Fernanda

Quando ouço aquela voz de homem ameaçando a minha loirinha através do celular, eu me desespero.

            - Gabi? Gabi, me responde, quem esta aí? GABRIELLE. – olho para o celular e vejo que a ligação foi encerrada.

            - Amiga o que aconteceu, porque esse desespero todo? – Rick me pergunta preocupado. Não respondo, pego minha arma e saio correndo em direção a sala da delegada e posso ver que ele está vindo atrás.

Eu nem bato na porta, já chego a abrindo, ela está sozinha e olha feio pra mim.

            - O que significa isso? – ele pergunta com raiva.

            - Não tenho tempo, preciso que venha comigo agora, precisamos ir pra sua casa agora mesmo.

            - Você está maluca Reis, não é porque deixei você namorar a minha fi...

            - CALA A BOCA DELEGADA, - eu grito e ela me olha de um jeito que eu ficaria com medo se não estivesse com mais medo de algo acontecer com a minha loirinha – eu estava no telefone com a Gabi, e escutei quando um homem entrou no quarto dela e disse pra ela calar a boca se não ele ia mata-la, não temos tempo a perder, vamos logo.

Ela me olha assustada agora, se levanta e saímos correndo, ela começa a dar ordens e eu vou em direção a viatura com Rick ao meu lado. Não preciso explicar a ele o que aconteceu, ele escutou tudo quando falei com a delegada, na verdade acho que todos escutaram, mas não tenho tempo pra pensar em como gritei com minha chefe agora, meus pensamentos estão todos na Gabi. Enquanto dirijo pelas ruas, rezo para que nada aconteça com ela.

Quando estamos entrando na rua da sua casa, vejo uma van parada em frente a casa e um homem saindo de dentro com algumas coisas nos braços e atrás dele vem outro e ele está com uma Gabi desacordada no colo. Meu coração para nesse momento, Deus espero que seja apenas um desmaio, não deixe que nada tenha acontecido com ela, por favor eu te imploro.

Eles percebem as viaturas chegando, se assustam e tentam correr pra dentro da van, mas eu acelero o carro e o bato na parte de trás da van impedindo que eles fujam, olho para o lado e vendo que o Rick está bem, pego a arma e saio do carro.

            - Fiquem parados aí, e você coloque e menina no chão devagar – falo, posso ver que a delegada e os outros policiais também já estão aqui, a delegada logo se aproxima.

            - Nem pensem em tentar alguma coisa, se vocês fizerem qualquer coisa eu atiro, e pode ter certeza que não vou errar sou muito boa de mira. – ela fala com uma voz assustadora. Nesse momento a Gabi se mexe acordando, solta um grito e tenta sair dos braços do homem, que saca uma arma, coloca ela de pé na frente dele e a arma na cabeça dela.

            - Se vocês não me deixarem sair daqui, essa menininha aqui vai ficar com um grande buraco na cabeça. – ele ameaça, e posso ver o medo nos olhos dela, olho para a delegada e vejo que ela também esta com medo e não sabe o que fazer, e eu entendo, e a filha dela que esta ali, quando é quem amamos a razão vai embora e só nos resta a emoção, e é isso que estou sentindo agora, pura emoção. Dando um passo a frente eu falo.

            - Você não precisa dela, em vez dela me leva com você, eu sou uma policial tenho muito mais valor como moeda de troca do que ela – digo colocando minha arma no chão. – olha estou largando minha arma, vou caminhar até você, e você fica comigo no lugar dela esta bem? – não olho pra Gabi, não posso, se olhar pra ela novamente ele vai ver que me importo muito com ela e isso não vai funcionar.

            - Você acha que sou burro? assim que eu largar ela, vocês vão vir pra cima de mim, vou ficar com ela mesmo e vocês vão me dar um carro pra eu sair daqui.

            - Você não vai sair daqui com ela, prometo a você que não vamos tentar nada, me leva no lugar dela e ninguém vai nos seguir. – digo e vou me aproximando mais, já estou na frente dele, só preciso de uma distração.

            - Para aí mesmo, não se aproxima mais. – ele grita.

            - Escuta aqui, já disse que não vai levar ela com você, vou me aproximar e você vai solta-la, vou ficar no lugar dela, não vou tentar nada, ou pensa que vou conseguir segurar a sua arma, derrubar seu amigo idiota aqui do lado e ao mesmo tempo colocar uma bala na sua cabeça? Só se eu fosse três pessoas pra fazer isso – digo e torço para que elas tenham estendido. Olho pra delegada e ela acena, e finalmente olho pra Gabi, ela tem lagrimas escorrendo pelo rosto, mas também acena, graças a deus elas entenderam.

            - Olha aqui pra mim, essa menina que você está ameaçando e a minha filha – a delegada começa a falar dando a distração que eu preciso, e ele olha pra ela. – é isso mesmo, ela é minha filha e você não vai fazer nada com ela e nem com ninguém, deixa eu te contar porque, porque ela é jovem, linda e está apaixonada, ontem ela teve o primeiro encontro dela, a pessoa que saiu com ela é um pouco doida e acho que tem um desejo de morte bem forte, mas é corajosa porque teve a cara de pau de entrar na minha sala e dizer que ia sair com minha menina e que pretendia namorar com ela. – ela continua a falar, está conseguindo chamar a atenção dele.

            - E o que eu tenho com isso dona? Não me importo com nada disso.

            - Eu não terminei de falar ainda, quando terminar você vai entender, essa pessoa de quem eu estou falando e uma mulher, isso mesmo uma mulher que teve a coragem de me enfrentar, e eu deixei que ela saísse com a minha filha só porque ela teve essa coragem, e sei que ela gosta da minha filha de verdade, e quer saber mais – ela agora tem toda a atenção dele, ele até diminuiu o aperto que tinha ao redor do pescoço da Gabi, - essa mulher e a mesma que esta parada na sua frente agora.

Quando ela diz isso ele olha pra mim, mas já é tarde demais, eu pego seu braço que está segurando a arma e levanto, escuto o barulho de um tiro, mas não paro dou um chute no seu amigo que esta ao lado, Gabi dá uma cotovelada em suas costelas e pisa em seu pé, ela a solta e nos dois caímos no chão, a arma dele caiu um pouco longe, o tiro que escutei foi da arma dele que disparou pro alto quando ele se assustou com meu movimento, ele tenta vir pra cima de mim, mas eu me levando rapidamente e dou um soco nele, nesse momento outros policiais chegam e o prendem, sento no chão e vejo que o Rick está com o amigo já algemado e a Gabi esta abraçada a mãe. Me levanto e a Gabi sai dos braços da mãe e vem para os meus.

            - Nanda, fiquei com tanto medo. – ela diz me abraçando e chorando baixinho.

            - Não chora minha loirinha, já passou, o que importa é que tudo está bem agora, você está machucada?

Ela me diz que não e me fala que tinha desmaiado de susto, ficamos mais um pouco ali, depois vou até a mãe dela que diz que posso fiar com a Gabi o resto do dia e que ela vai pra delegacia resolver tudo e voltaria logo. Entro com a Gabi, a faço tomar um banho e depois deito em sua cama com ela, ela me abraça chorando baixinho e logo adormece, fico fazendo carinhos em seus cabelos e acabo pegando no sono também.

Acordo um tempo depois quando escuto a porta se abrindo, sua mãe Paula passa por ela e se senta na cama do outro lado da Gabi, tento me levantar, mas quando me movo a Gabi se move colando mais seu corpo ao meu, ela esta praticamente em cima de mim, sua cabeça esta em meu ombro, seu braço em volta da minha cintura e suas pernas sobre as minhas.

            - Não levante, se você se levantar ela vai acordar, - diz Paula rindo. – sabe o que é engraçado? Toda vez que ela tinha um pesadelo quando era mais nova ela corria pro nosso quarto e ficava agarrada dessa mesma forma que está com você ela ficava agarrada ao corpo da Dani, só focava assim com a Dani. – vejo que ela tem lágrimas nos olhos – muito obrigada por ter salvado ela, a Dani me falou tudo que aconteceu, graças a Deus que você estava com ela no telefone na hora que aqueles monstros entraram aqui, não quero nem imaginar o que poderia ter acontecido. – diz limpando o rosto.

            - Não precisa me agradecer, eu que agradeço a Deus por estar falando com ela no telefone, mas vamos deixar isso pra trás e tentar esquecer, pelo bem dela para que ela possa superar isso e não ficar com nenhum trauma. – enquanto falo com a mãe dela, faço carinho nos fios loiros e o irmão dela chega, vejo que ele está com os olhos vermelhos.

            - Ela está bem? – Caio pergunta e se senta ao lado da mãe.

            - Esta sim, ela chorou um pouco, mas logo dormiu, ela é uma garota forte, vai superar.

            - Ela é forte sim, puxou a Dani. – ela sorri

            - Não amor, isso ela puxou de você. – diz a delegada entrando no quarto e me olhando um pouco esquisito – Reis, não é porque deixei você ficar aqui que significa que você pode ficar agarrada com ela na cama. – eu ia responder, mas a esposa dela respondeu primeiro.

            - Para com isso amor, deixa de ciúmes bobo, ela só estava acalmando a Gabi, nada aconteceu, pelo menos acho que não levando em conta que ambas estão de roupas. – fala sorrindo, o Caio cai na gargalhada e a delegada arregala os olhos e depois me olha feio.

            - Não aconteceu nada, ela apenas dormiu, acho que sua esposa quer te provocar um pouco e está me usando pra isso. – olho pra Paula que continua sorrindo.

            - Eu precisava descontrair um pouco, estava um clima muito tenso.

            - Como foi o interrogatório? – pergunto.

            - Foi tudo bem, consegui fazer com que eles falassem, acontece que eles eram primos daquele canalha que atacou a Paula, e aí resolveram fazer uma vingança, por isso invadiram a casa para roubar, eles disseram que quando viram que a Gabi estava em casa resolveram levar ela para poder pedir resgate. – a delegada diz com um olhar cheio de ódio, mas não só ódio, o olhar dela também demostra tristeza e até medo.

            - Não sei o que eu faria se tivesse acontecido algo de mais grave com a Gabi. – Paula diz.

            - Não vamos pensar nisso amor, vamos deixar isso pra lá, eles estão presos e tenho certeza que não vão sair tão cedo. – diz e abraça a esposa.

Nesse momento sinto Gabi se mexendo em meus braços e fico tensa porque sua mão que estava na minha cintura sobe e fica em cima do meu seio e ela aperta de leve, se move mais e da um beijo no meu pescoço.

            - Hum Nanda, você tem um cheiro tão gostoso. – sussurra com o rosto ainda no meu pescoço.

            - Gabrielle, quer fazer o favor de tirar sua mão daí agora mesmo. – a delegada fala fazendo a Gabi se sentar na cama assustada.

            - Credo mãe, você quer me matar de susto? Deus – ela diz colocando a mão no peito, nesse momento eu não me seguro e começo a rir e Paula e Caio se juntam a mim. – porque vocês estão rindo? Eu quase morri de susto sendo acordada com esse grito da mamãe. – aí que eu rio mais ainda. – Para de rir Nanda.

            - Loirinha, jura que só acordou quando sua mãe te chamou? – pergunto.

            - Claro que sim, eu até estava sonhando – diz com um sorriso nos lábios.

            - Maninha, então acho que era um sonho muito bom, porque você começou a apalpar a Fernanda e dizer que ela tinha um cheiro tão gostoso. – ele imita o forma que ela falou e volta a gargalhar, Gabi cobri o rosto com as mãos e se deita novamente, eu saio da cama e fico de pé, é o melhor para preservar minha vida.

            - Bom, agora que suas mães estão aqui Gabi, eu já vou indo. – digo e me próximo dela dando um beijo no rosto, - me liga mais tarde – falo em seu ouvido, me despeço dos outros e vou pra casa.

Naquela noite ela me liga e ficamos conversando por um bom tempo.

As semanas se passam e eu tenho cada vez mais certeza de que estou completamente apaixonada por aquela loirinha, estamos muito bem, ela continua me deixando doida, me seduzindo a todo momento, já tomei mais banho frios nessas últimas semanas do que em toda minha vida, meu controle já esta por um fio, ainda bem que o aniversário de dezoito anos dela é amanhã, ela disse que não queria festa, mas suas mães e o Caio insistiram e ela cedeu, irão fazer um festa no sábado que é o dia seguinte ao do seu aniversário e eu preparei uma surpresa pra ela na noite de sexta, só que a minha é particular, somente eu e ela.

Fim do capítulo