Boa leitura!
Capitulo 7
Peguei meu carro e saí o mais depressa possível dali. Não podia voltar pra casa agora. Eu estava nervosa demais pra inventar uma desculpa qualquer para o Pedro. Decidi parar na praia; O mar sempre me trazia paz e foi extamente por isso que decidi aproveitar suas boas energias e tentar me acalmar um pouco. Depois de muito tempo sentindo a brisa fria da noite tocando minha pele, sequei as lágrimas do meu rosto e já mais calma, fui embora.
***
Passaram -se três longos dias desde meu último encontro com Verônica. Não tem sido fácil pra mim. Não tenho conseguido lidar muito bem com toda essa situação. Tenho me sentido bastante culpada em relação a tudo. Me sinto fraca por ter me deixar levar pelo seu charme, canalha por ter traído meu marido e covarde por não conseguir contar a verdade a ele.
Mas será que contar tudo pra ele, seria a melhor coisa a se fazer? Se ele tivesse me traído, eu com certeza iria querer saber. Mas não tenho coragem de contar, sou fraca e estúpida demais pra isso. O que eu faço agora meu Deus ?
A verdade é que não sei e por isso eu fiquei quieta e decidi tentar seguir a vida como antes. Mas acabei me enganando ao pensar que era só me afastar dela pra que tudo se resolvesse. Eu andava tão pra baixo, sem ânimo pra quase nada, passava a maior parte do tempo calada, na minha.
Eu não queria admitir, mas a verdade é que eu sentia falta dela. Do seu sorriso, suas cantadas baratas, sua alegria, seus beijos, seus toques. Tudo nela me encantou desde o início, e mesmo não querendo, acabei me envolvendo mais do que deveria.
Meu marido percebeu a diferença em minhas atitudes. Por diversas vezes me chamou pra conversar, queria saber o que estava acontecendo comigo, estava preocupado e queria me ajudar. Isso me deixava ainda pior.
O único lugar que me fazia esquecer um pouco de tudo, era no hospital. Eu acabava me jogando de cabeça no meu trabalho e me sobrava pouco tempo pra sofrer. Minhas amigas também estavam se preocupando comigo, principalmente a Vanessa. Depois de muito me precionar, eu acabei sedendo e contando a ela tudo que havia acontecido.
- Não sei o que te dizer Liz - de boca aberta, me encarava com um olhar confuso.
- Eu sei - apoiei os cotovelos na mesa e passei as mãos no rosto. Estávamos na hora do almoço.
- Você se apaixonou por ela?
- Não, claro que não. Eu só me decepcionei. Eu sempre fui sincera com ela, o mínimo que eu esperava era que ela também tivesse sido comigo.
- Eu acho que você exagerou um pouco nisso tudo amiga.
- Exagerei? Vanessa, ela é comprometida e não me disse nada. Isso é uma puta de uma sacanagem.
- Ela pode ter errado em não ter falado nada, mas acho que o maior problema de todos não é esse e você sabe. Você traiu seu marido que tanto diz amar. E pelo que vejo, isso passa batido pra você. Você tá dando importância ao que ela te fez, mas o que fez com o Pedro parece nem te afetar.
- Isso não é verdade. Eu me culpo e muito pelo que fiz. Mas eu sempre soube que errei, traí e assumirei as consequências disso. E é exatamente por ter feito algo tão grave, que eu me sinto duplamente pior. Ela mentiu pra mim e eu pro Pedro. No final das contas, somos iguais.
- Você está apaixonada por ela!
- Não - olhei para os lados nervosa. - Não estou.
- Por favor Liz. - ela tocou minhas mãos por cima da mesa - Não minta pra mim vai. Eu te conheço bem o suficiente pra saber que está super envolvida nisso tudo.
-Eu tô confusa - abaixei a cabeça e comecei a chorar baixinho.
- Ei - se levantou me puxando pra perto - Vamos lá fora um pouquinho pra você tomar um ar, antes que esses fofoqueiros aqui comecem a falar merd*.
Assim que saímos pra rua, me senti melhor. Vanessa me abraçou e sussurrou palavras de conforto em meu ouvido. Já mais calma, ela até conseguiu me faz rir. Enquanto conversávamos sobre outras coisas, mais a frente havistamos Rosana e Verônica, apoiadas no carro da minha amiga.
Quando eu a vi, senti como se o mundo tivesse caído sobre mim. Parece que o chão já não me mantinha firme no solo, o ar me parecia insuficiente e eu não sabia o que fazer. Tentei me virar e ir embora, mas Vanessa não deixou.
- Você vai ficar aqui e mostrar pra ela que não está sofrendo. Ou quer que ela se ache ainda mais?
- Eu não posso. Não consigo - tentava secar as lágrimas rapidamente, antes que elas vissem.
- Consegue sim. - ela me ajudou a me recompor.
Respirei fundo mais algumas vezes e tentei me acalmar ao máximo . Não demorou muito e as duas se aproximaram de nós.
- Meninas, olha quem tá aqui - Rosana parecia animada, abraçando sua comadre.
- Boa tarde - Verônica nos cumprimentou. Vanessa sorriu e eu fiquei em silêncio.
- Que bom encontrar vocês aqui agora. Precisava mesmo falar com as duas. Verônica vai embora amanhã, e eu decidi assim de última hora, dar uma festinha de despedida pra ela lá em casa. Quero ver vocês duas lá heim.
As duas sorriam como se a vida pra elas fossem perfeitas.
Olhei pra baixo sentindo meu coração palpitar em meu peito. Olhei rapidamente pra Verônica, que me encarava sorridente.
- Vai embora? - Vanessa perguntou por fim.
- Sim, minhas problemas no trabalho.
- Ah sim
- Vocês vão não é? - Rosana queria nossa resposta.
- Acho que não vamos poder Rô - Vanessa se adiantou. - Eu estava aqui comentando pra a Liz que não tô muito bem do estômago hoje. Até pedi pra ela dormir lá em casa comigo. Desculpa - segurou a mão da Rosana que parecia um pouco decepcionada.
- Dor no estômago amiga? Tem certeza de que não é nada grave?
- Tenho sim Rô. Já me consultei e só preciso de um pouco de repouso. Acho que pode ser uma virose chegando de mansinho.
- Poxa, que pena. Deixa pra próxima então.
Não demorou muito e Verônica se despediu, alegando que precisava se arrumar pra tal festa. Depois dessa notícia, meu dia no hospital passou se arrastando. A todo momento eu imaginava como seria minha vida depois que ela se fosse embora de vez da cidade. Talvez Vanessa tivesse razão. Eu estava mais envolvida com ela, do que queria admitir. Já em casa, por volta das 22:00 hrs, eu decidi ir a tal festa. Foi tudo de última hora, eu estava até pronta pra me deitar, mas algo me dizia que eu precisava ir vê-la.
- Amor - Pedro estava deitado no sofá assistindo futebol, as meninas já estavam dormindo, já que amanhã acordariam cedo pra aula.
- Hum - ele nem me olhava, de tão intertido que estava no jogo.
- Rosana vai dar uma pequena recepção na casa dela pra despedida daquela moça que foi na nossa festa, lembra?
- Ah, lembro sim meu amor. Verônica né?- concordei - Ela ainda está na cidade?
- Sim. Parece que amanhã já vai embora. Eu não ia, mas agora decidir ir. Você se importa?
- Claro que não. - se sentou e sorriu - Tô te achando meio tristinha ultimamente. Até fico mais aliviado em ver que está um pouco mais animada pra sair com suas amigas.
Sorri sem ânimo pra ele.
- Bom, então vou me arrumar.
Antes de seguir pra festa, eu passei em um bar e comprei uma garrafa de vinho e duas latas de cerveja. Bebi praticamente tudo de uma só vez. Já não sabia mais o que fazer pra tirar essa dor do meu peito, essa sensação de impotência. Queria ver se a bebida me ajudaria em algo. Por fim, acabei ligando pra Vanessa.
- Liz? Aconteceu alguma coisa? - acho que pela voz, ela já estava dormindo.
- Não. Quer dizer, eu decidi ir na festa da Rosana.
- Da Verônica você quer dizer né?
- Você entendeu Vanessa.
- Entendi e não gostei. O que você vai fazer lá Eliza?
- Só vou me distrair um pouco.
- Você bebeu?
- Só um pouquinho.
- Ah minha virgem Maria das cachaceiras, o que você tá fazendo Eliza?
- Não tô bêbada. Relaxa
- Ah, claro que não está . Me fala o que você realmente quer com tudo isso Liz. Você é casada, pelo amor de Deus. Volta pra sua casa.
- Eu não quero nada Vanessa. Sei muito bem que sou casada, só quero sair um pouco. Larga de ser chata, caramba.
- Se quisesse mesmo sair, tinha aceitado meu convite pra ir naquela choperia comigo ontem. Olha, você pode mentir pra mim e pra todo mundo, mas não pode mentir pra você. Quer minha opinião?
- Não, eu não quero.
- Mas eu vou dar mesmo assim. Pra mim você está apaixonada por essa mulher e não quer admitir.
- Você tá maluca.
- Eu não tô maluca. Eu só queria saber o que você quer dela. Porque já sabe que ela não está disponível, nem você. Quer continuar sendo amante, é isso? Quer continuar fazendo seu marido de otário?
- Eu claramemte não devia ter te ligado. Se queria me deixar pior, saiba que conseguiu.
Nem esperei ela responder, encerrei a chamada e segui pra casa da Rosana .
No meio do caminho, meu celular tocou várias vezes, mas eu não ia atender. Não estava afim de receber sermão a essa hora.
Quando cheguei, o nervosismo quase não cabia em mim. As borboletas em meu estômago bailavam no exato momento em que apertei a campanhia.
- Liiiiiz - Rosana estava bem vermelha, um calor sinal que já havia bebido demais.
- Oi Rosana - nos cumprimentamos com um abraço.
- Que bom que veio amiga. Vem, vou te apresentar as pessoas.
Por alguns minutos fui apresentada a alguns rostos desconhecidos antes de finalmente a ver. Mesmo sem querer, não consegui conter o enorme sorriso que nasceu em meus lábios. Mas tão rápido quanto ele veio, se foi. Ao seu lado, estava uma bela mulher, que segurava sua cintura de maneira possessiva.
Ela era linda, tinha cabelos bem curtos, na nuca. Usava uns brincos enormes de argolas, uma maquiagem leve que não a impediu de passar um batom vermelho vibrante, e um vestido soltinho, porém elegante. Parecia estar bem alegre, segurando uma taça de champanhe.
- Essa é a Camila, noiva da Verônica. Camila, essa é a Eliza, a amiga que te falei mais cedo.
As duas sorriam simpáticas pra mim.
- Ah, então você é a famosa Liz. - ela se aproximou e me deu dois beijos no rosto. Era cheirosa.
- Famosa? - eu estava nervosa, mas disfarçava, mesmo que por dentro estivesse tremendo.
- Sim. Verônica e Rosana me falaram bastante da sua festa. Aliás, foi lá que você conheceu minha noiva não é?
- Noiva?
- Sim, noivas a quase três meses né amor? - ela ergueu a mão e mostrou a aliança que brilhava reluzente em minha direção. Olhei na mão da Verônica, e vi sua aliança também. Meu peito doeu no mesmo instante.
Forcei um sorriso e concordei
- Parabéns, as duas. - sorri sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos - Noivas... - repeti baixo
- Obrigada querida. - deitou a cabeça no ombro da Verônica, que me encarava sem graça.
Não aguentava mais tanta falsidade e mentiras vindo dessa mulher. Meu estômago embrulhou como se eu tivesse comido algo estragado. Acabei pedindo licença e praticamente corri ao banheiro. Joguei um pouco de água no rosto, e me olhei por um tempo no espelho.
O que eu estava fazendo alí?
- Liz, você tá bem? - Rosana batia na porta
- Sim. Já tô saindo.
Quando abri a porta, ela me olhou preocupada.
- Tem certeza?
- Tenho sim. Eu só estou um pouco cansada. Acho que vou embora. - passei por ela correndo.
Escutei ela me chamando, mas não parei. Continuei andando a passos largos e saí daquela casa. Quando ia apertar o botão do elevador, Verônica apareceu no hall.
- Ué, já vai? - ela tinha um cigarro aceso nas mãos.
- Já - a olhei da cabeça aos pés, engolindo seco em seguida. Ela estava linda.
- Você não tá fugindo de mim está?
- Claro que não - me virei de costas pra ela, na falha tentativa de me acalmar.
- Liz, espera. - me chamou quando chamei o elevador. Eu parei e me virei de frente pra ela.
- O quê você quer?
- Só queria saber se está tudo bem entre a gente. Queria te pedir desculpas.
- Não precisa.
- Mesmo assim, desculpa. Eu sei que deveria ter contado sobre a Camila. Eu só não queria estragar nosso momento.
- Seu plano não deu muito certo.
- É - sorriu sem graça - Eu sei.
- Você disse que ficaria na cidade por duas semanas. Por que está indo embora agora?
- Preciso resolver uns problemas no trabalho. Camila também tem sentido minha falta.
- Claro que tem - revirei os olhos.
- Então tá tudo bem entre a gente? Depois daquele dia você não me atendeu mais. Nem respondeu minhas mensagens.
- Eu estava ocupada. Mas não se preocupe, está tudo bem. Era só isso? - cruzei meus braços.
- Eu tô indo embora e não queria te deixar uma má impressão sobre mim. Eu queria que soubesse que gostei muito de te conhecer.
- Aposto que sim. Deve ter sido bem divertido sair com uma mulher casada nas suas férias, ter fodido com ela na sua própria festa de casamento. Uma ótima história pra contar pros amigos. - eu gargalhei me apoiando na parede, sentindo as lágrimas descendo com força.
- Você tá bêbada e chorando
- Tá preocupada por quê? Eu sou só a mulher que você comeu pra passar o tempo.
- Liz, não fala assim. - se aproximou - Você não foi apenas uma diversão pra mim. Eu gostei de ficar com você, de verdade. Mas tô começando a achar que você está confundindo as coisas.
- Ah, me poupe. Pra mim você foi apenas um passatempo também. Em relação a isso, acho que estamos quites.
- Quer que eu ligue pra alguém vir te buscar? Não pode dirigir nesse estado. - suspirou e jogou o resto de seu cigarro em uma lixeira ali
- Eu já disse que não estou bêbada. Me deixa em paz.
- Ta bom, calma. Você quem sabe - levantou suas mãos, se rendendo.
- Obrigada
Quando ela se virou pra entrar, decidi arriscar.
- Eu não ganho um beijo de despedida? -
Ela se virou séria e me olhou por um tempo, em silêncio.
- O gato comeu sua língua? - questionei sorrindo.
- Não. É que você está meio bêbada e eu acho que isso pode te deixar ainda mais confusa e eu ten...
- Eu não estou confusa e nem bêbada Verônica. Nós duas somos comprometidas, eu sei. Nada vai mudar. É que eu também gostei muito de ficar com você, e não queria que nosso último encontro fosse tão formal.
Ela parecia pensar, andou um pouco por ali, como se tivesse travando uma batalha consigo mesmo.
Me aproximei dela, segurei em sua nuca e a beijei. Eu sabia que a qualquer momento alguém poderia nos ver, e por um instante, isso era tudo que eu mais queria. Eu queria que a tal Camila nos flagrasse aos beijos e que o castelo de areia em que elas viviam, desmoronassem.
- Liz, não - ela tentava me afastar, quando coloquei aos mãos por dentro do seu vestido e beijava seu pescoço.
- Só um pouco - eu pedia sussurrando em seu ouvido.
- Não, parq Liz, não. - se afastou nervosa - O quê você quer de verdade? Estragar minha vida? A Camila tá aqui do lado.
- Não foi isso que fez comigo? Me seduziu na minha festa, com meu marido lá.
- Não te forcei a nada. Você tá maluca Eliza. Vai embora, por favor.
- Aaaaah - bati palmas - Me usou quando quis, e agora que sua noivinha chegou me dispensa. Ainda tem coragem de me dizer que não fui um passatempo.
- Você é louca.
- Você ainda não viu nada - tentei a beijar novamente, mais ela me afastou.
Ela me olhava séria e segurou firme em meus braços, antes de me arrastar até o elevador e praticamente me jogar lá dentro.
- Vai embora, antes que se arrependa dessa cena toda amanhã.
Não tive tempo de reagir, quando dei por mim, o elevador já estava descendo, me levando pra longe dela.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 08/12/2020
Que loucura... essa Verônica eh sem sentimento total... e Lis perdendo totalmente a sanidade...
[Faça o login para poder comentar]
brinamiranda
Em: 07/12/2020
Caramba, primeiro me coloquei na pele da Liz...nada confortável...depois na de Verônica...igualmente desconfortável...não sei onde esta história vai parar, mas, com certeza vou acompanhar, parabénssss, está super legal de ler, ó dó dessas duas...
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]