Saiam da moita, galera. Segui o pedido de vocês e atualizei mais um capítulo. Agora corre para ler e comentar. Qualque coisa, meu Instagram está lá para conversarmos @veherzautora
Capítulo VI – Compensando o passado
Tomei o Ipad de suas mãos, abri o projeto e falei entregando a ela. - Carol, eu quero construir um hospital veterinário de luxo. Com direito a tudo, odontologia, fisioterapia, tudo o que se precisa em um lugar só, 24h. Como um hospital humano. Aí tem todas as análises administrativas, já tem algumas ideias de terreno que eu quero que você veja com sua equipe e, se topar, o projeto todo é seu.
- Puta que pariu, Maria Fernanda. Olha o tamanho disso. Quanto tempo você demorou para fazer isso tudo?
- Nove meses. Você acha viável? - Ela me olhou pensativa, deve ter calculado que foi exatamente o tempo que sumi quando terminei com Isabella e sumi mesmo.
- Acho. Podemos conversar mais tarde, vou enviar para a equipe de geologia e engenharia ambiental, verificar os dois terrenos que escolheu e ver o que fazemos. - Ela sorriu, com aquele sorriso lindo que meu estômago chegava afundar.
- E tem mais uma coisa - Eu disse, me apoiando para frente. - Mas isso eu só vou contar depois que a gente chegar lá em casa. - E assim eu tomei uma almofadada na cara.
- Todo mundo já levantou. É só pegar suas roupas e jogar naquela mala? Eu faço para irmos mais rápido. - A ansiedade de Carolina era um negócio que a consumia e eu ria por isso. Concordei e, em um piscar, ela já estava com tudo no andar de baixo, conversando com a governanta dos meus avós e vindo com a chave do meu carro - Legal, a chave do seu carro não tem chave. Cadê esse transformer? - Ela disse balançando o chaveiro do castelo de Hogwarts.
- Garagem subterrânea da minha tia. Me leva lá - Eu falei girando a cadeira e indo em direção a casa ao lado, com ela me empurrando.
- Eu posso dirigir? - Carol amava carros e esse eu tinha certeza queela amaria.
- Pode, estou indo para ver sua cara e abrir a porta para você.
- Que gentileza, nem parece que é um ogro - Ela disse descendo a rampa comigo e, quando as luzes acenderam, meu Jaguar E-Pace estava parado exatamente como deixei. Fitei Carol e ela estava com a boca aberta.
- Carolina, para de babar no meu carro que eu tenho ciúmes - Eu exclamei brincando.
- De mim ou dele? - Ela riu me soltando e correndo em direção à porta do motorista - Como abre esse transformer?
- Com meu dedo - Levantei o dedo indicador e fui empurrando a cadeira em sua direção.
- Esse dedo abre muitas coisas - Eu ri e abri a porta para ela.
- Vai, mas preciso que me ajude a sentar no carona ao menos. Do jeito que você está empolgada, capaz de me esquecer aqui. - Eu falei fingindo estar brava. Carol deu a volta, abriu a porta do carona, me apoiou em seus ombros e me ajudou a sentar. Quando me soltou, a puxei pelo punho e segurei sua cintura. - Tem pedágio que você não pagou hoje - Segurei com uma mão sua cintura e a outra sua nuca, mordendo meu lábio e olhando para sua boca.
- Noh, que vacilo meu - Ela chegou a boca perto da minha, nossos lábios se tocaram e eu deslizei a mão por sua cintura até o bolso de seu short, puxando-a para mais perto de mim, nossas línguas pareciam dançar perfeitamente. Quando mordi seu lábio inferior, ela gem*u baixo e eu sorri sem separar nossos lábios.
- Vamos embora que eu quero privacidade - Falei próxima demais de sua boca. Para ter uma ideia, eu sempre durmo de bermudas tipo samba-canção e qualquer camisa. Antes de dormir, coloquei um top próximo da cama e era daquele jeito mesmo que estava. Havia escovado os dentes na pia do lavabo para não ter que cruzar tanta gente no quarto.
Carol tirou o carro da garagem, estacionou em frente a casa dos meus avós e chamou todo mundo para se despedir. Minha avó veio com uma bolsa cheia de comidas em potes, coisas que ela não perdia a mania e me deu beijos.
- Mija, não fique mais tanto tempo sem visitar seus abuelos.
- Não vou ficar, buelita. Manda um beijo para quem não acordou ainda - avisei e fechei a porta do carro estendendo a mão à meu avô. - Buelito, quero cucurroiz quando voltar. - Meu avô olhou para Carol discretamente e falou
- Doneu una oportunitat al vostre cor. Ets una bona persona, necessites una oportunitat i Déu t’ho està donant. (Dê uma chance ao seu coração com ela. É uma boa pessoa, você precisa de uma chance e Deus está te dando). - Eu consenti e beijei sua mão, falando para Carol dar partida no carro.
- Colé, você e teu avô ficam falando essa língua estranha aí ninguém entende nada - Ela disse colocando uma mão no meu rosto e me olhando de lado - O que ele disse?
- Que eu deveria ter comprado um carro menor e que deveria te deixar em casa por ser tão curiosa - Levei um tapa no braço? levei. Mas não diria o que meu avô falou. Presta atenção aí que eu preciso falar com a Dani.
Danielle é minha amiga desde que eu me entendo por gente. Estudamos juntas e vivi o perrengue dela de entrar em uma federal de medicina. E ela, além de confidente, era a única pessoa a quem eu confiava cuidar da minha saúde.
“Dra.”
“Ai cacete, o que você aprontou”
“Luxei o pé, quanto tempo pro alto?”
“Uma semana, a gente pode agilizar fazendo crioterapia. Vai ficar em casa essa semana?”
“Não sei ainda, pedi para a secretária minha agenda mas vou esperar”
“Você não pode ficar sozinha, Mafê. Quer que eu vá praí?”
“Carol está comigo”
“Carol, Carol? Carol do Bernardo? Carol dos olhos de mel e sorriso desnorteador?”
“Babaca. A própria”
“Olha, finalmente conhecerei o caso de Guaratiba. Você esconde essa garota da gente há anos”
“Ela vai ficar lá em casa para ver um projeto”
“Projeto que envolve você perder 5kg de tanto sex* que vai fazer”
“Gata, volta pro pé. Foco no pé”
“Eu vou na sua casa PESSOALMENTE para ver isso, levo umas injeções para acelerar o processo e ensino sua menina aí a fazer crioterapia”
“Te amo e vai tomar no cu”
“Chego às 20h. Esteja vestida porque eu tenho a senha da sua casa”
“Tchau Danielle”
“Amiga, TRANSE”
Fechei o celular e olhei para Carol rindo. Ela arqueou uma sobrancelha e perguntou.
- É a Dani sua médica ou alguma peguete?
- Médica. E o lance do respeito que a gente falou ontem? Tu achaque eu ia mandar mensagem pra mulher do teu lado? Tu não me conhece não?
- Fê, eu te conheço antes da Murta, depois dela estou conhecendo ainda. - Segurei sua mão e falei com honestidade.
- Eu também estou me conhecendo depois daquilo - Ela entrelaçou os dedos nos meus e beijou o dorso da minha mão.
- Sabe que pode falar qualquer coisa comigo né?
- Sei, mas, honestamente, nesse momento só consigo falar com a terapeuta. Juro que assim que conseguir, vamos conversar.
- Fê, vai fazer um ano.
- E eu ainda estou pagando contas que ela deixou.
- E eu só queria quebrar a cara dela;
- Acredite, nem isso eu quero mais. Só quero minha vida de volta ao normal. - Meus olhos encheram de água mas eu bati duas palmas e falei - Chega de falar no demônio porque é capaz de achar que está sendo conjurada.
- Mafê, eu não sei onde é seu apartamento novo.
- Flamengo, Marquês de Olinda. Sabe qual é?
- Mas é sapatão MESMO - ela riu alto demais prestando atenção no trânsito e eu olhando para a orla, virei rápido para encarar e entender a situação.
- Não entendi a piada, senhora “sou hetero na aparência mas gostosamente lésbica nos costumes” me conta o que eu não sei.
- Dessa rua que sai aquele bloco sapatão que a gente foi uma vez - Ela riu e segurou o volante com as duas mãos balançando a cabeça negativamente. - Você me arrastou para aquele inferno sabendo que eu odeio carnaval, me empurrou pra uma menina que queria me comer de qualquer jeito e depois você ficou bêbada e ainda falou para a menina que era minha namorada e bateu na garota.
- Se eu não lembro, quem fez foi a Odara.
- Quem é Odara, garota?
- Meu Eu-lírico bêbado - Ela me olhou gargalhando alto e apontando para a entrada da rua e eu concordei apontando o prédio.
- Era Odara que estava cantando para mim ontem? - Carol perguntou enquanto entrava na garagem do prédio.
- Não, era Maria Fernanda Cañas mesmo. A vaga é essa aí. - Apontei para o local onde ela deveria estacionar e havia um carro ao lado - Tá vendo esse Volvo aí?
- Absurdo, só tem rico nesse teu prédio. - Ela disse olhando o carro de perto depois de tirar nossas malas do carro e colocar no acesso ao elevador. - Mas o que tem ele?
- Pode usar essa semana, eu deixo com você - Ela virou para mim com os olhos arregalados e a boca aberta. - O André também está à sua disposição. Já avisei que você precisaria ir a muitos lugares e não quero que fique cansada.
- Você ficou rica oficialmente? Quem é André? Por que você comprou um Volvo XC40?
- Resolvi gastar um pouco do que juntei para mim. Gastei muito com a Isabella e esqueci de comprar as coisas para mim. A família não se mete muito, só minha mãe que recebe todas as notícias e tudo o que posso dar para ela. Comprei dois carros que sempre sonhei e que Isabella falava que era bobagem, comprei o apartamento do jeito que sempre quis e projetado pela pessoa que eu sempre quis que projetasse minha casa mas que, infelizmente, nunca tinha vindo aqui visitar e ver como ficou a própria obra. E André é meu motorista. Estava ficando com tendinite por causa do trabalho e do trânsito, preciso dele para manter firmeza nos atendimentos. Muita informação? - Carol ainda olhava para o carro e olhava para mim, quando abriu um sorriso gigante e me abraçou enquanto eu ainda estava sentada no banco do carona, sentando no meu colo com as pernas para fora. Ela estava chorando. - Carol o que houve? O que eu fiz? - Eu coloquei as duas mãos em seu rostomas ela não parava de rir e chorar.
- Estou feliz por você estar vivendo sem a sombra daquela vaca. Feliz por você finalmente estar sendo você de novo. Meu Deus, esse carro é incrível! - Demônia, como essa garota pode ter tanto de mim sem fazer nada?
- Vamos subir, beleza? - Ela pegou a cadeira para mim, me colocou no elevador e ficou me esperando. - Carol, que foi?
- Anja, você não falou o andar - Ela falou como se fosse a informação mais óbvia do mundo.
- Você mandou mil móveis para cá e não sabe meu apartamento? Estou me sentindo usada. É o 9º - Ela apertou o número do andar e enquanto subia, se justificava que não era ela quem direcionava as compras, que não lembrava e eu só fiz rir - Relaxa, eu sei disso tudo e estou brincando com você. Vem ver esse projeto maravilhoso que minha arquiteta fez. - Ela ria enquanto eu me esticava para abrir a porta.
- Ficou bom mesmo, me passa o contato - Carol disse olhando para o apartamento que, para mim, era a realização de um sonho. Tinha todo conceito “Urban contemporâneo”, quem disse isso foi Carol enquanto estávamos na ideia do projeto. A cozinha era no estilo escandinava com o fogão no meio, exigência minha por gostar de cozinhar enquanto conversava com as pessoas. A sala tinha paredes cinzas e um enorme sofá retrátil. A varanda tinha bastante variedade de plantas e uma rede. Observei carol caminhando entre os móveis, como se estivesse se certificando se era aquilo mesmo que ela havia pedido - Erraram a luminária. Eu queria ela mais para cá - Falou apontando para uma posição diferente.
Fim do capítulo
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