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Meus pedaços por Bastiat

Ver comentários: 4

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Palavras: 5255
Acessos: 2509   |  Postado em: 28/12/2020

Babilônia I

 

Isabel

 

    Demorei para conseguir apertar a campainha. Não conseguia ver pelas grossas lágrimas que ocupam meus olhos e falta-me força.

 

    Esperei ser atendida apoiando-me na parede. Eu estou prestes a desabar, assim como o meu mundo.

 

    O barulho da fechadura sendo destrancada atingiu a minha garganta. Eu preciso despejar, me abrir como a porta. Não sei o porquê de estar procurando o Rodrigo, mas depois da conversa que tivemos há dois dias, só pensei nele.

 

    - Isabel?

 

    Ainda encostada na parede, puxei o ar para tentar dizer alguma coisa. Não consegui. Vendo o meu desespero, Rô colocou a mão no meu pulso e me levou para dentro de sua casa.

 

    Assim que a porta foi fechada, nos encaramos. Tentei dizer:

 

    - Rodrigo...

 

    Fui abraçada. Senti-me acolhida em braços. Acho que fiz certo em procurá-lo.

 

    - Isabel, acalma-se - pediu fazendo carinho nas minhas costas.

 

    Rodrigo apertou-me ainda mais quando o choro ficou mais intenso. Agarrava-me a ele na vã tentativa de confortar o meu coração.

 

    - Ei, calma, Isa. Respira. Vai fica tudo bem.

 

    O abraço durou até que o meu choro diminuísse. Rô tem essa energia forte que emana o que se precisa no momento. Eu preciso de calma, deu-me.

 

    - Edu... está... gravando? Trabalhando? - sussurrei.

 

    - Sim, ele está no set de gravação.

 

    - Entonces estás... sozinho?

 

    - Uhum.

 

    Nos separamos e ele me levou até o seu quarto. Tirei o meu celular do bolso, sentei-me na cama, coloquei o aparelho na mesinha ao lado.

 

    - Eu vou buscar um copo d'água para você, tudo bem? Você precisa se acalmar.

 

    - Sí.

 

    O marido do meu colega de trabalho saiu do quarto deixando um sorrindo de conforto.

 

    Saí da companhia de teatro sem falar com ninguém. Quando entrei dentro do carro enviei uma mensagem para a Nina pedindo para que cuidasse da Giovanna até a hora da minha chegada.

 

    Eu tentei engolir as minhas palavras, pensei em ir para casa, ficar sozinha, procurar o Maurício ou até embarcar no primeiro voo para a Espanha. Mas algo me trouxe até aqui.

 

    "Olá, Isabel..." a voz grossa daquele imbecil faz o meu estômago revirar.

 

    Fechei os meus olhos que queimavam, não quero chorar. De tudo que passei nos últimos anos, hoje, com certeza, é o pior dia. Imagens, palavras, gestos, atitudes, misturam-se na minha cabeça.

 

    - Isabel... ei, olha para mim.

 

    Quando abri meu olhos, Rodrigo me estendeu um copo d'água cheio.

 

    - Beba, você está muito nervosa.

 

    Aceitei e bebi aos poucos. A cada gole um trecho do vídeo passava pela minha cabeça.

 

    Rô me olhava com expectativa e curiosidade. Eu sentia minha ansiedade aumentar, mas não deixei que isso me fizesse recuar.

 

    Entreguei o copo e ele caminhou até uma mesinha próxima a porta.

 

    - Trouxe uma jarra, qualquer coisa é só me pedir ou pegar.

 

    - Gracias, Rô.

 

    Com serenidade, Rodrigo voltou para a cama, sentou-se perto de mim e fez a pergunta que queria fazer desde a hora que eu cheguei:

 

    - O que aconteceu?

 

    Enchi os pulmões de ar, pronta para dizer, mas sem saber por onde começar.

 

    - Helena - soltei todo o ar, derrotada.

 

    - Sim, Helena. É óbvio. Eu imaginei que fosse esse o assunto. Eu estou sabendo da confusão que houve no jantar...

 

    - Tem uma explicação - disse o interrompendo.

 

    - O que disse? - Perguntou confuso.

 

    - Aquele dia eu te disse que não tinha uma explicação, desviei o assunto porque toda vez que eu tentava falar, minha garganta fechava. Você... você disse que nunca ouviu a minha versão.

 

    - Eu deveria ter te escutado sem julgamento, como você pediu. Minha intenção era só juntar vocês duas. Mas hoje eu percebo que foi um erro.

 

    - Está todo bien, Rô.

 

    Com sua delicadeza, aguardou que eu voltasse a me manifestar. Tudo ao meu tempo.

 

    - Lembra cuándo você disse que meu casamento era feliz? Mas que algo gritava em mim?

 

    - Algo ainda grita, Isabel.

 

    - Grita. Sim, grita. Quando nos conhecemos, Rodrigo, no primeiro dia de gravação, eu realmente achava que era feliz, que a minha vida estava completa. Helena e eu tínhamos discussões como qualquer casal, mas na minha cabeça não era nada grave. Eu ignorava qualquer comportamento que faria outras pessoas desconfiarem.

 

    - Agora vem o "mas". Mas, alguma coisa mudou. Eu sei que mudou. Quantas vezes eu fiquei escutando a Helena dizer que você não era mais a mesma. O que aconteceu, Isa? Você descobriu alguma coisa?

 

    Balancei a cabeça positivamente.

 

    - Helena e eu nunca passamos tanto tempo juntas como nas gravações. É estranho, foi como se eu descobrisse outra Helena Carvalho. Era a segunda semana de gravação quando...

 

    "... - Desculpa, Isabel, mas o banheiro do seu camarim quebrou e não tivemos tempo de consertar.

 

    Revirei os olhos. Se já não bastasse o ar-condicionado quebrado ontem, hoje é o banheiro.

 

    - Tudo bem, não tem problema, eu uso outro - sorri tentando esconder a minha frustração.

 

    Quando o rapaz da produção saiu do meu camarim, bufei irritada. Já não estou tão à vontade com essa história de gravar um reality e as coisas parecem querer dar tudo errado. A irritação passou quando lembrei do meu objetivo, preciso pagar o meu empréstimo e me estabilizar financeiramente.

 

    Não posso reclamar, tenho sorte de ter uma mulher tão maravilhosa ao meu lado. Melhor ainda é estar perto dela enquanto trabalhamos.

 

    Mesmo sem o ar-condicionado e o banheiro quebrado, já troquei de roupa. Resta-me ir passar o tempo com a minha mulher, talvez a maquiadora esteja no camarim da Helena e me ajeite por lá mesmo.

 

    Saí do meu camarim, duas portas depois é o da minha mulher. Bati na porta e a abri.

 

    - Cariño?

 

    Vazio.

 

    Pensei que a Helena já estivesse na emissora.

 

    Precisando usar o banheiro, decidi entrar. Depois vou ficar aguardando-a.

 

    Entrei no seu toalete, fechei a porta, olhei-me no pequeno espelho.

 

    - Você veio com esse decote hoje só para me provocar.

 

    Quê? A voz da Helena? É a voz da Helena!

 

    Ouvi uma risada de outra pessoa.

 

    - Quem gosta de provocar aqui é você.

 

    É a Larissa, nossa maquiadora. Mas que merd* é essa? O que está acontecendo?

 

    - Pensa que eu não vejo que enquanto eu estou te maquiando, os seus olhos ficam nos meus seios? - a maquiadora perguntou.

 

    - Eles são lindos, o que posso fazer?

 

    - Os da sua mulher também são lindos. Se bem que depois de tantos anos, deve perder a graça.

 

    - Os anos passam e para a minha mulher não foi diferente. Assim como ela deve olhar para outros corpos, eu também faço.

 

   Não! Eu não olho. Nunca olhei com interesse para outra mulher.

 

    As duas deram uma curta risada. O local pequeno parece ter ficado ainda menor. Sufocante. Coloquei a minha mão na maçaneta.

 

    - Que merd*, não coloquei o carregador direito na tomara. O celular não carregou nada. Pior, descarregou por completo agora - disse Helena.

 

    - Só você para não conferir se estava carregando ou não, Helena. Vai esperar carregar?

 

    - Eu queria apenas ver se a Isabel me mandou mensagem. Preciso saber quando ela chegar.

 

    - Claro que precisa. Por que será?! - debochou.

 

    Não, eu não estou escutando isso. Helena sempre me pede para avisá-la quando eu estou chegando. Ainda bem que hoje esqueci de enviar uma mensagem. Tudo isso para... Não pode ser.

 

    - Bem, eu vou almoçar - a maquiadora começou a dizer. - Qualquer coisa me manda mensagem. Só não vou me despedir porque, de todo jeito, vamos nos encontramos mais tarde.

 

    - Não, meu bem. Eu vou com você.

 

    Meu bem? Ela é tão próxima à maquiadora que a chama de maneira carinhosa?

 

    Ouvi quando a porta do camarim bateu. Joguei-me no chão apertado.

 

[...]

 

    Eu tenho certeza de que tudo o que ouvi foi um engano. Certeza. Para tudo tem uma explicação.

 

    - Helena, espera - pedi quando a alcancei no seu carro.

 

    - O que foi, Isa? - Perguntou abaixando toda a sua janela.

 

    - Eu necesito hablar com você.

 

    - Agora não dá, Isabel. Eu estou atrasada para a Escola de Roteiristas.

 

    - Cierto... eu posso te fazer apenas uma pergunta?

 

    - Eu disse que estou atrasada, Isabel. Mas faça, vai.

 

    Mordi meu lábio inferior de nervoso. Brinquei com a aliança no meu dedo.

 

    - Você está feliz com o nosso casamento? Eu posso fazer algo para melhorar?

 

    Helena sorriu como se a minha pergunta fosse uma piada e em seguida colocou os seus óculos escuros.

 

    - Isabel, eu realmente estou atrasada.

 

    - Ok, então eu vou pegar a Gi e te espero em casa. Não chega muito tarde, por favor. Eu... nós... precisamos conversar.

 

    A mais velha apenas acenou e saiu com o seu automóvel. Fiquei parada no meio do estacionamento tentando digerir suas palavras anteriores e agora essa pergunta não respondida.

 

[...]

 

    - Dónde estás a mamãe, mamá?

 

    - No sé, hija. Has terminado de comer?

 

    - Sí, mamá.

 

    A comida que está no meu prato até esfriou de tanto que enrolei para comer. Não desce.

 

    Peguei a minha pequena e a levei para escovar os dentes e colocá-la para dormir..."

 

    - ... Helena chegou tan tarde que eu não consegui esperá-la acordada. Óbvio que ela estava com a maquiadora que disse iria vê-la mais tarde. No outro dia, eu acordei e a deixei dormindo. Enquanto terminava de tomar o café da manhã, ela apareceu na cozinha já arrumada e apressada...

 

    " - Atrasada por que se vamos para o mesmo local? - Perguntei incomodada.

 

    - Eu tenho que chegar mais cedo, amor. Preciso saber como será os detalhes da prova..."

 

    Contava tudo para o Rodrigo com riquezas de detalhe, assim como se passava na minha cabeça. Rô prestava atenção em tudo e seu olhar não era questionador como já foi. Senti-me à vontade.

 

    - Yo, como uma atriz e jurada do reality que deveria estar preocupada com detalhes da prova - enxuguei uma lágrima rapidamente - e Helena querendo chegar mais cedo, só podia significar uma coisa, nem preciso mencionar de novo p que me causou tanta dor.

 

    Rodrigo  permaneceu em silêncio. Eu o entendi, também fiquei assim nos três dias que se passaram. Entrei em negação.

 

    - Eu busquei conversar com ela, mas Helena sempre desconversa. Nunca tinha reparado que ela desconversava tanto - olhei para cima, minha cabeça estava cheia das lembranças, tomei fôlego para continuar. - Isso foi só o começo. O pior veio alguns dias depois. Eu estava cismada, então resolvi escuchar alguma conversa dela novamente. Cheguei mais cedo e tranquei-me no seu banheiro. Estava a maquiadora e um cabelereiro. Eu tinha tanta esperança de não ter nada demais.

 

    "O barulho da porta sendo aberta me deixou em alerta. Pensei em desistir, parece que estou espionando a minha própria mulher.

 

    - Vai arrumando o cabelo enquanto eu espero, Rick - ouvi a maquiadora dizer.

 

    - Sempre mandona - o rapaz resmungou.

 

    A risada da famosa atriz me fez colocar a mão na maçaneta e pensar em sair.

 

    - Helena, tem um coisa que estou para te falar desde que nos conhecemos. Vou dizer hoje: acho você e a Isabel um casal tão lindo. Até invejo a sintonia de vocês quando assisto o programa - disse o cabelereiro.

 

    - É, muitos anos de casadas acontece essa sintonia. Conhecemos uma a outra.

 

    - Como é ser casada com a grande Isabel Casañas?

 

    - Normal, é como qualquer outro casamento.

 

    Normal? Tirei a mão da maçaneta. Agora eu preciso ouvir.

 

    - Ah, mas a Isabel  é um mulherão. Ela com aquela elegância, o jeito sexy, tem cara de quem manda muito bem.

 

    - Oh, Rick, Helena e Isabel tem anos de casamento - a maquiadora disse.

 

    - Ué, o que isso tem a ver? Conheço casais com 30 anos de casamento que mantém a mesma chama acesa. Particularmente, pelos olhares que a sua espanhola dirige à Helena, eu acho que o desejo continua o mesmo.

 

    - Só a Helena pode responder isso. O que acha, meu bem? - Larissa perguntou.

 

    Coloquei a mão no meu peito. Implorei por uma resposta que seja como seria a minha. Para mim o desejo só aumentou. Quem essa garota pensa que é para colocar em dúvida o meu casamento?

 

    - O desejo muda, não é mais como antes. É mais um carinho e companheirismo do que qualquer outra coisa."

 

    -... não aguentei ouvir mais. Tapei os meus ouvidos e consegui o silêncio. Fiquei trancada por quase uma hora, só ouvia quando eles gargalhavam muito alto. Era a minha Helena praticamente confessando que o desejo tinha acabado. Eu fiquei machucada, desesperada.

 

    - Você tentou conversar com ela? - Rodrigo perguntou.

 

    - Tive receio. Depois dessa conversa, eu comecei a refletir sobre o que estava vivendo, os nossos últimos anos. Passei a lembrar de coisas bobas que passaram despercebidas. Por exemplo, a forma como ela passou a me tratar na frente de outros colegas. Nos primeiros anos, Helena fazia questão de me apresentar como sua mulher. Anos mais tarde, no me convidava mais para as festas e nem ficava junto comigo. Um senhor nem sabia que eu era casada com ela.

 

    - Isa, você não precisa ficar sempre onde eu estou. Anda pela festa, vá conhecer gente.

 

    - Desculpa, cariño...

 

    - Grande pequena mulher, Helena Carvalho.

 

    Um grisalho saudou a minha mulher e a cumprimentou com entusiasmo.

 

    - Olá, tudo bem? - Lena o cumprimentou com um sorriso pela metade.

 

    Eu acompanhei a interação deles de perto, esperando ser apresentada.

 

    - E essa moça, quem é? Colega nossa?

 

    - No - sorri simpática. - Soy Isabel, esposa da Helena.

 

    O homem olhou de mim para a Helena, pareceu-me confuso.

 

    - Esposa? Mas eu pensei que... - foi interrompido.

 

    - Olha o diretor da novela ali, vamos lá cumprimentá-lo..."

    - Por que ela interrompeu aquele homem? Ela no conseguiu explicar quem era ele, também no fiz questão de saber. Eu confiava como uma cega - balancei a cabeça indignada. - Una otra vez, quando eu estava no começo gravidez, Helena me dispensou de maneira tão ridícula que fiquei até sem graça. Mas o problema nem foi esse. A mulher que era dona do meu coração, que eu fazia de tudo para fazê-la feliz, chegou tarde em casa, cheirando a vinho e mentindo. Mesmo assim, eu acreditei, Rô. Duvidar da sua palavra era algo impensável na época. Helena esqueceu que a Elisa tinha viajado e disse que estava com ela. Depois que foi desmentida por mim, desconversou. No dia eu no me importei, mas as pequenas atitudes, a mudança de comportamento e suas pequenas mentiras depois, fizeram com que as conversas que eu escutei fizessem sentido.

 

    - Isa, eu não sei nem o que dizer. Para mim isso tudo está sendo uma surpresa.

 

    Abaixei a cabeça. Foi e é tão dolorido encaixar as peças, mas preciso continuar.

 

    - Usted me perguntou se eu tentei conversar com a Helena. Com as lembranças desapercebidas e a conversa ouvida, decidi fazer diferente. Se eu estava perdendo o amor da minha vida, queria fazer isso lutando. Decidi reconquistá-la...

 

    "... O peito da Helena subia e descia com rapidamente. Deitadas de maneira desajeitada no chão, via sua boca um pouco aberta, com um sorrisinho faceiro e seus olhos fechados, indicando que ainda estava se deliciando com o prazer.

 

    - Cariño?

 

    - Hum?

 

    - Tudo bem, mi amor?

 

    Seu sorriso aumentou e a apresentadora abriu os olhos, me olhou com ternura.

 

    - Você acabou comigo, acho que não vou conseguir me levantar para trabalhar tão cedo.

 

    Beijei os seus lábios com amor. Não é apenas só carinho e companheirismo, provei isso a ela esta tarde.

 

    - Ouviu baterem en la puerta? Devem estar nos procurando - dei risada.

 

    - O medo de sermos descobertas me excitou ainda mais. Você sabe que eles, provavelmente, têm uma chave reserva para abrir qualquer camarim, não é?

 

    Distribuí alguns beijos em seu pescoço, ch*pando com mais força no último. Tomara que não fique uma marca grande.

 

    - Puta que pariu, Casañas - arrepiou-se e mordeu o lábio inferior. - O que está acontecendo com você hoje, hein?!

 

    - Desejo-te, Helena. Quis te amar em um local diferente, inédito. Gostou? - Perguntei com expectativa.

 

    - Adorei a surpresa...

 

    - Oh, Helena e Isabel, eu sei que vocês estão aí. Vamos atrasar toda a gravacão por causa de vocês - disse Eduardo na porta. - Vou deixar o povo abrir aqui, hein?! Anda logo."

 

    - ...mas essa sensação de reconquista só durou um dia. Até então, o que eu tinha escutado foi uma conversa que reclamava do nosso casamento e outra que a Helena estava de rolo com outra mulher. Eu me dispus a esquecer a primeira conversa ouvida, perdoá-la mesmo sem um pedido realmente feito. Mas no dia seguinte da nossa trans* no seu camarim, eu decidi procurar outro lugar para se aventurar na emissora, empolguei-me com a ideia dos locais diferentes para surpreendê-la. Na busca, depois da gravação e passeando pelo lado de fora do seu camarim, pelo pequeno vitrô baixo e aberto, ouvi vozes. Mesmo sem planejar, como um vício, decidi escutar mais uma conversa.

 

    " - Qualquer traição para mim é só uma vez e acabou - comentou o cabelereiro.

 

    - Eu conheço um monte de gente que trai e acaba a relação, e outras que perdoam. Nada é muito 8 ou 80 - disse a maquiadora.

 

    - O que você acha, Helena? - Perguntou Rick.

 

    - Olha, eu entendo o que a Larissa quer dizer. Meu ex-marido me traiu de maneira pesada, mas hoje eu o entendo.

 

    - Já traiu a Isabel ou ela te traiu? - ouvi a voz assustada do Rick.

 

    - Não me orgulho, mas eu já - a mais velha respondeu.

 

    - É o quê? - Rick assustou-se mais uma vez"

 

    - Eu desabei. De novo eu estava no chão pelo mesmo motivo e só pude chorar. Com Helena foi assim, do céu ao inferno. Mas hoje eu não vou desabar, já chorei demais por isso. Chorei até mais do que ela merecia que eu fizesse.

 

    Segurei as lágrimas.

 

    - Helena, eu ainda não estou acreditando nisso tudo. Você passou por tudo isso sozinha? Como?

 

    - Sozinha, calada e descontando toda a raiva nadando na piscina gelada da nossa casa. Nunca quis dizer nada para ninguém. Sentia vergonha por ter sido tão idiota. Ainda sinto.

 

    - Não é só isso. Por que não se separou este dia? A confrontou? Para que levar adianta um casamento falido? Foram meses!

 

    - Porque eu a amava, não conseguia imaginar a minha vida sem o meu amor, sem a sua presença física ao meu lado.

    - Eu sei, mas ouvir essas conversas não eram o bastante para deixar de querer suportar? Ou você colocou que eram realmente apenas conversas?

 

    - Uma semana depois da final da primeira temporada, Helena foi viajar. Ela... ela foi... Helena foi com a maquiadora.

 

    - O quê? - Rô indignou-se.

 

    - Foi a trabalho, uma gravação de cenas na Itália para uma série. O problema é que Helena nunca levou alguém para fazer maquiagem nela. Eu ainda a questionei, mas ela desconversou. Não consegui conversar como queria. Apenas aceitei. Sim, aceitei ser corna. Ela embarcou e eu aceitei.

 

    - Como você suportou? Ninguém aguentaria isso, Isabel.

 

    - Ignorei. Assim que ela voltou, não consegui conversar, me retraí. Para piorar, a Giovanna pegou uma gripe forte e foi parar no hospital. Ficou dois dias internada. Durante todo o desespero, enxerguei a Helena de antes. Pesei a separação, imaginei minha vida sem ela, pensei na Gi... - respirei fundo.

 

    - E mais uma vez resolveu esquecer o assunto - confirmei com um aceno positivo. - Foi por isso que as coisas esfriaram na cama?

 

    - Sí, por mais que eu tentasse, no conseguia deixar a Helena me tocar. Eu tentei, mas não sentia prazer. Quando eu a tocava, sentia vontade de chorar, pois o que a gente fazia parecia uma obrigação do casamento, não tinha amor. Ou talvez ela realmente gostasse de trans*r comigo, mas não bastava.

 

    - Era melhor ter separado, Isabel. Ou pelo menos ter falado para ela o que você sabia.

 

    - Yo sé, mas o meu amor por ela no deixava. Eu tinha esperança de retomar o casamento, esquecer tudo o que descobri, refazer a nossa vida. Mas...

 

    - Mas? Tem mais?

 

    - Mas as coisas não conseguiam voltar a ser como antes, eu e a Helena já não conversávamos dentro de casa e nos evitamos até em muitos finais de semana - doeu pensar onde ela estava. - Para piorar, entrou na nossa vida o Gustavo.

 

    O que eu achava ser o único pivô da separação.

 

    - Quando eu pensé que nada mais poderia dar errado na nossa vida, pois após a viagem mudaram a maquiadora e mesmo com a nossa convivência já cagada, eu mantive alguma esperança, apareceu o Gustavo. Foi um martírio. Depois que o conheceu, Helena passou a chegar tarde dia sim e dia não. Eu até tentei conversar...

 

    "Coloquei mais um desenho da Giovanna no mural do escritório.

 

    - Isabel, cheguei - ouvi seus saltos chegarem mais perto. - Ótima a sua ideia do mural. Gi ficou muito feliz.

 

    - Ela me desenhou hoje - sorri para o papel.

 

    - O tamanho das suas pernas parece condizer com a realidade - disse a pequena tocando o meu braço e depositando um beijo no meu ombro.

 

    - Ficou lindo - o admirei mais uma vez.

 

    A minha mulher ficou de frente para mim, procurou os meus olhos.

 

    - Isa, você disse que precisava conversar comigo e eu tive que sair logo depois da gravação. Aconteceu alguma coisa?

 

     Cruzei os meus braços, deixei que nossos olhos se encontrassem.

 

    - Você está... você... você está dando muita bandeira com o Gustavo - disse de uma vez.

 

    - Hã? - Fez-se de desentendida.

 

        - Os dos están siempre juntos, ficam pelos cantos com o celular, risadinha para lá e para cá, elogios a toda hora, está claro que ele está dando em cima de você e todos já perceberam.

 

    - Poupe-me, Isabel. Ciúmes a essa altura do campeonato? - De repente sorriu de lado. - Espera, você está com ciúmes?

 

    - No és ciúmes, Helena - fiquei nervosa. - As pessoas comentam sobre essa intimidade que vocês não escondem, podem até pensar que ele é favorecido no programa.

 

    A apresentadora do reality desviou o olhar, pensou, suspirou cansada e voltou sua atenção para mim.

 

    - Claro que não é - revirou os olhos. - Pode ficar tranquila que ninguém vai pensar que você detona ou elogia o Gustavo por minha causa, vou parar de dar "bandeira" - sinalizou as aspas.

 

    Quando dei por mim, Helena já estava na porta, quase saindo o escritório. Mais uma vez me vi diante da falta de coragem para dizer tudo o que se passava na minha cabeça.

 

    - Espera, Helena. Não terminamos de conversar - tentei.

 

    - Eu estou cansada, preciso tomar banho e dormir."

 

    - Isso foi bem no começo, uns dos meses de gravação. Eu fui deixando a Helena ir para longe de mim. Já a tinha perdido, conformei-me. No tinha forças para lutar, contei os dias para o fim. Tentei ir atrás do fim, Rô. Um dia decidi acabar com tudo e a segui de carro. Mas quando eu percebi que não era nenhum dos caminhos das suas empresas, nem o caminho da casa de alguém conhecido, parei. De novo, faltou-me coragem. Fiquei com medo de pegá-la em flagrante. Não queria a imagem da minha mulher nos braços do Gustavo ou de qualquer outra pessoa.

 

    - Isabel... você, praticamente, torturou-se.

 

    - O problema é que a Helena no fazia questão de esconder mais. Ou me achava besta demais. Um dia ela chegou em casa, tentou no se aproximar de mim, mas eu senti o cheiro de cigarro. Sabe quem fuma? O Gustavo. Chegou ao ponto de não doer. Eu já no sentia mais nada. Tudo ficava mais evidente, eu me afastava - olhei para o meu dedo anelar da mão esquerda. - Quando eu olhava a minha aliança, procurava me recordar de momentos bons que vivemos. Pero quando tentava me aproximar, algo acontecia. Como três semanas antes da separação definitiva, quando Helena chegou em casa com o perfume forte de homem no pescoço, que depois reparei ser do Gustavo.

 

    - Puta que pariu! - Exclamou o meu amigo.

 

    - O problema nem foi tanto esse porque eu sabia que ela estava gravando uma reportagem com o Gustavo. Fiquei chateada, tentei ignorar o cheiro, mas depois encontrei um preservativo masculino em sua bolsa. Foi horrível, horroroso. Eu me perguntava: será que ela quer deixar evidente? Cada época ela se envolve com uma pessoa diferente e tudo bem? Qual o sentido de ficar casada comigo?

 

    - Tem sentido?

 

    - Medo de um escândalo? Receio de perder a imagem de celebridade exemplo? Nunca ficamos tão em evidência, as pessoas gostavam de nós duas juntas...

 

    "Parei de prestar atenção no ensaio por sentir que alguém me olhava. Helena estava de pé no meio de teatro. Quando percebeu que eu notei sua presença, caminhou na minha direção. Abaixou-se na cadeira que eu estava sentada e disse no meu ouvido:

 

    - Podemos conversar no escritório? Preciso falar com você.

 

    - É um ensaio importante, Helena. No podemos conversar em casa?

 

    - Tem dois dias que você está enrolando para me dar a resposta, não sabe que uma revista tem deadline? Os outros não podem ficar esperando a sua boa vontade.

 

    - É sobre a entrevista? Eu já disse que não quero.

 

    - Você disse que iria pensar, caralh* - disse ao perder a paciência que aparentava ter. -  Primeiro você negou e depois falou.

 

    - Falei para você parar de me encher o saco. No quero, ponto.

 

    - Por quê?

 

    - Porque vão invadir a nuestra intimidade. É para falar sobre o nosso relacionamento, não sobre a nossa profissão.

 

    - Qual o problema, Isabel? Todo mundo sabe de nós, o Atuando nos colocou em evidência, as pessoas têm curiosidade, podemos nos promover com isso.

 

    - Helena? Desde quando precisamos nos expor? Daqui a pouco você vai querer promover a nossa filha para ganhar dinheiro também.

 

    - Vamos conversar em outro lugar, por favor?

 

    - A MINHA RESPOSTA É NÃO, HELENA - perdi o controle.

 

    Não percebi que a peça tinha parado. Os atores no palco tentaram disfarçar, mas senti que eles nos olhavam de canto. Respirei fundo, acalmei-me.

 

    - Perdón, Helena. No deveria ter gritado, fiquei nervosa. Desculpa.

 

    - Não me surpreendo, a única coisa que temos feito ultimamente é brigar mesmo. Um grito a mais ou a menos já não faz a mínima diferença para mim.

 

    - Tenho que voltar ao trabalho - disse desistindo de continuar a conversa.

 

    Tentei sair, mas a mais velha me puxou de volta.

 

    - Eu espero que seja apenas uma falta de interesse na entrevista mesmo, Isabel.

 

    - O que mais haveria de ser?

 

    - Talvez não deixar alguém chateada, não sei.

 

    - No estás hablando cosa con cosa.

 

    - Falando em espanhol? Está nervosa por quê?

 

    - Porque eu tenho uma peça para tocar, estou avaliando como ficou a adaptação do roteiro. Está me atrapalhando com bobagens..."

 

    - Comecei a pensar que não passava de uma conveniência para a atriz Helena Carvalho. A minha Helena, o meu amor, aquela mulher que eu admirava, no existia mais. Eu só falava com a empresária, atriz de TV, apresentadora.

 

    Uma onda forte de sentimentos confusos atingiu o meu peito. Botei para fora. Algumas lágrimas recomeçaram a rolar pelo meu rosto, continuei:

 

    - E... e depués... depois... usted sabe... o beijo... era tudo que eu precisava para matar de vez qualquer sentimento ou esperança de que um dia pudéssemos volver a ser como antes... O cinismo que ela evidenciou no camarim quando chegou sorrindo, foi doloroso. Rodrigo, eu tinha acabado de vê-la beijar outro e logo depois queria me amar. E... e hoje... hoje...

 

    Não consegui continuar, fiquei na mesma situação na qual cheguei, aos prantos.

 

    Mais uma vez, fui acolhida pelos braços calorosos do Rô.

 

    - Eu sinto muito, Isabel.

 

    Agarrei-me ainda mais a ele.

 

    - Não chora, calma. Quer mais um copo d'água?

 

    Soltei-me dele, acenei uma recusa pela água.

 

    - Estoy llorando porque... recebi um vídeo do Gustavo...

 

    - Oh, Helena, o que você está fazendo na porta do meu quarto? Tá espionando o meu marido pelado? - Eduardo silenciou por um tempo. - Que isso? Está chorando? Aconteceu alguma coisa? Bebê? Aconteceu algo com o Rodrigo?

 

    - He... Helena? - Questionei o Rodrigo que me parece tão assustada quanto eu.

Fim do capítulo


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Comentários para 25 - Babilônia I:
Rain
Rain

Em: 30/12/2020

Eu sinceramente não sei o que dizer. Vou pular para o próximo, vamos ouvir a versão da Helena porque tem que ter uma boa justificativa para fazer tanta burrada dessa. Só ouvido as duas versões para achar a verdade.

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Baiana
Baiana

Em: 29/12/2020

Caramba! Depois de tudo isso que a Isabel passou com a Helena, não é a toa que o encanto se quebrou,mesmo existindo amor,a Helena tratou de acabar com a relação das duas,e agora fica de cheiro mole querendo uma reconciliação? Ainda acredito que não houve traição física,mas há muitas formas de se trai alguém.


Resposta do autor:

Sim, há diversas formas de traição e querendo ou não... Helena o fez.

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 29/12/2020

Eiiitaaaa...correndo pro outro capítulo. E muito curiosa com as explicações para essa confusão toda ;)


Resposta do autor:

Hahahaha sim!

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GabiVasco
GabiVasco

Em: 28/12/2020

Eu estou sem palavras. Sinceramente? Eu não sei o que faria no lugar da Isabel. Primeiro eu pensei que foi errado ela tirar conclusões precipitadas, mas acho que é uma coisa que qualquer ser humano falharia.

Helena ouvindo é sinal de que vai ter confronto. Clicando rápido e prendendo e respiração.


Resposta do autor:

"Clicando rápido e prendendo e respiração" hahahahaha muito bom.

Real, a situação da Isabel foi no mínimo confusa.

 

Abs!

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