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  • Capítulo XVIII - Uma janela aberta

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Alguma coisa sobre o tempo, sobre o destino e sobre você por Ve Herz

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Palavras: 5116
Acessos: 1474   |  Postado em: 15/02/2021

Notas iniciais:

Outro capítulo grandão para vocês. Acho que a história está ficando mais encorpada. O que acham? Achei que esse capítulo demoraria para sair, mas escrevi ele em uma noite. Espero vocês comentarem, fico muito feliz quando vejo o que têm a dizer. E estou sempre no instagram @veherzautora 

Manda um sinal de fumaça por lá! 

Capítulo XVIII - Uma janela aberta

 

Minhas mãos deslizaram por sua coxa e para compor e acompanhar a mão que já repousava em sua cintura. Apoiei o queixo em seu ombro e sussurrei que ela estava uma delícia sem sutiã e que deveríamos pedir uma pausa para conversarmos rapidinho. Carol mordeu um riso e ouvimos o primeiro clique. 


- Eu ia falar para se olharem, mas só conversem que o tesão está vindo até aqui - Disse a fotógrafa rindo para nós - E Fernanda, segura o queixo dela para dar um beijo, ajeita a coluna, Carol. 


Carol se ajeitou e chegou mais perto da minha virilha, fazendo eu rir mais da situação. Segurei em seu queixo e a puxei para um selinho longo, apertando sua cintura com a ponta dos dedos. Os sons dos cliques saíam mas eu estava vidrada em ficar grudada nela e pensando naquele vestido amarelo solto demais, livre demais. O beijo se alongou para um beijo intenso, com suas mãos em meu pescoço e as minhas passeando por sua cintura, suas costas e a lateral de sua coxa. Ou Yasmim gritando alto. 


- Fernanda, a gente está gritando aqui que já temos as fotos com esses looks. Pode parar o beijo e trocar de roupa, bora. Ninguém vai ficar aqui vendo essa melação de vocês duas a tarde toda - Jane estava encostada ao trocador improvisado e ria da minha cara. 


- Já vou, Yas, mas olha o vestido que você colocou nela? Isso é um pecado, demônia - Falei soltando Carol, que fez questão de levantar com os seios quase no meu rosto - E ela provoca. 


- A gente sabe, mas foca. Precisamos de mais umas fotos aqui fora e outras no quarto - Yasmim puxou Carol para o trocador e eu segui em direção a Jane, que ria segurando os comentários. Assim que me entregaram uma muda de roupas, ela fechou o trocador e fez questão de comentar. 


- Olha, Dona Fernanda - A interrompi. 

- Jane, o que falamos sobre o Dona? 

- Fernanda, como você nunca levou essa menina em casa? Esse tempo todo separada da Dona Isabella. Você parece hipnotizada de um jeito bom. 

- É que Carol é uma pessoa leve, me faz livre. 


Segundo look era uma calça risca de giz, social com uma camisa tão social quanto. Um blazer e um mocassim. Mas me prometeram um vestido legal em outra troca de roupas. Carol usava um vestido vermelho de festa, com fenda até quase a virilha. Cabelo solto e saltos altos, fazendo com que meus 1,72m parecessem nada. Suspirei e caminhei em sua direção, rindo e mordendo o lábio. 


- O nome disso é teste de resistência. De repente estamos no BBB e essa é a prova do líder - Falei segurando sua mão e a beijando. 


- Então eu desisto agora - Ela virou para a fotógrafa - Chama o Boninho, eu desisto. Não dá para ficar com Maria Fernanda vestida assim perto de mim. 


- Vamos, essas fotos são representando o pedido de namoro. Precisamos de vocês aqui - Nos posicionou na borda da piscina, corpos abraçados, juntos, com a perna de Carol passando entre minhas pernas - Se fosse uma prova para vocês não se pegarem, já estavam eliminadas. Encostem as testas e sorriam. SEM BEIJAR. 


De testas encostadas e sorrindo, com Carol falando baixo e ouvindo esporro da fotógrafa para não falar. 

- Você. Minha cama. Essa roupa. Hoje - Ela mordeu o lábio e sorriu mais e eu apertei mais sua cintura contra meu corpo. Próxima posição era como se ela estivesse inclinada de lado com um selinho e Yasmim gritando que se eu abrisse a boca ela jogaria a mangueira em mim. 


Terceira posição era encostada em uma árvore no quintal, com Carol entre as pernas e as mãos na minha nuca, puxando levemente os cabelos. Minha mão foi automaticamente para sua bunda e, na mesma hora ouvi Yasmim. 


- Fernanda, se controla! Sobe essa mão para a cintura dela - Yasmim veio, pegou minha mão e posicionou na cintura - Luiza, assim? - E a fotógrafa concordou sorrindo para Yasmim. Me arrancando um sussurro. 


- Tem alguém que quer colocar a mão na sua bunda, Yasmim. 

- Eu que não vou impedir, gata. Colabora para acabarmos rápido. 


Carol me segurou pelo queixo, apertando as unhas em minha bochecha, ouvimos sons de cliques e ela ria sorriu para mim - Sabe o que estou usando por baixo desse vestido? - Mordeu meu lábio e ouvimos mais cliques, mais flashes. Fiz que não com a cabeça - Absolutamente NADA. Deixei minha calcinha no seu bolso e você nem sentiu - Ela me deu um selinho e eu gemi baixo. 


- O nome disso poderia ser tortura. Não posso encostar na sua bunda, tirar o seu vestido nem te beijar. Pelo amor da Deusa - Falei segurando sua coxa e me inclinando para um beijo que, assim que nossos lábios se encostaram, ouvi um JÁ DEU de Yasmim, que puxou Carol de mim e mandou todo mundo entrar. 


No quarto, nós duas de cabelo solto, outra maquiagem. Ambas só de camisa social e calcinha tipo short branca. Tudo completamente leve, como se tivéssemos acabado de acordar. Mil poses. Até beijo do homem-aranha teve. Carol lendo comigo no colo, projetando no computador, eu estudando ao seu lado, a gente rindo uma para a outra. Até que ouvimos da fotógrafa. 


- Acabamos, pessoal! Obrigada, meninas, vocês foram maravilhosas. Posso usar o escritório para editar as fotos e já deixar com Yasmim? Ela comentou a urgência - Carol vestiu uma bermuda e a direcionou ao escritório, e voltou para o quarto, que já estava arrumado como se nada tivesse acontecido. Jane estava comigo conversando sobre o tablet e outros assuntos. Sorri ao ver Carol e pedi que ela nos deixasse a sós por um minuto. 


- Fernanda, precisamos acertar as coisas. Por favor. 

- Relaxa, Janinha, só precisamos ver umas coisas aqui. 

- Confia em mim, Jane - Disse Carol rindo e sentando ao meu lado. Ao ver a porta fechar, sentou com uma perna de cada lado do meu corpo e mordeu meu lábio - Fala o que você quer tanto falar. 


- Mulher, eu preciso falar sério e não consigo raciocinar com você perto assim de mim - Disse colocando as mãos em sua bunda e mordendo seu pescoço. 


- Meu jurídico te chamou de doida e autorizou seu projeto - disse sorrindo o próprio lábio e  beijando - Eu topo ter esse escritório nesse seu prédio de Lego. 


- Ahhhhhhhhhh - gritei a apertando contra mim, puxando-a para um beijo longo e intenso, com mãos já subindo e descendo, subi um pouco de sua blusa e apertei sua cintura nua, apertando meus dedos ali e arrancando um gemido baixo. 


- A gente prometeu. Você precisa - suspirou - trabalhar - A beijei mais uma vez com intensidade e apertei seus seios. 


- Tem certeza? Eu mando a Jane para casa - Falei sorrindo e apertando nossos corpos. 


- Certeza eu não tenho, mas você precisa trabalhar - Segurou minhas duas mãos e me deu um selinho - Juro que até de noite a gente compensa isso tudo. E você precisa pegar aquele terninho para eu tirar ele - Sorri e levantei da cama assim que ela saiu do meu colo. Enfiei uma bermuda qualquer e desci as escadas com calma. 


Yasmim já estava sentada com Jenyffer, mais dois estagiários do jurídico e Jane. Puxei uma cadeira, peguei um copo com água e respirei fundo. 


- Isso não é reunião, é tropa de guerra - Disse Gustavo se juntando a nós e fazendo todos rirem. Jane começou, entregando o tablet. 


- Fernanda, isso é o quanto Isabella quer pelo divórcio - Olhei o valor e engasguei, começando a rir. Olhei para Jenyffer e questionei a seriedade daquilo. 

- Sim, é isso mesmo - Estou conversando ainda, mas nós estamos cogitando uma abordagem com você junto. Para tentar chegar em algum lugar. Apoiei as duas mãos, com o cérebro latejando de tantos pensamentos entre ver Isabella pessoalmente sem querer matá-la, sem ter uma recaída e voltar para ela, sem sucumbir a qualquer chantagem… Eu esfregava o rosto com as duas mãos e disse que pensaria na situação. 


- Alguém me dá uma notícia boa, pelo amor de Deus - Falei em um suspiro e vi Carol descer as escadas já de banho tomado, shorts curtos e uma camisa longa. O cabelo, preso em um coque, levou meu olhar ao seu e, como em um pedido de socorro, ela perguntou se podia participar e eu falei que sim. 


- A senhora precisa dar ok ao projeto dos terrenos. Precisamos dar um lance. Conseguimos os dois por um preço só, o vendedor está desesperado e achamos que pode ser interessante - Era o estagiário do jurídico, que me olhava com certo receio. Olhei para Jenyffer que passou as páginas e afirmou que podia assinar, pois já havia revisado tudo. 


- Jane, manda a bomba agora - Falei rindo, esperando qualquer coisa. Carol segurou minha mão e olhou para o tablet que estava em suas mãos. Me apertou os dedos e cortou. 


- Gente, deixa eu já adiantar que vou aceitar o projeto de arquitetura. Meu jurídico já deve ter enviado para o e-mail de vocês - Jenyffer sorriu e bateu palmas no ar. 


Jane tomou a voz em meio às comemorações e falou - Precisamos aprovar patrocinadores. Yasmim e Gustavo fizeram um filtro para Gayfriendly, com estrutura diversa e voltados à inovação. Eles vão te dar os produtos mensalmente, mais os valores pelas publicações que já foram definidos e comissão por vendas. Precisamos saber só dessa empresa de clareamento - Indicou a página nove - Estranhamos ela por algum motivo e Yasmim, como uma boa CSI, descobriu que eles patrocinam Isabella há anos. Podemos negá-los? Mesmo sendo líderes no mercado?


Gustavo levantou a mão e comentou - Podemos recorrer ao concorrente. Ela tem mais seguidores em quantidade, mas na questão qualitativa, suas taxas de conversão são maiores. Apontei a caneta para Gustavo e pedi que fizesse isso. Yasmim enviou as fotos do ensaio para meu celular e para o celular de Carol, avisando que escolheríamos uma foto para postar e qual das legendas usaríamos. 


- Amamos a primeira postagem de vocês, super espontânea. Agora vamos gravar o vídeo com a Mafê contando a versão dela para vermos a repercussão de tudo, avaliarmos os positivos versus negativos e, infelizmente, Fernanda, você vai precisar mexer no seu Instagram. Precisamos de stories de vocês juntas antes de oficializar. Pede ajuda para Carol, mas não podemos não fazer isso - Yasmim concluiu. Carol passou as fotos sorrindo e disse que ajudaria sim, para a gente não se preocupar - Mas, nós conversamos com sua psicóloga, sua psiquiatra e com a Dani e todas elas foram unânimes em que você evite ler comentários para não atrapalhar seu tratamento. 

- São tão ruins assim? - Olhei para Jenyffer, que me encarou com olhos ternos de só quem te conhece desde a infância pode dar - Você concorda com isso?


- Olha, tem uns que são pesados. Mas a Yasmim e o Gustavo disseram que criar um shipp é mais fácil e que a gente pode fazer com que só quem te siga possa comentar as fotos. Acho que é um caminho saudável - Disse Jenyffer olhando para Yasmim, que pegou meu celular e configurou a conta e o entregou de volta. Pronto. 


Bati palmas e levantei da mesa - Agora vamos embora galera que eu quero curtir minha namorada, a semana vai ser foda e a gente vai passar por essa bad vibe - Abracei as pessoas e já direcionei todos para a porta - Chega de falar de reunião, vocês são demais, obrigada pela sessão e, Yasmim - Tive sua atenção - Vá pegar aquela mulher. Vou ver pelo seu instagram que as fotos vão estar melhores - Ela riu e entrou no carro me mandando à merd*. 


Quando todos saíram, respirei fundo e virei para Carol, que apontava o celular para mim e falava alguma coisa. A peguei pela cintura com as duas mãos e puxei para um beijo longo - Vamos comemorar esse contrato. Tenho a melhor projetista e arquiteta do mundo trabalhando no meu prédio. Tenho uma namorada deliciosa - Arregalei os olhos e ela imediatamente questionou. 


- O que houve? - Segurou meu rosto com as duas mãos. 


- As roupas só vão vir daqui dois dias e sua calcinha também - Falei com o rosto sendo apertado por ela, que ria e fazia o sentido negativo com a cabeça. A segurei pela cintura e dei impulso para que subisse em minha cintura, mas não ganhei dessa vez. 


- Seu pé. Dani falou para não me carregar - Ela falou me puxando para a cozinha pela blusa - Mas a gente pode jantar e ver um filme. 


- Amanhã podemos ver os terrenos - comentei olhando para ela e sendo puxada completamente a favor de minha vontade. 


- A gente não vai ver nada. Tem uma equipe para isso que vai lá e me passa tudo o que precisamos. Vou projetar normalmente - Ela disse abrindo a geladeira e me entregando algumas coisas que tinham sobrado do lanche da equipe - Você está de licença, coisa linda. Eu preciso trabalhar e, inclusive, tenho um relatório para amanhã que está na metade. Posso terminar da cama? - Virou, colocou as mãos em meu pescoço e me deu um selinho. 


- A tentação de estar numa cama com você altamente atraente, totalmente focada me dando tesão intelectual? - A puxei para mim e passei a mão pela lateral de seu corpo - Tenho minhas objeções, mas pode ser resolvido com uma rapidinha para aliviar e eu juro que vou dormir ou ler alguma coisa. 

- Sem rapidinha hoje, meu amor, não posso não enviar esse relatório. Amanhã você tem o que quiser. 


- Qualquer coisa? 


- Absolutamente qualquer coisa, COM UM ADENDO - Ela comentou com um sorriso safado e uma sobrancelha arqueada. 


- E qual adendo você quer fazer nesse contrato, senhora? - Comentei passando a mão em sua bunda por dentro de seu short. 


- Eu preciso goz*r até minhas pernas não se sustentarem - Mordeu minha boca e me beijou fundo, cheio de tesão acumulado e soltando por um segundo.


- Parece que temos um contrato justo - falei apertando sua pele da cintura e mordendo seu pescoço. 


Carol me fez um sanduíche absurdo que parecia ter tudo da geladeira e sentamos no sofá para comermos. Eu estava com uma fome absurda e levantamos pouco tempo depois para deitarmos. Tomei um banho primeiro, pois era mais rápida e, enquanto isso, ela trouxe as coisas necessárias para o relatório para o quarto. Fiquei jogando paciência enquanto ela lia, relia e digitava algumas coisas, calculava uns números que eu não entendia e, por alguns minutos, pensei que aquilo era o que eu queria para todos os dias da vida. Mesmo que demorasse, essa era a cena perfeita. Ter Carol na mesma cama que eu, dividindo mais que sex* e prazer. Eu queria dividir aquele cotidiano, mas precisaria ir com calma para não assustá-la. 


Acordei por volta das duas da manhã para ir ao banheiro e Carol continuava trabalhando. Afaguei seus cabelos e dei um beijo rápido para voltar a dormir. Quando olhei o celular, marcava sete da manhã e Carol dormia com todos os papéis à sua volta. Recolhi tudo, a cobri e dei um beijo em sua testa. Antes de sair, fiz um storie dela dormindo com um gif de coração. 


Fiz yoga na área da piscina por um tempo que não consigo calcular. Meditei e vi que já seria mais de dez da manhã. Meu celular pipocava de notificações e quinze ligações de Isabella. Abri o Instagram e tinha centenas de mensagens privadas. Algumas com corações, outras com carinha de raiva, algumas xingando Carol e fiquei tão possessa que fui para mais longe e entrei em contato com Yasmim. 


“Calma, Fernanda. É só gente desconhecida em uma rede social”

- E estão xingando ela de vagabunda. Eu vou conversar com a Isabella hoje. Eu preciso de paz, Yasmim. 

“De cabeça quente você não vai conversar com ninguém” 

- Tá, mas eu vou em casa pegar algumas coisas de trabalho e volto para cá. Se vira, eu não quero receber mensagens assim. 

“Ok, eu vou dar um jeito” 


Deixei um bilhete na geladeira avisando que tinha sanduíche natural e água de coco na geladeira. Que eu iria em casa e ao escritório buscar um material e voltaria com o almoço. 

Tirei o carro da garagem e rumei à minha casa, mais dez ligações de Isabella ignoradas. Meu coração parecia explodir. Uma hora depois, com o som do carro no talo para não ouvir as vibrações do celular, entrei na garagem hiperventilando, com sensação de sufocamento e vontade de vomitar. Abri a porta de casa e corri para o banheiro onde tentei, sem sucesso, fazer com que todo o nó que ocupava minha garganta fosse para o vaso sanitário. A pressão caiu, ela sempre caía. Ouvi de uma namorada modelo que eu não tinha reflexo para bulimia. Deve ser verdade pois ela tinha. 


Sentei no chão do banheiro e o celular não parava de vibrar. Era Carol. Tentei me recompor e atender com normalidade. 


- Buen día, me amé - Falei mantendo o tom de voz normal. 

“Oi amor, acordei tarde, né? Está tudo bem?”

- Não muito mas vou resolver

“Quer que eu vá te encontrar?”

- Não, meu anjo, pode deixar que está sob controle

“Volta logo, a casa está vazia sem você” - E eu sorri pela primeira vez no dia. Voltaria. Por ela. 

- Com comida? 

“Por favor, é o mínimo por eu acordar e não te encontrar pela casa”


Entrei no banho gelado. Precisava acalmar. Precisava respirar e ficar bem de verdade. Deixei a água cair e, cada vez que via o número de Isabella no visor, outra onda de ansiedade me consumia. Me invadia. Era como uma nuvem escura. Ela era uma nuvem escura que me impedia de ver qualquer coisa na minha frente. Inclusive a esperança. 


Saí do chuveiro e liguei para a psicóloga que pareceu ter se materializado em minha casa pois estávamos no telefone por um tempo e ela mandou que eu fosse para a cozinha, foi quando o interfone tocou e ela entrou como uma intervenção. Ligou para Felipe e Jenyffer que, meia hora depois chegaram e ligaram para Carol que chegou em seguida. Eu devia estar deplorável. Sentada por horas abraçando os joelhos deitada olhando para o nada. Era uma nuvem escura e nada me faria abrir os olhos. Não ouvia mais ninguém, só sentia a escuridão tomando conta de mim. Até que, de repente, tive um impulso e levantei. Rumei à cozinha, peguei a chave do carro e desci até a garagem. Tirei o carro e segui. 



 

Carol 


Tinha levantado da cama, procurado por Mafê e tínhamos acabado de desligar o telefone quando decidi tomar banho. Recebi a ligação de Felipe me mandando para a casa de Fernanda pois ela estava no meio de uma crise de pânico e não conseguia se mover. Ao chegar, a cena fez meu coração encolher. Ela estava na porta do banheiro deitada no chão. Sua psicóloga tentava conversar com ela sem sucesso em conseguir respostas. Eu tentei falar algumas coisas e ela parecia não olhar para o nada. Paramos na varanda por alguns minutos quando ouvimos a porta da cozinha bater. Nada de Maria Fernanda, nada de chave do carro. Felipe correu para as escadas para tentar alcançá-la. Eu estava perdida, girava em mim, tentei o celular mas ela havia jogado ele na privada. O resgatei com auxílio de um saco plástico. Ainda sobrevivia e contava mais de cinquenta ligações do mesmo número. 


Pedi que Felipe ligasse no viva voz e Isabella atendeu


“Felipe que porr* é essa da Maria Fernanda estar namorando essa fedelha”


- Isabella, o que você quer com a Fernanda? 


“A gente precisa conversar pessoalmente, Felipe. A gente precisa conversar. Ela não pode fazer isso. Divórcio, namoro” - Jenyffer pegou o celular da mão dele e rompeu sua voz


- Eu vou acabar com a sua vida, Isabella. Você vai postar AGORA que estava sem o próprio discernimento quando fez aquelas merd*s daquelas postagens. Você quer dinheiro? A gente vai te pagar, mas você vai postar agora que apoia Maria Fernanda no namoro dela. 


“Eu quero ela de volta, Jenyffer. Ela não é um brinquedo” - Eu estava ficando roxa de raiva. Desci correndo as escadas do nono andar até a garagem e peguei o Volvo. Cataria Fernanda em cada canto dessa cidade. Avisei algumas pessoas de pontos estratégicos e comecei minha busca pela praia de Botafogo, pela praia vermelha, Copa. Ao mesmo tempo em que ligava para as pessoas. Acionei todos os parentes, primos e amigos possíveis e liguei para Felipe.


— Ela voltou? Apareceu? 


“Nada dela, onde você foi?” 


—  Procurar. Estou em lugares que ela gosta de ir para ficar sozinha. Como está naquele transformer, é mais fácil identificar. Pedi ajuda de alguns familiares dela. O irmão foi para museus, o padrasto foi para a delegacia, a mãe dela está em casa caso ela apareça. Avisei à Bernardo para não deixar os avós deles saberem de nada.

“Carol, precisamos de algum lugar em que ela ache paz. A psicóloga está falando que em surtos de pânico a pessoa busca a paz. Vai na sua casa.”


— Não vou perder tempo indo. Vou acessar as câmeras pelo celular e ver se ela está lá.


Desliguei o telefone sem me despedir. Chorava me sentindo inútil e fraca. Pelo aplicativo vi que não estava em casa e um tino dentro de mim tocou para que visse o portão principal. Passei por algum tempo atrás até ver o e-pace branco, inconfundível, parado na frente do portão. Vi seu desespero descendo do carro e girando em torno dele com as mãos na cabeça e vi quando voltou para o carro e saiu em disparada no sentido Tijuca.

Liguei para Felipe gritando pelo endereço de Isabella. Ele se recusava a passar e eu gritava mais, chorava com medo do que Mafê podia fazer sozinha, em meio à uma crise de pânico. Depois de dez minutos de ligação, consegui o endereço e dirigi até lá, meio cega pelo desespero. 


Toquei o interfone do prédio, que ficava localizado no Jardim Oceânico. Depois de insistência, ela me deixou subir. Eu estava com tanto ódio que, ao ver a porta sendo aberta, a empurrei com toda força e entrei no apartamento. 


- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? CADÊ A MARIA FERNANDA


- Calma lá, fedelha. Eu também não sei cadê ela. Só queria conversar sobre essa falsidade do namoro de vocês e mandar ela voltar para casa - A segurei pelo pescoço e empurrei até a parede fazendo força. 


- Para onde ela ia quando você machucava ela? - Apertei mais seu pescoço e a vi ficando vermelha, sem conseguir falar. Soltei um pouco a mão ouvindo-a tossir - PARA ONDE, ISABELLA? 


Ela passou a mão onde eu havia apertado e eu olhei em volta do apartamento, pensando, buscando algum sinal ali ou em minha cabeça de qualquer lugar em que Mafê poderia estar. Passei a mão pelos cabelos. 


- Você não acha que já chega dessa encenação? Maria Fernanda é minha desde o dia que você perdeu ela - A vi crescer diante de mim, esticando a mão para me dar um tapa, que foi contido por minha mão segurando sua mão. 


- Você perdeu ela quando a roubou, machucou, estuprou. Você é o pior tipo de pessoa para ela. Você é o gatilho dessa merd* toda - A empurrei, ainda segurando seu pulso. Isabela caiu contra o sofá e eu sentei em seu colo, segurando seus braços - Agora pensa, com esse pedaço de merd* que você tem no lugar do cérebro. Onde Maria Fernanda pode estar? - Cheguei meu corpo perto do seu, meu olhar tinha ódio e pânico. 


- Eu amo a Maria Fernanda, Carolina. Não quero que ela se machuque - Ela falou com os olhos marejados e eu só queria esmagar sua cara contra qualquer pedaço de parede. 


- Você não ama. Você quer ter o poder sobre ela, sobre o que ela conquistou. Você ama manipular a cabeça dela para fazer as suas vontades. Pensa, filha da puta. Onde minha mulher pode estar? - Segurei seu pescoço de novo - E acho bom você pensar rápido. 


- Talvez ela esteja na reserva ou no Grumari. Ela ia surfar lá quando estava com muito trabalho - Ela disse chorando, tirando minha mão de seu pescoço - Eu vou reconquistar ela, Mafê não pode ser de mais ninguém. Ela é minha - Estiquei a mão e o estalo veio alto, sonoro. Ela esfregou o local e me xingou de alguma coisa inaudível. 


- Tenta chegar perto dela, tenta ligar, tenta. Mas eu vou acabar com a sua vida se você afetar a saúde dela. Física, psicológica ou sentimental. Eu vou acabar com a sua vida, está me ouvindo? - Segurei seu pescoço sem sair de seu colo - vou quebrar todos os seus dentes e não vai ter implante no mundo que te faça sorrir com dignidade. 


- SAI DA MINHA CASA - Ela me deu um tapa, forte demais, que fez com que o ódio em mim crescesse. Desferi dois tapas em seu rosto, que chegou virar pela força. Sai batendo a porta e descendo para a entrada. 


Liguei para Felipe, que atendeu no primeiro toque perguntando se a achei. 

- Preciso que você vá para a Barra. Começa no Pepê, manda a Jenyffer para a Reserva, vou mandar o irmão dela para o Recreio e vou para a Serra do Grumari. Isabella falou que ela se enfiav* lá quando estava nervosa pela quantidade de trabalho. 

“Quem achar primeiro leva ela para sua casa e liga para os outros. Vou mandar Danielle e as médicas dela para lá. Ela precisa se sentir segura. Carolina, o que você fez para Isabella conversar?” 

- Conversa não é bem a palavra certa a ser usada - Felipe desligou e eu entrei no carro. 


Aquela potência do XC40 tinha que servir para alguma coisa. Engatei o D do automático e afundei o pé no acelerador. Passei por todos os radares com certeza acima da velocidade normal. Com aquele carro não dava para a sentir a velocidade e, com minha adrenalina no talo, sentia menos ainda. Por um segundo imaginei Fernanda brava pelas multas que pagaria e a conta dos meus calmantes depois. Precisava de seu abraço, da certeza que estava fisicamente bem e que se ajudaria a melhorar. 


No caminho, fui mentalizando que minha única função ali era ajudá-la a se esforçar em melhorar. Não podia dar os passos por ela e que nossos dias juntas foram como o tampão de uma panela de pressão que só fez explodir junto com todos os meus nervos. Parei o carro na prainha e a busquei com os olhos, girei e girei os olhos em busca dela, mas nada.  


 

Mafê 

 


Dirigi por horas. Passei o carro na frente da casa dos pais de Carol, vi as luzes acesas. Dirigi até o antigo endereço de Isabella no alojamento universitário. Em segundo algum eu parava de chorar. A mente ia e vinha no medo de morrer e no medo de viver sob essa sombra de Isabella. Ainda tremia imaginando sentindo demais. Meus músculos tensos apertavam o volante e as lágrimas teimavam em não parar. Prometi ser completa e estava sendo menos. Prometi para mim mesma não ceder e estava ali. Medo e medo da escuridão que cercava meus pensamentos. Assim, segui dirigindo a ponto de precisar abastecer. Cogitei subir a serra pensando em morrer de alguma maneira mais poética, mas pensei também que morrer não me traria nada.


Respirar doía, meu coração parecia pequeno para o tamanho de todos os medos. Continuei dirigindo, passei pela casa de Carol, cheguei a descer do carro mas não consegui ir em frente e entrar em sua casa. Sentia meu coração parecer bombear sangue demais, doía. Eu queria entrar e estar ali. Girei em torno do carro e a cabeça latej*v*. Notei as luzes apagadas e imaginei onde ela estaria. Talvez com alguém melhor. Seria melhor. Desci o Alto da Boa Vista até meu antigo apartamento na Tijuca, onde tudo aquilo começou. Estava com as luzes acesas mas era alto demais para que eu visse alguma coisa.

Pensei em Carol, que provavelmente estava fazendo algo melhor, mas que disse que me esperava. Eu voltaria por ela? Para ela? 


Passei pelo antigo apartamento no Leblon, onde morei com Isabella. Parei em frente e chorei mais, a ponto de faltar o ar. Chorava por odiar aquele lugar, por não aguentar mais lutar para que aquilo acabasse, as lágrimas sufocavam até eu gritar, bater compulsivamente no volante e seguir pela Av. Niemeyer. Com o coração do tamanho de uma azeitona, me sentindo apertada por todos os lados. 


Entre gritos e socos no volante, choros e soluços, mais soluços, segui pela orla. O mar me acalmaria, de uma maneira ou de outra. Defini um destino onde conseguiria colocar a mente em ordem ou só parar de chorar. Por sorte não peguei engarrafamento. Subi e desci toda orla da Barra, dirigi pela Reserva até o final do Recreio. Respirei pela primeira vez ao subir a primeira curva da serra do Grumari. Passei pela prainha, pela praia de nudismo e, por fim, estacionei o carro no ponto mais vazio Grumari. A praia mais isolada e mais bonita dentro da cidade do Rio de Janeiro. Meu ponto de paz. 


Tirei os chinelos e tranquei o carro. Os passos em direção ao mar, os pés tocando os grânulos da areia meu corpo tremendo com o medo e o acalento da morte que eu sentia aproximar do meu corpo, talvez a alma estivesse sendo esfaqueada. Era assim que eu sentia. Uma escuridão que dói, que fere. 


Fui em direção ao mar, senti o sol batendo na pele, as ondas espumando, assim como meu corpo, que parecia estar esfarelado por dentro. Mergulhei umas duas vezes e o sal do mar misturava com o sal de minhas lágrimas, que teimavam em não parar. A água estava gelada, como um choque térmico necessário. Voltei para a areia. Tinha medo de morrer, mas estava tentando racionalizar que não queria morrer. Juntei os joelhos e os abracei olhando para aquela imensidão esverdeada. Tão lindo, calmo e feroz ao mesmo tempo. 

 

Fim do capítulo


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