CAPÍTULO 07 - A todo vapor

       A vida seguia em pleno vapor, parecia que não havia mais espaço para tantas alegrias proporcionadas pela suave e instigante presença de Renée, para minha alegria rapidamente o fim de semana chegou e com ele minha namorada veio ficar comigo, na sexta fomos a um barzinho onde ela ia se apresentar, conversamos um tempo, mas, logo ela saiu para se arrumar e se preparar para o show, meu coração bateu mais forte e orgulhoso quando vi que ia começar, estava ladeada por dois amigos da faculdade, derretida cruzei os braços para segurar o rosto na mesa, esperando a hora de admira-la.

- Sophia, tem uma baba escorrendo ai em sua boca...pode secar ou vai molhar a mesa inteirinha...Hahahahah.

- Me deixa Paulo, estou orgulhosa e feliz, você está é com inveja dessa pérola que arrumei.

- Sai fora, zulivre que não gosto de racha, coisa mais feia aquilo, uiiii....toda sua amiga.

- Olha, psiuuu...vai começar.

       O barzinho escureceu, e apenas luzes azuis no palco formavam delicadas flores, em seguindo as flores foram somadas a uma iluminação a meia luz que foi intensificando até que vi os percursionistas iniciarem o show com seus atabaques, trazendo toda a força da musicalidade africana ao palco, era de arrepiar, logo após a voz de Renée soou os primeiros acordes ao longe, em uma espécie de lamento dolorido que preenchia todo o ambiente, até que ela surgiu no meio de luzes que já estavam mais fortes, Renée estava linda, com um bracelete prateado no antebraço e com um vestido vermelho  tomara que caia esvoaçante, mais curto na frente e com babados na parte de trás, após um cumprimento as pessoas que aplaudiam de pé a sua entrada, começou a cantar lindamente para terminar de me matar de tanto orgulho e paixão.

      Renée no palco não era apenas uma cantora, era uma deusa a serviço da boca música, com toda sua energia de Iansã, agora sim, entendia exatamente o que ela me explicou sobre a força das filhas dessa orixá.

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Quem é ateu e viu milagres como eu

Sabe que os deuses sem Deus

Não cessam de brotar, nem cansam de esperar

E o coração que é soberano e que é senhor

Não cabe na escravidão, não cabe no seu não

Não cabe em si de tanto sim

É pura dança e sex* e glória

E paira para além da história...

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        Após se aproximar do palco Renée viu meu olhar de encantamento, rapidamente me mandou um beijo e voltou a cantar.

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Ojuobá ia lá e via

Ojuobahia

Xangô manda chamar, Obatalá guia

Mamãe Oxum chora lagrima, alegria

Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia

Ojuobá ia lá e via

Ojuobahia

Obá

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        E isso foi apenas o início de um show marcado de beleza, força, poder e feminilidade. Quanto ela voltou já tinha tomado banho no camarim e vi que se aproximava com os cachinhos molhados e balançando suavemente com o seu rebol*do, de forma educada, Renée foi parando em uma mesa e outra para agradecer o elogios das pessoas que estavam ali para assisti-la, quando enfim chegou até a mim, beijou suavemente meus lábios.

- Gostou meu amor?.

- Você estava linda Re, obrigada por dedicar o show e uma música a mim, fiquei tão emocionada, mesmo.

- Eu também querida, eu também...e vocês meninos, gostaram?.

- Sim, demais, você canta muito bem, e pensei que nossa amiga aqui fosse desmaiar de tanto orgulho e felicidade.

- Ela também é motivo de muito orgulho, me sinto muito feliz de tê-la como namorada, não é minha linda?.

       Sorri e puxei a cadeira para que sentasse ao meu lado, ela se acomodou e me abraçou forte, aconchegando meu corpo ao seu. Nem precisa dizer como terminamos o "sextou", completamente apaixonadas e envolvidas com o clima de sedução que rolava solto no barzinho, entramos no meu apartamento deixando um caminho inteirinho com nossas roupas que eram desnecessárias no momento.

       O sábado passamos todo em Caiobá na casa de praia de amigos, voltamos no final da tarde, e entre uma coisa e outra namorávamos, assistíamos filmes e séries, preparávamos comidinhas e brincávamos com minhas gatinhas que disputavam comigo o colo de Renée que tenho que reconhecer que era uma delícia.

       Estávamos na cama quando ouvimos batidas na porta, como insistiam, vesti uma bata indiana que repousava na cadeira e segui até a porta.

- Bom dia, desculpe incomodá-la no seu descanso, ainda mais em um domingo, mas, estamos investigando um desaparecimento, podemos entrar?.

- Claro, em que posso ajudar?.

-  Como é o nome da senhora mesmo, por favor?.

- Sophia...

-  Então Dona Sophia, voltamos aqui algumas  vezes, no entanto, sem conseguir êxito na tentativa de falar com a senhora. Somos investigadores da Polícia Civil, Renato e Jamile. Então, na quarta-feira, no finalzinho da tarde recebemos em nossa Delegacia uma denúncia, um caso de desaparecimento.

       Ele pegou a caderneta e após ler perguntou.

- A senhora conhece Rafaella Vianna de Medeiros?

- Sim, era minha vizinha, nos encontramos na terça de manhã, ela veio deixar um bolo de chocolate, o que aconteceu com ela?. Rafa....ela...você está querendo dizer que ela...morreu?.

- Não sabemos, no momento só temos conhecimento do desaparecimento.

       Renée saiu do quarto já arrumada, com um vestido indiano amarelo ouro que a até o joelho e os cabelos presos em uma rabo de cavalo.

- Bom dia policiais...

- Bom dia, a senhora conhece a desaparecida.

- Não, infelizmente não fomos apresentadas.

       Quando os policiais saíram, Renée pediu que sentasse no sofá, segurou minhas mãos, virando o corpo para o meu lado e disse com muito carinho, tentando passar toda a sinceridade e compaixão comigo, pensando em como reagiria com a notícia que estava me dando.

- Meu amor, eu não queria te dizer, mas, de acordo com a forte intuição que estou sentindo, acredito que sua amiga não está mais entre nós...

       Eu acreditava totalmente em sua sensibilidade, me aconcheguei em seus braços e deixei que as lágrimas caíssem em meu rosto.

♥

POV Cris

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- Biaaaaaaaaaa??.

- Oi Cris??.

       Bia correu desligando o fogo da panela que fumegada no fogão, indo em direção a porta e, sorrindo abertamente quando Cris jogou um beijo e perguntou sem seguida.

- Vai demorar muito para sair esse almoço?, estou morrendo de fome.

- Já vai minha gulosinha, só mais um pouco e o papá fica pronto.

- Me poupe Bia, papá?.

       Cris revirou os olhos dentro das órbitas e cruzou os braços, mas Bia já tinha saído rindo alto da atitude da amiga com privilégios.

- Bia, onde está o controle dessa televisão?.

- Está ao lado dela meu amor...

      A médica bufou e fez um muxoxo após essa frase, estava irritada ao perceber que a amiga estava pensando que namoravam, Beatriz tinha esperança que depois o término do namoro com Sophia, Cris passasse a valorizar seu carinho e aceitasse dessa vez seu pedido de namoro.

- Amor só mais um pouco que vai sair, é que o forno...

      Bia seguiu até o sofá e em sua percepção errônea encontrou uma Cris adormecida debaixo das cobertas, mas, a médica estava apenas dando vasão a suas lembranças e do encontro com Rafaella.

- Tadinha da minha Cris, não vou acordá-la ainda, a lasanha ainda vai demorar...vou preparar uma sobremesa rápida enquanto isso...

      Cris, ficou irritada, pois estava se tocando debaixo dos lençóis e Bia atrapalhou seu orgasmo, respirou fundo e deixou que as lembranças de terça noite voltassem.

       Era noite, após uma rápida conversa com Rafa no aplicativo, Cris a convidou para um vinho em seu loft, sabia que tinha alguns pontos a seu favor, primeiro desde que havia quebrado a câmera do prédio, nunca mais ela havia sido consertada, depois Rafaella não a havia reconhecido pelo aplicativo, sem mais nada a fazer, agradeceu profundamente ao universo por ter colocado justamente Rafaella em seu caminho e ficou esperando tranquilamente, a moça não demorou a chegar, e quando entrou no apartamento ricamente decorado se assustou.

- Nossa, você é a ex da Sophia, desculpa, mas, nosso encontro está encerrado aqui mesmo...

- Que é isso Rafa, não tem nada demais, vamos tomar vinho e conversar apenas, não precisa ir embora...depois pelo seu olhar, vejo que também foi preterida por Sophia, então porque não juntamos nossa dor de cotovelo e brindamos a isso?.

       A ruiva riu alto e pensou que Cristina talvez tivesse razão, quem sabe ela pudesse desabafar sobre seus sentimentos e saísse com a alma mais leve?, fora que fazer sex* naquele corpo tão bonito, por onde Sophia tantas vezes tinha passeado sua língua, dedos e sentimentos lhe pareceu bastante tentador.

      Após a segunda garrafa de vinho, Rafaella estava mais relaxada, perguntou se poderia tirar os tênis e com a concordância de Cris esticou os pés.

- Posso te dar uma massagem?, seus pés estão um pouco avermelhados...

- Ai até agradeço, estou tão cansada Cris.

      Cris foi buscar um hidratante de amêndoas para o pés e deixou que seus dedos deslizassem na sola do pé de Rafaella.

- Ai Cris, que delicioso, não sei como Sophia teve coragem de deixar passar essas mãos...

- Tenho outros dons também, posso te mostrar...

       A médica, iniciou tirando de forma sensual a calça jeans que a ruiva vestia enquanto a olhava com desejo, após abrir o zíper, a calça escorregou com alguma facilidade, e ela pode beijar novamente os pés de Rafa, que arquejou com o contato, gem*ndo cada vez mais alto quando Cris subia seu corpo com a sua língua até encontrar o sex* desejoso, a médica cheirou, beijou e mergulhou sua língua macia e só saiu após os espasmos proporcionado pelo intenso orgasmo. Cris ficou na dúvida se ia se dar o direito ao gozo ou se mataria Rafa naquele instante, pensou rápido, e achou que merecia a segunda opção.

       Rapidamente a médica ficou de pé, puxando Rafaella pela mão, levando-a para o quarto, no caminho foram deixando o que restavam das roupas espalhadas pelo chão. Cris deitou na cama, oferecendo seu sex*  para a ruiva, que invadiu o espaço com seus dedos ágeis, não foi difícil para Cris atingir o orgasmo, a médica respirou fundo, esperou sair do estado de letargia devido ao gozo, mas, tão logo se recuperou, rapidamente ajeitou a ruiva da cama, invertendo as posições e proporcionando um outro orgasmo, quando a moça estava completamente relaxada lembrou que sua pistola com silenciador estava longe e resolveu improvisar, com muita rapidez envolveu o delicado pescoço da ruiva e a estrangulou, Rafaella tentou se defender, mas, não era páreo para Cris e seu corpo forte de anos de treino. Por fim, depois do último espasmo dessa vez para a morte, Rafa fechou os olhos para sempre.

       Bia voltou a cozinha, completamente embevecida por ver Cris ainda deitada dormindo, chegou delicadamente e passou a mãos em seus cabelos.

- Amor?, o almoço está pronto, vamos comer?.

Já saciada pelo orgasmo que se proporcionou após suas lembranças, Cris espreguiçou, levantando em seguida e abraçando Bia.

- Obrigada amiga, precisava dormir mais um pouco...

- Cris, eu queria tanto que me visse como uma possibilidade e não como uma simples amiga...faz tantos anos que te espero, me dá uma chance vai?.

- Quem sabe Bia, me dê um tempo, eu mal me separei...

- Tá, tem razão meu bem, vamos comer.

Enquanto almoçaram Bia ligou a televisão e juntas assistiram a notícia.

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Na manhã do domingo (29), a Polícia Civil foi acionada para uma ocorrência de homicídio no Caminho de Itupava no município de Quatro Barras, onde passa a Estrada da Graciosa. Segundo a Polícia Civil, ao chegarem no local, os policiais encontraram o corpo de uma mulher de 28 anos com sinais de estrangulamento. O ocorrido está sendo investigado pela delegacia responsável, a fim de obter os indícios de autoria do crime.

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- Nossa!!, como acharam esse corpo?. - Gritou Cris assustada.

- A Polícia Civil deve ter sido acionada por algum trilheiro...

- É verdade...mas, a mata por lá é tão fechada.

- Será que foi o Serial Killer?.

- Quem sabe Bia?, quem sabe?.

       Cris girou um anelzinho de prata que havia captado como uma espécie de troféu do corpo da vítima, pensando como havia cometido um erro de principiante ao deixar o corpo em um lugar que poderia ser encontrado, quando Bia saiu para o plantão pegou o celular e ligou.

- Oi, você viu que o corpo foi descoberto?, como não se informou direito do local adequado sua burra...

- Ora, te ajudo e você ainda vem reclamar, esqueceu que não sou de Curitiba?.

- Isso não vem ao caso, estrupícia...

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♥

- Amor, coitada da Rafaella, tão bacana que era ela...

- É esse mundo em que vivemos, cada vez mais violento, chega aqui amor, deixa eu te abraçar.

- Te amo Renée...

- Não mais do que eu minha flor...

Fim do capítulo