Penúltimo capítulo, gente, leiam até o final, por favor.
Confesso que só ia postar amanhã, mas vi umas pessoas aflitas nos comentários e agilizei.
Obrigada pelo apoio de sempre!
Capitulo 44: Não era justo
- O que eu fiz? O que eu fiz? O que eu fiz?! - Rodolfo levou as mãos à cabeça, atordoado.
- Catarina! - Érika agarrou o corpo da garota pelas costas e a deitou no chão. - Não, não... meu amor...
- Eu não po... podia... deixar... que ele... a... atirasse... em... vo... cê...
- Não fale, não fale, por favor! Eu vou te tirar daqui, vamos até o hospital!
- Nã... não vai dar... - Cate não conseguiu completar a frase.
Érika chorava, manchada pelo sangue da amada. Não vira que a jovem havia se aproximado aos poucos, a ponto de conseguir se lançar à frente da bala e receber o ataque em seu lugar. Trêmula, agitada e chorosa, segurava a mão de seu amor, desejando com toda força de seu ser ocupar o lugar dela. Não era possível.
Rodolfo também chorava, mas ao se dar conta do que havia feito, seguiu o instinto covarde que lhe era nato e correu em direção à porta, para fugir. Érika desencostou a cabeça do peito de Catarina com um olhar de fúria que nunca havia direcionado a alguém até aquele dia. Ele se atrapalhou na tentativa de fuga, ao se deparar com a porta trancada sem a chave:
- Seu desgraçado! - A futura psicóloga gritou. - Você a matou, maldito! A matou!
- Porr*! - Ele não respondeu ao insulto e passou a procurar as chaves por cima dos móveis.
- Você matou sua própria filha, seu imundo! - Érika deixou o corpo de Catarina no chão, levantou e correu até o homem, estapeando-o violentamente. Ele reagiu, tentando segurá-la pelos pulsos.
- Era pra você ter morrido! Vagabunda! A culpa foi sua! Foi toda sua!
- Eu vou te matar, desgraçado! Eu vou te matar!!!
Érika chutou o joelho do homem, porém ele a puxou pelos cabelos antes de cair, para que tombassem juntos. Ela bateu com a cabeça num móvel, ocasionando um terrível corte na testa, mas não o soltou:
- Cretino! Desgraçado! Por que não deixou que ela saísse? Por que não me acertou?
Engalfinharam-se no chão, travando uma luta intensa. Porém, ele ainda estava fraco por causa dos remédios que tomara no hospital, o que dava uma grande vantagem a ela, que prendeu firmemente as mãos no pescoço do algoz, enforcando-o:
- Vai pro inferno!
Ele se debateu, perdendo o fôlego e as forças pouco a pouco, enquanto ela apertava mais intensamente seu pescoço. O ódio cegava os belos olhos castanho-claros e fechava outros dois pares.
- Érika? Jorge? Vocês estão bem?! Ouvimos tiros! - A sede de vingança foi interrompida pela algazarra dos vizinhos, que batiam à porta, frenéticos.
Érika soltou Rodolfo, mas este já havia desmaiado. Abriu a porta sem nada dizer, deixando os vizinhos perplexos com o cenário que encontraram. Eles a fizeram mil perguntas, mas ela só tinha em mente voltar para perto de Catarina e abraçá-la forte. A fúria abandonava seu olhar, dando espaço à dor, e, enquanto se aproximava da poça de sangue em volta da garota, vários "porquês" ecoavam em seu pensamento:
"Por que isso tinha que acontecer?"
"Por que aquela bala não me acertou ao invés de você?"
"Por que não vamos mais poder ficar juntas, meu amor?"
"A gente seria maior que isso, a gente ainda ia se amar tanto... tanto"
- Érika? Érika? - Uma voz fraca e chorosa a chamava, mas seus pensamentos pareciam ensurdecê-la. - Érika, am... amor...
Foi quando a gerente tornou a si, correndo até à garota ensanguentada que a chamava de amor em um curto sopro de vida. Curto, mas suficiente para trazê-la de volta de seu devaneio insano e desolador.
- Meu amor! Graças a Deus, eu pensei... não se esforce!
- O que aconteceu aqui? - Daniel, o vizinho da casa ao lado, perguntava mais uma vez.
- Daniel, precisamos levar essa menina urgente para o hospital! Ela foi baleada e perdeu muito sangue!
- Claro, Érika, vamos! Mas e aquele homem ali, caído?
- Só não quero que fuja. Chamem a polícia para ele, por favor!
- Foi ele quem atirou? - Paulo, o outro vizinho, perguntou, conferindo Rodolfo mais de perto.
- Sim, mas não dá pra explicar nada agora! Precisamos salvar a Catarina! - A voz de Érika era suplicante.
- Vamos, não podemos esperar uma ambulância, a garota realmente perdeu muito sangue! Paulo, você fica e chama a polícia?
- Podem ir, pessoal. Vou imobilizá-lo para que não fuja! Corram, o hospital é bem perto, vocês conseguem chegar a tempo!
- Érika, abra a porta de trás do meu carro, por favor, já está na rua, eu estava de saída quando ouvi o tiro. Vou carregar a garota até lá! - Daniel jogou a chave do veículo para que Érika a pegasse, em seguida carregou Catarina nos braços, chutando, sem querer, o revólver, que estava caído no chão desde o colapso de Rodolfo.
- Merda, a arma do crime! Tenha cuidado, Daniel! - Paulo terminava de amarrar os pulsos de Rodolfo com um cadarço de sapato.
Daniel fez o trajeto até o hospital o mais rápido que pôde. Érika ia no banco de trás, pressionando o ferimento na tentativa de estancar o sangue. Por sorte, o lugar era realmente perto. A agilidade do rapaz no trânsito colaborou para chegarem em minutos.
- Aguenta, meu amor, aguenta firme. Você vai viver!
- Chegamos! Continue estacando o sangue! - Daniel desceu e imediatamente anunciou para os socorristas que havia uma pessoa ferida à bala no carro. Em instantes cruciais que separavam a vida da morte, Catarina foi encaminhada para o centro cirúrgico.
Na casa dos Gonçalves, Rodolfo recobrava a consciência a tempo de encontrar os policiais interrogando Paulo, que apontava para o lugar onde encontrara a arma. Um oficial corpulento tratou de algemar o criminoso. Ele chorava como uma criancinha indefesa, sem ao menos se defender. Estava preso em flagrante e nada mais lhe restava, além de encarar, de dentro da viatura, os próprios sapatos ensanguentados.
Com o celular de Catarina em mãos, coube a Érika a fatídica missão de informar à Débora o ocorrido. Estava nervosa, mas assumiu a responsabilidade que lhe era inevitável naquele momento. A mulher atendeu após três toques:
- O que há? Lembrou que tem mãe, que tem casa?
- Débora, aqui não é Catarina.
- E quem é?
- Sou eu, Érika. Escute, não desligue, por favor...
- Mas que audácia... você não se enxer...
- Rodolfo apareceu em minha casa, muito alterado, com uma arma e...
- Rodolfo? Impossível! Eu o deixei em casa esta manhã, ele estava se recuperando ainda!
- A Cate precisa de você, no hospital. Ele... ele atirou nela...
- Ele o quê?! Meu Deus! Em que hospital estão? Estou indo!
Não muito distante dali o celular de Victor tocou, interrompendo o lanche e a conversa animada entre ele, Audrey e Raga. O homem pediu licença para atender, deixando as meninas sozinhas na cozinha. Raga mastigava satisfeita a batalhoada oferecido pela família, enquanto a outra a admirava, descaradamente:
- Seu pai quem cozinhou isso? Tá muito bom! Sério! Valeu pelo convite!
- É, ele manda bem. Você é vegetariana, né? Pedi que ele fizesse algo que você gostasse.
- Valeu mesmo... Que foi?
- Hum?
- Por que tá me olhando assim?
- Assim como?!
- Não sei, diga você. É bem enigmática a forma com que me olha...
- Se eu disser que nem eu sei, você acredita?
Não houve tempo para Raga formular a resposta ao flerte. Tão logo Victor surgiu novamente na cozinha, ambas perceberam que ele empalidecera. Audrey ofereceu um copo d'água, prontamente negado:
- Era Débora ao telefone. Rodolfo está preso.
- O quê? O que ele fez? - Audrey levantou da cadeira, perplexa.
- Catarina... ele... baleou Catarina....
*****
O saguão do hospital recebia os últimos avisados daquela noite. Eram os pais de Érika, que se juntaram à filha e ao restante dos amigos e familiares da outra vítima, há horas no centro cirúrgico.
Para Débora, não havia mais energia para ódio e rancor. Direcionava os pensamentos unicamente às orações, abraçada a Victor. Audrey e Raga também se abraçaram, sentadas próximas à Érika e sua família. Vendo o desespero da bela moça ao seu lado, a estudante de veterinária entendia que ali estava a pessoa a quem Cate era destinada, e vice-versa. Não era justo para elas que não pudessem ficar juntas.
Os aflitos viram o dia amanhecer, juntos. Unidos em uma corrente improvável meses atrás. A equipe médica somente apareceu às seis da manhã. Apenas Débora e Victor foram chamados, deixando todos apreensivos. O ar estava terrivelmente pesado lá fora.
Fim do capítulo
Galera, li todos os comentários, mas achei melhor não respondê-los ainda, pq não queria dar maiores spoilers do fim. Continuem comentando, por favor.
Amanhã, o último capítulo desta história. Conto com vocês!
Comentar este capítulo:
Naty24
Em: 25/02/2021
Achei que tivesse sido na Érika, mas ainda assim ñ podemos ficar tranquilas, pois foi na garota. Este final promete algo inteiramente digno e dentro da linha que a história intuiu desde o prólogo
Miss Ss esplêndida!
Resposta do autor:
Naty, muito obrigada por todo o apoio! Te espero aqui na minha próxima história, hein?
Abraço! Espero que goste do final.
Marta Andrade dos Santos
Em: 24/02/2021
Esse Rodolfo é barril dobrado.
Resposta do autor:
É, mas a gente colhe o que planta, pode deixar.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 24/02/2021
Esse Rodolfo é barril dobrado.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 24/02/2021
Esse Rodolfo é barril dobrado.
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Alci
Em: 24/02/2021
Sobre o envolvimento com a história e personagens:
Estou sem palavras!
Preciso pensar,ficar um poço só.
_Me deixe!
rs!!!
Muito bom autora. Me surpreendeu. Nem imagino ,quer dizer,imaginar eu imagino. Umas quatro paradas cardíacas,vinte dias de coma induzido e uma aminesia parcial. No final um estado catatônico provocado pela lembrança chocante.
Valeu!
Resposta do autor:
Muito, muito obrigada por seus comentários. Foi muito gratificante saber que a história cumpriu o principal propósito dela, que era envolver os leitores assim. Abraço!
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