cabeça totalmente apoiada em seu ombro. 


Acordei às 10h. Mafê jazia babando com a cabeça apoiada em mim e, provavelmente, com o braço dormente, pois acho que desmaiamos de verdade naquela posição. Tinha croquis para entregar e descobri músculos no meu corpo graças à dor. Depois de ter dificuldade para tomar banho, pois as coxas repuxavam e os braços pareciam encolhidos, o movimento de descer as escadas foi o mais torturante. Ao me ver, Jane ria tanto que compadeceu da minha situação e ajudou a ir para a mesa da cozinha. 


- Anderson deu o mesmo treino para as duas, né?

- A maluca da Fernanda duvidou que eu aguentava. 

- E você foi nada dela?

- Jane, não se duvida assim comigo - Ela riu e me entregou dois comprimidos de relaxante muscular, um suco gostoso mas de cor duvidosa e um sanduíche e frango - Eu imaginei que estariam exaustas e trouxe comida para hoje. Pelo que vi, você tem croquis para fazer o dia todo, né? - Acenei com a cabeça - Tenta ficar confortável. Como tem um tempo que ela não treina, acho que só acorda depois de meio dia, são os melhores dias dela dormir - Concordei com a cabeça - Vou te levar até seu escritório e qualquer coisa você grita. Se doer muito a perna, para um pouco e fica com elas para cima - Riu mais uma vez - E bem-vinda ao clube da maromba da Mafê, você vai amar e odiar - Fomos andando, comigo apoiada nela até a mesa de desenho, onde abri o computador e sentei com dificuldade. 


Apoiei as mãos na mesa e agradeci à Jane pelo apoio. Separei as lapiseiras, as borrachas e as folhas para começar a medir e desenhar o que tinha na cabeça. Os projetos da construtora eu já tinha pré-moldados, pois eram conjuntos de prédios de classe média. A esses, o tempo dedicado era um pouco menor, pois eu só mudava mesmo um pouco da fachada e, se tivesse varanda, mexia nela colocando uma churrasqueira ou alguma coisa que estivesse na moda. 


O de Mafê era um pouco mais complicado. Exigia alguns cálculos dimensionais que precisei buscar nos relatórios de engenharia. Pesquisei um pouco sobre o local e descobri o principal motivo de ter sido comprado a um valor tão baixo, as avenidas ao redor não comportavam o volume de chuva e sempre alagava. Ou seja, o projeto principal precisava ter um destino sustentável e rentável. Cogitei adicionar uma galeria fluvial para abastecer as caixas d’água de reuso e anotei em um post-it que precisaria ver a viabilidade da engenharia. 


Anotações básicas de quantidade de salas, necessidades de instalações e isso levou algumas, talvez muitas horas do meu dia. Pelas janelas do escritório, projetado para ter visão de 90º do terreno, via o sol bater nas folhas das árvores e o muro dos fundos de casa. A sensação de frescor com cheiro de chuva entrava pela brisa que invadia minhas narinas. Relaxei o corpo, que doía muito, principalmente na área de pernas, costas, abdômen e braço, ou seja, acho que só meu rosto não sentia dor. 


Ouvi duas batidas na porta e pensei ser Mafê mas era Jane me trazendo um prato de almoço e suco de laranja. Perguntei por Mafê e ela afirmou que ainda estava dormindo feito uma pedra. Que há meses não a via dormir tanto e que aquilo devia ser minha culpa somada à paz de saber que Isabella não faria mal à elas enquanto estivesse longe e completou - Olha, não é por nada não, mas eu queria que ela fosse para São Paulo, Marte, qualquer lugar. Essa mulher não tem uma energia que preste, dona Carol. 


Olhei o prato de bife, uma salada extremamente bonita com tomates, alface e outras folhas, umas batatas gratinadas, arroz e feijão. Nossa, como cheirava bem. Concordei com Jane e agradeci pelo almoço. Comi saboreando e a chamei uns quinze minutos depois. Perguntei quem havia cozinhado e ela respondeu que a cozinheira pessoal de Mafê, Marta, tinha feito questão de preparar a comida delas, exceto se elas não quisessem ou fosse um dia especial. Completou que a cozinheira chegara cedo, por volta de 8h da manhã, deixou tudo pronto para o dia e voltou para o outro local de trabalho com um dos motoristas - Ela cuida da Fernanda como se fosse filha. A viu passar o pão que o diabo amassou com aquela demônia. A consolou muitas vezes. Por isso não consegue ficar longe muito tempo. Fernanda já até falou para ela se aposentar, mas não tem jeito - Eu sorri do afeto e ela agradeceu indo embora, falando que não havia nada na agenda para o dia. 


Voltei aos meus desenhos e anotações, perdendo novamente a noção do tempo. Estava tão focada que não vi Mafê abrir a porta do escritório e tomei um susto com a mão quente em meu ombro. Coloquei a mão no peito e gritei “Caralh*, que susto”, a fazendo rir muito, a ponto de apoiar a mão nos joelhos. Virei a cadeira e ela estava de pijamas, com uma blusa larga escrita “Quem trans* não enche o saco” e se inclinou para me dar um beijo rápido de bom dia. 


- Eu estou puta com você. Não consigo nem sentar direito - Soltei de imediato enquanto ela distribuía pequenos beijos pelo meu pescoço. 


- Você falou que faz boxe, como eu ia adivinhar que estava sedentária - Falou mordendo meu pescoço e fazendo o corpo arrepiar inteiro. 


- Olha, gente que luta fala essas coisas e fica meses sem treinar. Que é esse o caso e a consequência é que eu fui na tua pilha e agora parece que minha coxa vai rasgar. 


- Jane falou que já te deu relaxantes musculares. Eu tenho um atendimento agora de um político aí - revirou os olhos - Mas volto para jantarmos juntas e ficarmos grudadas na cama. Pode ser? Daí eu cuido das suas dores e ainda posso te encher de beijos - Ela me derrete inteira e sabe disso, pois sorriu depois que eu concordei com a cabeça. 


- Se cuida - falou me dando um beijo e sorrindo encostando a ponta dos nossos narizes.

- Você também - retribuí o beijo, ganhando um abraço apertado que gerou reclamação de dores. 


Com o sol se pondo, me levantei para fechar as janelas do escritório e guardar as coisas para continuar no dia seguinte. Segui pelo corredor da sala de jantar e da sala de estar até a cozinha, bebi um copo de água e subi, degrau por degrau para o andar superior, que é composto por três quartos, sendo dois de hóspedes e o meu, que acho acho que posso chamar de nosso. Vi que a cama estava arrumada e resisti à tentação de me jogar nela e ficar estatelada ali. Liguei o ofurô com água quente, coloquei sais e óleos essenciais de banho. Liguei o som com uma música de meditação balinesa só para trazer paz para o meu corpo, me despi com certa dificuldade e adentrei na água que relaxava os músculos e fazia os pensamentos sumirem. 


Zero pensamentos de contas, réguas e revestimentos. A mente estava zerada. Tão zerada que dormi. 


Mafê - POV 


Liguei tanto que acredito que o celular dela tenha desligado. Comecei a ficar aflita depois de ligar até para o telefone fixo, que parecia servir só de enfeite e, quando tocava, fazia um escândalo. Cabeça vazia é um inferno, né? Imaginei que tinha desmaiado, caído na piscina e batido a cabeça, qualquer coisa… 


Pedi que deixasse o carro comigo e que estaria liberado. Fiz menos de dez minutos da Barra da Tijuca até o Alto. Devo ter tomado todas as multas do mundo. Deixei a porta do carro aberta assim que adentrei o terreno de casa e vi a luz do quarto acesa. Subi correndo, com a respiração irregular de ansiedade e encontrei um cenário digno de propaganda de clínica de spa. As luzes baixas e amarelas, velas aromáticas com cheiro de lavanda. Tirei os tênis e a meia para não fazer barulhos e fui, em passos lentos, até onde saía o som, logo atrás do biombo, no ofurô, Carol estava dormindo, de boca aberta e eu só consegui sentar no chão, de frente para ela e rir silenciosamente da situação. Pedi duas pizzas pelo aplicativo de celular e fui arrumar a cama para deitarmos. Coloquei aqueles edredons grossos que ela adorava, um monte de travesseiros e ajeitei os cabos dos carregadores para que nada nos atrapalhasse de dormir. 


Respirei perto de seu cabelo para sentir o perfume, peguei duas toalhas e um roupão e beijei sua bochecha por um longo tempo, até que ela despertasse e abrisse os olhos devagar, e aqueles olhos, na minha direção, eram como um choque do pôr do sol com as cores da terra. 


- Mi vida, você apagou - Sussurrei e ela levantou as mãos, arregalando os olhos. 

- Meu deus, estou toda murcha - falou gargalhando - Quanto tempo eu dormi?

- Não faço ideia, mas vim te tirar daqui e te colocar na cama até nossas pizzas chegarem? - Estendi as toalhas e ela se pôs de pé, enrolando no cabelo a primeira. Não pude deixar de admirar cada linha de seu corpo. A entrada de sua pelve em cada lado do quadril, as gotas escorrendo pelos seios e as coxas perfeitamente marcadas pela genética que a vida deu, já que furava os exercícios como ninguém. 

- Você ouviu alguma coisa que eu falei? - Ela disse me segurando pelo queixo e mordendo o lábio. Fiz que não com a cabeça - Perguntei o porquê de duas pizzas! 

- Ah, você gosta de pizza de chocolate branco e banana, fiquei em dúvida e pedi uma separada só com isso - Ela estava de pé esperando a água descer para sair do ofurô. Se vestiu com o robe e, ao tocar os pés no piso de madeira corrida, a peguei no colo e carreguei até a cama - Também pedi frango e pizza de alho. 

- Pizza e você me carregando no colo não vão me fazer trans*r hoje, Dona Maria Fernanda - Neguei com a cabeça. 

- Hoje vamos ficar só de grudinho - Falei, a colocando sobre o colchão macio e me virei para seu guarda roupas, onde peguei uma camisa e uma calcinha e joguei para ela - Só põe isso para não me tentar mais. 

- Meu anjo, eu não consigo abrir as pernas, no caso. Hoje não tem nada mesmo - Eu ri e corri para um banho rápido, voltei e deitei ao seu lado até as pizzas chegarem. 

Peguei as pizzas e aproveitei para fechar o carro, que havia ficado todo aberto. Subi com as embalagens e depois com suco em uma bandeja. Falei sobre o dia, ela contou que trabalhou e depois resolveu relaxar e acabou dormindo. E então eu contei que tentei ligar muito, até para o fixo havia ligado. Ela ria com o pedaço de pizza na boca quando contei o tempo que demorei para chegar em casa e como quase morri do coração a vendo dormir linda daquele jeito como se nada tivesse acontecendo. Falei também que tirei uns minutos para admirá-la dormindo, o que rendeu uns beijinhos engordurados de muçarela. 


Terminamos de comer, desci com tudo o que era necessário e a encontrei deitada me esperando. Escovei os dentes e me ajeitei na posição já padrão, onde ela se aninhou e dormiu em segundos. Apoiei o nariz em seu cabelo e o cheirei, a onda de verbena e lavanda entrou permeou minha mente como um calmante natural. Dormimos. 

 

A semana seguiu tranquila, faltava dois dias para levar ela aos projetos sociais e Carol insistia de todos os jeitos para saber o que iríamos fazer, como deveria se vestir, o que íamos comer. Eu apenas ria e a mandava deixar de ser curiosa, se vestir confortável de tênis e relaxar. Aproveitamos muitos momentos de grude. Eu voltei a treinar na sexta-feira mas ela se recusou a fazer o treino completo, brigando que Anderson a levaria à morte por cansaço. Ele ria e chegaram ao meio termo de treinos mais leves até que ela se acostumasse. Se me perguntarem onde quero chegar nesse exato momento, eu diria que é exatamente aqui, ao lado dela, vivendo uma rotina extremamente normal, nos reconhecendo, reconectando e fortalecendo os laços que sempre tivemos. Cada vez que nossos olhares se cruzam, tenho mais essa certeza.

Fim do capítulo


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