Capitulo 92
Recomeço – Capitulo 92
Era domingo de manhã. O dia amanhecia tranquilo. Os pássaros que lutavam para sobreviver naquele grande centro urbano, cantava alegres, mesmo não tendo assim tantos motivos para exaltar felicidade.
Sófia se moveu lentamente na cama e sentiu um peso na sua cintura que a impedia de se levantar. Era Raquel que estava atrás de seu corpo, abraçando-a.
— Amor! – chamou baixinho, mas desejava que a outra mulher despertasse, pois aquele dia seria muito longo.
— Hum – Raquel resmungou, demonstrando que não desejava acordar.
Sófia virou o seu corpo na cama e deparou-se com o rostinho sereno e o cabelo todo bagunçado da engenheira.
— Não vai mesmo acordar? – perguntou ao acariciar a face da amada.
— Não, aqui tá muito bom. – Fez um bico que Sófia achou a coisa mais linda daquele mundo.
— Hum... você se esqueceu de nosso almoço na casa de seus pais hoje?
Ao ser lembrada do compromisso daquele dia, Raquel abriu os seus olhos imediatamente. Havia demorado para dormir na noite anterior, pois ficou pensando em tudo que poderia acontecer naquele almoço.
Iria reencontrar o seu pai após ter passado alguns meses sem ter contato. Sentia falta de seu pai. Rogério era um homem muito bom. Foi uma pena ter deixado a chateação do momento abalar a relação de pai e filha.
— Mudou de ideia com relação ao almoço? – Sófia questionou quando percebeu o olhar da engenheira diferente.
— Não, amor, eu não mudei de ideia. Só estava pensando em algumas coisas – disse calma, ao olhar nos olhos da amada. – Não está muito cedo?
— Não está. – Sófia aconchegou o seu corpo junto ao de Raquel e juntou as suas testas. — Precisamos arrumar os peludos, logo Laura vem busca-los com Norma.
— Ah... Então nós temos tempo – Raquel comentou sapeca ao segurar na cintura da loira.
Sófia riu alto.
— Deixe de coisa. Vamos levantar. Não podemos atrasar. – Deu um beijo rápido nos lábios de Raquel e saiu da cama.
— Então é assim? – Passou a observar Sófia que desfilava pelo quarto com sua pequena camisola azul-marinho.
— Sim, pois não quero dar motivos para as meninas rirem de nós. – Voltou à cama e se deitou sobre o corpo de Raquel.
— Eu não me canso de admirar sua beleza – Raquel comentou ao tocar com uma de suas mãos a face de Sófia. – O que fiz para merecer uma mulher maravilhosa como você?
— Hum... digamos que é uma mulher espetacular. – O sorriso de Sófia passou a ser largo. – Vamos?
— Sim, mas antes, eu quero fazer algo. – Segurou a nuca da loira e a puxou para um beijo calmo. Não tiveram pressa para demonstrar o quanto amava sentir o corpo da outra... os toques... os beijos.
Quando se arrumaram para o compromisso e tomaram o café-da-manhã, o casal começou a arrumar uma mochila com as coisas dos dois peludos.
— Nino tem que ser mais cuidadoso – Raquel comentou quando pegou o pato de borracha com a cabeça toda mordida.
— Cachorros são assim. – Sófia se sentou em um dos braços do sofá e passou a encarar sua amada. Ficou um pouco pensativa, pois havia a possibilidade de encontrar Paola naquele almoço.
Não se sentia mais insegura, mas era impossível não pensar naquela mulher e não lembrar do último encontro das duas, nada amigável.
Observou a sua amada atentamente. Raquel estava usando um vestido verde de alças e uma bota marrom de meio cano.
— Se ficar me olhando assim, eu irei ficar encabulada. – As duas mulheres gargalharam com o comentário da engenheira.
— Você está linda, por isso estou olhando desta forma. – Cruzou os braços.
— Hum. – Raquel foi até onde Sófia estava e segurou nas mãos da amada. – Não precisa mentir para mim. Eu sei quando está passando algo.
Sófia sorriu um pouco fraco.
— Estava pensando em Paola – disse e Raquel lhe olhou surpresa. – Eu sei que não há motivos para eu me sentir insegura, mas não nos damos muito bem em nosso último encontro.
— Ela está com Ricardo. Não vai se meter em nossa relação, porém entendo que Paola e você não se entenderam ainda.
— Mas tá tudo bem. – Sófia tocou a face de Raquel e a olhou nos olhos. – O importante é que está tudo bem agora. Quem sabe, eu não acabo me entendendo com Paola também.
— E se isso não ocorrer, não tem problema. Você não é obrigada a ficar de boa com todas as pessoas — Raquel avisou e algo chamou a atenção das duas mulheres.
Nino surgiu na sala com a sua gravata na boca, pois se suas donas estavam arrumadas, isso queria dizer que havia algum evento para eles irem.
— O que você está fazendo, senhor Nino? – Raquel perguntou.
Para responder à pergunta de sua dona, Nino jogou sua gravata no chão e latiu alto.
— Será que ele acha que vai com a gente? Sófia perguntou quando as duas se aproximaram do peludo.
— Vocês vão para a casa da tia Laura hoje. Não é preciso usar a gravata – Raquel disse e Nino não gostou muito da novidade, pois ele queria sair arrumado.
Contrariando o que sua dona havia dito, Nino pegou a gravata e colocou no colo de Sófia que estava abaixada ao lado de Raquel. Ele sabia que as coisas com a loira eram diferentes.
— Então é assim? – Raquel cruzou os braços fingindo chateação e Nino nem ligou.
— Ele quer ir arrumado, amor. – Sófia colocou a gravata em Nino que ficou todo contente.
Nesse momento, Nina surgiu com o seu laço na boca. Pelo visto, os peludos queriam sair arrumado.
— Vem aqui, Nina, deixa eu te arrumar – Raquel começou a arrumar os pelos de Nina.
Quando os dois ficaram prontos, Raquel e Sófia tiraram fotos para ficar no álbum que já havia várias fotos dos dois.
De repente, o som da campainha começou a tomar conta do ambiente. Ao atender a porta, Sófia se deparou com Laura e Norma.
Após os cumprimentos, os dois casais se sentaram no sofá.
— Então vão para um almoço em família hoje – Laura comentou divertida, fazendo com que as outras mulheres sorrissem.
— Ah... Vamos. Acho que é a primeira vez que vamos a um almoço na casa dos meus pais juntas, né, amor? – Raquel olhou para Sófia.
— Verdade, pois aquele não conta – a loira respondeu e encarou as duas mulheres a sua frente. – Espero que os peludos não deem trabalho a vocês.
— Ah... Não vão dar. Somos as tias. Eles vão amar. Vão rolar na grama. Fazer tudo que é proibido por vocês – Norma quis brincar.
— Do jeito que Nino é folgado, ele vai mandar em vocês – Raquel comentou e ouviu um latido.
As quatro mulheres riram do jeito do peludo.
— Ele parece entender tudo que vocês falam – Laura disse ao encarar Nino que estava olhando para elas atentamente.
— Sim, e isso me assusta. – Raquel ficou pensativa, pois Nino era muito esperto.
_*_
Às 10:30, Raquel estacionou o seu carro em frente à casa de seus pais. Antes de descer do carro, a engenheira ficou um tempo encarando a entrada.
Era estranho retornar aquele lugar depois de tudo que ocorreu. Não carregava nenhuma mágoa, mas as lembranças dos últimos meses não eram nada boas.
— Você está se sentindo bem por estar aqui? – Sófia indagou ao notar a forma como a amada estava agindo.
— Estou, amor. – Forçou um sorriso. – Só estava pensando que faz um bom tempo que não venho aqui.
— Eu te entendo. – Sófia segurou uma das mãos de Raquel e a olhou nos olhos. – Vamos?
— Sim, mas antes vou pegar os convites para o nosso casamento.
— Claro, já estava me esquecendo. – As duas saíram do carro e seguiram em direção a entrada da casa.
No momento em que tocaram a campainha, as duas ficaram um pouco ansiosa por conta do momento. Era a primeira que iriam aquela casa como um casal.
Após alguns minutos, Rogério abriu a porta e o olhar emocionado do senhor não passou despercebido pelas duas mulheres.
— Minha filha! – Sem Raquel esperar, sentiu os braços de Rogério lhe abraçando demonstrando toda a saudade que sentia. – Sua mãe disse que viria... Eu... fiquei surpreso e muito feliz com a novidade. Precisamos conversar – falou ao se afastar.
Raquel forçou um sorriso, pois não soube o que dizer ao pai.
— Oi, pai – disse. – Sim, precisamos conversar, mas podemos deixar para conversar depois.
— Claro. – Rogério olhou para Sófia. – E como você está, minha querida? – perguntou e abraçou a loira.
— Eu estou bem, e o senhor? – Sófia estava toda sorridente. Era muito bom rever aquele senhor.
— Muito bem estando aqui com vocês. Venha, todos já chegaram. Só estavam faltando vocês. – Rogério começou a caminhar na frente.
Sófia e Raquel acompanharam-no de mãos dadas. Queriam mostrar a outra que estava tudo bem.
Enquanto caminhavam, Sófia começou a reparar no ambiente. Estivera várias vezes naquele local, contudo, sentia-se um pouco sem jeito, pois lembrou-se do dia em que Rita a estapeou.
— Algum problema, amor? — Raquel perguntou quando sua amada ficou um pouco pensativa.
— Nenhum, amor. Só estava me lembrando de algumas coisas. — Forçou um sorriso ao passarem por uma porta que dava acesso ao quintal da casa.
— Acompanhe-me, meninas — Rogério voltou a chamar e iniciaram uma conversa sobre assuntos aleatórios.
Quando chegaram, Raquel e Sófia se sentiram um pouco estranhas, pois elas se deparam com o que seria o novo comum para elas.
Rita, Ricardo e Paola estavam sentados a uma mesa que ficava debaixo de uma árvore no jardim. Pareciam bem animados conversando sobre assuntos que ainda eram desconhecidos para quem estava observando de longe.
Vendo como sua mãe estava feliz estando perto de Paola, Raquel começou a se perguntar o que havia acontecido naqueles últimos meses para as duas mulheres estarem tendo uma relação assim amigável.
De repente, as pessoas da mesa notaram a aproximação dos três e encerraram o assunto que estavam falando.
— Olha quem chegou — Rogério estava muito animado por ver a filha em sua casa.
Após a última conversa dos dois, eles não haviam voltado a se encontrar e isso doía bastante nele. Sabia que tinha cometido erros e que teria que viver tendo que lidar com as consequências deles, contudo, viver distante de sua filha era algo que ele não desejava.
— Ah... minha filha e Sófia. — Rita se levantou de onde estava sentada e foi até o casal. — Estava aguardando vocês. Fiquei até com receio de vocês não comparecerem — disse um pouco sem graça.
— Não havia prometido aquele dia estar presente, entretanto, acho que não faltaria sem ter algum motivo — Raquel disse e prolongou o seu olhar no casal que se aproximava.
— É bom ver vocês conosco — Ricardo comentou enquanto mantinha a sua mão segura a de Paola.
Os últimos dias havia sido muito bom para o mais novo casal. Resolveram assuntos pendentes do passado e começaram a viver sem retornar aos assuntos que poderiam atrapalhar a nova relação dos dois.
Após os cumprimentos, os três casais se sentaram à mesa e começaram a falar sobre as suas vidas.
No começo, foi um pouco difícil se acostumarem a nova realidade, mas com o tempo, perceberam que algo que parecia que seria complicado, por conta de todos os desentendimentos, estava sendo algo bom para todas as partes.
As peças que antes não pareciam estar encaixadas, começaram a criar forma, e finalmente começaram a superar as suas diferenças.
Fim do capítulo
Olá,
O que acharam deste capítulo?
Espero que tenham gostado.
Feliz Ano novo para vocês e suas famílias.
Beijinhos^^
Van
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Anny Grazielly
Em: 23/01/2021
Aiaiaiaia... como eh bom voltar minhas leituras.... rsrsrsrsrs... estava com saudades... e voltando com esse casal lindo que tanto amo... bem que os peludos poderiam ta nesse almoço com os avós e titios... kkkkk
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