Boa leitura!
Capitulo 13
Estava vestida com meu uniforme hospitalar quando adentrei um bar localizado em uma esquina qualquer. Estava de carro naquele dia e por um longo tempo rodei a cidade em busca de alguma coisa que me distraísse a mente. Não queria ter que voltar pra casa agora. Já estava no início da tarde e não demoraria muito para que Pedro chegasse do trabalho e as meninas do colégio integral a qual estudavam.
Perdi a conta de quantas garrafas de cerveja eu bebi antes de entender que ela já não fazia mais efeito em meu corpo e por isso decidi mudar pra algo mais forte. Bastaram apenas quatro doses de uma vodca qualquer, pra que já me sentisse melhor. Por fim, sentada sozinha em uma mesa aos fundos daquele boteco sujo, comecei a rir de mim mesma e da minha falta de sorte constante.
- Ah Deus, que foi que eu fiz pra merecer tantas provações assim? - deitei os braços na mesa e escondi minha cabeça entre eles, sentindo tudo ao meu redor girar.
Caminhei até o balcão e paguei tudo que eu tinha consumido, talvez até um pouco mais, e saí dali já sabendo para onde iria. Entrei em meu carro perdida nas lembranças dos olhos de uma certa mulher que coincidentemente hoje estaria se casando com outra.
Foi inevitável sentir as lágrimas caindo dos meus olhos. Eu estava tão absorta nessas memórias, que dirigi praticamente em piloto automático, parando somente em frente o maldito local da cerimônia. Olhei em meu relógio e notei que a hora do casamento se aproximava. Mesmo estando alterada por conta do álcool, consegui me lembrar com exatidão o endereço daquele lugar, afinal, Rosana passou dias e dias falando sem parar sobre esse dia.
Quando cheguei lá, percebi que do lado de fora mesmo já era possível se notar que lá dentro uma grande festa acontecia. Dois seguranças se mantinham na entrada do lugar, enquanto o barulho de uma canção orquestrada ecoava de dentro. A melodia se parecia bastante com aquelas que a orquestra do filme Titanic tocava no navio, sorri triste com a coincidência romântica. Ainda não sabia o por que eu tinha ido até lá, só sei que segui meu coração e minhas vontades e novamente agarrada ao volante, eu chorei.
- Se pelo menos ela estivesse comigo agora - dei dois murros no volante e gritei tentando extravasar minha frustração. Foi quando decidi tentar entrar na maldita festa. Quando me aproximei da entrada, percebi os olhos dos dois seguranças sob mim, me analisando da cabeça aos pés, obviamente constatando pela roupa que eu vestia, que nem de longe eu era uma convidada.
- Eu... eu gostaria de entrar na festa - eles se mantinham em silêncio, me olhando com cara de poucos amigos. Me apoiei no muro ao meu lado, sentindo o álcool fazer efeito.
- Seu nome está na lista? - um deles por fim resolver perguntar.
- Não sei, eu... eu..
- Nome.
Suspirei fundo, passando as mãos no cabelo, nervosa.
- Eliza Ribeiro.
Eles pegaram os tablets, analisaram a tela por alguns segundos antes de dizerem que infelizmente eu não constava na lista de convidados, como eu já imaginava.
- Tudo bem, eu... eu não quero entrar. Na verdade eu gostaria apenas de falar com uma pessoa que está aí dentro.
Eles me encaravam em silêncio, como se fossem dois postes enfeitando a rua.
- Por favor, eu só quero falar com uma pessoa. Uma das noivas na verdade, a Verônica. Sabem quem é?
Eles ainda me olhavam em silêncio, ignorando tudo o que eu dizia.
- Mas que porr*! Será que aos menos podem me responder? - passei as mãos em meus cabelos completamente angustiada - Eu não quero entrar nessa porcaria de festa, só por favor chamam a Verônica pra falar comigo.
- Senhora - um dos seguranças se aproximou - Por favor, eu peço que se retire do local.
- Não. Eu não saio daqui sem falar com a Verônica.
- Essa é uma festa privada e infelizmente a senhora não consta na lista de convidados. Por isso, por favor, eu peço novamente que a senhora se retire daqui. Sem confusão e escândalos.
- Eu não quero arrumar confusão cassete, eu só quero falar, conversar com a Verônica. Será que não entendem?
Ambos se olharam antes de um deles se aproximar de mim, segurando em meu braço e me puxando pra longe da entrada, onde outros convidados iam se aproximando pra adentrar na festa. Olhos me encaravam a todo momento, reparando em cada passo meu.
- Tudo bem, me solta - puxei meu braços - Eu sei muito bem andar sozinha.
Peguei meu celular e liguei pra Vanessa, que provavelmente já estava lá dentro.
- Vanessa...
- Liz?
- Você já está no casamento?
- Já sim. Por quê?
- Eu... eu tô aqui também.
- Aqui onde Eliza?
- Aqui fora.
- Eu não acredito ! - ela gritou e em seguida sussurrrou. - Que merd* você está fazendo aqui? E por que não está no hospital, não é seu turno agora?
- Longa história Vanessa, longa história. Eu te liguei pra te pedir um favor, na verdade te implorar.
- Tenho até medo de ouvir o que você vai pedir.
- Eu quero entrar na festa. Me ajuda.
- O quê? Não, você só pode estar brincando, não é possível.
- Eu preciso falar com ela, Vanessa. Só isso que eu quero, conversar.
- Você tá maluca!
- Vanessa, me escuta..
- Me escuta você Eliza. Me diz pra que você veio atrás dela, sendo que ela mesma já deixou bem claro pra você que ama a noiva.
- Você não entende - passei as mãos no rosto, angustiada - Eu preciso falar com ela.
- Não conte comigo pra te ajudar nessa loucura. Não vou compactuar com isso, ela vai te humilhar ainda mais. Será que não enxerga isso?
- Não vai, eu sei que não vai.
- Vai embora Liz.
- Ok. Pelo jeito não vai me ajudar não é mesmo?
- Não!
- Pois bem, darei meu jeito de entrar sozinha nessa droga de festa.
- Liz, pelo amor de Deus não vá fazer nenhuma besteira. Pensa na sua família, mas meninas, no Pedro.
- Adeus, Vanessa.
Guardei o celular no bolso da minha calça e olhei ao redor tentando encontrar um outro modo de entrar, mas não encontrei nada. Não me restando nenhuma outra alternativa, dei a volta na rua e descidi pular o muro, mesmo sabendo que havia uma câmera no local, apontada diretamente pra onde eu estava.
Dei de ombros e subindo na lixeira da casa vizinha, alcancei o muro e subi nele. Somente quando já estava lá em cima é que me dei conta da altura em que eu me encontrava. Mais de três metros com certeza, o que me deu uma leve vertigem. Sem muitas opções, afinal, eu teria que descer dali de um jeito ou de outro, acabei pulando e caindo dentro do resort. Senti meu pé doer um pouco quando tentei caminhar, mas ignorando minha dor, saí discretamente andando por ali, procurando algum sinal dela.
Foi quando passei por um corredor dentro do salão que tinha alí , que senti um braço me puxando pra dentro de algum cômodo. Antes que eu pudesse gritar, uma mão tapou minha boca. Somente quando a pessoa se colocou em minha frente, que vi que se tratava dela, o motivo dessa loucura toda, Verônica.
Me permiti olhar cada pedaço dela e senti meu coração acelerar quando a vi usando um vestido rendado branco com um decote generoso e os cabelos presos com alguns fios soltos, caídos por seu rosto.
- O quê faz aqui ? - disse entredentes, parecendo nervosa, me encurralando na parede.
- Eu...
- Você quer foder com a minha vida? - apertou mais suas mãos em meu braço - Caralh* Eliza, é meu casamento porr*.
- Eu sei. Eu só queria falar com você.
- Falar o quê? Não temos nada mais pra conversar
- Não fala assim - senti meus olhos se encheram d'água.
Ela me soltou e se virou de costas, passando a mãos no rosto, andando de um lado pro outro.
- Me desculpa - envolvi sua cintura por trás e ela não me afastou - Eu só queria te ver antes de... - Me calei ou caso contrário eu choraria.
- É meu casamento Liz. A Camila está aqui, a família dela, a minha família.
- Eu sei, mas...
- Não tem mais ou meio mais. Você não percebe que esse é o pior momento de todos pra você aparecer?
- Eu só queria te ver - a virei pra mim e toquei seu rosto - Só queria te ver - repeti em um sussurro, enquanto passava meus dedos em seus lábios pintados de rosa.
- Vai embora, agora. - apontou sua mão em direção a porta.
- Não casa com ela, Verônica, por favor - ela me olhou em silêncio - Por favor - me ajoelhei em seus pés.
- Para com isso Eliza. Levanta daí - me puxou, mas eu me agarrei a suas pernas.
- Não se casa, por favor.
- Se levanta - em um impulso ela me levantou, me empurrando na parede. - Some da minha vida. Não quero mais te ver.
- Não me pede isso - chorei - Eu tô apaixonada por você - tentei tocar seu rosto, mas ela se afastou.
- Que burra que eu fui quando me envolvi com você, meu Deus - ela falou baixo, como se estivesse apenas pensando alto.
- Tá arrependida?
- Obvio que eu tô. Eu curti ficar com você, curti nosso lance, mas isso já passou dos limites. Você precisa entender e aceitar que acabou, caramba - se afastou de mim e passou as mãos no rosto, nervosa.
- Me dá mais uma chance. Verônica, eu posso te fazer feliz, eu sei que posso.
- Eu amo a Camila e vou me casar com ela agora. Entende isso.
- Você não ama, você pensa que ama. Se a amasse de verdade, não teria a traído.
- Não me interessa se você acredita ou não. Só quero que vá embora.
- Não. - cruzei meus braços, ainda chorando.
- Eu vou chamar a segurança - ela caminhou até a porta, mas eu a puxei pelo braço.
- Não faz isso Verônica, eu tô te implorando. Não casa.
Ela me deu as costas e saiu dali, me deixando completamente arrasada. Sentindo meu coração em pedaços, limpei minhas lágrimas e tomei uma decisão. Ela ia pagar caro por ter me dispensado. A dor que eu estava sentindo, ela e sua noivinha também compartilhariam comigo.
Fim do capítulo
Quanto mais comentários tiver, mais rápido postarei os capítulos. Espero que gostem!!
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Rita Dlazare
Em: 14/01/2021
Tem gente que complica demais a vida.
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