Capitulo 16
A Última Rosa -- Capítulo 16
A princípio a secretária ficou parada como uma estátua, sem ação, mas em segundos ela se afastou do toque de Jessica, querendo mantê-la à distância.
-- Eu posso explicar, mas não aqui -- ela disse, tentando ganhar tempo -- É uma longa história.
Para surpresa dela, Jessica sacudiu lentamente a cabeça e concordou. Ela a encarou por um momento e, então, falou olhando ao redor:
-- Você tem razão, aqui não é o melhor lugar para conversarmos -- Seus olhos eram agora mais frios e seus lábios pareciam mais rijos -- Não confio em você nem por um segundo. Sei que está querendo alguma coisa além de um emprego.
O perfume dela envolveu-a e Michelle fechou os olhos por um instante.
-- Se pensa assim, porque não pediu para a Marcela me demitir?
Jessica soltou um longo suspiro. Ela deu alguns passos em direção ao corredor e se virou para trás.
-- Não é preciso eu pedir que a demita, ela fará isso por conta própria -- Jessica suspirou de novo -- Ela sempre faz. Ninguém fica nesse trabalho por mais de um mês -- ela virou as costas e começou a caminhar em direção à escada -- Vou arrumar um jeito de conversarmos fora daqui -- falou sem se virar.
Observando Jessica se afastar, Michelle perguntou-se como pôde ter se metido em uma merd* tão grande?
Jessica andava de um lado para outro do quarto, com os pés descalços sobre o tapete, inquieta e desorientada. Ela havia pensado em Maya por todos esses anos, sonhava com ela e queria saber o que tinha acontecido com sua vida após aquele dia na escola. Mas foi forte e nunca deu importância a esses pensamentos. Não fazia diferença. Michelle não a amava.
-- Oh, meu Deus! -- Jessica se sentou sentindo-se incapaz de entender seus próprios sentimentos -- Sinto-me infeliz e inquieta -- ela encolheu os ombros. O que poderia fazer para se distrair? Ainda era tão cedo e Marcela estava trancada no escritório fazendo-se lá o que. Sua única opção era ler um pouco e esperar pela esposa.
Michelle ficou parada por um bom tempo, olhando para a porta de seu quarto abraçada ao seu bem mais precioso: Seu velho livro. "Meu Deus. Queria muito que ela viesse agora aqui falar comigo sobre qualquer coisa. Jessica poderia falar sobre o que ela bem entendesse: sobre o ódio que sentia por ela, sobre o amor que sentia pela esposa ou pela Natalia, sabe-se lá. A única coisa que precisava nesse momento era ouvir a sua voz, sentir o seu perfume. Apreciar o incrível olhar verde que a atingia como um mortífero raio laser.
Ela deu um profundo suspiro e balançou a cabeça de um lado para o outro. "Não posso continuar desse jeito. Preciso fazer de tudo para me livrar dessa ansiedade e arrancar do peito essa frustração que está me destruindo. Preciso contar a Jessica tudo o que aconteceu. Preciso contar a ela o que fiz e esperar pelo pior. Falar à Verdade".
-- Não vou mais fugir -- disse a si mesma -- Este lugar agora é meu. Hills é o meu lar. Não vou fugir novamente.
Meia hora depois, Jessica fechou o livro. No estado de espírito em que se encontrava, histórias de amor não eram a leitura mais indicada. Infelizmente sabia que ainda desejava Maya. O que podia fazer? Não conseguia dominar seus sentimentos, estava fascinada. Foi só ela aparecer, e já se descontrolou. Tinha que se cuidar; não podia se entregar a uma mulher que a desprezou. Precisava se convencer de que a odiava.
Colocou o livro no criado-mudo e se recostou no travesseiro. Precisava conversar com alguém, se abrir, receber conselhos. Foi então que se lembrou da única pessoa em que podia confiar cegamente: Tia Inês.
Michelle sentou-se na cama, ao ouvir alguém abrindo e fechando a porta; a pessoa tinha entrado.
-- Valquíria? -- perguntou assustada.
-- Não querida, sou eu, Pepe do mal.
-- Do mal?
-- Cansei de ser legal -- ele caminhou para perto da cama -- Que livro é esse?
Michelle apertou o livro contra o peito.
-- É a história da minha vida.
-- Hum, não entendi, mas pela aparência do livro sua vida deve ter sido um horror.
Michelle guardou o livro dentro da gaveta da cômoda.
-- Vim te convidar para dar uma volta na praia.
-- Dar uma volta? -- perguntou, apreensiva -- O que você aprontou? Não me meta em confusão.
-- Credo mulher. Só quero desabafar a minha raiva com alguém -- ele disse, passando as mãos nos cabelos -- Meu bofe me largou. Estávamos em um relacionamento firme e do nada ele me abandonou. É tanta falsidade, que até penso que estou no Paraguai.
-- Estavam juntos há quanto tempo?
-- Uma semana.
-- E já era um relacionamento firme? -- Michelle revirou os olhos.
-- Ele estava comigo por puro interesse. Eu disse que a mansão era minha, hoje ele descobriu a verdade. O boca de abismo me desmentiu.
-- Quem é o boca de abismo?
-- O marido da boca de poço.
-- O Nicolas e a Vitória?
-- Foi você quem falou.
Michelle bufou, depois, foi até o armário pegar um frasco de protetor solar.
-- Sabe Pepe, o bom de ser pobre, é que ninguém fica com você por interesse.
-- O ruim é que ninguém fica com você -- ele caminhou até a porta -- Vamos logo, não vejo a hora de mostrar o meu biquíni novo.
"Deve ser a visão do inferno". Pensou Michelle, sem nada comentar.
Quando desciam a escada, saindo da casa, ouviram a voz de Vitória chamando por Pepe. Eles se viraram quando reconheceram a voz da governanta.
-- Ei, onde pensa que vai, moço?
-- Para a praia -- declarou sucinto.
Vitória lançou um olhar atravessado.
-- Dona Marcela pediu um chá.
-- Diga à ela que eu "chá" vou -- retrucou Pepe, com um sorriso debochado.
Vendo a expressão debochada do rapaz, Vitória se enfureceu.
-- Vou contar tudo para a dona Jessica.
Ao ouvir a ameaça, ele parou na hora.
-- Que bosta! Essa mulher só pensa em chá. Eu juro que vou pegar umas folhinhas de boldo, socar no copo, derramar água fervente, abafar por cinco minutos e dar para ela beber. Dona Marcela vai se levantar da cadeira de rodas e sair correndo.
-- Não fala assim dela, Pepe.
-- Falo sim! As pessoas boas Deus leva, as más a gente envia!
Michelle riu, olhando para Vitória sobre o ombro dele.
-- Vai antes que ela cumpra a ameaça.
Ele foi, e quando passou pela governanta ainda resmungou:
-- A Michelle tem razão, você é uma boca de poço.
Michelle olhou para Pepe, depois para Vitória e abriu os braços sem saber o que dizer.
-- Você disse isso Michelle?
-- Diz que não, se tem coragem -- Pepe engatou seu braço no braço da governanta e a puxou -- Vamos amiga, me ajude a preparar um chá bem gostoso para a dona Marcela.
Um carro parou em frente à casa e uma senhora de meia-idade desceu. Ela olhou fixamente para Michelle, depois, caminhou lentamente em sua direção.
-- Boa tarde, meu anjo -- ela disse, gentilmente.
-- Boa Tarde! -- Michelle respondeu com um sorriso.
A senhora olhou fixamente para ela, com os lábios entreabertos. Michelle ficou surpresa, ao reparar na expressão pálida e espantada dela.
-- A senhora está bem? Será que posso ajudá-la? -- perguntou, preocupada.
-- Estou bem. Não se preocupe -- Inês desviou os olhos por alguns segundos e então voltou a encarar Michelle -- Porque sinto que já nos conhecemos?
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Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
HelOliveira
Em: 12/01/2021
Pepe não existe oh ser folgado e aínda coloca os outros no fogo....
Espero que tia Inês acalme o coração da Jéssica...já ansiosa pela conversa dela com a Michelle
Bjos
Mille
Em: 11/01/2021
Oi Vandinha
Esse Pepe é mala demais, um folgado só quer servia a Jessica aí aí no dia que a Marcela ouviu ele, vai ficar na linha mal ouviu a voz dela já estará lá.
Jéssica recorrendo a tia, creio que ela vai ajudar a sobrinha a ouvir a Maya com o coração aberto.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille.
Tia Ines é uma pessoa muito boa, com certeza quer o melhor para a sua sobrinha amada.
Beijos.
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NovaAqui
Em: 11/01/2021
Esse encontro das duas sozinhas .... Isso vai render.... Espero que renda uma boa transa kkkk Jéssica está precisada kkkkk
Tia Inês é a solução de todos os problemas.
Esse Pepe é realmente do mal.... E é uma mala. Ele vai apanhar ainda
Abraços fraternos procês aí
Resposta do autor:
Olá NovaAqui!
A tia Ines com certeza vai querer dar um empurrãozinho, ela sabe o que é melhor para a sobrinha.
Beijos. Até.
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