CAPÍTULO 06 - The day after

      Acordei na terça com um barulho de chave girando no apartamento, era Cris, rapidamente tirei o pijama, coloquei um short e uma camiseta e fui até a sala.

- Bom dia Cris.

- Oi, estou aqui apenas para buscar as minhas coisas, não se preocupe que não vou nem demorar.

- Cris, não precisa ser assim, não é porque terminamos que somos inimigas, podemos manter uma relação amigável.

- Terminamos não, você terminou comigo a minha total revelia, e não venha falar que quer ser minha amiga porque não estou afim, enfie sua amizade no...não vou me rebaixar, mas, já sabe, é lá mesmo onde imaginou.

- Cris!!!, porque você é assim?, eu terminei porque você estava me sufocando, me tratando mal o tempo inteiro, eu não aguentava mais levar patada sem ter feito nada, era muito difícil pra mim levar isso adiante. Chegou uma hora que não consegui mais, cansei...

-  Eu já disse...você quem sabe, a mim não interessa nem um pouco saber o que sentia ou deixava de sentir, está um pouco tarde para isso, não concorda?, porque não falou antes?, se não falou, foda-se, o problema querida, simplesmente não é meu.

      Enquanto falava, Cris puxava a mala cinza de rodinhas vermelhas e saiu recolhendo alguns livros que eram dela, assim como cds e peças de roupas que estavam secas no varal de teto e dentro do meu guarda roupas, também levou os porta-retratos com fotos nossas e os souvenirs que trouxemos de nossas viagens. Eu ia junto em sua excursão em busca do que era dela, e a cada passo que dava, ela parecia mais irritada, em seguida suspirou alto, colocou a mão na cintura e olhou como se estivesse vasculhando a procura de mais alguma coisa.

- Cadê a Babi?, sei que ela voltou hoje cedo para cá, liguei e sua mãe já me falou.

- Ai Cris, você não vai levar a gata, não é?, ela sempre foi muito mais apegada comigo.

- E daí?, eu comprei, é minha.

      Parece que Babi entendeu o recado e logo se enroscou em minha perna, ela estava na casa dos meus pais enquanto conseguia ajeitar a minha vida, mas, tinha retornado essa manhã junto com Pietra, uma outra gatinha angorá que minha mãe havia comprado para lhe fazer companhia.

- Quer ficar?, que seja.

- Então Cris, queria te perguntar, tem alguma coisa que você queira levar?, algo que goste muito, sei que sempre curtiu a estátua de Kuan Yin, a deusa da compaixão, ficaria feliz se ficasse com ela.

- O que?, nunca gostei dessa estátua, não sei de onde tirou essa ideia, colocava incenso ao lado dela só para te agradar. Bom, preciso ir, a gente se vê por ai.

      A puxei pelo braço e dei um abraço apertado enquanto afagava seus cabelos.

- Eu sinto tanto que não a gente não tenha dado certo.

      Ela soltou a alça da mala e me apertou em seus braços, em seguida suas mãos desceram pelas minhas costas e apertaram meu bumbum.

- Que tal uma despedida Sophia?, ou melhor, podemos ser amigas com privilégios, o que acha?.

      Me afastei delicadamente, acariciei sua face e disse.

 - Não quero e não posso, nossa história acabou Cris.

      Ela me olhou irritada, mas, não disse nada, tirou a chave de dentro do chaveiro e entregou na minha mão, quando me dirigi para abrir a porta me assustei com uma presença do lado de fora.

- Rafaella, que surpresa...

- Oi Sophia, desculpa estou vendo que está ocupada, volto mais tarde.

      Cris olhou rapidamente por trás dos pesados óculos escuros que havia colocado no rosto.

- Pode entrar querida...rei morto...viva o rei!.

- Não entendi!.

- Ah, fica à vontade para se fartar com esse corpo, Sophia é bem gostosa na cama, mas, ó, saiba que é careta, não gosta de inovar em nada, brinquedinhos e afins nem pensar. Não esqueça de pedir o gostoso banho de língua...ela sabe ser deliciosa.

      Após deixar o clima bem estranho, Cris riu alto e desceu pelo elevador achando que tinha conseguido azedar nem que fosse de forma mínima o que ela julgava ser a minha nova história amorosa. Estava com vergonha de Rafaella, mas, decidida a resolver a minha vida, me afastei da porta, dando passagem para que a ruiva entrasse.

- Desculpa Rafa, desculpa mesmo, separei de Cris e ela veio buscar algumas coisas e deixar a chave, entra por favor.

- Nossa Sophia, sinto muito que tenha terminado assim, mas, é reconfortante saber que está solteira.

      Rafaella falou e tentou me puxar pela cintura para me beijar, virei o rosto o mais educada que consegui e delicadamente puxei suas mãos e a levei para o sofá.

- Vamos conversar Rafa.

- Nossa, vai terminar o que nem começamos?. Hahahahah...

- Senta, por favor...olha, você sabe o quanto gosto de você, você surgiu como uma luz que brilhou e iluminou a tristeza profunda que me encontrava, mas, não era para ser entende?, veja, se o que a gente sentisse de fato fosse algo tão forte, não teria Cris, não teria receios, não teria nada que nos impedisse, muito menos haveria essa história de pedir um tempo, quando é para ser a gente encara e vê o que vai dar, mas, eu gostaria muito de ter sua amizade.

- Sophia, você é a pessoa mais ética que conheço, desse jeito vou acabar de apaixonando, você é especial demais, é linda, inteligente, preocupada com o sentimento dos outros, isso é muito raro. É verdade que me senti e me sinto muito atraída por você, mas, não tem nada tão enraizado que não possa virar uma amizade, então, vamos ser amigas sim, eu vim aqui tão cedinho porque sei que as terças só trabalha às 10:30h, então vim deixar esse bolo.

- Obrigada Rafa... - Falei abrindo o potinho lilás com tampa de florzinhas brancas.

- Nossa, bolo de chocolate, eu adoro, muito obrigada!.

- Eu sei, lembro de tudo que me contou, viu?.

- Obrigada Rafaella.

- Bom, agora tenho que ir Sophia, não suma, quando quiser uma amiga para conversar, sabe onde me encontrar.

- Obrigada Rafa, por tudo!.

      Rafaella abriu aquele enorme sorriso e fiquei aliviada quando ela saiu e percebi que havíamos confundido paixão com uma atração, animada por ter resolvido mais uma etapa da minha vida, peguei o celular e vi que já tinha uma mensagem de bom dia de Renée.

Renée: Bom dia minha linda! ♥ 😉

Você: Bom dia meu anjo, deixa te dizer uma novidade, Cris veio pegar suas coisas que estavam no apartamento e também deixar a cópia das chaves, por esses acasos, a vizinha veio deixar um bolo de chocolate e aproveitei para pontuar as coisas entre nós, é bom não deixar mal entendidos.

      Ela não respondeu, na verdade nem visualizou o que escrevi, fiquei ansiosa, mas, fui tomar meu banho, somente quando sai do banheiro vi que já havia uma resposta sua.

Renée: Nossa, que gata mais eficiente!, muito bem, vem logo que dá tempo da gente tomar um café antes da aula, traga o bolo que a gente come junto.

Você: Desculpa, mas, já comi Hahahahah...estou indo, me espera.

Renée: Minha linda, venha logo minha delicinha.

      Nunca me arrumei tão rápido na vida, coloquei uma calça jeans, uma bata indiana branca bordada com delicadas flores, scarpin branco e sai. Esperei Renée por alguns instantes e logo ela apontou vindo do estacionamento em direção ao café, ela estava linda, como sempre, com uma blusa de uma única alça toda pintada em degrade vermelho, uma calça de pantacourt branca e tênis dad sneaker nude.

- Bom dia Sophia, está linda.

- Não mais do que você Re, está perfeita!.

- Obrigada meu bem, então, vim fazer um convite especial...você quer jantar comigo mais tarde?. Podíamos almoçar aqui por perto e mais tarde preparo uma comidinha bem gostosa à noite, o que acha?.

      Eu olhei com uma cara tão desanimada, estava louca para beijar Renée, parece que ela entendeu, pois abriu um sorriso largo e encostou sua boca ao meu ouvido.

- Queria almoçar em minha casa, não é?.

      Tremi inteira, sua voz rouca em meu ouvido havia me excitado de sobremaneira.

- Sim...

- Vamos andando?, deixei um presentinho para você no laboratório e queria te entregar, ainda temos tempo.

      Fui andando e sentindo seu cheiro invadindo meu nariz.

- Re, que perfume gostoso é esse?.

- Coffee Woman Seduction. Gostou foi?, se gostou preciso comprar mais, está acabando.

      Chegamos a sala de laboratório e vi que havia um pequeno vaso com mini rosas em cima do balcão, não tive tempo de chegar até elas, pois Renée me encostou na parece e encostou seu corpo quentinho em mim.

- Eu também estava louca para ficar sozinha contigo, não via a hora de te beijar.

     Ela falou enquanto afundava o nariz no meu pescoço cheirando e beijando toda a sua extensão até chegar a minha boca e me beijar, falando em seguida.

- Sophia, sua pele tem um cheiro especial, adoro mulheres cheirosas, e por trás desse perfume adocicado sinto o seu cheiro, fico inebriada com ele, sabia?.

      Senti o meu corpo vibrar e gemi dentro do seu abraço.

- Sophia, não faz assim, eu sou muito sensível aos teus encantos.

      Eu não sei o que me deu, pois eu troquei muito rápido de posição com ela, e tirei sua blusa para beijar seus seios por cima do soutien, ela suspirou deliciada com o prazer que lhe proporcionava, e vi que seus olhos pediam que continuasse.

      Beijei um dos mamilos, enquanto acariciava o outro, ela gem*u mais alto e vi que poderia seguir, sem paciência tirei o soutien e fui marcando o caminho com meus beijos, cheiros e língua, seguindo até o umbigo e deixei que minha língua deslizasse pela pequena cavidade e cheguei até o botão da calça que desabotoei e baixei o zíper, deixando que a calça escorresse pelo seu corpo, nossa como queria sentir Renée, senti que ela estava muito excitada quando a levei até o desconfortável sofá de sua sala, e como ela aceitou sem resistência, rapidamente me livrei da calcinha molhada com sua excitação, ela arquejava o corpo dizendo "que loucura", foi o sinal que deveria continuar, então, deitei ao seu lado e deixei que meus dedos buscassem seu sex* que pulsava desejoso.

- Sophia...

      Ela nem conseguia falar direito e, meus dois dedos não tiveram resistência e senti que ela ajudava rebol*ndo os quadris levemente, como se tivesse em um samba cadenciado, dessa forma, o seu orgasmo veio intenso, mas, não permiti descanso, pedi que ela sentasse e mergulhei minha língua naquele sex* que já sentia tão meu, seu gosto era delicioso e ficava louca com seus gemidos de prazer.

      Renée acomodou o corpo buscando se recuperar, depois sorriu, pegou uma liga de cabelo na bolsa e prendeu seus cachos, vi que uma cor rosada surgia levemente em suas bochechas.

- Ai Sophia, como vou sair daqui com as pernas bambas?, desculpa, mas, foi tudo tão intenso que não vou conseguir nem retribuir todo esse prazer.

- Meu bem, sem escambo...tudo tem seu tempo.

Renée sorriu, olhou sua nudez e falou.

- Gente, nunca pensei que ia acontecer isso, linda, passa a minha roupa, daqui a pouco temos que dar aula e olha como estou.

- Está linda, perfeita, gostosa e quase minha...

- Quase?, nunca tinha me entregado assim a ninguém.

- Renée, eu ainda não fiz o pedido oficial...era a isso que me referia...você aceita ser minha namorada?.

- Claro que aceito, vai lá...as mini rosas são para você, tem uma pergunta no cartãozinho...preciso que me responda.

      Segui até o vasinho enquanto Renée trocou rapidamente de roupa, passando o perfume que estava dentro da bolsa em seu pescoço, em seguida abraçou a minha cintura e perguntou o que estava escrito no cartão.

- Quer namorar comigo?.

      Respondi sim e nos beijamos mais uma vez até que o sinal estridente tocou avisando que era hora de dar aula, antes de sair fui até a bancada e lavei minhas mãos, peguei meu vasinho de rosas e fui dar aula com o meu melhor sorriso.

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...

POV Rafaella

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      Fiquei chateada de perder a Sophia, mas, achei melhor tentar esquece-la, não quis importuná-la com minha paixão, ainda mais que percebi que não era correspondida, fiquei animada em saber que de alguma forma ela se sentiu atraída por mim e que a minha presença a ajudou. Sorri tristemente e não deixei que as lágrimas teimosas escorressem e se multiplicassem pela face, logo busquei um aplicativo para encontrar uma companhia, e parece que hoje era o meu dia de sorte pois rapidamente apareceu uma foto de uma moça belíssima com cabelos pretos, olhos castanhos brilhantes e um sorriso delicioso.

Loup Blanc: Oi?.

Rafinha: Oi, tudo bem??

Loup Blanc: Melhor agora gata, li teu perfil no aplicativo e vi que gostamos de tantas coisas em comum, bons livros, viagens e vinhos.

Rafinha: Ah, você não mencionou o chocolate, não gosta?. 😊

Loup Blanc: Amo, mas, não vi que tinha chocolates entre eles.

Rafinha: O que você faz nas horas vagas?.

Loup Blanc: Saio com meus amigos, trabalho em uma ONG protetora de animais, essas coisas.

Rafinha: Não acredito, amo animais, estou pensando em adotar um cachorro, o que acha?.

Loup Blanc: Acho excelente ideia, se quiser marco contigo na ONG, o que acha?.

Rafinha: Maravilhosa ideia, mas, essa semana estou trabalhando demais, podemos deixar para semana que vem?.

Loup Blanc: Claro, quando você puder, me passa teu contato do WhatsApp que a gente pode trocar umas ideias, se você quiser, claro, desculpa se pareço invasiva.

Rafinha: Não, de jeito algum...anota ai, 419999.28.06, vou esperar que entre em contato, ok?.

Loup Blanc: Pode deixar que vou sair do notebook e te enviar mensagem agora mesmo.

Rafinha: Te espero, beijos.

Fim do capítulo