Meus pedaços por Bastiat
Quebrado e bêbado coração
Helena
De braços cruzados, olhei de um lado para outro como se quisesse não ser reconhecida. Ajeitei os óculos escuros no meu rosto e sorri para o senhor de camisa social azul na minha frente.
- Pode entrar, senhora - o ouvi dizer.
- Obrigada.
Subi os pequenos degraus, de cabeça baixa admirei as flores que enfeitam a passagem do local. Passei pela porta de entrada, entrei no elevador e apertei o botão décimo andar.
Retirei os meus óculos escuros e os guardei na bolsa. Verifiquei as mensagens do meu celular enquanto subia e vi que eram apenas de assuntos profissionais. O meu nervoso não me deixa ficar quieta. Respondi rapidamente uma mais urgente até a porta se abrir.
Caminhei na direção da porta do apartamento, apertando a campainha a seguir. Não demorou muito para a dona da casa aparecer com um sorriso.
- Olá de novo, amiga.
- Oi, Elisa.
Quando adentrei o local, minha visão logo foi preenchida pela figura baixa de cabelos castanhos escuros e olhos apreensivos.
Quando dei por mim, o meu corpo foi abraçado e sua voz desesperada entrou pelos meus ouvidos:
- Perdoa-me, Helena. Por favor, por favor, por favor.
- Nat... - Sussurrei.
Em um primeiro momento eu não a abracei de volta. Eu não imaginava que havia ficado com tanta raiva assim.
- Se arrependimento pudesse nos fazer voltar no tempo, eu teria escolhido poder mudar tudo o que disse aquele dia para a... a... Isabel. Por favor, me perdoa.
Abracei o seu corpo e ela me apertou ainda mais forte. Eu sinto o seu desespero. Natália está chorando.
- Nat - chamei a sua atenção. - Nat, escuta, eu vim aqui para te ouvir. Vamos para a nossa conversa.
A minha sócia enxugou algumas lágrimas que persistiram e se acalmou.
Elisa entregou um copo d'água para a Natália e eu recusei o que foi oferecido para mim.
- Obrigada, depois eu bebo.
A morena andou até o sofá creme e sentou-se. Fiz o mesmo, mas tomei certa distância.
- Eu vou deixar vocês duas à vontade. Conversem e não se matem, por favor.
Elisa saiu das nossas vistas. Encarei a Natália esperando que ela dissesse algo primeiro.
- Lena, eu sei que errei. Só quando saí dessa casa que percebi quão ridícula fui com você. Não quis voltar porque nós duas estávamos nervosas demais e eu precisava de um tempo. Mas quando você foi fria comigo na festa da Gi, juro que foi um dos piores momentos da minha vida. Ali eu vi que havia perdido a minha melhor amiga. Pior, que a culpa é inteiramente minha.
- A sua espécie de implicância pela Isabel era insignificante e até engraçada. Porém, nunca pensei que pudesse chegar tão longe. Eu só quero entender uma coisa: o que você tem contra a Isa?
Natália encarou as suas unhas. Seu gesto pensativo não passou despercebido aos meus olhos atentos.
- Você não pode me acusar de implicância barata. Qual seria o seu pensamento se eu tivesse alguém e fizesse reclamações dia sim e dia não? Um dia você chegava na Roteirista reclamando que tinha sido rejeitada, no outro que a Isabel não te dava atenção, então veio o empréstimo, depois a gravidez e você aflita porque ela trabalhava demais.
- Nada disso justifica, Natália. Se eu falava com você, é porque confiava. Você me traiu da pior maneira que pode existir em uma amizade. Logo eu que sei de todos os seus segredos. A Isabel nunca te fez nada. Ou fez e eu não sei?
A minha amiga e sócia passou a mão no rosto, fechou os olhos e respirou fundo.
- Não, Helena. A Isabel nunca me fez nada.
- Então por que isso tudo? Que saco! Deixa de ser mimada pelo menos uma vez na vida.
- Isabel não é essa perfeição que você pinta, Helena. Não sei o que ela tem para fascinar tanto as pessoas. Não consigo entender como uma mulher feito você a ama tanto.
- Mais do que qualquer outra pessoa, você deveria saber que não escolhemos quem amar...
Olhei para os lados, para trás e aprontei com a cabeça para o corredor dos quartos.
- Sabe como é amar alguém sem explicação - falei o mais baixo que consegui.
- Helena! - Desesperou-se.
- Calma, eu falei baixo.
Nervosa, a vi mexer no cabelo e ficar quieta.
- O assunto aqui não é esse.
- Sim, bem lembrado. Por que esse ódio pela Isabel?
- Não a odeio.
Natália calou-se. O silêncio dela não tem explicação. Ou será que tem? Engoli seco e perguntei:
- Nat, você sabe de alguma coisa? O jeito como você fala que ela não é perfeita. Não é sobre perfeição exatamente, né?! Isabel me traiu e você descobriu? Por favor, não fale uma coisa que você não tem certeza.
- Não é nada disso. Não estou falando sobre traição aqui!
- Então está falando sobre o quê? Você nunca teve segredos comigo, cacete.
- E continuarei não tendo, amiga. Eu só queria te defender, mostrar para a Isabel que você não estava errada na história. Como eu ia adivinhar que você ficaria tão puta assim? Achei que o certo seria mostrar para ela o quanto você a ajudou.
- Você sabe que isso não é verdade, não é?
- Agora eu sei, Lena. Não compreendi que era um segredo tão ofensivo assim. Juro para você. A Lisa me explicou tudo, como a Isabel ficou mal, essas coisas. Eu me senti um lixo. Me perdoa, por favor.
Encarei a minha amiga. Natália nunca foi de implorar o perdão das pessoas. Se ela está fazendo, é porque se arrepende.
De repente, Nat se ajoelhou no chão da sala e juntou as mãos pedindo:
- Por favor, Helena, me perdoa. A sua amizade é muito importante para mim.
- Levanta-se daí, Nat. Não precisa disso. Eu já te perdoei. Acredito em você.
Dei a mão para ela e ajudei a erguê-la. Nos abraçamos com força. Fiz carinho em seus cabelos. Por ser mais nova, sempre tratei a minha amiga como uma irmã caçula. Talvez suas atitudes sempre atrapalhadas sempre me tenham dado a impressão de que eu tenho que protegê-la. Preciso mudar isso.
- Te amo tanto, Heleninha.
- Também te amo. Nunca mais me apronte uma merd* dessas. Não gosto de brigar com as minhas amigas, principalmente com o meu bebê.
- Eu te prometo, amiga. Te prometo que não vou mais me meter em seu relacionamento com a Isabel.
Nos separamos e sorrimos uma para outra emocionadas.
- Senti tanto medo de você não me perdoar, Helena.
- E eu de nunca mais falar com você, ter que desfazer a nossa sociedade. Sério, quando cheguei, pensei que não iria conseguir conversar. Ainda bem que você se arrependeu.
- Amigas? - Perguntou estendendo uma mão enquanto a outra enxugava uma lágrima.
- Melhores amigas.
Natália abraçou-me novamente e caímos juntas no sofá gargalhando.
Elisa apareceu sorrindo na sala.
- Ouvi risadas. Vocês aí abraçadas significa que temos o nosso grupinho completo de novo?
- Sim, Helena me perdoou.
- Vem, Elisa! Se junta com a gente. Abraço triplo - disse estendo a mão.
A loira balançou a cabeça em negação.
- Ah, Lisa. Vem! Deixa de ser chata - Natália ajudou-me.
Receosa, Elisa andou até nós. Chegando mais perto, eu e a Nat a puxamos e ela caiu no meio de nós duas. A abraçamos e fizemos cócegas na loira.
As minhas duas melhores amigas estão comigo. Eu e a Isabel estamos aos poucos nos acertando. A minha vida voltará a ser completa e feliz como antes.
- Chega - Lisa reclamou e ajeitou a sua postura.
- Eu estou com fome. Nem almocei direito e vim direto da emissora. O que você tem para comer? - Perguntei diretamente para a loira.
- O bolo no forno, Nat - a diretora alertou.
- Calma, deve estar pronto, mas não queimado. Vou lá ver.
Natália correu até a cozinha. Curvei o meu corpo para frente, a imagem da Isabel e a Philipa se abraçando entrou na minha cabeça. Suspirei.
- O que foi, Helena? - Elisa perguntou colocando a mão no meu ombro e me fazendo olhá-la. - Achei que estivesse feliz por ter se resolvido com a Nat.
- E estou, amiga. Muito feliz de verdade - tentei sorrir.
- O que está te deixando jururu então? É algo relacionado à Isabel?
- Shiu! Não fala alto. Não quero que a Natália saiba ainda sobre o que está rolando entre mim e a Isa.
- Tudo bem, desculpa. Não está mais aqui quem falou - falou bem baixo.
Aproximei-me dela e coloquei a minha cabeça no seu ombro.
- Estou com ciúmes da Isa e nem posso cobrar nada - desabafei.
- Ci... ciúmes? Por quê?
- Ciúmes da relação de carinho que ela tem com uma competidora. Eu até acho que para Isabel não rola nada demais. Tipo, eu sei que elas já se beijaram, mas que não significou nada. Ainda assim, eu enxergo essa menina como uma ameaça.
Elisa ficou em silêncio, eu só ouvia a sua respiração pesada.
- Lisa?
- Helena, relaxa. Isabel jamais se envolveria com você gostando de outra.
- Eu concordo, amiga. Mas enquanto não estivermos juntas de verdade, eu vou ficar sempre com o pé atrás, sei lá.
- MENINAS, O BOLO ESTÁ PRONTO. CADÊ VOCÊS?
Escutamos o chamado da Natália e minha barriga até roncou. Levantamos e juntas fomos tomar um café do final da tarde como nos velhos tempos.
[...]
- Poxa, amiga. A noite das meninas vai ficar tão sem graça sem você. Tem certeza de que não vai dar para você ir mesmo? - Natália insistiu.
Parei na porta do apartamento da Elisa e olhei para as duas que me acompanharam.
- Desfaz esse bico, Nat. Eu passei horas com vocês aqui, já matamos a saudade.
- Mas é a nossa noite, Helena. Pede para a Isabel ficar com a Gi.
Não queria ter que mentir para as minhas amigas, queria que elas soubessem que na verdade eu estou indo me encontrar com a Isa, mas já me arrisquei muito desabafando com a Elisa, embora eu tenha certeza de que a loira nunca vá falar para a atriz de teatro.
- Não vai dar mesmo. Prefiro ficar em casa e tenho certeza de que vocês vão se divertir sem mim.
- Deixa a Helena, Nat. Na próxima ela vai, tenho certeza - Lisa disse.
- Está bem! Mas vou te passar o lugar que a gente vai caso você resolva ir.
- Ok, Natália insistente Vieira. Agora tenho que ir.
Beijei cada uma e abracei as duas de uma vez.
Saí tropeçando, apressada e sentindo o meu peito apertar em uma angústia inexplicável. Entrei no elevador e cumprimentei rapidamente as pessoas que estavam lá com um aceno.
Peguei o meu celular para saber se a Isabel tinha enviado mais alguma mensagem e nada.
Por que será que ela me chamou para jantar? Espero que não seja para dizer que pensou e decidiu não ficar comigo.
Eu deveria ter ido embora assim que chegaram as mensagens, talvez desse tempo de me arrumar para o jantar.
Saí do elevador correndo, passei pelo jardim bem cuidado, recordei-me de uma vez ter roubado algumas flores perto do lugar que a Isabel morava e fiz um pequeno buquê para ela. Bobagens do começo de namoro. Depois disse já dei tantas flores para ela. Preciso voltar a fazê-lo. Despedi-me do porteiro com um sorriso.
Entrei no carro, joguei a minha bolsa no banco, coloquei o cinto correndo e dei a partida. Liguei o rádio em qualquer estação, apenas quero relaxar. Isabel falou em ‘jantar especial', não deve ser algo ruim.
Cheguei a sorrir enquanto dirigia pelas ruas de São Paulo.
Entrei no estacionamento ao lado do Comer & Beber, manobrei o meu carro em uma vaga e o meu celular tocou.
Peguei o aparelho da bolsa e vi o número. Antes de ir para a casa da Elisa, tentei retornar a ligação que tinha sido feita enquanto eu estava com a Isabel pela manhã, mas não fui atendida.
21:40. Dez minutos atrasada. O que são mais cinco?
"- Helena Carvalho" - disse uma voz masculina quando atendi.
- Olá, Gustavo.
"- A que devo a honra do seu contato? Não imaginei que fosse atrás de mim um dia."
- Eu... é... eu preciso falar com você. Te pedir um favor.
"- Um favor? O que seria?"
- Bem, você sabe toda a merd* que se deu no meu casamento com a Isabel.
"- Eu também fiquei na merd*, Helena. Por que você acha que me mudei de país? Minha carreira estava feita no Brasil, mas para tentar te esquecer tive que vir para Califórnia. Sabia que nem ator eu sou mais?"
- Você fala como se a culpa fosse minha. Não é! Eu sempre deixei bem claro que não gostava de você da mesma forma.
"- Claro, deixava - ironizou. - Anda, fala o que você quer."
- Se você já gostou tanto de mim como você diz, significa que queira me vez feliz. Correto?
"- Ainda gosto. Mas o que isso tem a ver?"
Saber que ele ainda gosta me fez pensar em recuar. Pensei por alguns instantes, ponderei o pedido que pode me ajudar tanto. Resolvi seguir o plano.
- Você poderia contar para a Isabel, em áudio, vídeo ou qualquer outra coisa, que não houve nada demais entre a gente? É que eu estou tentando consertar algumas coisas do passado e sua afirmação pode me ajudar tanto. Eu... eu saí como a puta da história, Gustavo.
"- É? E eu saí como um filho da puta que roubou a mulher da grande atriz Isabel Casañas."
Mágoa. Seu tom de voz é de pura mágoa. Não foi uma boa ideia ligar para ele. Mas já que o fiz, preciso tentar pela última vez:
- Por favor... é só uma fala de que não aconteceu nada.
"- Como não aconteceu nada?"
- Que eu não traí a Isabel! Não sexualmente falando.
"- Eu não vou gravar porcaria nenhuma. Eu fui usado o programa inteiro"
- Claro que não! Eu nunca te dei esperança, apenas amizade. Você confundiu tudo.
"- Não sou idiota, Helena. Você só me ligou porque o que tivemos está causando alguma merd* na sua vida."
- NÓS NÃO TIVEMOS NADA! SABE DO QUE MAIS? VOCÊ É UM COVARDE! EU NÃO TENHO CULPA SE VOCÊ TEVE QUE IR EMBORA PORQUE NÃO SOUBE LIDAR COM UMA REJEIÇÃO. EU SINTO MUITO SE VOCÊ NÃO É ATOR COMO SONHOU, MAS VOCÊ NÃO VAI COLOCAR ESSA CULPA PARA CIMA DE MIM. NÃO VAI!
"- ENTÃO DEIXE-ME VIVER A MINHA VIDA DE COVARDE LONGE DE VOCÊ. NÃO ME LIGUE, NÃO ME PEÇA NENHUM FAVOR. VÁ PARA O INFERNO COM A ISABEL!"
A ligação foi encerrada. Eu continuei com o aparelho no ouvido. Foi um erro ter conseguido o contato do Gustavo. Eu, realmente, acreditei que ele poderia me ajudar. Era um plano perfeito: se resta alguma dúvida para a Isabel, uma gravação dele seria a prova de que não a traí com o Gustavo. Enfim poderíamos dar um passo para a nossa volta.
Que ingenuidade a minha. É claro que ele sente raiva de mim. Depois de toda confusão, ainda tentou se aproximar, mas logicamente o ignorei. A última vez que nos encontramos, discutimos. Logo depois eu fiquei sabendo que nem no Brasil ele estava. Fiquei um tanto aliviada. Na minha cabeça era um problema a menos para me resolver com a Isabel. Enganei-me.
Ainda nervosa, coloquei o meu celular na bolsa e deixei tudo no carro. Não quero correr o risco do meu celular atrapalhar o jantar.
Desci do carro tentando controlar a minha respiração. A ligação realmente mexeu comigo, não estou me sentindo bem.
Enquanto caminhava para fora do estacionamento e seguia para dentro do restaurante, fiquei pensando se falo ou não para a Isabel sobre a minha conversa com a Natália. Estamos em um momento tão delicado. Uma linha fina nos separa. Tanto a Isa está receosa de atravessá-la, quanto eu não estou tendo a capacidade de convencê-la de que podemos ser felizes juntas.
Neste primeiro momento, é melhor não dizer nada sobre as pazes feita com a Nat. A espanhola ainda se sente machucada pelas palavras da minha amiga e isso pode demonstrar que para mim não significou nada. É só não tocar no assunto que ficará tudo bem.
Respirei fundo. Minha mente ainda está uma bagunça.
Ajeitei a minha camiseta e entrei no local. Isabel está batucando os dedos na mesa, provavelmente nervosa pelo meu atraso. Virando o rosto, ela me olhou.
Continuei caminhando na sua direção, a conversa do Gustavo não sai da minha cabeça.
- Desculpa o atraso, estava um trânsito infernal - menti.
- No tiene problema - ouvi sua voz, mas não a olhei.
Sentei-me na cadeira e a olhei em pé. Isabel está linda, toda produzida. Senti uma culpa por não ter dado a importância que deveria.
- Você está toda produzida, pensei que era um jantar normal - arrumei uma desculpa.
- Eu te avisei por mensagem que pedi uma mesa especial. Mas você está linda, Helena. Muy hermosa - sorriu. - Pensei ter ouvido você dizer que iria para casa mais cedo. Resolveu ir trabalhar?
Engoli seco. Isabel reparou que estou com a mesma roupa. Se eu confirmar que estava em uma das empresas, ela vai saber que é mentira. E se ela ligou para a empresa antes? Será que ela está me testando?
- Não, eu estava na casa do Eduardo e da Rô. Fiquei o resto da tarde conversando com ele.
Menti mais uma vez. Depois eu conto a verdade e explicarei o porquê, a madrilenha vai entender.
Isabel me encarou. Um frio cortou a minha espinha.
- Rô? - Perguntou confusa.
- Sim, com o Rô, Isabel - esclareci.
A luz iluminava os seus olhos castanhos que encaram os meus. Estudamos uma à outra. Cada mexida era acompanhada, uma troca profunda de desentendimento.
- Está me dizendo que você estava desde esta tarde com o Rodrigo? O Rô do Eduardo?
- Sim, foi o que disse - voltei a confirmar. - Depois da gravação encontrei-me com o Rô na casa dele e estava lá até agora.
Não aguentei continuar olhando em seus olhos. Acho que já fiquei tempo suficiente para fazê-la acreditar em mim. Seus olhos queimavam.
Reparei no local com o clima romântico, as luzes e as velas. Como já tinha mentido, resolvi manter até amanhã. Não posso estragar tudo isso falando sobre a Natália.
- Ficou bem bonito aqui atrás - olhei em volta para disfarçar. - É impressão minha ou temos aqui um jantar romântico? Cheguei tão preocupada com o atraso que nem reparei nas velas - hesitei. - Isabel? Está tudo bem?
Isa não respira.
- O que foi, amor? - Preocupei-me.
Lágrimas. Os olhos do meu amor lacrimejaram. Segurei a mesa. Nunca tinha visto a espanhola me encarar da forma que ela faz agora.
- Sabe quando tudo começou a desmoronar? Eu demorei, mas um dia eu percebi que você mentia. Eu sei quando mente. Cada vez mais me impressiono com a sua capacidade de me enganar. Você não esteve as últimas horas com o Rô. Eu estive. No tinha nenhuma necessidade de mentir, mas você faz coisas e decide escapar com mentiras. Gracias por me lembrar o porquê terminei com você antes de ter feito a burrada que cogitei em fazer nesta noite.
Fechei os olhos e quando abri, Isabel me encarava chorando. ‘O que eu fiz?', era só o que minha cabeça se perguntava.
Ouvimos passos se aproximando.
- No. No traga este vinho e suspenda o jantar, por favor - a mais alta disse ao rapaz.
Assim que ele saiu, busquei a mão dela na mesa. Toquei firme, segurei.
- Isabel, por favor, eu posso explicar. Vamos conversar.
- No me toque - retirou a sua de maneira brusca. - No quiero escucharla. No quero ouvir mais mentiras. Chega de conversas, elas só servem para me fazer cair no seu papo vigarista.
Doí tanto quanto a noite que ela saiu de casa.
- Um minuto, é o que te peço para me ouvir. Você vai entender.
- Chega! Chega! ACABOU, HELENA.
"- ACABOU, HELENA - Isabel berrou.
- NÃO! NÃO ACABOU! - Desesperei-me.
- ACABOU SÍ!
- NÓS TEMOS 12 ANOS DE CASAMENTO, PORRA.
- QUE ESTE MATRIMONIO SE VAYA A LA MIERDA..."
Não, não e não. Não posso deixar que tudo acabe como naquela noite.
Derrubando a taça de vinho, Isabel levantou-se tropeçando. Lágrimas grossas banhavam o seu rosto.
Deixei a cadeira e corri para alcançá-la. A atriz já estava quase na porta e de costas, tive que puxá-la pelo braço. O desespero tomava conta de mim.
- Isa, olha para mim.
O meu pedido não foi acatado. A espanhola tentou sair, mas a segurei pelos seus dois braços. Mesmo com a sua cabeça baixa, eu comecei a dizer:
- Eu estava com a Elisa e a... a Natália - Isabel me encarou. - É isso, eu estava com a Nat, por isso não queria te falar. Nós fizemos as pazes.
- MEN-TI-RA! Mentira, Helena. Você mentiu no passado, mentiu há pouco e mente agora.
- Não é mentira! Eu posso te provar. Posso ligar para a Elisa ou para a Natália e elas te confirmam tudo. Se ainda assim houver dúvida, posso pegar as filmagens das câmeras de segurança para você ver que eu estava no prédio da Lisa.
- Você mentiu - disse entre os dentes.
- Menti. Eu sei. Mas eu menti para evitar um desgaste desnecessário no nosso jantar. Eu ia te contar amanhã. Fiquei com receio da sua reação.
A tristeza estava em suas sobrancelhas caídas e sua boca tremendo.
- Mentiu...
Isabel não conseguia falar. As minhas mãos que a seguravam, passaram a fazer carinho em seus braços.
- Isabel, acalme-se. Para de chorar.
- Está doendo, Helena. Está doendo muito.
- Eu sei, meu amor. Não deveria ter feito isso. Eu nunca menti para você antes... - fui interrompida.
- No é mais uma mentira que está doendo. Sabe o que mais dói, Helena? No é te ouvir falando que mentiu por isso ou por aquilo. Eu até poderia acreditar - prendeu a respiração para não chorar e controlar-se. - O que mais dói é olhar em seus olhos e no saber o que eles dizem. Seus olhos mentem. Sua boca falou e eles não te entregaram. O que mais doeu foi olhar em seus olhos e te escuchar dizer que estava com a pessoa que ficou aqui te defendendo, incentivando-me a hablar contigo. Eu acreditei, até me recordar que seus olhos mentem.
- Não... eles não mentem. Para mim foi um esforço enorme te olhar e mentir. Mas eu realmente achei que estava fazendo a coisa certa. Errei. De novo, eu errei.
- Por que insiste? Qual o seu interesse ainda? Qual o prazer que você sente em mentir e no outro dia sorrir como você fazia antes? Por que quer voltar comigo, se vai cometer os mesmos erros? Eu no quero mais isso. No quero envolver-me mais em mentiras. Se você quer o meu perdão para seguir sua vida, saiba que já tem. Agora me solta, deixe-me fechar as cicatrizes refeitas. Seja lá o que tivemos, acabou. O nosso recomeço termina aqui.
Isabel soltou-se, colocou a mão no peito e eu vi o coração que dei a ela de presente com as nossas iniciais unidas pelo símbolo do infinito.
Quando pensei em falar algo, a madrilenha arrebentou a correntinha e me estendeu o delicado colar.
- Eu te entreguei o meu coração anos atrás e tenho consciência de que ele siempre será seu... mas... mas... está na hora de assumirmos que a nossa relação acabou. Vamos fazer uma última coisa juntas pela nossa história que é encarar a verdade, não tem conserto. Acabou.
Isa abriu a mão e mais um dos nossos objetos de amor foi jogado no chão. Meus olhos fixaram no coração na grama. O meu amor saiu correndo.
As palavras me atingiram em cheio. Foi diferente. Eu sempre fui atingida pela raiva ou pelo amor contido dela. Agora tudo pareceu ter sido feito para... acabar.
Não. Eu não vou perder a mulher da minha vida. Ela tem que entender.
Peguei o colar do chão e entrei no restaurante.
- Você viu a Isabel? Ela saiu? Passou por aqui? - Perguntei aflita para ao sommelier.
- Foi na direção do escritório do seu Maurício, senhora.
Ótimo.
Apressei os passos até o escritório. Bati na porta e tentei abrir. Trancada.
- Isa. Isabel. Abre a porta, vamos conversar.
Bati mais uma vez. Escutei o seu choro baixo. Meus olhos se encheram de lágrimas pela primeira vez. Eu estou fazendo-a chorar novamente.
Coloquei a minha testa na porta.
- Me deixa em paz, Helena.
Não gritou, apenas falou alto o suficiente para que eu escutasse.
- Isabel, se eu sair desse restaurante sem conversar com você... eu desisto.
Forcei mais uma vez a maçaneta para mostrar que eu queria entrar. Não quero desistir.
- Pode ir porque eu já desisti de nós. De você.
Um vazio. Eu congelei, fiquei sem reação. Dessa vez não é ela que está indo embora ou estamos fugindo uma da outra. Eu estou sendo expulsa da sua vida.
Beijei o coração de ouro.
- Eu te amo, minha espanhola, meu amor, minha vida - sussurrei. - O meu defeito é apenas querer acertar cometendo erros estúpidos. O meu coração também será sempre teu.
Comecei a caminhar para fora do Comer & Beber escondendo o meu rosto.
Consegui chegar no meu automóvel sem ter encontrado alguém. Entrei e afundei no banco.
- Você é burra, Helena. Por que eu não disse logo a verdade? Era melhor uma discussão do que isso. Por que pensar que o Gustavo ajudaria? Fiquei toda perturbada e acabei fazendo merd*.
As palavras da Isabel entravam como estacas em meu coração cada vez que eu me lembrava.
Se antes o que me dava esperança para a nossa volta era descobrir o que a fez querer o fim do nosso casamento. Agora, sem querer, dei um motivo para ela não confiar em mim. Eu acabei com tudo.
O toque de mensagem me assustou. Coloquei o colar dentro da bolsa e peguei o meu celular.
Mensagem da Nat.
Natália: Acabamos de chegar no The Week. Elisa conseguiu camarote. Vc está fazendo falta (23:19)
Sorri com a mensagem. Pelo menos alguém sente a minha falta.
Natália: Vou beber por você hoje (23:19)
Olhei o meu rosto pelo retrovisor e limpei as últimas lágrimas que escorreram.
Helena: Estou indo (23:20)
Da última vez eu fiquei chorando por meses. Hoje não.
Sem pensar, dei a partida para o a balada já conhecida por mim. As meninas sempre gostam de se reunir no mesmo camarote, é disso que preciso.
O local não era muito longe do restaurante, tudo fica em um lugar cheio de cultura e diversão da capital. Não demorou para que eu estacionasse o carro e o entregasse ao manobrista. Ser famosa tem os seus privilégios, não precisei me identificar para entrar.
O som extremamente alto e uma música sem letra dá ao local um ritmo jovial. Subi as escadas do camarote observando as pessoas conversando ao pé do ouvido, dançando, beijando.
Quando encontrei minhas amigas, elas fizeram uma festa. Uma a uma foi me abraçando.
- Eu não acredito que você realmente está aqui - disse Natália.
- E eu ia perder? Vamos comemorar a nossa amizade.
- Onde você estava? Ainda está com a mesma roupa e chegou rápido.
- Fiquei com preguiça de trocar, ia me atrasar.
Olhei para o lado e Elisa me encarava questionadora.
- O que foi, Lisa? Não está feliz por me ver aqui?
- Sinceramente? Não sei se devo ficar feliz. Vamos pegar uma bebida.
A loira saiu me puxando pela mão. Tenho certeza de que ela percebeu algo no ar.
Paramos em um canto. A diretora olhou profundamente os meus olhos.
- Seus olhos estão um pouco inchados. Você chorou.
- Não - tentei negar.
- Helena, eu te conheço. Sei que quando fica nessa felicidade estranha é porque quer disfarçar alguma coisa de errado.
- Adivinha? - Ironizei.
- Brigou com a Isabel - concluiu.
Balancei a cabeça positivamente.
- Você está bem?
- Eu estou aqui para me divertir com as minhas amigas. Quero esquecer tudo o que a espanhola me disse.
Até ouvi a voz da minha amiga falar o meu nome, mas caminhei na direção do bar.
Pedi ao bartender um drink enquanto sentava-me em uma das cadeiras altas.
- O que aconteceu com a Lisa? Ela chegou com uma cara preocupada e nem quis me falar nada - Natália chegou perguntando.
- Não sei.
Agradeci com um sorriso quando a bebida foi entregue.
- O que você pediu?
- Manhattan - respondi já dando um gole generoso.
- Mas já vai começar os trabalhos com um forte assim, Helena Carvalho?
- Quero me divertir - matei o copo com o segundo gole. - Me acompanha em outro?
Minha sócia pediu o mesmo drink e depois mais um, mais outro e outros.
- Olha lá as meninas descendo para dançar - Natália comentou.
- Vai lá, amiga. Só não te acompanho porque estou cansada.
- Não. Não quero um monte de mulher dando em cima de mim.
- Quando é que você vai se assumir bi, hein?! Continua dando uma de hétero que a Elisa nunca vai perceber que você é a fim dela.
- Helena! Já pensou se ela escuta? Porr*.
- Olha o barulho dessa música, garota. Nem a gente se escuta direito. Além disso, está mais do que na hora de você revelar para ela. Tem o quê? 8 anos essa história?
- Eu tentei falar com ela.
- Você brincou, Natália. Claro que a Lisa não ia levar a sério.
- Ela não gosta de mim, amiga.
Natália sempre fica triste com o assunto. Evito até tocar, mas se até eu cansei de vê-la chorar pela loira, imagino que ela esteja no seu limite.
- Quem sabe?! Você disse uma vez que a sua amada é apaixonada por uma mulher, mas ela nunca me disse nada. Acho que você deve tentar.
- Hola.
Senti uma mão no meu ombro e me virei um pouco tonta.
Meus olhos viram a Isabel. Desacreditei. Pisquei por três vezes. Uma mulher alta, cabelos levemente ondulados e nariz avantajado apareceu na minha frente.
- O...o... Hola.
- Maria, mucho gusto en conocerla - falou me estendendo a mão.
Minha cabeça buscava as semelhanças, mas meus olhos mostravam outra mulher. Confuso.
- He... Helena. Eres española?
- No, colombiana. ¿Algún problema?
A mulher sorriu. Que sorriso lindo.
- Não, ela adora uma gringa - Natália respondeu por mim dando risada. - Falando espanhol então, melhor ainda.
- Nat! Cala a boca!
Maria chegou no meu ouvido e disse com uma voz sexy:
- ¿Puedo pedir bebidas, Helena?
Acenei com a cabeça que sim. Eu não conseguia parar de olhar os seus traços.
- Bem, aproveitem a noite. Vou procurar a Elisa.
Natália saiu sorrindo de lado para mim. Eu continuei sentada terminando o meu drink, vendo-a pedir outro.
Em qualquer outro momento, eu teria dispensado a companhia de qualquer pessoa. Mas algo me intrigava naquela mulher. Gostei do jeito que me olha, intimidando-me.
Na conversa ao pé do ouvido, contou-me sobre a sua vida e me fez sentir à vontade para também falar um pouco de mim. É sempre bom conversar com uma pessoa que não faz a mínima ideia de que sou uma atriz famosa no Brasil.
Enquanto me contava que é empresária e está para escolher entre São Paulo e Rio de Janeiro para abrir uma empresa de tecnologia, aproximava-se mais.
- ... estoy aquí para conocer la noche de São Paulo. Pero no podía imaginar conocer a una mujer tan bella y perfumada.
Maria desceu do meu ouvido, passou a mão no meu pescoço e o cheirou. Fechei os olhos ao sentir um beijo que foi subindo até tomar os meus lábios para si.
Correspondi ao beijo. O gosto de álcool presente fez ficar ainda mais quente. Bom, mas nossas línguas se encontravam e não me dava o choque gostoso. Aprofundei ainda mais em uma busca trabalhosa de sentir o que procuro.
Separamo-nos ofegantes. Foi um beijo intenso, de certa maneira forte. Ela sorria e eu tentava tirar a Isabel da minha cabeça.
Dessa vez, eu a beijei. Desejei encontrar o que havia perdido. Busquei nela mais que simples semelhanças. Suas firmes mãos em minha cintura me fizeram querê-la.
O segundo beijo terminou de forma mais calma. Abri meus olhos para olhá-la e vi a colombiana, não a espanhola.
Melhor.
- ¿Aceptas ir a un lugar más reservado? Mi hotel esta cerca de aqui.
O clima e a música confusa não me permitiram aceitar ou negar.
- Solo será por esta noche. Mañana volveré a mi país - completou.
"Pode ir porque eu já desisti de nós. De você".
Fugi de seu intenso olhar de desejo e percebi que a Natália e a Elisa pareciam brigar perto das mesas que foram reservadas para nós.
- Espera un momento, ya vuelvo.
As imagens da Isabel dizendo que eu estava mentindo e que tudo está acabado foram voltando, enquanto eu caminhava na direção das minhas amigas.
- ...Para de falar dessa mulher! Para de procurá-la! Para de tentar defendê-la, Elisa! Que saco! Se valoriza, caralh*.
Peguei apenas o final da conversa entre as duas, Natália está completamente bêbada e parece brigar com a nossa amiga loira.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntei.
- Nada Helena - Natália respondeu com a voz embolada. - Agora, se me dão licença, eu vou dançar.
Elisa balançou a cabeça negativamente enquanto acompanhava a morena sair cambaleando.
- Bem, eu tenho que ir - anunciei.
- Ir para onde? Podemos dividir o táxi, espera só mais um tempo.
Meu olhar foi para a colombiana que acenou um copo para mim sorrindo.
- O quê? - Elisa pegou o meu braço e me fez olhá-la. - Não, Helena. Você não pode sair com essa mulher.
- Você vai me impedir?
- Não faça isso com a Isabel, Helena. Você não a ama? Só porque brigaram já quer fazer merd*? Imagina se ela descobre?
- Quem vai contar? Você? A Natália? Não importa. Isabel deixou bem claro para mim que não temos como dar certo. Acabou.
- Lena, você está bêbada. Não posso te deixar cometer uma besteira dessa. Você disse que a faria feliz.
Encarei a Elisa de frente. Doeu.
- Era o que eu mais desejava, mas Isabel não quis.
- Você está com raiva, Helena...
- Chega, Elisa. Você não tem nenhuma moral para ficar falando o que devo fazer ou não. Passou meses me ignorando, nem sequer lembrava que era minha amiga. Agora quer dar uma de melhor amiga protetora, mas mal consegue me encarar direito. Cuida da Natália porque ela vai precisar. Eu não preciso dos seus cuidados.
Peguei minha bolsa e beijei o seu rosto em despedida.
"Seja lá o que tivemos, acabou. O nosso recomeço termina aqui".
Respirei fundo.
"Vamos fazer uma última coisa juntas pela nossa história que é encarar a verdade, não tem conserto. Acabou".
Ao final das lembranças, eu estava de pé em frente à Maria.
- Vamos - disse a ela.
A mulher juntou as nossas mãos e eu a acompanhei.
Chagamos na rua, logo a colombiana chamou por um táxi que entramos em seguida. Decidi deixar o meu carro no estacionamento da balada, até porque não tenho nenhuma condição de dirigir.
Na esquina da rua da balada fica a principal filial da Arte, a companhia de teatro da Isabel. Quando o meu coração ficou apertado, lembranças começaram a me atingir.
Para a minha sorte, Maria me abraçou e beijou o meu pescoço. Isso bastou para me distrair. Fechei os olhos e me deixei levar pelos toques sutis dela.
A cada esquina que passamos, menos faz a sentido a minha presença nesse táxi. Ou melhor, o efeito da bebida vai passando enquanto as duras palavras da Isabel vão me deixando com mais e mais raiva.
- Llegamos, corazón - disse a colombiana.
Impulsiva como sou, desci do táxi junto com a mulher e a deixei me guiar para dentro do hotel até chegar ao seu quarto.
Mal adentramos o luxuoso local e sua pegada passou a ser intensa demais para raciocinar além do desejo. Meu corpo pede prazer.
Nossas roupas ganharam o chão em uma velocidade recorde. Nunca fui tão rápida nas preliminares. Não existe nada além de um corpo desejando outro corpo. É só pele.
Fui jogada na cama. Sem dizer nada, nem olhar em meus olhos, a gringa tocou o clit*ris e começou a deslizar o seu dedo pela minha intimidade.
" - Isso, Isa - gemi. - Não para, aumenta o ritmo.
Eu que estava de quatro, deitei o meu corpo para frente e empinei mais minha bunda.
- Hum... cariño... eres deliciosa..."
Só consegui chegar a um orgasmo, depois de um enorme tempo em que a colombiana tentava me dar prazer, quando comecei a pensar na atriz de teatro. Nada intenso. Nada comparável.
Senti que ela queria continuar, mas meu corpo estava gelado, não reagia. Senti-me estranha.
- Para... para, Maria - pedi.
- ¿Qué pasa, Helena?
Tirei a sua mão da minha intimidade e escondi os meus seios com as minhas em seguida.
- Perdí la concentración. Hoy no soy una buena compañía hoy, perdóname.
Não consegui encará-la. Levantei-me de sua cama e procurei as minhas roupas no chão.
- ¿Hizo algo mal?
- Soy casada.
Não encontrei outra desculpa.
- ¿Qué? - A colombiana indignou-se e cobriu sua nudez com o travesseiro. - Esta es uma información que debería haber sabido antes, no?
- Mi esposa y yo no estamos en uma buena situación. De todos modos, lo siento.
Coloquei o meu sutiã e minha calcinha. Ainda sem conseguir olhar para ela, vesti minhas roupas, calcei o meu sapato e ajeitei o meu cabelo.
- Yo... - iria pedir desculpa, mas fui interrompida.
- Vete! No quiero volver a mirarte nunca más. ¡Fuera!
- Fue solo por una noche. No tienes que sentirte culpable, yo sí.
- Sí, solo quería divertirme. Pero no quería saber que soy parte de una traición.
- No te preocupes, la única traición fue mi sentimiento por ella. No hemos estado juntas por un año.
- Bueno! Ahora adiós.
Concordei com a colombiana e deixei o seu quarto de hotel.
[...]
Esfregava a minha pele com a esponja até ficar vermelha. Uma tentativa de tirar a culpa que sinto. Não por ter ido à cama de uma mulher, mas por ter mentido à Isabel mais cedo.
Lágrimas se misturavam com a água quente do banho. Bati com a mão fechada na parede. Raiva de ter feito tudo errado. Medo pelo o que vem pela frente.
Com muito custo, desliguei o chuveiro. Enrolei-me na toalha e saí do banheiro.
Eu não consigo desistir. Isabel Casañas está em mim. Preciso dela para a minha felicidade ser completa. Eu posso ter dias felizes, seguir, mas nunca serei completa se não a tiver comigo.
Peguei o meu celular. Mesmo um pouco molhada e apenas de toalha, joguei-me na cama.
Não me importei ser mais de quatro horas da madrugada. Liguei.
Chama, chama, chama, chama. Caixa postal.
Insisto.
Não vou desistir.
Chama, nada.
Liguei de novo.
" - Caixa Postal..."
Desliguei antes do sinal.
Mais uma vez tentei.
- Vamos lá, Isabel. Atenda o celular. Vamos, vamos, amor, vamos, atenda, por favor.
Mais uma tentativa frustrada.
- Acabou mesmo, Helena. Você mentiu, procurou por isso, fez merd*s. Enquanto você estava com uma quase desconhecida tentando te dar prazer, Isabel provavelmente passou a noite chorando. Nunca mais seremos as mesmas.
O monólogo foi feito em voz alta na tentativa de que se ouvindo a verdade eu consiga entender de vez que acabou.
Fim do capítulo
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GabiVasco
Em: 28/12/2020
Autoraaaaaaa Por que você demorou? Desde que você me falou que a revelação seria depois de 3 capítulos eu esperei para ler os cinco todos juntos para não ficar pensando toda hora! Pensei que tinha nos deixado. Agora eu vou ler tudo, mas meu comentario aqui é a raiva que estou pelo desencontro delas por causa da mentira da Helena e agora piorou porque se envolveu com essa colombiana.
GabiVasco
Em: 28/12/2020
Autoraaaaaaa Por que você demorou? Desde que você me falou que a revelação seria depois de 3 capítulos eu esperei para ler os cinco todos juntos para não ficar pensando toda hora! Pensei que tinha nos deixado. Agora eu vou ler tudo, mas meu comentario aqui é a raiva que estou pelo desencontro delas por causa da mentira da Helena.
Resposta do autor:
Ai leitora, juntou natal e tudo né, sorry.
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LeticiaFed
Em: 22/12/2020
Olha, se a Helena aparecer com um olho roxo ja sabe quem foi...pelamor!
Vamos seguir lendo rsrs
Resposta do autor:
Hahahaha pode dá, eu deixo.
Beijo.
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