Boa leitura!
Capitulo 8
Eliza
Com um pouco de dificuldade, tropeçando sobre meus pés, consegui chegar até meu carro. Eu tinha bebido além do esperado e sei que não deveria dirigir, mas não estava nem aí com nada. O síndico do prédio me olhava de um jeito estranho, provavelmente me achando louca por estar caminhando com um salto altíssimo naquele estado e ainda por cima querendo dirigir. Mostrei o dedo do meio pra ele e entrei em meu carro. Tava sem paciência pra aguentar olhares acusatórios em cima de mim a essa hora. Mais uma vez lá estava eu, dentro do meu carro, querendo ir pra qualquer lugar que não fosse minha casa. O lugar que antes me trazia calmaria, hoje me traz repulsa. Sem muitas opções pra onde ir, outra vez optei pela praia. Ultimamente eu andava ficando bastante por lá, principalmente quando estava triste ou com raiva, como agora.
Olhando pra lua que refletia no mar e ouvindo o barulho das ondas, deixei que minhas lágrimas caíssem com vontade. Estava decepcionada comigo mesma. Contra minha vontade acabei me apaixonando por uma mulher e agora não sabia mais o que fazer pra arrancá-la do meu pensamento. Odiei ter conhecido a tal Camila, sua noiva, ver o quanto ela é bonita, foi como levar um soco na cara. Eu estava morrendo de ciúmes e detestava essa sensação. Depois de um bom tempo alí, me acabando de chorar, fui embora.
Quando cheguei em casa, encontrei meu marido deitado no sofá, com a televisão ainda ligada enquanto ele babava no travesseiro que dormia. Quando fechei a porta, ele abriu os olhos, assustado.
- Eliza ... - se sentou, pegou seus óculos que estavam na mesinha de centro e os colocou - Que horas são? - me olhou intrigado, ainda tonto devido ao sono.
Passei por ele ignorando sua pergunta e me tranquei no banheiro do meu quarto, afim de tomar um banho bastante demorado. Quando finalmente saí, o encontrei dormindo, agora na nossa cama. Bufei frustrada e me deitei ao seu lado, com a mente fervendo e o pensamento a mil. Não conseguia parar de pensar em tudo que houve essa noite, precisei tomar um calmante pra poder dormir.
Alguns dias depois
Desde meu último encontro com Verônica, as coisas mudaram demais em minha vida. Mudanças que pensei que jamais aconteceriam comigo. Meu casamento havia entrado em uma crise. Pedro a todo instante questionava o motivo das minhas recentes mudanças. Eu havia me tornado mais fria com ele, passava bastante tempo em silêncio na sua companhia, e nós já não fazíamos mais amor, eu o evitava o tempo todo. A culpa de tudo isso é minha e somente minha, eu assumo. No fundo eu acho que ainda o amo, sinto que o amo, mas algo em mim o quer manter afastado. É como se por dentro, minha alma brigasse dia e noite com minha consciência, que se encontrava bastante pesada. Não me sentia digna do amor do meu marido. Eu tinha o traído, havia dado o primeiro passo para abrir o abismo que hoje nos separa. Não trans*va com ele mais porque não acho justo me entregar a ele imaginando outra pessoa em seu lugar. Minhas filhas perceberam minhas mudanças também, mas não falaram nada. Mesmo porque o mês de julho enfim havia chegado e as duas acabaram indo viajar pra casa dos meus pais , no Sul do país, para passarem as férias com eles.
Me senti aliviada por isso, sei que as duas precisam da minha atenção, mas no momento eu não estou conseguindo lidar com nada além da minha dor. Saber que elas estariam bem cuidadas na casa dos avós, me deixava mais tranquila. No trabalho também perceberam minha mudança, principalmente minhas amigas. Por fim, mesmo contra minha vontade, eu acabei me abrindo com a Vanessa, que não poupou palavras na hora de me dar um enorme sermão.
Depois de tudo que ouvi dela, a ignorei por dois longos dias, até ela me puxar pelo braço e me encurralar em uma sala no hospital.
- Então é assim que vai ser? - com os braços cruzados me olhava a espera de uma reposta que não chegou - Liz, somos amigas a anos. Não acredito que quer acabar com nossa amizade somente porque eu te dei um puxão de orelha e te disse umas verdades.
- Não é só por isso Vanessa.
- Ah não? E eu posso saber o por que disso tudo então?
- Ah Vanessa, não estou afim de discutir com você agora - me virei pra abrir a porta, porém ela me puxou com força e me jogou contra a parede.
- Você não vai sair daqui Eliza. Para de criancice e conversa comigo. Somos adultas caralh*.
- Ok - também cruzei meu braços - Você se diz tão minha amiga, mas não se preocupou em me magoar com suas palavras ácidas quando eu me abri com você. Eu preciso do seu apoio Vanessa, não de lição de moral.
- Palvaras ácidas? Você está se ouvindo? - ela bufa e enxuga do seu rosto uma única lágrima que escorreu - Você está apaixonada por um pessoa comprometida que tá se fudendo pra você. Eu tô vendo seu casamento escorrer pela suas mãos como água e você simplesmente não faz nada pra mudar isso Liz. E justamente por ser sua amiga que eu te disse tudo o que disse. Eu só quero seu bem. Seu e do Pedro. Caramba Liz, e sua família porr*? Seu marido, suas filhas, eles não importam mais pra você? Vai mesmo jogar isso tudo fora por uma paixão de momento?
- Não estou jogando nada fora Vanessa. É isso que você não entende. Eu e o Pedro estamos apenas passando por uma crise. Todo casal passa por momentos assim. Você sabe disso, já foi casada também - suspirei cansada - E sobre a Verônica, você sabe que ela foi embora. Então, acabou.
- Acabou pra quem? Porque que eu saiba, vocês duas estam trocando mensagens desde que ela se foi daqui.
- Qual o problema disso? Não posso ter outras amigas além de você?
- Não é nada disso e você sabe, não se faça de sonsa. Eu te conheço, sei que você não quer só a amizade dela e muito provavelmente ela também quer algo a mais. - ela suspirou e passou as mãos pelo rosto, nervosa. - A única diferença entre vocês duas, é que ela só quer sex* com você.
- Você não sabe de nada. - rebati com raiva
- Ela disse que você estava confundindo as coisas. Precisa ser mais clara?
Sinto uma pontada em meu peito e me forço a não derrubar nenhuma lágrima.
- Liz, olha pra mim - segura meu rosto com suas duas mãos. - Eu te amo e só quero seu bem. Essa Verônica pode ser linda, inteligente, sensual, mas é noiva de uma outra pessoa e não vai largar essa mulher pra te assumir. Eu não quero daqui um tempo te encontrar jogada na sarjeta quando perceber que perdeu sua família, seu marido, sua vida, apenas por uma coisa de momento.
Sentindo as lágrimas se formando em meus olhos, não aguentei e pulei em seu colo, a procura do seu abraço. Me permiti chorar na esperança de que essa dor ficasse mais fraca. Senti seus dedos em meus cabelos, tentando me acalmar.
- Eu tô aqui com você Liz. Sempre estarei.
- Eu não sei mais o que fazer Vanessa - falo entre soluços ainda abraçada a ela - Eu estou apaixonada por ela de um jeito que nunca estive por ninguém.
Ela se separa de mim e com calma volta a falar:
- É com que ela que você quer ficar?
- Não sei.
Ela suspira, olha pra baixo e por fim me encara.
- Liz, você precisa pensar bem no que você realmente quer. Precisa colocar na balança tudo isso e se decidir. Ficar em cima do muro como você está agora, só está fazendo mal a todo mundo, principlamente ao Pedro. Se você quer essa mulher, tudo bem. Ninguém é obrigado a ficar casado pra sempre. Pede o divórcio ao seu marido, assim você vai estar livre pra ir atrás dela ou de quem mais você quiser.
- Divórcio? - passei as mãos pelo meu rosto, secando minhas lágrimas.
- É melhor do que trair - ela beija minha testa e vai embora.
Na hora do meu almoço, já um pouco mais calma por ter me acertado parcialmente com minha melhor amiga, consigo me sentar lá fora um pouco, com um copo de suco enquanto mexia em meu celular. Olhava a foto da Verônica no Whatsapp, ela estava linda, segurando uma câmera em seu rosto como se estivesse fotografando algo. Um olho fechado e um sorriso enorme a deixavam ainda mais perfeita. Não resisti e enviei uma mensagem.
"Tô com saudade de você "
Sua resposta chegou quase que no mesmo instante.
"Também sinto falta desse seu corpo gostoso"
Sorrio.
"Quero te ver. Não aguento mais esperar"
"Tô atolada de trabalho e não consigo viajar até aí pra te ver. Por que não vem passar o final de semana aqui? "
"Viajar? Não sei, rs"
"São duas hora de carro. Nem pode ser considerado uma viagem de verdade. Não está com saudade de sentir minha língua pelo seu corpo? "
Suspiro já sentindo meu sex* umedecer com sua provocação.
"Ok, me convenceu. Darei um jeito de ir até aí te ver."
"Ótimo, ansiosa"
"Você pensa em mim?" - pergunto mordendo meu lábio.
"Gostosa, vou entrar uma reunião agora. Outra hora nos falamos melhor. Beijo"
Levo o celular até meu peito e suspiro pesado, frustrada.
Como um lanche rapidamente e volto ao meu trabalho, já mais animada. Mais tarde, já na hora de ir embora, saio rapidamente antes que Vanessa me veja e venha de novo com esse papo de divórcio. Quando chego em casa, encontro meu marido ao telefone.
- Também estou com saudade mamãe - ele sorri - depois nos falamos então. A Liz chegou aqui. Beijo, também te amo.
Me aproximo dele e lhe dou um selinho rápido em seus lábios.
- Oi
- Oi - responde- Precisamos conversar não acha? - pede.
Concordo e me sento no sofá, ao seu lado. Enquanto retiro meus sapatos e começo a massagear meus pés, ele começa falando.
- Liz, o que está acontecendo com você, com a gente?
- Pedro... - o interrompo.
- Seja sincera, por favor. Foi algo que eu fiz?
- Não - segurei em suas mãos - Você não fez nada. Você é incrível. Eu só ando com a cabeça cheia demais, sabe. O trabalho tem me consumido de um jeito que não estou sabendo lidar. Ando muito estressada e acabo refletindo isso aqui em casa.
- Você não tem mais ido aos cultos, parece não querer ficar perto de mim, perto das meninas.
- Não é verdade...
- Você quer se separar ?
- Não!
- Não? Tem certeza Liz? Porque sinceramente não é o que tá parecendo.
- Eu sei, mas... me desculpa por favor. O que você acha de fazermos uma viagem, só nos dois?
- Uma viagem? Pra onde?
- Novo horizonte. Não é tão longe daqui. Acho que vai fazer bem pra nós dois esse tempinho a sós.
- Você acha que isso ajudaria a gente a se acertar?
- Claro que sim meu amor - beijo lentamente seu lábios o fazendo sorrir com o contato tão escasso.
- Vamos viajar então - comenta me fazendo gargalhar.
- Ótimo - ele se levanta e caminha até a cozinha, enquanto eu aproveito pra pegar meu celular em minha bolsa.
" Consegue me ver na sexta?"
"Darei meu jeito" - é a única coisa que ela responde, eu sinto meu coração bater acelerado em saber que em breve, estaria nos braços dela outra vez.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 16/12/2020
Cara... serio... isso não ta certo...
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brinamiranda
Em: 16/12/2020
Quanto a paixão toma conta a cabeça meio que pira rsrsrs acho que a Liz está ferrada, acho que está precisando urgente de um encontro com Verônica, adorei esse capítulo, ri muito imaginando ela mostrando o dedo para o porteiro...rsrs
bj
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