Parte 32

Helen Alves

Há algumas semanas, eu não havia me imaginado amando alguém. Estava bem, sozinha. Talvez um pouco cansada de sofrer decepções.

Estava se tornando cansativo me envolver com alguém e perceber que ela tinha vergonha de sair comigo. Como se eu tivesse feito algo errado, cometido algum crime.

Em vários momentos, eu me questionei se eu não seria suficiente para as pessoas por ser como sou. Já cheguei a me sujeitar a situações para pode me encaixar ou me sentir amada.

Agora, eu já entendo que não há nenhum problema comigo. Há problema com o mundo. Então, se caso você se sentir como já senti, entenda que não há nenhum problema com você.

O senhor Osvaldo e todos naquela cozinha me olharam surpresos. Acho que não esperavam me ver pedindo permissão, visto que isso não é muito comum atualmente.

- Bom... – o senhor Osvaldo pigarreou e olhou para as outras mulheres que estava naquele espaço. – Como já soube que você é uma mulher muito gente boa, eu dou permissão. A minha filha é feliz ao seu lado. Então, é isso que importa.

Após a fala daquele senhor, eu senti a mão macia de Lívia tocando a minha.

- Helen é uma mulher incrível, pai – ela disse e eu fiquei completamente encantada.

- Eu sei que sim, minha filha. Eu sinto – o senhor Osvaldo falou e se sentou conosco para tomar café.

Durante aquele café, pudemos conversar e nos conhecermos melhor. O pai de Lívia demonstrava ser muito tranquilo e amável.

Eu estava em um lar cheio de amor. Durante nossa conversa, percebi que eles amavam muito Lívia e a apoiavam em tudo.

- Por que você não me contou que fui convidada para dormir aqui na quarta? – Perguntei quando encostei o corpo de Lívia em meu carro.

Já passava das 20 horas quando os pais de minha namorada me deixaram ir para casa.

- Hum. – Ela envolveu meu pescoço com seus braços e me olhou de uma forma sapeca. – Acho que estava ocupada com coisas mais importantes.

- Bom... isso também é importante, pois vamos poder fazer outras coisas juntas. – Aproximei os meus lábios nos de Lívia sem me importar com o local que estávamos.

De forma lenta, as nossas bocas se encaixaram.

As mãos de Lívia deslizavam pelo meu corpo fazendo com que o meu corpo esquentasse. Eu estava entregue, totalmente entregue ao que sentia por aquela mulher.

Quando não foi mais possível ficar conversando com Lívia na rua, eu fui para casa carregando em meus lábios um sorriso bobo e apaixonado.

- Resolveu o problema com a moça que está se envolvendo? – Danilo perguntou quando passei pela porta de casa.

- Estamos namorando – falei e me sentei ao seu lado no sofá. – Acho que papai e mamãe vão amar conhecê-la.

- Bom... esse relacionamento deve estar sendo sério mesmo. Não é comum você trazer suas namoradas aqui.

Com a fala de meu irmão, eu fiquei pensativa. Realmente não era comum eu trazer alguma namorada em casa. Não que não pudesse, talvez falta de interesse das partes.

- Quando pretende fazer isso? – ele indagou.

- No fim de semana, o que acha?

- Bom, acho uma boa ideia. Nossos pais irão amar, pois a gente nunca traz ninguém aqui.

- Ah... Você não traz, pois nunca quer algo sério. Meu caso é diferente.

- Você tinha vergonha de nossa família, Helen. Do que somos? – ele indagou e um nó se formou em minha garganta. – Entendo que você vive em um meio com pessoas ricas e poderosas que costumam seguir um certo padrão, mas se alguém se relaciona com você, tem que te aceitar como você é.

- Eu já aprendi essa lição. Demorei um bom tempo, mas já aprendi. Você vai amar conhecer Lívia. – Segurei uma das mãos de meu irmão.

- Se os seus olhos brilham tanto ao falar o nome dela, isso que dizer que ela é alguém especial – ele disse e fiquei um pouco sem graça.

Após falar com meu irmão, eu subi para meu quarto. Como meus pais dormiam cedo, eu não os encontrei.

Tomei um banho e ao deitar na cama. Eu comecei a trocar mensagens com Lívia. Parecia que a cada mensagem que ela me mandava, o meu coração se esquentava ainda mais.

Era amor que eu sentia, tinha certeza disso.

Fim do capítulo