Fala galera, vocês sempre reclamam que os capítulos estão muito pesados. Esse é no amor, vou dar uma colher de chá. Finge que é meu presente de aniversário para vocês. Volto só domingo com coisa nova. Me sigam no Insta, me xinguem no Insta e me combrem no Insta <3
Capítulo XV – Festinhas de criança
Mafê - vinte e três anos atrás
Bernardo comemorava seu aniversário de 2 anos. Finalmente tinha entrado na escolinha e, por não termos irmãos, fomos criados muito juntos ou seja, ele foi meu primeiro irmãozinho. À época, eu tinha seis anos e talvez não lembre com tantos detalhes desse dia mas, graças a Deus, minha madrinha contratou alguém para fazer a filmagem da festa. Eu usava uma jardineira jeans, com camisa rosa por baixo e um tênis com luzes, correndo de um lado para o outro gritando alguma coisa com meu avô e o vendo rir.
- Avi, juguem a la pilota amb mi. Els nens són molt petits - (Vovô, vamos jogar bola comigo. As crianças são muito pequenas) falei pegando a bola e estendendo à ele, que estava bebendo com os amigos e passou a mão nos meus cabelos.
- Mira, la família d’un petit amic de Bê té una germana petita de la seva edat - (Olha, a família de uma amiguinha do Bê tem uma irmãzinha da sua idade) Ele apontou para frente e deu tchau, me mandando sinalizar também - La trucarà per jugar amb tu - (Vai chamar ela para brincar com você)
Olhei para a menina de vestido com girassóis, cabelos escuros e olhos pequenininhos e a chamei para brincar. Seu nome era Carolina, mas as pessoas só a chamavam de Carol. Corremos a noite toda. Não nos desgrudamos um minuto até a hora que ela foi embora e me falou.
- Quero que você venha em todas as festinhas agora para a gente poder brincar juntas, vamos ser amigas para sempre - Ela me abraçou e foi embora.
Mafê - vinte anos atrás
Festa junina da escolinha do Bê, eu com nove anos, estava doida para encontrar Carol e falar que ficaria quinze dias nas férias e poderíamos nos ver na colônia que minha tia tinha colocado para aproveitarmos.
Ela estava linda, com chuquinhas, com as bochechas pintadas e um vestido vermelho lindo, mas chorava. Eu, com calça jeans, botinha e camisa xadrez, corri até ela e agachei em sua frente, ao lado de sua mãe.
- Carolinda, não chora, você fica igual um tomate quando chora e todo mundo vai achar que uma abelha te mordeu - Lembro de ter falado para arrancar um sorriso dela e consegui, limpei seus olhos e perguntei o que tinha acontecido.
- O menino que ia dançar comigo não veio e a professora quer que eu dance com ela mas eu não quero - Ela olhava para a mãe e para mim.
- Eu danço se você parar de chorar - falei de imediato e olhei para sua mãe, que sorria e se inclinava para me dar um beijo na bochecha.
- Mafê, você é a criança mais fofa do mundo - A mãe dela me disse apertando as bochechas e indo falar com a professora de Carol. Que me olhava sorrindo.
- Você vai mesmo dançar comigo?
- Eu nunca te deixaria dançando com a professora nem chorando sozinha. A abracei e fomos comer milho. Minha madrinha morreu de rir ao saber que eu dançaria e que ao menos tinha acertado na roupa.
Na hora da dança, Carol me olhou nos olhos, com aqueles olhinhos cor de mel e falou baixinho no meu ouvido - Vai dar tudo certo, você é a minha pessoa no mundo para sempre.
Beijei sua bochecha e falei - Para sempre. Agora vamos lá dançar bonito.
E dançamos. Nem parecia que eu não era da escola ou não tinha ensaiado nada daquilo. Minha madrinha e sua mãe sorriam e batiam palmas para nós duas. Carol ria até não se aguentar mais. Quando anoiteceu, ainda estávamos na festa e fomos brincar de pique-esconde, a escola era grande, o que fazia ser muito legal para crianças de nove anos. Eu e Carol demos as mãos na hora que Felipe estava contando e corremos até atrás de um bambuzal e agachamos. Lembro de sentir uma pressão na barriga, pois Carol estava tão perto. Não sei como, mas lembro dela dizer que minhas bochechas rosadas eram bonitas e, em seguida, demos um selinho e rimos. Minutos depois, Felipe nos achou e tivemos que correr muito, de mãos dadas, para batermos nossos nomes na parede antes dele.
Carol - Catorze anos atrás
Era verão e eu contava os minutos para ver Maria Fernanda. Trocávamos mensagens pelo celular quase todos os momentos do dia e ela havia dito que iria para a casa dos avós passar quinze dias de férias. Pedi que minha mãe me levasse assim que ela chegasse, eu estava com muitas saudades e tínhamos muito o que conversar. Uma mistura de ansiedade com nervosismo fizeram aquelas horas passarem tão devagar que eu sentia que o relógio estava contra mim. Assim que chegou uma mensagem sua avisando que eu podia ir e perguntando se eu podia dormir lá, já arrumei a mochilinha e pedi que minha mãe me levasse.
Ao chegar, ela estava sentada no banco da varanda, mexendo em algum passarinho distraída. Com shorts jeans, descalça como sempre e uma camisa mais despojada. Parecia que não nos víamos há anos, mas, na verdade, eu a havia visto no Natal, quando fomos levar os presentes para Bernardo e eu a encontrei por surpresa da vida mesmo. Ao me ver, correu para um abraço apertado, segurou em minha cintura e suspirou. Subimos correndo depois dela dar tchau para minha mãe e eu cumprimentar seus avós.
Ela jogou a mochila na cama, encostou a porta e me segurou com as duas mãos no rosto, dando um selinho demorado.
- Carolinda, parece que não te vejo há anos.
- Você deveria morar aqui
- Não posso deixar minha mãe, a gente já falou disso. Quando a gente ficar adulta, vamos nos ver direto porque eu vou ter carro.
Passamos o dia na piscina brincando. Por vezes, mergulhávamos para dar beijos submersos sem que ninguém nos visse e, naquele dia, comemos pizza à noite na sala de sua tia, que havia nos deixado sozinhas com Bernardo e alguns amigos no andar de cima jogando videogame com alguns amigos. Começamos a nos beijar e Mafê me puxou para fora da casa. Tudo estava silencioso, fomos para a entrada da garagem e ela me pressionou contra a parede, dando o melhor beijo que eu já havia dado em toda minha vida. Senti minha respiração ficar ofegante, um nervosismo correndo pelo corpo e, ficar perto dela, era uma sensação elétrica, queimava como alguma coisa que eu não sabia explicar.
Por impulso, desci os lábios para seu pescoço e a ouvi soltando um gemido baixo. Estava ficando com calor, quente e sussurrei entre o beijo.
- Mafê, eu nunca fiz isso - Ela encostou nossas testas e mordeu minha boca.
- Nem eu, mas podemos fazer juntas se você quiser - Concordei com a cabeça e ela me levou para seu quarto. Lá, ela sentou na cama e me olhou, como uma incógnita. Tirou a blusa e me olhou como se esperasse que eu fizesse o mesmo, e eu fiz. Ela esticou a mão para mim e eu sentei em seu colo. Nos beijamos por muito tempo, senti coisas que não sabia denominar ainda, nossas roupas foram sendo tiradas aos poucos, no automático da nossa vontade. Quando vi, ela estava dentro de mim e não doía, era gostoso. Ela perguntava se estava me machucando com os olhos vidrados nos meus, passando a mão pelo meu rosto e sorrindo enquanto me beijava. Em seguida, fiz o mesmo com ela, mas, diferente de olhar para aqueles olhos pretos como duas jabuticabas, eu queria seus lábios, não paramos de beijar até que ela cedeu o corpo para mim. E assim perdemos a virgindade, juntas. Por sua família cuidar do restaurante, chegavam tarde todos os dias e, antes de dormir, Mafê só trancou a porta e voltou só de calcinha dormindo agarrada comigo.
Carol - Festa de quinze anos da Maria Fernanda
Eu e Mafê continuamos sem falar do que tínhamos, se ficávamos com alguém, uma contava para a outra como que sem culpa de nada. Assim seguimos desde que nos beijamos pela primeira vez quando éramos crianças. Mas na festa de quinze anos dela, tudo seguia uma coisa de princesa, que Mafê cansava de dizer nas mensagens que não aguentava mais. A verdade é que, ao chegar na festa, vi que ela estava linda. Nos abraçamos por muito tempo e eu confessei em seu ouvido o quão linda ela estava, ela disse que eu parecia uma princesa da Disney. Nos olhamos por muito tempo e sorrimos, nos mordendo sem nos encostar. Estava quente tão rápido que eu pisquei duas vezes e falei que tomaria uma água antes que pegasse fogo. Ela riu e me puxou para o camarim, onde trocamos alguns beijos mais quentes, com mãos dela espalhadas por todo meu corpo.
Paramos quando alguém ameaçou abrir a porta e ela me pediu desculpas pelo que aconteceria na festa. Eu indaguei o que era e ela disse que sua madrinha tinha arrumado um garoto para dançar e que ela deveria beijar o menino no final da dança, mas que queria mesmo que fosse eu.
Apoiei a mão em sua bochecha e sorri para ela.
- Somos nós duas para sempre
- Somos.
E a festa seguiu, com a gente trocando olhares, pois era como um imã que eu não conseguia evitar. Nem ela. E, quem sabia que a gente ficava, no caso, seu amigo Felipe, estava sempre ao meu lado falando que eu estava dando muito na cara. Rimos muito até a hora da valsa. Ela dançou e girou, parecia flutuar e eu ignorando completamente o menino que a tinha nos braços. Felipe segurou minha mão e, na hora do beijo, eu chorei. Deveria ser eu ali, a beijando e comemorando seu aniversário. Aquele dia doeu e eu fui embora junto com meus pais. Ficamos um mês sem nos falarmos simplesmente porque eu não respondia suas dezenas de mensagens diárias.
Logo depois da minha festa de quinze anos, mais ou menos um mês depois, que não passou de um churrasco em casa, sem príncipe nem nada, eu apareci namorando uma menina só para provocar Maria Fernanda. Felipe cansou de dizer que eu não deveria fazer isso, mas, lá estava ela, em um churrasco na casa dos meus pais com os amigos do primo que também eram seus. Por vezes, meu olhar cruzava com seu olhar quente para mim, fervendo. Ao mesmo tempo que estava louca, completamente louca para correr para ela, queria ver até onde ela iria por não me ter com tanta facilidade. Ela amassava copos de plástico cada vez que a menina tocava em mim. Os olhares eram como imãs e raios saíam daqueles olhos pretos cada vez que se encontravam aos meus. Meus pais aceitaram “bem” que eu gostava de meninas, ou seja, só faltava Mafê me aceitar e assumir, mas eu queria saber se ela ficaria com raiva como eu fiquei quando a vi dando aquele beijo no príncipe de sua festa. Talvez ela tenha sentido mais raiva que eu, pois aquele não era um namoro arranjado para decorar um álbum de uma quinzeñera tradicionalmente latino-européia. A namorada, de nome irrelevante, era uma menina que estudava comigo e me via todos os dias. Por mensagem, quando contei, ela disse que a menina era sortuda por me ter por perto todos os dias, mas que deveríamos seguir nossas vidas. Bom, pensei que ela seguiria, mas queria pagar para ver. Com a determinação de um puma, Maria Fernanda me olhou como se olha uma presa ou uma vítima de sequestro. Eu podia jurar que seus olhos estavam vermelhos e eu não conseguia parar de olhar para ela. E não conseguia me desvencilhar das mãos de polvo da minha namorada, que continuava querendo contato físico, mesmo no calor atípico que fazia em março. Nos olhamos e ela traçou um caminho. Empurrou um copo vazio para Felipe como se mandasse ele segurar e marchou em minha direção com a determinação que não sei de onde veio. Eu era só uma interrogação no rosto, com os olhos arregalados com sua proximidade. Dez metros, cinco metros, sem piscar, sem olhar para mais nada, um metro e nenhum centímetro a mais. Pediu licença à minha namorada, tirou suas mãos que me enlaçavam e, simplesmente, tomou minha cintura como sua, meu corpo como seu, me suspendeu do chão com uma mão e puxou minha nuca com a outra, beijando roubado, gostoso, molhado. Na frente de todo mundo, me fazendo derreter por inteira em seus braços, deixavam e que nem eu queria, escapar de seu toque. Arrepiada, entregue. Ali, eu já estava exausta de tanto ser de Maria Fernanda.
Bom, não preciso dizer que o caos se instalou na festa. Primeiro, os primos de Bernardo gritaram e bateram palmas ovacionando a situação e tornando-a mais caótica. Ao colocar os pés no chão, digo, literalmente, nós sorríamos de testas grudadas e aquele sorriso, que me desmanchava por inteiro, continuou sorrindo quando a menina que me acompanhava gritava que estava sendo corna sem nem que eu me movesse. Ainda estava tonta pelo beijo, por ela, pelo toque que arrepiava cada pedaço de mim. Ouvi Felipe puxando minha, agora, ex-namorada pois, pelo que entendi, ela gritou que estava acabado. Maria Fernanda me abraçava mais contra si, falando para prestar atenção apenas nela, que aquela distância a estava sufocando. Fui xingada pela menina, que era levada, até então, calmamente por Felipe até algum lugar para conversar e vi a feição de Fê se fechar por completo. Havia sido chamada de piranha, na frente dos meus pais. Maria Fernanda olhou para meu pai e concordou com a cabeça em um gesto silencioso. Beijou minha testa e, em, no que me pareceu um giro só, avançou em direção à menina e a puxou pelo braço, arrastando-a para fora da festa falando que ninguém poderia falar assim comigo nunca, que eu era perfeita demais para ficar com alguém que na primeira oportunidade me ofende. Naquele dia, ela dormiu na minha cama com o consentimento de meus pais e tivemos uma noite dos sonhos.
Acordei com beijos no rosto e ela falando alguma coisa em catalão no meu ouvido. Quando sentiu meu arrepio, sorriu e me acariciou o rosto.
- Acho que posso passar a vida acordando assim com você.
- Acho que você mora longe demais para ir e voltar todos os dias para me ver.
- Eu vou para a mesma faculdade que você, Carolina. Lá, você vai ter que aceitar ser minha.
- Eu só vou aceitar ser sua quando você puder ser minha por completo. Somos eu e você para sempre.
- Esse destino gosta de brincar com a gente.
- Uma hora ele cansa.
Fim do capítulo
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