Capítulo III – A tentação senta na mesa ao lado
Levantei a cabeça para beber mais um gole de vinho e ligar para minha cadeira de rodas humana, vulgo Felipe quando vi Carmem vindo na minha direção e ajudando Lipe a me ajudar.
-Deixa que eu ajudo ela, Lipe. Volta para a festa que os avós da Mafê disseram que vão cantar parabéns daqui duas horas para os velhos irem embora.
-Obrigado, Tia Carmem. Vou encontrar o pessoal mas vou subir com a cadeira para a Mafê usar no quarto. Se quiser descer, me liga. A gente deve virar a noite por aqui - Traíra, filho da puta. E Carmem estava sutilmente segurando minha cintura e que porr* de perfume bom. O mantra na minha cabeça era “ela é casada, amiga da sua tia e casada”.
Entramos no meu quarto e Felipe se despediu afirmando que eu “estava entregue” e eu só conseguia pensar que era ao Diabo, porque aquela mulher ia acabar com minha vida. Ao reparar que ela passou a chave na porta, olhei em seus olhos, que tinham íris cor de mel completamente dilatados - de bebida ou de tesão - e decidi que se eu ia para o inferno, abraçaria o capeta logo. Ela se despiu, olhando nos meus olhos enquanto a impossibilitada aqui pulava para a cama e soltou.
-Acho que de gesso não vai conseguir correr de mim.
-Eu vou dar o que você quer, mas depois vamos fingir que isso nunca aconteceu.
-Ouvir isso só me anima um pouco mais. - No auge de seus 45 anos, Carmem tinha um corpo esculpido pelo bisturi, mas malhado diariamente. Com os cabelos lisos e pretos, ela apoiou os dois braços na lateral do meu corpo e eu a puxei pela nuca.
-Vai ser rápido porquê eu não quero morrer tão nova - e a beijei. Nossas línguas tinham urgência, da minha parte tinha uma adrenalina extra e, mesmo ainda suja de grama, as duas estavam exalando álcool, parte de mim dizia que aquilo iria dar merd*. Tirei meu top e deitei, a perna doía, impossibilitando os movimentos por minha parte. Ela colocava uma perna de cada lado do meu corpo, até que levantei as duas mãos e olhei em seus olhos. - Senta na minha cara pra gente brincar. Carmem apoiou as duas mãos na parede da cabeceira da cama e eu segurei suas nádegas puxando para que sua bucet* encaixasse em meus lábios.
-Porr*, Fernanda - ela gemia e rebol*va enquanto minha língua fazia movimentos verticais e em torno de seu clítoris. Por vezes, parecia que eu ia sufocar, já que ela jogava o corpo para frente e tampava meu nariz. Para evitar a morte, a penetrei com dois dedos sem avisar, o que a fez soltar um pequeno gritinho. Aumentei os movimentos enquanto ela suspirava e soltava o ar com força, até que introduzi o terceiro dedo e, sem parar de ch*par, aumentei as estocadas, fazendo com que ela chegasse em um clímax rápido. Dei dois tapas em sua bunda como sentido de que ela levantasse.
-Zero arrependimentos - Carmem disse saindo de cima de mim e ficando de pé ao lado da cama. Passei o dorso da mão na boca para tirar o excesso de porr* e ch*pei meus dedos, sorrindo para ela.
-Você é gostosa mas foi só essa vez, Carmem. - ela segurou meu queijo e me deu um beijo rápido, mordendo meu lábio inferior e virando de costas para se vestir. - Melhor você voltar para a festa.
Ao perceber que ela já havia ido embora, pensei em finalmente tomar um banho e, quem sabe, me sentir um pouco mais sóbria e voltar para a festa para curtir um pouco mais do pessoal. Puxei minha melhor amiga da semana, a cadeira de rodas e me esforcei para sentar sem mexer muito o pé. Ficar em pé tipo saci estava doendo, tendo em vista que o inchaço tinha menos de quatro horas. Peguei o celular e vi que não passava das 22h.
“Carol, tá acordada?”
Menos de um minuto depois, recebi uma figurinha de um gato com a cabeça coberta.
“Estou pensando se deveria ter ficado na festa me divertindo mais”
“Não seja por isso, volta pra cá. Eu estou indo tomar banho, mas acho que vou ter que ligar pro Lipe me ajudar aqui”
“Eu PAGO pra ver Felipe te dando banho, vai ser a cena mais ridícula do século”
“Eu só vou pedir para ele me colocar no banquinho, gata. Pra me dar banho você seria a melhor opção”
“O banquinho quebraria”
“Você volta?”
“Chego aí em uma hora. Só você para me fazer sair do Alto da Boa Vista para Guaratiba duas vezes no mesmo dia”
Depois de eu ligar para Felipe, ele e Bernardo subiram as escadas visivelmente tortos e me encontraram com a mesma roupa do futebol na entrada do box do banheiro
-Caralh* você ainda está imunda - Bê falou gesticulando.
-Vai pegar dois banquinhos para que eu tome banho logo porque quero voltar para a festa.
-Felipe, me ajuda a ficar de pé enquanto Bê pega os bancos - eles só concordavam com a cabeça. Eu amo quando bêbados focam em uma informação e seguem ela direto.
Bê chegou rápido com os bancos de plástico e colocou um em frente ao outro. Me segurando pelas pernas, enquanto Lipe me segurava por baixo das axilas, eles me colocaram debaixo do chuveiro e ligaram a torneira gelada de uma vez só. Gargalhando alto e se encostando na parede, eu tremia e ria de raiva ao mesmo tempo
-Seus filhos da puta, parece água de cachoeira essa merd*.
-Se esfrega logo que a gente vai ficar aqui de costas pra você - Lipedisse virando de costas junto com bê e falavam o que estava acontecendo na festa - Ana brigou com o Yuri. Ele falou que ela estava seca com ele, mas na verdade ele queria levar ela para o estacionamento para trepar e ela disse que não era puta. Só que eu acho que ele vacilou só em ter chamado ela alto, se fosse no ouvido ela iria.
Eu terminava de passar o shampoo enquanto o sabonete caía pelo corpo e comentei esfregando o couro cabeludo - Ela nunca reclamou de ficar toda marcada de cimento porquê inventou de dar no muro.
Bernardo arregalou o olho. Ele tem olhos realmente esbugalhados e me olhou - Caralh* Mafê, você nunca contou isso.
-Vira pra parede, otário - Respondi rápido enquanto Felipe ria tanto que engasgava. - Como você mesmo diz, eu só apareço aqui umas três ou quatro vezes no ano. Isso rolou na festa dos Fita anopassado, ela brigou com o Yuri e eu tinha ido pegar vodca com o entregador. Encontrei ela chorando, fui conversar, ela me beijou e rolou. Depois ela voltou pra festa como se nada tivesse acontecido.
-Mas vira e mexe te manda uns olhares esquisitos - Felipe comentou cutucando Bernardo - Você é muito lerdo, não viu que ela estava olhando pra Mafê na hora do jogo?
-Não, vi que a Brenda estava puta por algum motivo que depois eu descobri ser que eu tinha feito ela andar até o campo.
-Tua namorada é muito pau no cu. Ela continua te ligando de vídeo para saber onde você está? - eu disse fechando o chuveiro e pegando a toalha que estava pendurada no box
-Sim, mas ela é gostosa e isso pesa mais.
-Por falar em gostosa - Lipe começou - A Carol vem amanhã?
- Eu poderia te dar um soco… - Comecei a falar mas lembrei que meu primo não sabia do meu caso com Carol e Lipe só estava me provocando - Por não ir pegar um vestido para mim no closet. E a Carol vem hoje. Segunda vou levar ela em uma obra e precisamos conversar sobre um projeto que quero que ela assuma. - Bernardo já estava no closet e levantou dois vestidos de mangas, sendo um de botões frontais, que seria mais fácil de vestir. Pedi que trouxesse esse e a primeira calcinha que alcançasse.
- Por quê não temos limites? E como seu closet fica cheio se você só vem aqui três ou quatro vezes no ano? - Bê indagou arqueando a sobrancelha com um riso de lado.
- Eu conheço vocês e sei que um dia posso estar na piscina e outro em uma festa na Marina da Glória. Preciso estar preparada para qualquer coisa. - Eu disse enquanto tentava me vestir sentada na cadeira de rodas, onde Lipe me colocou enrolada na toalha, mas precisaria mesmo que um dos dois me levantasse para ajeitar o vestido. - Lembra a vez que eu cheguei para um churrasco e terminamos o dia em um casamento de uma prima de algum amigo seu que até hoje não sei quem é? Felipe me levanta para ajeitar o vestido, faz o favor.
- Perai, madame - Lipe me segurou pelos braços e Bê tentou manter meu pé imóvel. Que cena ridícula. Girei a cadeira para a pia onde, rapidamente sequei os cabelos e passei uma maquiagem leve para aguentar o resto da noite.
- Acho que o efeito do álcool passou um pouco, meu pé está doendo. Quando descermos, podemos soltar esse negócio para colocar gelo no pé. - Falei e os dois completaram ao mesmo tempo
- E álcool no copo! - Gargalhamos juntos e fomos em direção à escada. Bernardo era alto, herdou isso do meu avô. Me pegou no colo como um papel enquanto Felipe descia com a cadeira atrás. Depois de chegar no salão, só alguns conhecidos e amigos estavam para contar história. Lipe trouxe gelo para meu pé, que continuava extremamente roxo e, com certeza, me faria ligar para minha melhor amiga e Médica, Danielle. Quando pisquei, já estava com um copo com mojito na mão e avistei Carmem tirando uma foto superromântica com o marido. Eles encostavam as testas na frente do fundo de luzes que minha tia tinha montado e eu gargalhava por dentro. Como alguém consegue ser tão atriz, cara.
Conversamos sobre futebol, sobre os campeonatos estaduais do Rio de Janeiro serem uma merd*, Fabio pontuava sobre a falta de sentido entre a taça rio e o carioca e balançava os braços indignado com os resultados de seu time. Senti uma mão tampando meus olhos, mas o perfume era inconfundível, assim como o cheiro do cabelo que caiu sobre meus ombros.
Fim do capítulo
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