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Meus pedaços por Bastiat

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Palavras: 4396
Acessos: 2621   |  Postado em: 02/12/2020

Coração separado, mas ligado

 

Isabel

 

    Completei mais um círculo com os meus passos no lugar que um dia foi o meu preferido para olhar as estrelas. É um bom retrato da minha cabeça que não para de dar voltas e mais voltas. Pergunto-me sobre o que conteúdo da conversa que a Helena quer ter. Imagino que tenha relação à Natália, o que piorou o meu humor.

 

    Escutei os saltos da paulistana se aproximando e virei-me nervosa.

 

    Meus olhos foram parar no envelope branco nas suas mãos. Os papéis do divórcio.

 

    A atriz de TV posicionou-se na minha frente e me entregou o envelope.

 

    - ¿Eso es...?

 

    Não tive coragem de terminar a pergunta.

 

    - Sim, o que você pediu para que a Nina me entregasse.

 

    Não consegui evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas. Está acontecendo, está tudo acabado. Um misto de pesar, tristeza e alívio.

 

    - Você... - hesitei - assinou? Você assinou, Helena?

 

    A olhei rapidamente, faltou-me coragem para encará-la.

 

    - Fiz o que tinha que ser feito - respondeu-me.

 

    - Cierto, então...

 

    - Abra esse maldito envelope, Isabel.

 

    Ela quer que eu veja a assinatura. Minhas mãos tremeram ao alcançar a aba. Abri um pouco o envelope e olhei dentro. Surpreendi-me como o que vi.

 

    Os papéis estão rasgados? Helena não o assinou.

 

    - Você... está...

 

    Tentei falar, mas o pulsar das minhas veias bate errado e isso me impede até mesmo entender o que estou sentindo.

 

    - Eu assino um outro se assim você realmente desejar, mas só depois que conversarmos.

 

    Olhei mais uma vez os papéis rasgados e fechei o envelope em seguida. Não sabia como reagir no momento. Essa é a última coisa que eu pensei que Helena faria.

 

    Precisei ganhar alguns segundos para pensar no que dizer. Caminhei até o parapeito e apoiei-me com um braço.

 

    Respostas. Eu preciso de respostas.

 

    Voltei o meu corpo para o lado e a olhei.

 

    - Eu estou aqui, Helena.

 

    Acompanhei a sua aproximação com cautela.

 

    Com um gesto, ela pediu o envelope que entreguei um tanto reticente.

 

    Para mais uma surpresa na noite, o envelope foi jogado na direção da piscina. Eu não tenho nenhum controle sob a situação.

 

    - Você realmente achou que eu assinaria? - Ouvi a sua pergunta com atenção.

 

    Vi os papéis do divórcio ficarem cada vez mais banhado na água. Quanto mais o tempo passa, mais me sinto receosa com os acontecimentos.

 

    - O primeiro envelope, o que veio com os documentos, ficou quase como está agora, molhado.

 

    - Caiu na água também?

 

    - No. Ficou molhado pelas minhas lágrimas no dia em que eu assinei - sorri de maneira forçada ao encará-la.

 

    - Por que você chorou? Só se chora quando a felicidade ou a tristeza não cabe em si próprio e transborda.

 

    - Eu no queria. Juro-te que no queria ter assinado - confessei.

 

    - Então por que o fez. Você assinou no dia da maldita conversa com a Nat?

 

    Sim, eu tinha assinado no dia falado por ela. Tentei voltar a minha atenção para o envelope, mas Helena tocou o meu braço e fez com que os nossos olhos se encontrassem.

 

    - Você disse que está aqui, Isabel. Eu preciso muito mais do que sua presença e seus ouvidos atentos ao que vou falar. É importante que você fale também. Sei que não é fácil, mas negar a tudo que vivemos o direito de conversa, deixará uma cicatriz aberta pelo resto de nossas vidas.

 

    Quem Helena Carvalho pensa que é para falar sobre cicatrizes? Ela realmente quer falar sobre a Natália? Ótimo.

 

    - Como la ferida que você abriu ao me expor para sua amiga que nunca fez nenhuma demonstração de que ao menos me respeitava como a tua mulher? Por que contar para ela? Justo para ela?

 

    A minha mágoa estava exposta.

 

    - Eu errei - seus lábios tremiam de nervoso. - Errei - desesperou-se. - Desculpe-me por ter errado. Eu assumo essa culpa, sei que não deveria nem sequer ter mencionado. Eu sei que combinamos segredo, eu errei.

 

    - Errada ou no, já aconteceu. Quem fala algo sem querer, fala apenas uma vez e não conta tudo. Para ela saber da casa, das contas e da gravidez, não foi um assunto que surgiu, foram conversas. No plural, Helena. Conversas! Você quis mostrar o quanto eu dependia de ti.

 

    Meu peito ficou dilacerado. Doía-me chegar a certas conclusões.

 

    - Não! Por favor, não faça isso comigo. Eu errei por querer desabafar. Procurei alguém que poderia entender o que eu sentia. Sabe o que eu sentia? Medo do seu afastamento. Eu sentia a sua falta. Não estava sendo fácil me acostumar com a sua ausência sendo que poderia ter sido tudo tão mais fácil se você aceitasse a minha ajuda.

 

    Mais uma vez, Helena jogou a culpa para o meu lado. Por mais que ela diga estar errada, no fim das contas eu sairei como a orgulhosa.

 

    - Isabel, olha para mim - pediu ao me ver de cabeça baixa. - Por favor, eu preciso que você tire conclusões para além de minhas palavras.

 

    Encarei os seus olhos e ouvi mais um belo discurso sobre como ela não é uma boa samaritana. O quão ruim era me ver trabalhando muito, como se ela não fizesse o mesmo. Até que no final eu a ouvir falar sobre sonhos.

 

    - ...Se falei sobre a casa, com certeza era porque eu estava de saco cheio por você querer adiar o meu sonho. Tudo foi apenas um desabafo, hoje eu sei que foi com uma pessoa errada. Eu errei duas vezes.

 

    Logo eu, de novo, sendo acusada. Eu sempre fiz tudo por ela. Sempre me coloquei em segundo plano.

 

    - Você fala como se só você sofresse, Helena. Eu saio como a frustrada da história e você como a que tentava reerguer uma pessoa orgulhosa. Sabe quantas veces eu tive que adiar o meu maior sonho por sua causa?

 

    Ela sabe que estou falando da companhia de teatro. Toda vez que tocávamos no assunto, a atriz minimizava e me chamava de louca pois sempre faltava capital. Minha ex nunca me ofereceu sociedade, apenas depois que fiz a dívida.

 

    - Eu nunca te proibi! Só pedia para você juntar mais dinheiro que uma hora iria conseguir. Se você seguiu os meus conselhos foi porque quis.

 

    Segurando o choro ao máximo, desabafei:

 

    - Sabe quando eu ia conseguir ter uma companhia realmente minha se dependesse de aguardar o tempo que fosse? Daqui 20 anos. Giovanna já seria uma mulher - engoli a bola de choro que se forma na minha garganta. - Eu não me arrependo de ter aceitado a sua ajuda, Helena. Pelo contrário, serei eternamente grata por tudo. Natália está certa, se eu tenho um nome na televisão e ganho com isso, foi porque você me colocou lá. Eu realmente devo te agradecer por quem sou hoje.

 

    - ...Lembre-se, antes mesmo de te conhecer, você já tinha trabalhado nos melhores palcos pelo mundo. Se alguém tem que ser agradecida sou eu. Você poderia não ter se casado comigo e ter aceitado trabalhar em outros países. Sua vida poderia ter sido muito melhor sem mim.

 

    - Nunca! - Falei assustada com a possibilidade de nunca ter me casado com ela.

 

    Ser casada com o amor da minha vida foi a melhor coisa que eu poderia desejar. Não há dinheiro no mundo que pague dormir e acordar ao lado de quem se ama.

 

    - Você acha que fez a escolha certa ao ficar comigo?

 

    Senti-me um tanto emocionada. Queria tocá-la, mas recuei.

 

    - Apesar de tudo... apesar do que passei... apesar de no estarmos juntas hoje, no serei hipócrita e dizer que eu no faria essa escolha outra vez. No fundo eu... - travei, não posso dizer que a amo - O que vivemos nos trouxe a Gi.

 

    - Que clichê, Isabel. É claro que a nossa filha foi a melhor coisa que saiu do nosso casamento. Nos tornamos mães, isso está além de qualquer coisa.

 

    Mirei a lua que mostrava apenas metade de sua beleza. Parece o meu coração, luz e treva. Confusa, sem saber para onde seguir, disse:

 

    - Eu juro que estou tentando acreditar em sus palabras, Helena. Quiero creer que você fez apenas um desabafo para a Natália. Nem acho que eu tenha o direito de ficar assim, não houve mentira, eu realmente precisei da sua ajuda. No é vergonha nenhuma isso, eu sei. Pero doeu ouvir que sua fala deu a entender que sou uma frustrada, até mesmo fui chamada de interesseira. Quando ela disse que eu não sou uma boa mãe, me perguntei se isso veio de você...

 

    - Claro que não, Isabel. Eu sempre te admirei como mãe, Giovanna te ama assim como ela também me ama. Somos as duas melhores mães que conseguimos.

 

    Senti seus delicados dedos puxar o meu queixo para mirá-la. Fechei os olhos para evitar que uma lágrima caísse, mas foi em vão.

 

    - Eu estou admitindo que errei, isso não vale nada para você? Mesmo se você insistir no divórcio, eu quero que você me perdoe por ter dado armas para a Natália te machucar. Isso foi coisa dela, não se deixe abalar porque é isso que ela quer, fazer-te se sentir mal. Nat fez isso de pura maldade e eu não sei se um dia a minha amizade com a dela vai voltar a ser como antes. A partir do momento que ela ofende a mulher que amo, acabou qualquer admiração.

 

    Abri os olhos assustada por escutá-la dizer que me ama.

 

    - Por que está surpresa? Eu te amo. Se não te amasse, não estaria aqui, teria assinado o divórcio, tchau e boa sorte. Você também não estaria aqui...

 

    - Por favor, no vamos começar con eso. No coloque palavras en mi boca. No imagine o que não sou - implorei pela sua sensatez.

 

    - Tudo bem, você está certa. Não vamos nos desviar do assunto.

 

    Atire a primeira pedra aquele que não erra. Helena pode realmente estar arrependida de ter contado para a Natália. Seus olhos dizem isso.

 

    - Helena, eu no sei se você ensaiou tudo isso ou no, pero no importa. Qualquer pessoa pode cair na tentação de reclamar do parceiro ou da parceira com algum amigo. Acho que focar nos martirizando com isso será pior... Admitir um erro não é para todos, por isso eu te desculpo.

 

    A apresentadora de reality sorriu aliviada.

 

    - Começamos bem. Obrigada - falou tentando alcançar a minha mão, mas recusei.

 

    Eu também devo um pedido de desculpa, achei a melhor oportunidade. Precisamos zerar o maior número de mágoas que conseguirmos.

 

    - Helena, já que você me pediu desculpa, eu quero aproveitar o momento para fazer uma coisa que tem me perturbado nos últimos meses - respirei fundo. - Eu quero te pedir perdão por ter, de certa forma, tentado afastar você e a Giovanna. Isso no só causou tristeza em mim, sei que foi pior para você, mas quem mais sofreu foi a pessoa mais inocente nessa história toda, a Gi.

 

    - Você quis se vingar de mim? Não me diga que foi vingança. Aliás, diga-me a verdade, seja ela qual for.

 

    Respondi da forma mais sincera que já fiz na vida:

 

    Eu poderia dizer que sim, pedir desculpa e pronto. Mas eu sairia daqui mal por mentir - ouvi estalos dos seus dedos nervosos. - Yo no queria nenhuma proximidade, isso realmente pesou durante meses. Mas, o principal é que tive medo de perder a Giovanna. Eu precisava dela mais do que nunca e deixei o meu egoísmo falar mais alto. Yo no queria que a Gi crescesse afastada de mim. Pensé que se a entregasse por mais dias, ela pediria para morar com você. No fim isso aconteceu - sorriu sem graça. - Imaginei também que você fosse entrar na justiça e a guarda fosse sua na mesma hora, então queria aproveitar o momento a mais que eu passava com ela criar um vínculo maior do que eu tive com mi mamá. Pensar em perder a Gi me fazia sofrer. O sofrimento tirou a minha sensibilidade, embruteceu-me e me deixou cega. Perdoname, Helena.

 

    - Acho que erramos juntas. Eu também tive medo de entrar na justiça e você se magoar mais ainda. Não que eu tenha pensando em renunciar à Gi, mas eu sabia controlar muito melhor a ausência dela.

 

    Admirei a sua postura. Parece até a Helena que conheci e convivi antes da descoberta de suas outras faces.

 

    Afastei os pensamentos negativos e concentrei-me na conversa de hoje.

 

    - Soy grata pelas palavras, mas eu sei que nada justifica eu ter feito vocês duas sofrerem.

 

    Não recuei a sua nova tentativa de me tocar.

 

    - É claro que te perdoo, Isa. Eu até já te disse isso, mas você estava dormindo depois de beber todas.

 

    A agradeci mais uma vez. Um peso saiu das minhas costas. Mais uma pedra colocada em um assunto tão importante para esclarecimentos.

 

    Distraída pela aura apaziguadora, de repente um choque correu pela minha espinha ao perceber que ela contornava o meu dedo, onde ficava a aliança.

 

    - Por que você me deixou plantada no meio da sala e partiu jogando a sua aliança no chão?

 

    O meu coração batia forte demais pela mulher doce que um dia eu conheci. Parece que minha mente desassociou as traições do grande amor que ainda sinto por ela.

 

    Sem querer ser grossa, escorreguei a minha mão para longe e cruzei os meus braços.

 

    - Eu fiz o que eu achei melhor.

 

    Se por um instante, eu pensei que a nossa conversa se encerraria. Agora sei que chegou o pior momento.

 

    Precisei me proteger. Curvei o meu corpo para frente e encarei a grama. Pensei que isso a afastaria, mas o seu perfume se fez presente. O leve roçar de seu braço em minha pele me fez tremer e segurar as lágrimas.

 

    - Sabe quando foi que percebi que tinha algo de muito errado com a gente?

 

    Olhei atenta para ela. Será que ela vai dizer quando começou a me trair? Preparei o meu coração para a machadada.

 

    Eu lembrava exatamente do dia que ela começou a falar. Foi o maldito dia. O pior. Um dos mais doloridos. O dia em que entrei em negação durante o período da tarde e quase à noite toda. Porém, não adiantava negar. Fui pega de surpresa, nem nos meus piores pesadelos eu imaginava. Desejei morrer. Apenas não o fiz pela Giovanna.

 

    - ... Você vestiu as roupas em seu corpo molhado e foi tomar banho no banheiro de casa, não no nosso. Eu tenho certeza de que o seu jeito tinha relação com o nosso casamento, você estava tão feliz no dia anterior por ter iniciado a sua busca por um espaço para a filial do Arte. O que aconteceu?

 

    - No me acuerdo.

 

    A minha cabeça já não estava mais presente ali. Eu não queria relembrar.

 

    - Foram tantas vezes, não? Virou quase uma rotina te ver pensativa na espreguiçadeira. O que tanto você pensava? Parecia até que não queria ficar dentro de casa.

 

    O ar ficou raro. O meu estômago revira, minhas mãos suam frio. Levantei a cabeça e me apoiei com os cotovelos no parapeito.

 

    - A veces me quedaba allí com Gi ¿Qué quieres decir com todo esto?

 

    - Estou tentando entender se foi algo que fiz antes ou se foi aquilo com o Gustavo.

 

    Ela quer ter a certeza de que sei de tudo para manipular tudo ao seu favor. Truque barato que ela aplicou diversas vezes. Vesti a minha melhor armadura. Chegou a hora.

 

    - ¿Qué pudiste hacer hecho antes?

 

    - Esqueceu que fala português, Isabel? Por que você está tão nervosa?

 

    Esperta. Helena é muito esperta. Se eu não falar, ela vai continuar fingindo que não sabe de nada.

 

    - No est.. Não estou nervosa. Vai falar sobre a língua que estoy hablando agora? Por que no me responde? O que você pode ter feito antes?

 

    Insisti sem a certeza do que quero ouvir.

 

    - Porque você não me respondeu, porr*! Eu tenho certeza de que não foi só aquele beijo que o Gustavo me deu. Estávamos distantes, antes mesmo do Gustavo aparecer, e eu não sei o motivo. Você me deixava no escuro, eu nem sabia o que estava se passando com você. Do nada você tirou conclusões precipitadas e nem ao menos me deixou explicar. Eu posso me explicar agora?

 

    - Eu estou te escutando, Helena.

 

    Preparei o meu coração para o, talvez, último baque a permitirei que a Helena me dê.

 

    - Gustavo começou a soltar umas cantadas logo no começo do programa. Mas eu te juro que não dava bola. Quando percebi que ele estava passando dos limites, tivemos uma conversa séria. Ele parou e criamos uma amizade.

 

    Não aguentei e dei risada. É inacreditável como ainda me surpreendo.

 

    - Você criou uma amizade com alguém que dava em cima de ti, mesmo sabendo que você era casada? - debochei. - Que belo caráter do seu amigo, no?! Já tinha ouvido falar em dedo pobre para o amor, mas para amizade é novidade.

 

    Referi-me às pessoas que a cercam sem poder alertá-la de uma.

 

    - Coisas de quem tem que conviver no programa. A Philipa vive dando em cima de ti também e nem por isso a afastou. - disse com raiva.

 

    - O quê? ¿Es serio? Até onde sei, eu sou solteira. São situações completamente diferentes, Helena - perdi a paciência.

 

    Veio na minha cabeça o momento em que cheguei na cozinha, antes de pegá-la beijando o Gustavo. Recordei-me de uma coisa que não posso esquecer de perguntar.

 

    - Helena, do que vocês estavam dando risada na cozinha antes de acontecer o... acontecer lá? Eu te ouvi dizendo "deixa a Isabel pra lá".

 

    A baixinha encostou a sua cabeça no meu braço. As minhas primeiras lágrimas começaram a cair. Dói tanto que parece que posso me despedaçar a qualquer momento.

 

    - Como eu disse, eu acabei virando quase que uma amiga do Gustavo. Criamos conversas em comum, aquele dia era para ser só mais uma conversa... Bem, ele criou uma brincadeira de dizer que você não iria votar nele na final porque ele... ele... ele me roubaria de você. Então eu disse "deixa a Isabel pra lá" me referindo ao seu voto.

 

    Chorei baixo, mas não consegui que ela não notasse.

 

    - Fala alguma coisa, Isa. Se quiser me xingar, faça. Só, por favor, não chore.

 

    - ... Sabe como é doloroso relembrar tudo isso e ainda escutar que vocês tinham uma piada por trás. Eu, Helena... eu fui o motivo dessa piada. O que te fiz para merecer eso? Você nem me defendeu dizendo que eu era profissional e que estava lá para julgar? Eu dei as maiores notas para o desgraçado. Eu via vocês dois mostrando algo no celular um do outro e depois o julgava quase sempre entre os melhores. Eu nunca deixei de ser profissional.

 

    - Desculpa, Isabel... - beijou o meu braço.

 

    - De novo? Você sempre acha que pode fazer algo que me ofende sem pensar e depois pode pedir desculpa fácil assim. Por que na época você no me contava nada do Gustavo? Por que no dava a entender que estavam ficando amigos?

 

    Tentei me enganar.

 

    - A gente mal conversava, Isabel. Só nos víamos no Atuando e quando íamos nos deitar.

 

    Mais uma vez: a culpa é minha.

 

    - Isso é desculpa para me trair?

 

    - Eu não te traí, Isabel. Por mais que ele tenha tentado, eu não...

 

    - Você quer realmente me fazer acreditar que no tiveram nada? O jeito que ele pegou na sua cintura e te girou no ar não foi um gesto de quem tinha assuntos em comum. É por isso que aquele dia eu não quis escutar o que tinha a dizer. O beijo aconteceu e você quis.

 

    Helena abraçou-me de lado.

 

    - Nos primeiros momentos do beijo eu correspondi...

 

    Minha respiração falhou. Escutar a confissão sair da boca da Helena é diferente de ver.

 

    - ...mas quando dei por mim de onde eu estava e quem eu estava beijando, afastei-me de imediato. Nada do que eu disser vai amenizar a minha insensatez. A única coisa que eu procuro pensar, na tentativa de diminuir a minha culpa, é que tudo não passou da minha carência do momento. Eu me senti desejada por ele e fiquei feliz. É horrível, mas é a verdade.

 

    - Afastou-se dele cheia de culpa e foi até o camarim beijar o meu pescoço, - relembrei - dizer que aquela seria a nossa noite. Você olhou sorrindo para mim, Helena! Só isso já seria motivo o suficiente para querer a separação.

 

    - Eu não queria te machucar com algo sem relevância. Só pensei em salvar o nosso casamento. Perdoa-me.

 

    Sem relevância? Para quem? Tentei sair dos seus braços.

 

    - Solta-me, por favor.

 

    - Não... você não pode ir embora desse jeito.

 

    - Você está me sufocando. Yo necesito de espaço físico e mental.

 

    Assim que fui solta, afastei-me. Corri para o mais longe que minhas pernas bambas alcançaram.

 

    Respirei fundo, devagar. Um cansaço apoderou-se do meu corpo.

 

    Eu não consigo acreditar que escutei tudo isso, mas ainda a amo tanto.

 

    - É difícil, Helena.

 

    Mordi o meu lábio inferior até sentir dor. Escolhi as palavras:

 

- És mucho difícil acreditar em você. Pero, sabe o que é mais difícil? Fazer o meu coração parar de te amar. Eu parei de regar o nosso amor porque queria matá-lo, assim eu me afastei. Por fim, esperei a hora que você mesma o arrancasse. Assim foi feito quando te vi sendo beijada, beijando, seja lá o que for.

 

    Senti a necessidade de olhá-la. Andei na sua direção me batendo. Preciso me sentir viva. A cada soco que dava no meu peito, buscava resposta para aquele coração batendo forte de amor.

 

    - Mas as raízes do amor continuam aqui dentro. Parece que não tem nada que faça essas raízes morrerem. Nada. Elas crescem - segurei o choro. - Crescem, crescem e crescem. Assim é o meu amor por você.

 

    Respirei fundo e continuei:

 

    - Eu sabia que voltar ao programa seria a minha perdição. Velhas mentiras demoram a morrer, mas um amor demora ainda mais. Antes de chegar perto de você, o meu coração batia e parecia que ia se partir. Depois tudo isso foi mudando. Tentei, mas já não conseguia te odiar. A cada proximidade, toque e palavra trocada, acontecia uma forte atração. Tão forte que nos perdemos nas personagens de colegas. Tudo isso me deixa confusa.

 

    Olhei aos céus, pedi para que o meu amor por ela morresse. Eu quero e não quero sentir isso.

 

    - Isabel, eu sinto muito pela distância que criamos, arrependo-me profundamente de ter deixado as coisas chegarem ao ponto de culminar o nosso fim. Eu não tenho como provar que não aconteceu nada demais entre mim e o idiota do Gustavo. Tenho a meu favor apenas a lógica de que se eu tivesse tido algo mais sério, eu estaria com ele após a nossa separação. Mas não estive nem com ele e com ninguém. Agora olhe para mim, por favor.

 

    Maldito amor. Maldito coração que não para de bater. Tomei coragem e olhei em seus olhos, meu sentimento por ela desabrochou de novo.

 

    - Eu quebrei o seu coração. Nunca vou me perdoar de verdade. Por isso sei que é exigir demais de você esquecer de tudo e me perdoar neste momento. Porém, por favor, deixei-me consertar as coisas.

 

    "Esquecer tudo". Eu quero esquecer tudo.

 

    Busquei no seu abraço um alívio.

 

    - Vamos começar de novo - começou a dizer no meu ouvido. - Me mostra o que eu fiz de errado. Posso tentar mudar. Eu te amo demais, eu preciso de você. Só é o fim quando o amor acaba. Não é o nosso caso. Ainda existe amor para seguir. Dê uma chance para nós. Nós, meu amor.

 

    De repente olhei para os seus lábios. Não resisti. Fiz um beijo acontecer.

 

    Eu estava longe de querer perdoá-la. Mas estava perto de querer fingir que acredito. Eu sinto falta dela. Sinto falta do seu toque. Tenho saudade do meu amor, minha vida, meu mundo.

 

    De beijo amoroso, passamos a trocar por quentes. Implorei pelos seus toques.

 

    - Está vendo? Não acabou. Eu quero te amar, Isa. Deixa-me te jogar naquela cama e te fazer minha de novo.

 

    Respondi beijando-a.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 18 - Coração separado, mas ligado:
GabiVasco
GabiVasco

Em: 04/12/2020

A Isabel espera que a Helena fale o que fez, talvez foi ai que começou a falta de comunicação entre elas. Helena escondeu o que teve com o Gustavo e isso é tão errado que passo a desconfiar mais ainda porque ela fala tudo como se escondesse alguma coisa. Esses são os meus pensamentos de agora e já não me assusto se mudar no proximo


Resposta do autor:

É... talvez você esteja certa no começo.

Hahahaha olha que pode mudar hein?!

 

Abs!

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Baiana
Baiana

Em: 02/12/2020

Isabel não aproveitou o momento para colocar todas as cartas na mesa,mesmo depois da explicação de Helena,ela ainda ficou com dúvidas e questionamentos,mas guardou para si, não acho que isso será bom para elas no futuro.

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