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Striptease por Patty Shepard

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Palavras: 12691
Acessos: 9045   |  Postado em: 14/01/2021

Notas iniciais:

Oi, oi, gente!
Primeiramente eu peço perdão pela demora, mas explico que: Eu felizmente (e infelizmente) consegui um emprego. Porém, ele me consome de formas absurdas e por isso anda retirando bastante do meu tempo e do meu ânimo pra escrever. 
Pra quem me acompanha no Twitter sabe que eu soltei um spoiler sobre como seria todo esse capítulo e por isso logo vão notar que o capítulo não ta completo, justamente por que eu não tava com tanto tempo pra dar continuidade a ele, por isso resolvi partir ao meio, assim fico com mais tempo para terminar a outra parte desse capítulo. Eu sei que é pequeno e que vocês esperavam por mais, mas eu espero que entendam meus motivos e em breve (ou não tão breve assim), eu estarei de volta com um capítulo maior e melhor; 
Twitter: Patty5hepard

Capitulo 20

 

Parcialmente sentada e extremamente confortável bem no meio da cama de Helena, estava Mia. Os olhos fixos em um ponto qualquer, mas a mente completamente longe daquele lugar, pensava em tudo o que havia acontecido naquele dia, como havia começado tão bem e como havia terminado daquela forma. Não conseguia nem por um momento esquecer o momento em que Helena entrou em surto dentro de seu carro, chorando de uma forma que Mia nunca esperou ver, muito pior e muito mais angustiante do que aquele dia em que gritara com ela.

Seu olhar voltou a ganhar foco quando sentiu algo extremamente macio roçar em seu pé direito coberto pelo edredom e quando baixou o olhar, viu a gatinha preta se esfregando em seu pé de maneira ávida e claramente manhosa.

— Arrependida? — ouviu ao lado a voz de Helena. Quando virou a cabeça viu a mexicana encostada na porta do banheiro, vestia aquela mesma blusa rosa que Mia realmente adorava.

— De que? — questionou e desta vez sentiu Vadia cair sobre sua mão espalmada sobre a cama, sorriu fraco quando baixou o olhar e viu a gata espreguiçando-se de forma preguiçosa e virando-se de barriga para cima como se implorasse a Mia por um carinho.

Helena deu de ombros, mas não respondeu de imediato, ficou em silêncio observando Mia coçar a barriga de Vadia com todo carinho, notou até mesmo aquele sorrisinho pequeno no canto dos lábios da Designer.

— De ter ficado. — Helena enfim a respondeu e Mia desviou os olhos de Vadia apenas para encarar Helena novamente, sorriu fraco para ela, de forma preguiçosa, estava cansada, o dia havia sido cheio demais.

— Não há motivos para arrependimentos, Helena. — respondeu de forma serena, isso fez Helena sorrir um pouco e em seguida desviar o olhar. — Está se sentindo insegura depois do que aconteceu?

A mexicana sentiu um pulo em seu coração e um frio em seu estômago assim que Mia acertou em cheio no que ela estava sentindo. Olhava para um ponto qualquer do quarto, mas baixou o olhar, realmente não estava acostumada com aquilo, a ter seus sentimentos tão expostos e nas mãos de outra pessoa, não era ruim, mas estava tão desacostumada, que se sentiu extremamente vulnerável e insegura.

Quando Mia notou o silêncio que perdurou por tempo demais, ela desviou os olhos da gatinha a qual dava carinho e logo olhou para Helena. A mexicana estava com o olhar perdido em algum ponto do quarto e parecia sem foco, sinal de que ela estava com os pensamentos bem distantes de lá. Isso fez Mia respirar um pouco fundo enquanto desviava o olhar, voltou a encarar a gatinha e calmamente a pegou, ergueu-a do colchão apenas para passa-la para o outro lado e deixar o lugar de Helena vago, em seguida voltou a encarar a mexicana.

— Helena. — chamou-a. Helena piscou algumas vezes e encarou Mia com o olhar um pouco alarmado. A Designer sorriu fraco. — Vem, deita comigo. — chamou-a e deu dois tapas no lado vago, em seguida ajeitou-se, desceu o corpo até deitar-se completamente na cama. Helena, ainda em silêncio, acatou o pedido de Mia, apenas desencostou-se de onde estava e foi andando devagar para a cama, não estava desconfortável com a presença de Mia ali, a realidade era que ela não queria mesmo ficar sozinha, o pensamento a assustava, nunca havia se sentido tão vulnerável como estava se sentindo naquele momento.

Ela engatinhou devagar pela cama antes de deitar-se, enfiou-se embaixo do edredom que cobria Mia e pacientemente se acomodou bem ao lado da morena, juntinho e de forma confortável, mas não a olhou, encarou o teto.

— Eu gosto de ficar aqui com você, Helena. Seus problemas não vão me fazer correr e nem me sentir incomodada de alguma forma. — Mia falou em tom baixinho, sua mão esquerda estava enfiada na pelagem de Vadia que estava confortavelmente deitada bem ao seu lado e apoiada em seu corpo, mas a vontade de olhar para Helena foi maior do que a vontade de ficar dando carinho a gatinha, por isso mesmo se ajeitou um pouco e pacientemente foi ficando de lado. Encarou Helena, a mexicana imediatamente virou a cabeça para encarar Mia. Ela sorriu fraco.

— Acho que eu nunca me senti tão vulnerável como estou me sentindo agora, como se até mesmo uma gotinha de chuva pudesse me desestruturar por completo, sabe? Como se todo o mundo estivesse ciente dos meus problemas. — Helena falou em um sussurro, mas desviou o olhar logo em seguida e encarou o teto mais uma vez. — Isso significa que aqueles anos de terapia não serviram para muita coisa, eu nunca superei meus medos, eu só os varri para debaixo do tapete.

Mia concordou com um aceno de cabeça. Helena respirou um pouco fundo e o silêncio tomou conta do quarto por alguns segundos, não era incomodo, era aquele silêncio onde as duas sentiam-se completamente cumplices uma da outra e apenas apreciam suas respectivas presenças.

— No carro eu senti uma dor muito forte no meu ventre. — Helena falou baixo. Franziu um pouco o cenho e virou a cabeça para encarar Mia por alguns segundos, o olhar um pouco perdido demonstrava que ela não entendia o motivo daquilo. Ergueu a mão esquerda e tocou a mão de Mia, em seguida a puxou para baixo das cobertas até adentrar sua roupa e fez Mia tocar seu ventre, a encarava em silêncio enquanto fazia os dedos da morena tocarem na cicatriz. — Você sente?

Na noite anterior Mia não havia visto nenhuma cicatriz em Helena, também pudera, estava com a mente inebriada demais pelo tesão, hoje pela manhã notara algumas discretas, mas aquela em específico ela não havia notado. Quando seu dedo roçou na marquinha um pouco longa pelo ventre, seu coração acelerou dentro do peito e seu dedo deslizou bem devagar ao longo da cicatriz como se estivesse com medo de que qualquer movimento brusco pudesse fazê-la sentir dor.

— Doeu como se eu estivesse perdendo ela novamente. — sussurrou e desviou o olhar, manteve sua mão sobre a de Mia sobre seu ventre. Respirou fundo, uma vontade de chorar crescendo, mas não queria, não novamente. — Foi desesperador. Mas quando senti a sua mão eu fui realmente puxada de volta, sabe? Se você tivesse me deixado sozinha ali eu não sei se teria conseguido me recuperar.

— Eu não soube o que fazer, mas eu não queria te deixar sozinha de jeito nenhum. Na verdade eu queria ter te abraçado, mas ao mesmo tempo eu não queria desrespeitar o seu pedido. — Mia sussurrou enquanto olhava para Helena. Atrás de sí sentia Vadia apoiada contra suas costas, provavelmente dormindo. — Mas foi um pedido tolo, como eu iria conseguir ignorar?

Helena deu uma risadinha sem ânimo e deu de ombros.

— Por que eu não queria que aquilo acontecesse na sua frente. — explicou enquanto acariciava a mão de Mia com certo carinho.

— Não sabia que você tinha precisado de uma cirurgia.

— Eu estava com quase seis meses e além do risco de infecção, eu estava com uma hemorragia que podia agravar o meu estado. Então optaram pela cesárea, retiraram ela, cuidaram da hemorragia e deixaram essa cicatriz. — sussurrou e respirou um pouco fundo com as lembranças que vinham a sua mente. — Era maior, mas eu usei um produto para clarear a cicatriz, olhar para ela sempre me causava muita dor. — explicou enquanto lentamente entrelaçava sua mão a de Mia, deixando-as unidas ainda sobre seu ventre.

— Vi mais algumas cicatrizes hoje de manhã...

— Sim, tenho algumas espalhadas pelo corpo. Exatamente 8 pra falar a verdade. — franziu um pouco o cenho ao contar mentalmente, lembrava-se bem de como cada uma havia sido feita. — Tenho quatro nas costas, de tamanhos variados, eu caí em cima de uma garrafa de whisky, ela quebrou. — explicou em um sussurro, o olhar mais uma vez se perdendo em um ponto qualquer do quarto. — Ele tinha uma bota de trabalho, com biqueira de aço, tipo aquelas botas de segurança e como ela estava muito desgastada, acho que algumas partes dela estavam escapando, então quando ele me chutou aqui, ganhei mais uma cicatriz. — puxou a mão de Mia para cima até espalma-la em suas costelas no lado direito e imediatamente Mia sentiu a cicatriz bem na palma de sua mão. — Ele tinha um anel de aço com uma serpente em volta, era muito bonito e ele gostava de usá-lo no dedo mindinho, eu achava charmoso por que ele tem mãos grandes. — ergueu a mão livre devagar e tocou sua cabeça um pouco acima de sua orelha esquerda. — Aqui, é do tamanho exato daquele anel. — sussurrou, mas Mia não teve coragem de erguer a mão para tocar, na verdade estava se sentindo completamente despedaçada com cada relato que Helena contava a cerca de suas cicatrizes, era absurdamente desumano. Ela não conseguia nem mesmo entender como um homem podia fazer isso com sua própria esposa.

— Para, Helena. — pediu em tom baixinho. — Eu não quero que você fique lembrando dessas coisas. Para.

Helena virou o rosto parar encarar Mia novamente, os olhos brilhavam cheios de lágrimas, mas não queria chorar. Encarou Mia por alguns segundos, viu a preocupação estampada naqueles olhos azuis e todo o cuidado que a expressão de Mia carregava. Isso a fez concordar com um aceno de cabeça, ela iria parar.

Mia desentrelaçou seus dedos dos de Helena e deslizou sua mão devagar pela cintura dela até chegar ao quadril de forma carinhosa, se aproximou só um pouco mais da mexicana e se inclinou para dar um beijo carinhoso em um dos ombros desnudos. Helena automaticamente quis se aproximar mais e foi o que fez, mesmo de barriga para cima, seu corpo se encaixou perfeitamente ao de Mia, deitada de lado, suas pernas passaram por cima das dela e quase se enroscaram da forma que era possível. Novamente dividiam apenas um travesseiro. Helena fechou os olhos com o conforto que a posição lhe deu e sentir a respiração de Mia bem na lateral de seu rosto era maravilhoso. Suas mãos deslizavam de forma carinhosa pelo braço que lhe abraçava, a mão da Designer agora espalmada em sua cintura ainda por dentro de sua roupa.

Mia deu uma breve risadinha quando sentiu as patas gordinhas lhe escalando com todo cuidado.

— Olha só quem está querendo se enfiar aqui também. — falou baixinho e Helena abriu os olhos só para ver a gatinha na altura das costelas de Mia procurando um bom lugar para que ela pudesse se enfiar e não demorou muito para que ela se deitasse sobre Helena e encostada em Mia e ali ficou ganhando carinho de Helena.

Aquilo era perfeito, por um momento até esqueceu de seus problemas tamanho era o calor que sentia em seu peito, Mia ali lhe abraçando como se a estivesse lhe protegendo e Vadia aconchegada sobre elas como se ali fosse o lugar mais confortável do mundo e para Helena, naquele momento, realmente era.

Helena virou a cabeça e abriu os olhos quando ouviu o barulho de chuva e encarou o vidro de seu quarto que dava para o quintal, lá fora viu a noite pouco iluminada e os pingos de chuva caindo sobre o vidro com vigor, logo também era possível ouvir o barulho da chuva caindo sobre a casa.

— Odeio o fato do seu quarto ser tão iluminado, mas é impossível não admitir que acho isso lindo. — Mia falou baixinho enquanto também olhava para a grande janela que cobria parte da parede, via as gotas de chuva se acumulando no vidro e escorrendo uma atrás da outra à medida que a chuva ficava cada vez mais intensa. Helena sorriu fraco quando ouviu as palavras de Mia.

— Eu tenho medo do escuro. — Helena confessou enquanto ainda olhava para a chuva lá fora. — Por isso as cortinas estão sempre abertas, tenho medo quando o quarto fica um breu total.

Mia sorriu fraco ao saber daquela informação.

— Você é tão frágil, Helena. — Mia falou baixinho e sorriu fraco enquanto deslizava a mão devagar pela pele da mexicana. — Não estou falando de forma ruim, mas quando conheci você, você tinha toda uma pose de mulherão, como se nada fosse capaz de te atingir, como se não tivesse nenhum problema te afetando, nada, até mesmo como se você não fosse humana. — riu brevemente com aquelas palavras. — Mas agora, a cada vez que eu te conheço mais, eu vejo o quão humana e o quão frágil você é. Você me entende?

Helena acenou de forma positiva com a cabeça e voltou a encarar Mia, desta vez tinha um sorriso pequeno nos lábios.

— Eu não queria que ninguém percebesse ou descobrisse que eu sou isso aqui. — explicou em tom baixinho, suas palavras não passavam de um mero sussurro preguiçoso, estava tão cansada e sabia que Mia não estava muito diferente dela. — E por mais que, ao contrário de você, eu saiba disfarçar muito bem o que eu sinto, não da pra manter a pose para sempre.

Mia deu uma pequena risadinha com a indireta bem direta que acabara de receber e manteve um sorrisinho nos lábios.

— Eu odeio ser tão transparente. — Mia comentou em tom um tanto risonho.

— Eu gosto da sua transparência. — Helena sorriu. — Gosto mesmo, me passa muita confiança. Às vezes quando eu olho pra você e vejo como você só quer o meu bem, isso me trás uma sensação maravilhosa. Então eu gosto muito da sua transparência, Amélia.

— Está falando isso só por que eu nunca vou conseguir mentir pra você, Helena e você vai se aproveitar disso, deixa de ser cara de pau. — Mia falou em tom completamente fingido e isso foi capaz de arrancar uma gargalhada da mexicana.

— É, esse também é um ótimo ponto. — a mexicana falou enquanto tinha um sorriso um pouco mais largo nos lábios, a cada segundo a mais que passava ali com Mia, ficava se sentindo mais e mais leve apesar da conversa pesada que tiveram antes de tudo aquilo. Aquelas sensações que Mia lhe causava eram incríveis.

Helena não lembrava de quando dormiu, sequer percebeu e Mia muito menos soube se Helena ou ela havia dormido primeiro, mas o sono pesado simplesmente chegou para as duas de uma vez e não importava quem havia dormido primeiro, só importava que as duas haviam caído no sono com um sentimento maravilhoso no peito, Helena sentindo-se completamente segura ao lado de Mia e Mia sentindo-se completamente satisfeita por ver um último sorriso em Helena antes de dormir.

E a calmaria entre as duas perdurou pela maior parte da madrugada, um sono tão pesado que nenhuma das duas, na verdade nenhuma das três, ousava se mover. Vadia continuava plenamente encaixada sobre as duas mulheres em um sono tão pesado como se aquele fosse o lugar mais confortável que ela já havia dormido em sua vida. Nenhuma das duas saberia explicar quando ou por que se afastaram, mas estava cada uma em seu lado da cama e Vadia dormindo confortavelmente entre ambos os travesseiros quando Helena acordou com um barulho. Algumas batidas pequenas e até suaves soando de forma quase incessante e incômoda fizeram-na virar a cabeça a procura da fonte do barulho. Olhou para a janela e quando viu a fonte do barulho sentiu um peso recair sobre seu corpo como se alguém tivesse acabado de montar sobre ela, seu peito doeu com o peso e sua respiração falhou no momento em que seus olhos enchiam-se de lágrimas e seus olhos encaravam fixamente a silhueta negra do lado de fora da janela, na chuva, batendo o punho fechado incansavelmente no vidro como se realmente tivesse a intenção de acordá-la.

O peso sobre seu corpo pareceu crescer e a dor aumentou, tentou respirar, tentou fechar os olhos e não olhar mais para aquela silhueta grande lhe encarando, os olhos brilhantes tão fixos em sí que pareciam estar ferindo a sua alma. Quis gritar por socorro. Era ele, tinha que ser ele ali. Tentou gritar por Mia ao seu lado, mas nada saía, não conseguia nem mesmo se mexer, soluçou e conseguiu fechar os olhos com toda a sua força. Foi quando ouviu uma risadinha, uma risadinha grave que ela conhecia muito bem e que foi capaz de fazer sua espinha gelar. Sentiu uma dor incomum em todas as cicatrizes que tinha em seu corpo como se cada uma delas estivessem sendo rasgadas e expostas naquele momento e mais uma vez quis gritar, mas quis gritar de dor. Não conseguia virar a cabeça e olhar para cima e estava com tanto medo de abrir os olhos novamente que tudo o que ela conseguia fazer era chorar. Sentiu mãos grandes se fechando em seu pescoço e a respiração que ela ainda tinha sumiu de uma vez, voltou a abrir os olhos, arregalou-os e encarou aquela silhueta lá fora mais uma vez, encarou aqueles olhos brilhantes com um desespero de quem estava clamando pela própria vida, sentiu o aperto aumentar em seu pescoço, sentiu algo se aproximando e quando sentiu a respiração quente tocar na lateral de seu rosto o grito que dera queimou sua garganta. Um grito agonizante e repleto de desespero enquanto desvencilhava-se de uma vez do sono paralisante, virou na cama em desespero como se quisesse correr para longe daquilo que estava em cima dela, acabou caindo no chão e arrastou-se pelo piso de maneira completamente desesperada, não via mais nada do lado de fora, mas sentia a necessidade de fechar aquelas cortinas e de joelhos no chão ainda agarrou as cortinas com força e puxou-as de forma violenta fechando-as de uma vez, tremia tanto que era como se estivesse perdendo o controle do próprio corpo, não teve forças para sair do chão e despencou sobre ele completamente, os joelhos ardiam.

— Para, para, para!!!!! — gritou para o chão enquanto cerrava os punhos com força, gritou para o chão por que não tinha coragem de erguer a cabeça, tinha medo de acabar vendo o que não queria. Seus olhos estavam tão embaçados pelas lágrimas que ela não enxergava absolutamente nada, só sentia aquele desespero que tomava conta de todo o seu corpo e um medo tão grande que ela sentiu que nunca mais iria sair daquela aura de terror. Se encolheu inteira, ficou meio sentada sobre os calcanhares e tão inclinada que seu rosto quase tocava o chão, abraçava o próprio tronco, estava com tanto medo de sair daquela posição, de se erguer, simplesmente se recusava a sair dali tamanho era seu terror.

Mia estava literalmente com o coração na mão quando acordou no susto com o grito de Helena e ficou simplesmente aterrorizada quando entendeu o que estava acontecendo, havia corrido até o interruptor do quarto e ligado às luzes e estava praticamente em choque e com os olhos fixos em Helena completamente encolhida logo abaixo da janela chorando de forma completamente compulsiva.

— Helena... — falou baixinho enquanto sentia seus olhos queimarem por ver aquilo, seu coração doeu dentro de seu peito de uma forma que nunca havia sentido antes. Foi andando bem devagar para perto de Helena, passos extremamente cautelosos, estava morrendo de medo de fazer algo errado naquele momento. — Helena... — a chamou mais alto desta vez e foi se abaixando até se ajoelhar no chão, Helena não reagia. — Helena sou eu, Mia. Helena. — chamou-a com cuidado e novamente, não houve uma reação sequer. Sentiu seu coração disparar ainda mais dentro do peito com o medo que sentiu com a falta de resposta de Helena.

Se aproximou um pouco mais, ela estava com medo de tocá-la e acabar a assustando, mas não soube outro modo de chamar a atenção de Helena. Esticou a mão direita devagar e tocou os cabelos da morena, imediatamente a mexicana se encolheu.

— Por favor, por favor. — Mia ouviu em meio ao choro da mulher encolhida, fez uma careta como se estivesse sentindo dor ao ver aquilo, quis chorar.

— Helena. — chamou-a em tom mais firme desta vez e não recuou, precisava fazer a mulher ver que era ela que estava ali. — Helena. — chamou mais uma vez enquanto esticava a outra mão e tocava sua cabeça de cada lado. — Helena, sou eu. — garantiu enquanto puxava-lhe a cabeça devagar, com todo cuidado para não fazer movimentos bruscos, fez com que a mulher erguesse a cabeça do chão, ia se aproximando mais e mais enquanto conseguia fazer ela se erguer até conseguir olhar para seu rosto. — Sou eu. — garantiu assim que encarou os olhos avermelhados e banhados com medo puro. — Calma, eu estou aqui. — falou de forma bem pontuada e firme enquanto a olhava. — Eu estou aqui. — se aproximou um pouco mais até que seus joelhos tocassem os de Helena ficando frente a frente com ela.

— Ele estava aqui. — a voz de Helena mal saiu em meio aos soluços, ela ergueu as mãos de forma um tanto afobada e olhou em volta de forma rápida, aquele desespero palpável que estava deixando Mia angustiada. Helena parecia procurar algo com os olhos. — Eu senti, eu vi... — gesticulou com as mãos, seus olhos não conseguiam focar em ponto algum, percorriam o quarto de forma frenética como se estivesse procurando qualquer vestígio dele. Arrastou as mãos pelos próprios braços até chegar ao próprio pescoço onde ela sentiu o aperto, fechou os olhos com a lembrança e recordou-se da respiração quente em seu rosto, isso a fez abrir os olhos de forma repentina, seu estômago revirou no mesmo instante e todo o seu corpo reagiu com calafrios tão intensos que fizeram a mexicana arrastar-se pelo chão rapidamente, chegou a erguer-se por poucos segundos em direção ao banheiro, porém assim que entrou no cômodo já fora caindo de joelhos em frente ao vaso sanitário e todo o seu interior queimou quando tossiu com força e tudo o que tinha no estômago saíra de uma vez. Se sentiu humilhada. Quando sentiu o toque carinhoso em suas costas e em seguida em seus cabelos fechou os olhos com mais força e sentiu mais vontade de chorar.

— Respira fundo. — Mia pediu enquanto segurava os cabelos da mexicana com certo cuidado, estava extremamente preocupada com aquela situação, acariciou as costas da mulher com carinho enquanto ela vomitava, não sentiu nojo, não sentiu absolutamente nada além de preocupação naquele momento.

Quando Helena sentiu que não havia mais nada em seu estômago para vomitar e só sobrara a dor e o queimor, ela se afastou um pouco, mas não precisou fazer nada, Mia já estava um passo a sua frente e fora a responsável por dar descarga, isso a fez erguer o olhar para encarar a mulher ao seu lado, aquele olhar preocupado estampado nos olhos dela. Quando se encararam por alguns segundos Helena viu o momento em que o olhar de Mia mudou, viu aquela expressão cheia de carinho e ouviu as palavras silenciosas de Mia dizendo “eu vou cuidar de você.” Isso fez a mexicana sentar-se no chão e praticamente se jogar nos braços da mulher ao seu lado que a recebeu com um abraço muito apertado. Mia rodeou os ombros de Helena com carinho e Helena abraçou-lhe a cintura, ambas abraçavam com força.

— Está tudo bem agora, foi um pesadelo. — Mia falou baixinho e deu um beijo bem demorado no topo dos cabelos de Helena, a cabeça da mexicana estava encaixada um pouco abaixo de seu pescoço. Ergueu a mão direita e espalmou a mão com carinho bem na lateral do rosto da mulher em seus braços e deu mais alguns beijos na cabeça dela. — Ele não vai pegar você, ele está preso, Helena e longe, ele não é capaz de te machucar. — sussurrou contra os cabelos dela. Mas naquele momento Mia acabou pensando que Trevor não ficaria preso por toda a sua vida e depois do que ouvira sobre as cicatrizes de Helena, teve medo por ela. Ela com certeza pensava a mesma coisa.

Helena tinha aquele olhar vazio, seu interior alvoroçado em angústia, seu estômago doendo e queimando e aquele gosto amargo na boca que ela conhecia bem até demais. Mas o calor de Mia, as palavras dela e o aperto de seu abraço a fizeram fechar os olhos e cada beijo que recebia no topo de sua cabeça trazia-lhe uma dose de segurança que era muito bem vinda, era o que ela verdadeiramente precisava. Abraçava ela com força, como se estivesse se recusando a sair dali a deixar que ela lhe soltasse, como se implorasse para que ela lhe cuidasse como estava fazendo, implorava por proteção.

— Estou me sentido tão, tão suja. — Helena sussurrou num fio de voz após bons minutos em silêncio nos braços de Mia.

— Vamos tomar um banho. — Mia falou no mesmo tom de voz, mas não se mexeu para sair dali, estava com o queixo apoiado no topo da cabeça de Helena, olhava para um ponto qualquer enquanto suas mãos agiam automaticamente, a mão direita acariciava o rosto e hora os cabelos de Helena e a mão esquerda fazia uma carícia na altura da cintura em meio ao abraço.

— Não nesse sentido. — Helena rebateu.

— Vamos tomar um banho, confia em mim. — Mia se afastou só um pouquinho e com sua mão direita fez com que Helena erguesse a cabeça para olhá-la, quando seus olhos se encontraram as duas se encararam por alguns segundos em silêncio. Helena não precisou de mais nada, apenas acenou de forma positiva. Sem pressa alguma as duas se desvencilharam, Mia ergueu-se primeiro e ofereceu as mãos a Helena para ajuda-la a levantar. Assim que Helena ergueu-se com a ajuda de Mia ela já foi andando em direção a pia, se olhou no espelho, odiou a imagem que viu, tanto que desviou logo o olhar e encarou a pia enquanto espalmava as mãos na lateral da mesma. Respirou fundo enquanto fechava os olhos.

Seu reflexo no espelho mostrava uma mulher completamente derrotada e submissa ao medo que tinha do marido, os olhos avermelhados pelo choro, a expressão ainda amedrontada, sentiu vontade de chorar mais uma vez enquanto balançava a cabeça de forma negativa na tentativa de espantar os pensamentos que a corroiam. Sentiu o gosto amargo e conhecido tomar conta de sua boca e fez uma expressão de nojo enquanto erguia a mão esquerda e abria de uma vez o compartimento de remédios, assim livrou-se do espelho, ergueu o olhar e respirou um pouco fundo enquanto encarava os remédios a sua frente, alguns prescritos por médicos para aquelas situações, mas ela nunca tomava, encarou os tubos alaranjados de forma quase fixa quando sentiu a presença de Mia atrás de sí e logo em seguida sentiu os braços da mulher lhe envolvendo. Isso lhe trouxe um conforto tão grande que ela soltou um suspiro aliviado por Mia estar ali.

— Do que você precisa? — Mia questionou em tom baixinho próximo ao ouvido de Helena enquanto encarava aquela quantidade de remédios e por mais que a maioria ela reconhecia que eram remédios comuns, aqueles tubos alaranjados não lhe passaram despercebidos e muito menos o fato de eles estarem intocados, mas ela não iria perguntar sobre aquilo, imaginava que seria um erro questionar.

— Remédio pra enjoo. — Helena falou em tom baixo enquanto erguia a mão direita e pegava uma das cartelas de remédio, destacou um dos comprimidos rapidamente e jogou-o em sua boca, Mia lhe deu espaço para que ela se inclinasse em direção à torneira e enchesse a boca com água para que o comprimido descesse, quando Helena voltou a se erguer o compartimento de remédios já havia sido fechado por Mia e ela encarou seu reflexo novamente, mas com o diferencial de que agora via aquele olhar atento e carinhoso de Mia. As duas se encararam pelo reflexo do espelho por alguns segundos.

— É sempre assim? — a Designer questionou em um sussurro.

Helena respondeu apenas com um aceno positivo de cabeça. Isso fez Mia respirar fundo enquanto fechava os olhos e baixava a cabeça até que seus lábios encostassem no ombro de Helena em um beijo extremamente carinhoso. Sentia seu coração se despedaçar só de imaginar como era nas noites em que Helena estava sozinha em casa e entendeu que era daquele medo que nunca vira nos olhos de Helena até aquela noite, que a dançarina nascia.

Mia se afastou de Helena devagar.

— Banheira. — mandou enquanto se afastava.

Helena se virou e encarou a banheira quase cheia enquanto Mia andava pelo banheiro a procura de algo. Helena não reclamou, já sabia que aquela era uma discussão que ela havia perdido, por isso mesmo segurou a barra do blusão rosa e o ergueu até retirá-lo e o jogou em cima do cesto de roupas sujas antes de entrar na banheira com certo cuidado e sentar-se em um dos cantos. Desligou a torneira que a enchia e respirou um pouco fundo enquanto via Mia voltando com alguns produtos em mãos. Não foi como Helena havia imaginado, ao invés de Mia entrar na banheira com ela, a morena sentou-se na beirada da mesma e manteve apenas seus pés dentro da água, seu corpo ficara encaixado entre as pernas dela.

— Eu sei que isso não vai curar qualquer dor ou medo que você esteja sentindo. — Mia falou em tom baixo enquanto pegava o bidê ao lado da banheira e testava em sua mão só para verificar se a água estava quente. — Mas eu espero que ao menos te deixe mais confortável e segura, feche os olhos e só me deixe cuidar de você. — Helena não respondeu aquelas palavras, na verdade sequer soube o que responder, apenas abraçou as próprias pernas e fechou os olhos quando sentiu a água morna escorrendo por sua cabeça e trazendo junto uma sensação tão boa que ela chegou a suspirar.

Assim, os próximos minutos passaram em completo silêncio, Helena estava com os olhos semiabertos, preguiçosos, encarando a água que balançava suavemente enquanto Mia massageava seus cabelos com tanto carinho que parecia, com tais movimentos, capaz de arrancar da mente de Helena toda a carga de pensamentos ruins que ela tinha. E Amélia estava certa, Helena precisava mesmo de um banho depois daquele episódio, mas não de um banho qualquer, mas sim daquele em específico: um banho de carinho, de cuidado e uma preocupação tão boa que água quente aquecia também o seu coração. Se sentiu tão protegida pelas mãos de Mia que sentia que ninguém podia alcança-la naquele momento.

— Você quer falar sobre o pesadelo? — Mia questionou após alguns minutos em silêncio. Os dedos deslizavam devagar pelo couro cabeludo de Helena até a nuca onde arranhava com carinho e descia pelo pescoço antes de mais uma vez subir para os cabelos.

Helena abriu um pouco mais os olhos e ajeitou um pouco a cabeça pendendo-a para o lado e deitando-a sobre os olhos, os olhos preguiçosos acabaram se focando em Vadia deitada sobre suas patinhas em cima da tampa do vaso sanitário em meio a um cochilo como se só estivesse esperando Helena e Mia voltarem para a cama para ela se meter entre elas mais uma vez.

E o silêncio de Helena se estendeu por mais alguns minutos, ficou pensativa enquanto sentia a água correndo por sua cabeça e por seus cabelos e retirava todo o condicionador dos fios escuros, quando a água cessou, Helena voltou a abrir os olhos e encarou a banheira até sentir uma movimentação atrás de sí, foi forçada a ir alguns centímetros mais para frente enquanto via a camisa de Mia cair no chão ao seu lado e logo sentiu os braços da morena lhe envolvendo e suas costas espremendo aqueles seios que ela tanto gostava. Relaxou ainda mais, deitou-se sobre o corpo de Mia e esticou as pernas enquanto apoiava a cabeça na altura do ombro da Designer. Sorriu fraco com o conforto que sentiu com aquilo.

— Eu sempre acordo paralisada, não consigo me mexer, não consigo gritar, mal consigo respirar... —- Helena começou em tom baixinho, se sentindo segura pela primeira vez em tantos meses, a relatar os pesadelos que vivia. Mia beijou-lhe o pescoço, como se lhe incentivasse a continuar. — Então eu sinto que não estou sozinha, mas a presença que sinto não é boa. Acordei hoje com um barulho na janela, do lado de fora, como alguém batendo com a mão. Quando olhei vi uma silhueta negra me encarando de volta e ao mesmo tempo senti algo subindo em cima de mim, me prendendo, me paralisando. De alguma forma eu tinha absoluta certeza que era o Trevor em ambos os lugares, lá fora me espreitando, avisando que estava de olho em mim e em cima de mim, me ameaçando, pronto para me matar como já fez várias e várias vezes. — sussurrou de forma vazia e respirou um pouco fundo enquanto fechava os olhos ao receber um beijo na altura de sua têmpora. — Eu ouvi a risada dele, aquela risadinha debochada que eu sempre odiei, eu senti ele se debruçando sobre mim e mãos segurando meu pescoço, senti sua respiração em meu rosto, senti todas as minhas cicatrizes doerem de uma forma que eu nunca senti antes. — sentiu os dedos de Mia se entrelaçando aos seus bem devagar e em seguida ergueu as mãos unidas e molhadas e as encarou, seu polegar deslizou pelo dorso da mão de Mia com carinho. — Eu sei que ele está preso, mas naquele momento eu tive absoluta certeza que ele estava aqui. E que realmente era ele tanto lá fora, quanto em cima de mim. Aqueles olhos brilhantes me encarando... Eu sei que era ele.

Mia olhava fixamente para as mãos unidas, tinha vontade de chorar depois de ouvir tudo aquilo, repentinamente tudo foi fazendo sentido em sua mente, o terror que viu nos olhos de Helena, os desenhos que ela fazia a respeito de pesadelos que tinha. Sentiu-se completamente impotente por não ter a mínima ideia de como proteger Helena de pesadelos como aquele, tudo o que ela podia fazer ela estava fazendo ali, dentro daquela banheira, onde cuidava de Helena e dava todo o carinho que ela conseguia dar com o pensamento de que estava fazendo a coisa certa, afinal, ela com certeza iria querer alguém cuidando dela daquele jeito após um susto tão grande.

Seu braço esquerdo rodeou os ombros da Mexicana com carinho, seu pé direito deslizou pela perna da mexicana por baixo da água enquanto flexionava o joelho, a agua já não estava mais tão quente, mas ela não se importava com isso, também não queria sair dali, sentia-se extremamente bem tendo Helena em seus braços daquela forma. Seu nariz deslizou pela pele um pouco mais escura que a sua, não tinha pressa de falar e Helena não se incomodava com isso, nenhuma delas se incomodava. Pareciam tão sincronizadas naquele momento que absolutamente nada era capaz de incomodá-las.

— Eu acredito em você. — Mia falou em tom baixo enquanto erguia os olhos e encarava a outra ponta da banheira, assim como Helena também o fazia. — Acredito que seu medo foi tão grande no momento pra fazer você ter absoluta certeza que ele estava aqui hoje, apesar de ambas sabermos que ele está preso. — Mia respirou um pouco fundo e desviou o olhar para encarar sua mão ainda entrelaçada a de Helena e apoiada na beirada da banheira. Sorriu fraco sem mostrar os dentes, seu coração acelerou por alguns segundos. — O medo faz a gente pensar nas coisas mais absurdas e eu vi nos seus olhos naquele momento. Fiquei com medo por você. — confessou em um sussurro e alarmou-se por um momento quando Helena se moveu.

Suas mãos se afastaram e Mia de imediato também sentiu falta do corpo de Helena colado ao seu quando a Mexicana se afastou, mas Mia não se moveu, a mão que antes estava unida a de Helena agora era usada para apoiar sua cabeça enquanto o cotovelo ficava apoiado na banheira. Helena virou-se de frente para Mia e as duas se encararam por alguns segundos. Aos olhos de Helena, a visão que teve fora a coisa mais linda que já vira, Mia com a expressão serena, um sorrisinho no canto dos lábios, o cabelo amarrado em um coque bem desarrumado que só servia para não molhar os fios negros, mas ainda assim alguns fios rebeldes estavam molhados.

— O que foi? — Mia questionou. Helena estava de joelhos a sua frente e a encarando há algum tempo e apesar de gostar de ser admirada por Helena, naquele momento existiam muitas coisas em torno delas que eram mais importantes.

Helena negou com um aceno de cabeça e sorriu fraco, com vergonha de expressar os pensamentos que tivera ao ver Mia daquela forma. Acabou desviando o olhar enquanto ria de sí mesma, pega de surpresa com aquela situação e principalmente com a forma que seu coração estava batendo naquele momento.

— O que foi? — Mia riu enquanto questionava mais uma vez. Repentinamente aquele clima pesado que tomava conta do banheiro se esvaía com uma facilidade tão grande que só deixava Helena ainda mais admirada do que já estava.

— Não foi nada importante. — Helena mentiu enquanto se inclinava em direção a Mia.

A Designer riu um pouco mais enquanto esticava os braços para receber Helena neles, quando seus corpos se colaram novamente suas pernas foram rodeando o corpo da mexicana para prendê-la contra sí enquanto os braços rodeavam os ombros dela. Seu corpo deslizou um pouco pela banheira enquanto colava os lábios aos de Helena em um selinho estalado.

— Acabei de ver que não sou só eu que mente mal aqui. — sussurrou contra a boca de Helena, mas tudo o que recebeu em troca fora uma risada contra a sua boca, outro selinho estalado. Helena não fez questão nenhuma de negar as palavras de Mia e Mia também não fez questão de saber a verdade, respeitou o espaço de Helena. — Como está se sentindo? — Mia questionou enquanto afastava o rosto só um pouquinho para encarar melhor a Mexicana.

— Você é muito boa em cuidar de alguém. — Helena sussurrou e sorriu de canto. — Eu sequer sei como te agradecer, Amélia.

Mia apenas sorriu enquanto encarava Helena e negou com um aceno de cabeça, silenciosamente falando que agradecer não era preciso. Ela apenas se inclinou e deu um último selinho, sendo este bem mais demorado que foi findado com pequenos e curtos selinhos antes que Mia quebrasse o silêncio.

— Agora vamos sair daqui... A água já está fria. — sussurrou contra a boca de Helena.

®

Já passava das três da madrugada quando as duas saíram do banheiro e foram para a sala a pedidos de Helena, ela não queria ficar no quarto naquele momento. Na sala Helena dormiu no colo de Mia em meio a alguma conversa aleatória que elas tinham e foi acordada apenas para que voltassem para a cama e Mia não soube dizer qual foi o horário que isso aconteceu, muito menos quando foi que o dia começou a amanhecer, mas foi só quando os raios de sol começaram a surgir no quarto, ainda tímidos, foi que ela se deu conta de que ela não havia dormido por que estava com medo de acordar com Helena gritando mais uma vez. Então, ela ficou ali na cama, ao lado de Helena, pensando em tudo o que havia acontecido enquanto olhava para a mexicana adormecida ao seu lado com um semblante sereno. Olhar para Helena daquela forma a deixava realmente aliviada.

Por mais que tudo tenha ficado leve novamente, com Helena completamente de volta a sí quando estavam na sala conversando banalidades, Mia ainda não conseguia ficar tranquila, como se um alerta dentro de sí estivesse ligado para que continuasse ali de olho em Helena, atenta a qualquer sinal de um pesadelo. Em determinado momento ergueu-se da cama com todo cuidado para não acordar a mulher ao seu lado e logo estava andando pelo quarto a passos lentos. Helena dormia encolhida, como se vivesse frequentemente com medo de algo e aquela posição pudesse lhe trazer alguma segurança. Vadia dormir contra ela, tão encolhida contra Helena e parcialmente escondida embaixo das cobertas, era uma cena tão linda que fez Mia sorrir fraco, ainda sorrindo desviou o olhar e foi andando a passos lentos até a janela que tinha no quarto.

Lá fora chovia, uma leve garoa que era responsável por deixar o clima frio e ao mesmo tempo gostoso, nunca havia visitado o quintal de Helena, mas dali ela conseguia ver uma parte da horta que Helena havia lhe falado, tinham algumas flores e era tudo muito verde, mas o que mais lhe chamou a atenção foi à estrutura de um coreto inacabado, pensou em questionar a Helena sobre quando ela acordasse, mas achou que não era uma boa ideia, a julgar que já imaginava quem havia começado a fazer aquilo e o motivo de nunca ter sido concluído. Desviou o olhar da janela e encarou Helena novamente, aquela vontade em seu interior, de cuidar de Helena e impedir que qualquer coisa a machucasse só parecia crescer mais enquanto a olhava ali, dormindo, tão tranquila e ao mesmo tempo tão vulnerável. Afastou-se da janela e foi andando em direção à cama devagar, inclinou-se sobre ela com todo cuidado só para poder dar um beijo carinhoso na altura da têmpora de Helena, ela não se moveu e Mia sorriu enquanto pensava no quão fodida estava. Estava mesmo muito apaixonada.

Afastou-se, pegou o celular em cima do criado mudo e andando para sair do quarto, mas só saiu depois de dar uma última olhada em Helena, deixou a porta aberta e foi diretamente para a cozinha, os braços estavam cruzados enquanto andava, vestia só uma blusa de Helena que ia até um pouco acima de suas coxas e era o suficiente por enquanto. O dia estava frio, o inverno havia chegado com tudo, mas ela gostava da sensação. Olhava com paciência os mínimos detalhes da casa de Helena, pela primeira vez notando com mais calma todos os detalhes que deixavam muito claro que aquela casa era de Helena. O cheiro dela estava impregnado em todos os cantos daquela casa. Foi assim até chegar à cozinha, tinha a ideia de fazer um bom café da manhã para Helena, queria agradá-la. Passou alguns minutos procurando pelos armários todos os materiais que ela queria para fazer tudo o que tinha em mente, porém, não teve muito sucesso. Acabou tendo que pesquisar em seu celular onde ficava o mercado mais próximo da casa de Helena e para sua surpresa, havia um a minutos dali a pé.

Voltou para o quarto de Helena e na ponta dos pés foi até o guarda roupa e lá achou um moletom acinzentado, retirou a blusa que usava e a substituiu pelo moletom e para completar vestiu um short também de moletom e da mesma cor, mas curto. O capuz cobriu sua cabeça e mais uma vez saíra do quarto, mas antes de sair de casa passara em seu carro para pegar seus cartões e logo estava andando pelas ruas a passos lentos, o moletom grosso a protegia da garoa fina e mais uma vez se pegou pensativa enquanto andava pelas ruas, checando em seu celular hora ou outra apenas para ter certeza de que estava no caminho certo. Em menos de cinco minutos andando chegara a uma pequena mercearia de aparência simples, mas parecia muito bem abastecida.

— Bom dia. — sorriu para a senhora já de idade atrás do balcão, o sorriso que recebeu de volta a fez sorrir um pouco mais. Mas não estendeu uma conversa, não queria se demorar ali. Já passava um pouco mais das 6 da manhã, um horário em que poucas pessoas estavam acordadas. Pacientemente foi escolhendo tudo o que queria, desde algumas frutas frescas até produtos industrializados que usaria.

— Tão cedo assim comprando essas coisas. — a senhora comentou enquanto registrava os preços. — Um café da manhã para o marido?

Mia deu uma pequena risada um pouco sem graça, mas negou com um aceno de cabeça.

— Marido não. — a respondeu, mas logo continuou. — Apenas alguém importante.

As duas trocaram sorrisos que pareciam cumplices e Mia sentiu-se acolhida por aquela mulher, mas a conversa não se estendeu apesar disso. A designer apenas pagou tudo o que comprara e mais uma vez saíra andando pelas ruas a passos lentos com destino a casa de Helena, mas desta vez tinha um sorrisinho satisfeito nos lábios, sorrisinho de quem estava feliz com o que estava fazendo.

®

Helena acordou sozinha na cama, o que logo de imediato achou estranho. A mão direita desliou pelo colchão a procura de Vadia, porém, não a encontrou, ainda sonolento moveu-se no colchão virando-se para cima de barriga para cima enquanto olhava um pouco em volta: nada. Espreguiçou-se e bocejou por alguns segundos antes de sentar-se na cama com a curiosidade de onde estava Mia. Será que ela havia ido embora? A ideia fez seu coração palpitar e lhe trouxe um certo incômodo. O pensamento a fez erguer-se da cama e bocejou novamente enquanto sentia o chão frio em contato com seus pés, abraçou o próprio corpo e olhou em direção a janela onde vira seu agressor na noite passada, balançou a cabeça de forma negativa com tais pensamentos e saiu andando devagar, foi primeiro ao banheiro aliviar a bexiga, lavar o rosto e escovar os dentes. Normalmente tomaria um banho para despertar de uma vez, mas naquele dia em específico estava ansiosa demais para ver Mia.

Devagar saiu do quarto e bastou alguns passos para longe do mesmo que foi arrebatada por um cheiro tão gostoso que fez todo o seu corpo esquentar e seu estômago protestar com a vontade de ser preenchido. Helena sorriu de canto enquanto cruzava os braços e ia em direção à cozinha de forma sorrateira, parou ali, na entrada da mesma e derreteu-se tanto ao ver aquela cena que teve vontade de chorar, tanto que chegou a engolir o choro enquanto apoiava a cabeça na parede onde estava encostada.

Mia estava bem na frente do fogão e havia acabado de tirar do forno o que parecia ser um pão, segurava a forma em uma mão protegida pela luva, mas ainda assim se ocupava em dar um pedaço de algo a Vadia, sentada em cima do balcão da cozinha próximo ao fogão. Mia tinha um sorriso nos lábios enquanto olhava a gatinha morder o pedaço de queijo em sua mão e logo em seguida se abaixar para começar a comer. Isso arrancou uma pequena risada da Designer. Quando havia começado a cozinhar, havia ganhado a companhia da gatinha gulosa que fazia questão de pedir tudo o que Mia preparava.

Helena olhava tudo aquilo de forma completamente maravilhada, sequer lembrava qual fora a última vez que alguém além de Alyson fizera tanta questão em preparar um café da manhã daqueles para ele. Mia ficou de frente para o balcão e de costas para Helena e ali se ocupou mais uma vez, tão alheia no que fazia que sequer percebia que estava sendo observada por Helena a algum tempo.

— É sério que você fez pão? — Helena questionou em tom baixinho para não assustar Mia.

E Amélia não se assustou, quando ouviu a voz rouca da mulher pela qual estava tão apaixonada, tudo o que fez foi dar um sorriso um pouco largo enquanto desenformava o pão que havia feito e assim virou-se em direção a voz da mexicana já com o pão retangular sobre um prato do mesmo formato.

— Você acordou na hora certa. — a morena falou e deu um sorriso ainda mais largo enquanto andava em direção à mexicana e segurava-lhe a mão, puxou-a para perto só para lhe dar um beijo estalado no rosto antes de se afastar, mas não lhe soltou a mão, só foi a puxando. — Um bom café da manhã é tudo o que uma pessoa precisa para deixar para trás uma noite ruim. Isso era o que meu pai sempre falava. — explicou enquanto ia andando até a mesa e foi só ai que Helena viu uma mesa simplesmente farta.

— Meu Deus, Amélia. — Helena falou em tom baixinho ao ver a mesa cheia, de um jeito que fazia muito tempo que não via. Haviam dois pratos já postos e prontos, ambos tinham duas panquecas suflês perfeitamente decoradas de uma forma que parecia que aqueles pratos foram feitos por profissionais. As duas panquecas estavam empilhadas e polvilhadas com açúcar e em cima e um pouco ao redor uma variedade de frutas pequenas e cortadas que enriquecia o prato. Na mesa também havia iogurte, algumas tigelas com o que parecia geleia que era algo que Helena tinha certeza de que não tinha em sua casa, havia ovo frito, mais uma tigela com mais frutas cortadas e mais pequenas coisas que serviam para complementar todo o resto, incluindo o pão recém saído do forno.

Helena não soube o que falar além daquilo, simplesmente não vinham palavras em sua boca para agradecer aquele gesto, ficou sem graça por isso, sem saber como agir diante tanto cuidado e principalmente sentiu-se uma mulher extremamente sortuda por ter Mia ao seu lado naquele momento.

— Eu fiz do meu jeito por que eu não sei do que você gosta no café da manhã. — Mia soltou a mão de Helena apenas para poder se afastar dela e colocar bem no meio da mesa o pão recém saído do forno. — Eu ia fazer Focaccia, mas também não sei se você gosta, então optei por um pão normal...

— Meu Deus, Amélia. — levou a mão esquerda ao rosto e deu uma breve risada diante aquela situação. — Você é realmente perfeita.

Mia riu por breves segundos enquanto puxava uma das cadeiras e a indicava com um aceno de cabeça para que Helena sentasse.

— Estou levando bem a sério a minha palavra de não sair correndo da sua casa mais uma vez como fiz em todas as outras vezes. — pontuou e arqueou as sobrancelhas para Helena como se a estivesse a provocando, mas sorriu para ela. — Eu amo fazer café da manhã e era mais ou menos isso que faríamos ontem, mas juntas.

— Seria muito estranho te chamar pra morar comigo agora? — Helena brincou enquanto ia até a cadeira que Mia havia puxado para ela, não sabia o que responder diretamente as palavras de Mia, por isso mesmo recorria a brincadeiras.

— Levando em conta como tudo isso começou, comigo aparecendo em seus quadros sem você nem me conhecer de fato, nada mais é estranho, Helena.

— Você sabe que toda vez que você fala desse jeito eu me sinto uma psicopata não é?

Mia deu de ombros enquanto se sentava na cadeira bem de frente para Helena, em seguida sorriu para ela.

— Eu não posso reclamar considerando que você importunou minha mente por mais tempo do que deveria e de formas que não deveria...

— Formas que não deveria? — Helena a interrompeu de forma repentina e pendeu a cabeça um pouco para o lado enquanto um sorriso satisfeito surgia em seus lábios. — Me fale um pouco mais sobre isso, Amélia.

— Imagine. Onde está a sua criatividade agora, Helena? — Mia provocou enquanto se esticava um pouco só para pegar a jarra de suco de laranja, não queria olhar para Helena naquele momento, ela não queria ser desarmada pelo olhar dela e não queria se aprofundar naquele assunto, se arrependera de ter falado no momento em que aquelas palavras saíra de sua boca. Como diabos explicaria para Helena que pensou nela enquanto trans*va com Charlie? Não queria nem mesmo pensar nisso.

Helena ficou em silêncio, o sorrisinho ainda estampado nos lábios enquanto olhava para Mia, até esquecia por um momento sobre o que estavam falando, simplesmente adorava aquele charminho que Mia fazia quando não queria falar sobre algo que provavelmente era constrangedor demais para ela. Por isso mesmo manteve-se em silêncio, atentou-se enfim a mesa servida a sua frente e principalmente ao prato impecável de panquecas bem na sua frente. Cada segundo a mais que passava olhando para aquela mesa maravilhosa, mais derretida ela ficava, isso a fazia ter vontade de rir.

— Meu Deus. — gem*u assim que levou um pedaço da panqueca a boca, pendeu a cabeça para trás e gem*u novamente de forma mais dramática. — Isso ta maravilhoso. — franziu o cenho enquanto balançava a cabeça, não tinha nem palavras para descrever mais aquilo.

Mia riu.

— É a minha panqueca preferida. — respondeu a Designer.

— Aceito a receita, assim posso fazer pra você algum dia quando eu acordar mais cedo...

Mia negou com um aceno de cabeça enquanto mastigava, parou por um momento apenas para beber um gole de seu suco.

— Te darei a receita, mas não para você fazer pra mim. — começou, se ajeitou um pouco na cadeira e inconscientemente seus pés se enroscaram aos pés de Helena embaixo da mesa, nenhuma das duas pareceu se tocar com aquele ato, pareceu ser automático para ambas. — Quando for sua vez de fazer um café da manhã pra gente, fará do seu jeito e não do meu, da forma que você quiser e tem costume.

Helena sorriu com aquelas palavras e apoiou os cotovelos na mesa enquanto encarava a morena bem na sua frente.

— Qual é a sua refeição preferida do dia? — a mexicana questionou de forma aleatória.

Mia deu de ombros enquanto abocanhava mais um pedaço da panqueca.

— É o café da manhã. — respondeu como se isso fosse a coisa mais obvia. — É ele o responsável por te manter de pé e por começar um dia bem. Um café da manhã bonito e gostoso alegra o dia de qualquer pessoa. E o seu? — devolveu a pergunta e ergueu o olhar para encarar a mulher.

Os olhos se encontraram de forma cumplice e elas sorriram uma para outra de forma simples, sem mostrar os dentes.

— É o jantar, o almoço é facilmente esquecível pra mim, mas acho que um jantar gostoso depois de um dia cansativo é algo extremamente revigorante. — explicou com calma enquanto colocava algumas colheres de geleia sobre sua panqueca. — Além do mais, o jantar sempre teve um bom significado pra mim, era praticamente a única hora do dia em que todos os meus irmãos e a minha mãe se reunia em paz em volta de uma mesa mesmo com todos os pesares. Eu achava incrível.

— O mesmo pra mim. — Mia falou em tom melancólico, mas sorriu fraco antes de continuar. — Almoço e jantar era complicado por causa do restaurante, não havia muito tempo, mas o café da manhã juntos era um ritual, faltar um café da manhã em família era motivo de bronca. — Mia riu por breves segundos ao recordar-se de algo. — As panquecas que a Mamma faz são a coisa mais horrível que você pode comer na sua vida, são secas e duras e não sabemos como ela consegue fazer isso mesmo à gente sempre ensinando de forma certa. A gente sempre implicava com ela e ela sempre fazia a gente comer as panquecas ruins dela, em compensação, o omelete dela é simplesmente incrível e nem mesmo o do Pappa, um chefe de cozinha absurdamente talentoso, se comparava. Então sempre que ela fazia omeletes no café da manhã, ele também fazia pra tentar fazer melhor, ele era um péssimo perdedor. — Mia riu um pouco mais com as lembranças, mas ficou com o olhar perdido por um tempo, apesar de ainda sorrir, as lembranças lhe trouxeram saudade.

Helena a olhava com um sorriso pequeno nos lábios, desde o primeiro dia que Mia viera a sua casa, ela notara a carga de carinho que havia em suas palavras sempre que ela falava do pai, era verdadeiramente lindo vê-la falar sobre ele, apesar de também ser obvio como ela sentia falta.

— Quanto tempo faz que você não toma café com a sua mãe? — Helena questionou em tom mais baixo.

Mia deu de ombros.

— Foi acontecendo de cada um ir para o seu lado, como ela mesma diz: Nós criamos asas. Então faz um tempo. — franziu um pouco o cenho e voltou a pegar seu copo de suco, encarou o liquido amarelado por alguns segundos antes de dar de ombros. — Preciso mudar isso não é?

Helena concordou com um aceno de cabeça.

— Com toda certeza. — a mexicana respondeu, mas respirou um pouco fundo enquanto recordava-se de algumas coisas, porém, manteve-se focada na mesa a sua frente, achava uma ofensa a Mia se ela pelo menos não experimentasse um pouco de cada coisa em cima daquela mesa. — Sabe o que é engraçado? — questionou enquanto com calma cortava um fatia de pão. — Sua mãe falava muito de você pra mim. — respondeu sua própria pergunta e deu uma pequena risada. Mia ergueu os olhos e ambas as sobrancelhas como se silenciosamente questionasse: Sério? — Não que eu e ela vivêssemos juntas, mas a gente se encontrava muito por que temos amigos em comum, indo a exposições, a eventos, palestras e ela sempre falava de você e do Fred em algum momento, especialmente de você.

— Isso é muito irônico. — Mia falou e riu por alguns segundos, era uma história tão inusitada que sempre que ela pensava naquelas coincidências, ela ria.

— Sim, muito. Eu jamais imaginei que a Mia que ela falava era a mesma mulher que entrava naquele bar e muito menos relacionei o Fred ao garoto exemplar que ela fala, é simplesmente impossível relacionar o Fred aquele bêbado desmaiado na mesa.

— Deus... Se a Mamma um dia descobre ou sequer desconfie de qualquer coisa disso, ela vai nos comer vivos. — Mia pendeu um pouco a cabeça para trás enquanto se recostava melhor na cadeira, respirou fundo antes de baixar a cabeça e encarar Helena.

— É impossível desconfiar de algo assim, Amélia. Vocês dois tem uma aparência certinha demais. — Helena acusou e arqueou uma sobrancelha como se estivesse acusando Mia de algo. — Apesar de você ser uma péssima mentirosa, ainda assim é impossível... — a mexicana parou por um momento ao lembrar de algo e pendeu um pouco a cabeça para o lado, ponderando os próprios pensamentos. — Se bem que...

— Se bem que o que, Helena? — Mia tinha os olhos meio semicerrados enquanto encarava a mexicana, mas quando viu o sorrisinho safado surgir nos lábios dela, imaginou qual seria a resposta.

— Você só tem a aparência de certinha quando não está com tesão. — Helena lambeu a ponta do polegar devagar, havia há sujado um pouco acidentalmente com a geleia, mas os olhos não desviavam de Mia em momento algum. E fora simplesmente espetacular a forma que viu a expressão de Mia mudar naquele momento, o sorrisinho safado surgindo nos lábios carnudos, o olhar ficando ainda mais intenso. A gargalhada de Helena ecoou pela casa por alguns segundos, chegara até mesmo a pender a cabeça para trás enquanto ria e erguia as mãos para aplaudir aquele momento. — Realmente incrível.

Mia deu um sorriso largo com a reação de Helena, porém, a mexicana já havia plantado cenas na mente de Mia que a impedia de simplesmente voltar a seu café da manhã, por isso mesmo Mia ergueu-se da cadeira onde estava sentada e calmamente deu a volta na mesa, Helena tinha um sorriso no rosto enquanto observava toda aquela cena e recebeu Mia em seu colo com muito bom gosto.

— Incrível como qualquer roupa te deixa absurdamente gostosa. — a mexicana falou enquanto deslizava as mãos pelas coxas de Mia assim que a Designer sentara em seu colo, de frente para sí. — Principalmente roupas que eu nem lembrava que tinha.

Mia riu por breves segundos enquanto se inclinava, os braços rodeando os ombros de Helena devagar enquanto inclinava-se o suficiente para que seus lábios começassem a roçar nos dela.

— Estava frio e eu não podia sair só de camisa. — selou os lábios de Helena em um selinho estalado.

— Pra onde você foi? — A mexicana se afastou um pouco e se recostou melhor na cadeira em que estava sentada, os olhos atentos fitavam cada detalhe do rosto de Mia.

— Uma mercearia aqui perto, de uma senhora bem simpática. — respondeu enquanto suas mãos desciam pelos braços de Helena com carinho. — Ela perguntou se eu iria fazer um café da manhã para o meu marido.

Helena riu, imediatamente já sabendo de quem Mia estava falando.

— Ela é extremamente simpática, mas muito mais curiosa. — desencostou-se da cadeira só para se inclinar em direção a Mia e dar um beijo um pouco demorado no pescoço da mulher, roçou o nariz na pele quente e cheirosa logo em seguida. — Sabe algo tão bom quanto um café da manhã para começar o dia bem? — Helena questionou baixinho em meio aos beijos que dava na pele de Mia.

— Hmm? — Mia gem*u baixinho, completamente derretida com cada beijo que recebia que arrepiava cada parte de seu corpo.

Helena ergueu a cabeça até que sua boca roçasse no ouvido de Mia, sorriu de forma safada antes de falar:

— Alguns orgasmos.

Aquelas palavras e a forma como foram sussurradas ao pé de seu ouvido fizeram seu corpo inteiro se arrepiar e ela sentiu imediatamente aquele típico calor crescendo, dominando cada parte de seu interior até um sorriso sem vergonha se formar em seus lábios.

— Nosso dia vai ser muito perfeito. — Mia brincou, ironizando o combo de coisas que alegravam um dia: Um bom café da manhã e sex*.

Em uma fração de segundos as bocas já estavam unidas em um beijo intenso, definitivamente o café da manhã havia sido completamente esquecido. O beijo só foi momentaneamente quebrado quando Helena se afastou só um pouco para segurar o zíper do moletom e o puxou para baixo com certa rapidez para poder se livrar daquela peça grossa de roupa.

— Oh! — exclamou em surpresa assim que viu que por baixo do moletom não havia nada que tapasse o belíssimo par de seios que Mia tinha. — Definitivamente você ficou ainda mais perfeita com essa roupa agora.

O moletom ganhou um novo destino: o chão. Mas as palavras de Helena arrancaram uma pequena risada de Mia.

— Você sempre me fazendo sentir tão bem com meu corpo. — Mia falou enquanto calmamente ia saindo do colo da mulher, mas segurou a mão dela quando ficou de pé e a puxou para que ela também se erguesse.

 

®

— Por que diabos você adiou todos os seus compromissos dessa manhã? — Hernando já foi questionando assim que abriu a porta do escritório de Mia, tivera pelo menos o respeito de bater duas vezes antes apesar de saber que não precisava. Não encontrou Mia de imediato, mas sabia que ela estava ali dentro.

— Eu cheguei a tempo pra nossa reunião, não cheguei? — a voz de Mia soou de dentro do banheiro e Hernando rolou os olhos enquanto sentava-se em uma das poltronas e respirava um pouco fundo, cruzou as pernas para aguardar que Mia saísse do banheiro.

— Por que sabe que se não chegasse eu comeria você viva.

Mia deu de ombros enquanto saia do banheiro a passos lentos enquanto se ocupava a colocar o brinco na orelha direita, já estava perfeitamente maquiada e os cabelos negros soltos e levemente ondulados, vestia um short social azul turquesa em conjunto com uma blusa de alcinhas, porém, estava descalça, mais um sinal de quem ainda estava se arrumando, o que deixava bem claro que Mia havia se arrumado no escritório e não em casa e foi notando esses detalhes que Hernando chegou à conclusão mais obvia.

— Você dormiu com a Helena novamente. — afirmou o arquiteto e Mia ergueu o olhar para o amigo enquanto sentava-se na cadeira e puxava para perto os saltos, Mia era extremamente cuidadosa, por isso mesmo guardava em seu escritório no mínimo dois pares de roupa para emergências.

— Dormi. — acenou de forma positiva com a cabeça e respirou fundo mais uma vez enquanto desviava o olhar, focou sua atenção nos saltos que calçava. — Mas não foi planejado.

— Nunca é. — Hernando nunca gostava quando Mia desmarcava compromissos, ou os adiava, era um homem que tinha um compromisso gigante com a própria empresa e acreditava que atitudes como aquela podia espantar clientes.

— Ela teve uma crise ontem quando saímos do aniversário e foi absurdamente assustador. — Mia explicou em tom baixo enquanto terminava de afivelar um dos saltos em seu calcanhar, quando terminou ajeitou-se um pouco e cruzou as pernas devagar para enfim focar o olhar em Hernando. — Eu sabia, sentia que tinha sido um erro chamar ela para aquele aniversário, se tivessem me consultado antes eu não teria permitido. — cruzou os dedos sobre as próprias coxas enquanto franzia o cenho de forma descontente ao recordar-se da noite anterior.

— Foi um gatilho? — Hernando recuou com suas reclamações assim que notou que entraram em um assunto delicado.

Mia acenou de forma positiva com a cabeça.

— Acho que não a festa em si, mas no final, ela ficou responsável pelo Steve, deu a mamadeira, colocou pra dormir. — Mia recostou-se mais contra o encosto do sofá e respirou fundo enquanto pendia a cabeça para trás enquanto lembrava daquela cena de Helena praticamente hipnotizada pelo pequeno. — Foi naquele momento, foi lindo a forma como ela olhava e cuidava dele, todo mundo ficou fascinado, mas eu sabia o motivo de ela estar olhando daquela forma e não fiz nada. — se culpou.

— A culpa não foi sua, Mia. — aquele tom cheio de carinho fez a morena sorrir fraco enquanto voltava a encarar o amigo.

— Eu sei, mas ela adorou a festa, adorou minha família...

— Sua família adorou ela... — Hernando falou como se estivesse insinuando algo, até mesmo arqueou uma das sobrancelhas enquanto encarava a amiga.

— A Mamma já deve ta planejando o casamento. — Mia brincou entre algumas risadas, Hernando a acompanhou.

— Ela está melhor? — Hernando questionou enquanto verificava a hora no relógio em seu pulso, ainda tinham tempo antes de ir encontrar um casal de clientes com os quais eles almoçariam.

— Ah está... Eu deixei ela com um sorriso de orelha a orelha. — Mia deu um sorriso largo ao falar aquilo e Hernando não precisou de mais nada para entender o que Mia queria dizer.

— Você adiou seus compromissos para trans*r?

O tom afobado de Hernando arrancou uma gargalhada farta de Mia, adorava provocar o amigo daquela forma.

— É claro que não, o sex* foi só uma consequência. — ainda ria enquanto falava aquilo, assim que parou, um sorriso ficou marcado no canto de seus lábios. — Adiei por que precisava cuidar dela, de madrugada descobri como a dançarina nasceu e foi à coisa mais assustadora e angustiante que eu já vi. — franziu o cenho, o resquício de sorriso morrendo em sua expressão. — O que o ex marido dela fez com ela foi tão sério que as cicatrizes estão cravadas bem fundo na alma dela, na consciência, no corpo, em tudo o que você puder imaginar. — respirou fundo, as lembranças daquela madrugada fizeram seu coração pular dentro do peito, isso a fez franzir o cenho. — Imagina, ser constantemente assombrada por seu ex, viver com um terror constante tão grande que faz você enxergar ele em locais que você sabe que ele não está e reviver constantemente todas as agressões e ameaças pelas quais você passou.

Então, silêncio. Hernando não soube o que falar diante aquelas palavras de Mia, nem sabia se deveria, mas imaginou cada palavra que a amiga disse e isso lhe trouxe um desconforto no estômago que o fez querer esquecer, ainda mais quando recordou-se da época em que era apenas um garoto se descobrindo e como sofrera com isso, balançou a cabeça de forma negativa enquanto se erguia, o cenho franzido demonstrava seu desconforto.

— Venha aqui. — falou enquanto já abria os braços e ia se aproximando de Mia. A designer não esperou um novo convite, se erguera e mais do que imediatamente já fora envolvendo o corpo do amigo com um abraço apertado e sentiu-se completamente protegida assim que sentiu os braços grandes de Hernando lhe envolvendo. O homem beijou-lhe o topo da cabeça com carinho e de forma demorada antes de falar baixo. — Que bom que você cuidou dela.

— Assim eu vou chorar, Nando! — Mia protestou, mas nem sequer se move para sair daquele abraço. — Não me faz chorar! Essa maquiagem deu trabalho.

Hernando riu e deu um novo beijo no topo da cabeça de Mia, ainda sorria, estava admirado com aquela mulher, sempre fora na verdade, ela sempre tivera uma capacidade gigante de ajudar as pessoas e sempre o fizera com um sorriso no rosto, ela sempre se doava ao máximo para ajudar qualquer amigo e ele mesmo já havia provado dezenas de vezes daquela compaixão de Mia, sentir-se cuidado por ela era incrível.

®

— E como você está se sentindo? — a voz suave soou de forma quase melodiosa pela sala na qual Helena se sentia cada vez mais familiarizada.

A mexicana estava sentada no meio de um sofá largo e extremamente confortável, era feito de couro marrom e apesar de normalmente não gostar de sentar em sofás de couro, aquele não a incomodava. As pernas estavam cruzadas em posição de meditação, o mais confortável possível como sempre era incentivada a ficar. A sala era grande e particularmente linda, haviam diversas prateleiras de livros cobrindo praticamente todas as paredes, algumas mesas estrategicamente posicionadas e enfeitadas com fileiras de papeis, mais livros e alguns artefatos que Helena descobrira ser lembranças de viagens, o ambiente lhe trazia um conforto enorme pela riqueza de detalhes, como se fosse minimamente pensado para isso. Apoiado nas coxas de Helena estava seu inseparável caderno de desenhos onde lentamente um desenho novo ia ganhando forma e a frente da mexicana, sentada em uma poltrona bem ao lado de uma mesinha, estava uma bela senhora de cabelos grisalhos presos em um coque, de expressões calmas e roupas de cores neutras, ela também tinha um caderno apoiado em sua coxa, mas estava em branco, diferente do de Helena.

— Sinceramente? Muito vazia. — respondeu sem desviar os olhos de sua psicóloga. Estava a desenhando na tentativa de se distrair ao menos um pouco já que se sentia desconfortável se ficasse focada apenas na mulher a sua frente. Só faziam algumas horas que havia ficado com Mia naquela manhã incrível onde se sentira tão bem cuidada.

Silêncio.

Helena respirou fundo e ergueu o olhar por que sabia que Samantha fazia isso de propósito, ficava em silêncio até que ela continuasse falando como deveria, encarou a mulher a sua frente, ela a encarava de volta com aquele mesmo olhar compreensivo de volta. Samantha sorriu quando notou um aparente olhar de indignação vindo de Helena.

— Como está ficando o desenho? — ela mudou de assunto de forma repentina e Helena voltou a desviar o olhar somente para encarar os traços em grafite ganhando forma.

— Ganhando forma. — Helena respondeu, mas seus movimentos pararam por alguns segundos e ela apenas observou os traços inacabados que havia feito.

— É assim que você vê? — Samantha questionou naquele tom enigmático. — O seu relacionamento com a Amélia.

— Nós não temos um relacionamento. — apressou-se em negar as palavras da mulher e a encarou novamente, mas deu de ombros. — Assim como?

— Como um desenho ganhando forma. — Samantha apontou brevemente para o caderno de Helena.

A mexicana franziu um pouco o cenho com aquele termo e acabou relaxando, apoiando as costas melhor contra o sofá enquanto desviava o olhar e o focava em um ponto qualquer para pensar bem naquelas palavras, a boca abriu-se algumas vezes pronta para proferir palavras que não saíam, quando fechava novamente, Helena se mantinha em silêncio, pensativa e isso durou alguns minutos até ela enfim, falar:

— Não era o que eu tinha planejado e nem o que eu queria. — ela falou em tom baixo, os olhos vazios como se ela não estivesse mais ali. — Mas sim, é como um desenho ganhando forma, mas eu ainda não sei dizer que desenho é. Estar com a Mia me trás uma segurança que eu não sei explicar ainda e ao mesmo tempo me deixa extremamente insegura...

— Por quê?

— Por que o Trevor também era perfeito no começo. — respondeu de forma direta. — E apesar de eu ter absoluta certeza que ela jamais, jamais mesmo, nunca me machucaria de alguma forma, tem algo dentro de mim que me impede completamente de simplesmente relaxar quando estou sozinha e penso nela.

Silêncio mais uma vez.

Samantha apoiava seu queixo sobre a mão esquerda a qual o cotovelo estava apoiado no braço da poltrona, avaliava cada movimento de Helena, cada expressão que ela fazia e cada palavra dita por ela e via ali em sua frente uma verdadeira bagunça dentro daquela mulher. Helena era uma paciente fascinante como ela mesma já havia dito, mas não era uma paciente fácil com sua carga intensa de problemas, ela era na verdade uma série de bombas relógios que estavam começando a explodir, era só uma questão de tempo e de fatores que incentivavam isso, um exemplo disso eram os pesadelos cada vez mais constantes e o episódio que tivera no carro após a festa e o qual Samantha já tinha conhecimento. Dava o silêncio que Helena precisava, ela iria continuar a falar, só precisava de tempo.

— Hoje de manhã eu me senti a mulher mais sortuda e apaixonada do mundo, era como um sonho que eu poderia viver todos os dias da minha vida e eu iria simplesmente amar, uma mulher como a Amélia é o sonho de qualquer pessoa. Foi incrível. — a voz começava a ficar embargada aos poucos e a cada segundo piorava. — Mas eu me sinto tão indigna disso, toda vez que ela sorri pra mim e me olha daquele jeito eu me sinto incrível, mas quando ela vai embora e eu estou sozinha é como se tudo desmoronasse em cima de mim e eu fico com a certeza de que eu não mereço absolutamente nada disso. — respirou fundo e levou ambas as mãos ao rosto, usou as palmas das mãos para secar algumas lágrimas que haviam escorrido. — Quando ela foi embora hoje e tudo desmoronou eu nem mesmo consegui voltar pro quarto por que eu tive medo de entrar e ver o Trevor, eu tomei banho no banheiro do corredor e usei uma das roupas que estava na secadora. Chorei no banho por que mais uma vez me senti indigna de todo o cuidado da Mia, lembrei da forma que eu a tratei no começo e tudo foi virando uma grande bola que fica presa na minha garganta e me sufoca.

Samantha se ajeitou um pouco na poltrona, não conseguia deixar de sentir compaixão por toda a história de Helena, toda vez que a artista saia de sua sala após uma sessão, ela realmente desejava conseguir ajudar aquela mulher, ela precisava livrar-se de toda a carga de cicatrizes que tinha para ser feliz e para isso, ela tinha que enfrentar cada dor que já havia passado e infelizmente, Samantha não sabia se Helena era capaz disso.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 20 - Capitulo 20:
Donaria
Donaria

Em: 02/03/2021

Olá autora!!!amando cada vez mais sua historia. Não sei se me apaixono por ela Helena ou Mia....você tá construindo uma linda historia...morro de vontade de dar colo pra Helena, mas de repente já quero o colo da Mia...ai ...ai...ai....acho que não é so a Mia que ta perdida..rsrsrsr. beijos

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tats_blu
tats_blu

Em: 18/01/2021

Olá!!

Leio esse romance desde 2018, confesso que pela demora abandonei ele... mas tua escrita é tão boa e o romance tão gostoso que voltei rsrsrsrs

Fico feliz por você ter conseguido um emprego, ainda mais nesses ultimos meses dificeis. Foca em você que o resto vem com naturalidade.

Espero te ver em breve (se assim seu trabalho permitir HAHAHA)

 

Que 2021 te dê muita inspiração!

 

bjs 

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sonhadora
sonhadora

Em: 17/01/2021

Olá! Seria muito estranho pegar este monstro do ex marido da Helena e pôr num sela onde os outros presos o tratassem como ele tratou a Helena? Sinto um aperto no peito toda vez que ela fala das suas cicatrizes....a Mia mostrou com toda certeza que é preparada pra viver este amor!!! Já em modo esperando o próximo....??’— 

Um ano de 2021 de saúde, amor e alegrias pra você!!!

Beijos!!!

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Jebsk
Jebsk

Em: 16/01/2021

Dá uma vontade de abraçar bem apertado Helena. Amélia, me conquistou com suas atitudes perante Helena e por isso ganha minha benção, nesse romance.

Qto ao ex marido, ele foi preso? assassinado? esta em coma para fazermos uns experimentos com ele.... morto não dá para fazer nada. Ele tem/tinha que sofrer muito mais muito antes morrer. 

 


Resposta do autor:

EUHEUEEHUEHEEUHE ele está preso, então nada de experimentos com ele. 

Citei no começo que ele pegou bons anos de prisão, então... A Helena tá segura por enquanto.

 

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