Capitulo 9
- Pietra sabe que estou aqui, certo?
- Sim.
- Ela perguntou alguma coisa?
- Lu, o que está acontecendo? Porque todas essas perguntas?
- Me responde, por favor.
- Fabricio disse que vocês estavam juntos e ela me perguntou a quanto tempo.
- O que você respondeu?
- O que eu sei, que vocês saem a mais ou menos a dois meses.
- Meu Deus. – Nesse momento lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Luíza, ela sentia um desespero cada vez maior se apossando de si. – Ela não perguntou mais nada?
- Não. Luíza, o que está acontecendo?
- Nós estávamos saindo Tânia, faz três meses que estamos juntas.
Tânia olhou para Luíza encaixou muitas coisas na sua cabeça. Tânia falou tentando acalmar a amiga.
- Talvez ela não se importe. – Entretanto, ela conhecia Pietra muito bem, sabia que seria muito difícil ela voltar a ter algo com Luíza.
- Envia uma mensagem para ela, diz que está aqui e que precisa de ajuda. – Tânia a olhou com cara de dúvida, fazendo assim Luíza insistir. – Por favor Tânia, por favor.
- Ok. – Tânia pegou o celular e enviei mensagem para Pietra. Ela visualizou logo em seguida.
Quando Pietra viu a mensagem, mostrou para Daniela, Daniela entendeu o que na verdade estava acontecendo, pois viu Luíza e Tânia se encaminharem para o banheiro, ato que Pietra por se encontrar de costas não viu, ela olhou para a amiga e disse.
- Fica com Fabricio que eu ajudo a Tânia. – Ela falou isso, levantou da mesa e seguiu até o toalete. Ela entrou no banheiro, quando olhou para o lado viu Tânia e Luíza lado a lado. – Tânia, me deixa conversar com a Luíza, por favor. – Tânia saiu. Daniela voltou toda a sua atenção para Luíza. – O que você ainda quer com a minha amiga.
- Não que seja da sua conta, mas eu preciso conversar com ela.
- Não, você não precisa, ela passou três meses da vida dela sendo compreensiva, aceitando o fato de vocês só se encontrarem para trans*r, você diz a ela que quer exclusividade, mas que precisa de tempo para assumir um relacionamento com ela, sendo que a maior parte do tempo você estava com ela e com outra pessoa.
- Você não sabe do que está falando.
- Sei, sei sim, pois sempre que ela lhe fazia um convite, e você inventava uma desculpa, era comigo que ela vinha falar, quando ela te disse que queria um relacionamento sério e você pediu tempo para ficar pronta, foi no meu ombro que ela chorou. E te digo mais, minha amiga merece uma mulher de verdade, e não uma de quase quarenta anos que tem vergonha dela. Nos faça um favor. A deixe em paz.
Depois de dizer isso Daniela saiu do banheiro deixando Luíza sozinha. Quando ela chegou na mesa encontrou os amigos e falou.
- Gente, vamos para outro lugar? – Todos concordaram. Fabricio chamou um garçom e pediu a conta.
Nesse momento Luíza sentava em sua cadeira, olhou para a mesa e viu Fabricio pagando a conta, ficou acompanhando com o olhar todos deixando o bar, Tânia antes de sair, olhou para a mesa e deu um tchau, Luíza retribuiu o gesto.
Eles foram para outro barzinho não muito distante dali. Pietra controlou a bebida, pois tinha medo de se deixar dominar por ela, e acabar cometendo uma loucura. As duas horas da manhã, Pietra avisou que para ela já estava bom, queria descansar, todos concordaram, Chamaram um UBER e Fabricio deixou cada uma em suas casas, Dani e Fabricio se ofereceram para dormir com Pietra, porém, ela os dispensou, disse que precisava ficar sozinha e pensar.
Quando desceu do carro, teve uma terrível surpresa, o carro de Luíza estava lá, ela respirou fundo e entrou, a encontrou na sala, sentada no sofá, com uma cara de choro absurda.
- O que você faz aqui Luíza? – Pois é, eu cometi o erro de dá a chave de casa para ela, mas iria resolver isso.
- Precisamos conversar.
- Não, não precisamos, a errada de toda essa história fui eu. Eu que quis demais, eu levei você a sério demais, fiz planos demais. Bom, não se preocupe, não guardo ressentimentos, sou o tipo de pessoa que sabe reconhecer os erros.
- Não fala isso, por favor, nós não fomos um erro, me deixa explicar.
- Luíza, você não precisa explicar nada, o erro foi meu. Agora por favor, vá embora, estou cansada.
- Eu não vou embora enquanto você não me deixar falar!
- Fale.
- Eu sei que fui covarde, devia ter conversado com você, mas eu nunca fui para a cama com o Gustavo, só rolou uns beijos, porém, nunca passou disso.
- Ver o seu nível de hipocrisia? Você me disse que queria exclusividade, mas quando eu virava as costas, você saia com outro. Para mim está tudo certo, e quanto a descrição do que aconteceu entre a gente, ninguém além das pessoas que já sabem, saberá, manterei a descrição como sempre. Para mim esse assunto morre aqui.
Nesse momento Luíza se descontrola, e grita com Pietra.
- Não! Esse assunto não morre aqui, você não consegue me entender! Você espera que eu simplesmente saia por ai de mãos dadas com uma mulher? Eu nosso posso fazer! Eu perderia o respeito dos meus colegas de trabalho, viraria motivo de fofoca entre eles! Eu não posso fazer isso! Mas eu quero você! Quero você como nunca quis alguém em toda a minha vida! Só preciso que você entenda que não posso te assumir! Mas podemos continuar como estamos.
- Estávamos! Acabou! Você é fraca, se aproveitou dos meus sentimentos para controlar o que tínhamos, porque sabia que eu sempre seria paciente, bom, isso acabou! Você e eu acabamos por aqui, agora me dê licença, por favor!
- Não acabou, vou mostrar para você que não acabou, mas por agora lhe darei um tempo, pense em minhas palavras. – Quando ela estava na porta, eu a chamei.
- Luísa? – A cara dela era de expectativa.
- Deixa as chaves no aparador, por favor.
- Pietra, não faz isso, pense bem e depois conversamos, se a sua decisão continuar a mesmo, eu a devolvo.
- Deixe a chave, por favor, senão trocarei as fechaduras. – Ela com lágrimas nos olhos fez o que pedi.
Após dizer isso ela pegou a bolsa e saiu, Pietra subiu para o seu quarto, tomou banho, mas só depois que deitou na cama, se permitiu chorar, como pudera se enganar tanto. Ela chorou igual criança, nunca pensou que passaria por esse tipo de situação, e ela realmente não culpava Luíza, culpava a si por ter sido tão ingênua, por ter aceitado tão pouco, e com esse pensamento ela adormeceu.
Ao acordar no domingo, viu mensagens de seus amigos perguntando como estava, também viu três mensagens de Luíza, essas ela apagou sem ler. Ligou para a sua mãe, que não gostou do tom de voz da filha e chamou o marido para irem passar o dia na casa da filha, no caminho pararam em um supermercado e compraram as porcarias que a filha gostosa quando estava triste, levando assim barras de chocolate e sorvete. Pietra ficou muito feliz quando os viu, seus pais perguntaram o que ela tinha, e ela disse que preferia não falar naquele momento, passaram um domingo muito agradável.
Seus pais só foram embora depois do jantar, Pietra voltou a ficar triste, mas decidiu que queria mudar algumas coisas em sua vida.
Já era quarta feira, Pietra entrou no escritório e sua assistente a seguiu até a sua sala e falou.
- Dra. O caso da Sra. Do Vale teve decisão, a tutela antecipada foi concedida.
- Eu quero dá uma olhada Sandra, você traz, por favor?
- Claro Dra. Só um minuto.
Ela voltou logo em seguida com a decisão, o caso era da vara que Luíza era a titular, na decisão também tinha data da audiência que seria em vinte dias. Peguei meu celular e liguei para a cliente, avisei que a tutela antecipada havia sido concedida, que o pai da criança só poderia ver o menino aos sábados, por um período de duas horas e que a visita seria acompanhada por uma assistente social, o pai da criança era muito agressivo, minha cliente já havia dado entrada várias vezes no hospital com lesões simples, mas também com lesões mais graves, assim como um braço quebrado.
Logo em seguida falei com minha amiga e pedi para que ela acompanhasse a cliente na audiência, ela falou que iria.
Cinco dias antes da audiência minha assistente entrou em contato com a cliente pedindo que ela fosse até o escritório pois queria falar com ela pessoalmente. Conversei com a cliente e disse que uma amiga a acompanharia na audiência, pois eu tinha uma consulta médica muito importante, a mulher se desesperou, chorou horrores pedindo para não a abandonar, pois ela não ia se sentir segura com outra pessoa. No fim eu não tive saída, eu iria para a audiência.
E finalmente o grande dia chegou, como de costume cheguei no fórum meia hora antes da audiência, a cliente já me aguardava, eu conhecia o advogado do ex-marido dela, era o Dr. Leon, um ótimo advogado, mas infelizmente para ele, eu não brinco em trabalho, Dr, Leon chegou e foi nos cumprimentar.
- Boa tarde Dra. Pronta para a batalha.
- Boa tarde Dr. Sempre pronta, e acredite, estou armada até os dentes.
Demos um sorriso e ele voltou para onde estava, logo em seguida chegou à promotora de justiça, eu também já a conhecia, era a Dra. Raquel, muito competente por sinal, ela nos cumprimentou, cumprimentou o advogado da outra parte, e também ficou aguardando, o sr. Oliveira, ex-marido da minha cliente ainda não tinha chegado.
Fomos chamados para a sala de audiência, eu estava uma pilha de nervos, estamos nos vendo pela primeira vez quase um mês depois de todo o ocorrido, ela me ligou quase todos os dias, eu não atendi nenhuma das ligações, ela me enviou mensagens, apaguei todas sem ler.
Quando entramos que levantei a cabeça, ela me encarava, então ela quebrou o silencio.
- Boa tarde, podemos iniciar? – Leon respondeu.
- Excelência se a senhora puder me dar alguns minutos, eu ficaria grato, pois meu cliente ainda não chegou, o telefone dele só dá desligado, acredito que tenha acontecido algo. - Luíza responde de forma firme.
- Dr. Leon. Seu cliente foi intimado, pois nos autos consta a sua assinatura, todos que tem interesse estão presentes, se ele não compareceu, não posso fazer nada, a não ser que a Dra. Raquel esteja de acordo com o Sr. Dra. Qual a sua opinião?
- Excelência, sou a favor que a audiência seja inici... – neste momento sua fala é cortada pois uma pessoa abre a porta de forma violenta, era o Sr. Oliveira. Ele entrou e bateu a porta forte. Então Luíza falou.
- Aonde o sr. Pensa que está para entrar desse jeito na minha sala de audiência?
Fim do capítulo
Boa noite meninas, desculpa a demora para atualizar...
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 12/12/2020
Olá! Tudo bem?
Perdoem-me, mas não acredito no poliamor — se é que isso o que queria a Luiza ou se é covardia dela mesmo e ainda temos a traição por cima disso tudo... Tudo errado, querida Autora, tudo errado —, então o desenrolar está bom, principalmente para Pietra que merece alguém melhor, muito melhor que a Luiza.
Quem sabe a Autora não mostra-nos uma bela surpresa fazendo aparecer na vida de Pietra alguém que mereça o amor dela.
É isso!
Post Scriptum:
''É mais fácil enganar as pessoas, do que convencê-las de que foram enganadas.''
Mark Twain
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