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Meus pedaços por Bastiat

Ver comentários: 4

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Palavras: 4316
Acessos: 2603   |  Postado em: 02/12/2020

Coração entrelaçado, mas perdido

 

Helena

 

    - Eu assino um outro se assim você realmente desejar, mas só depois que conversarmos.

 

    Isabel olhou mais uma vez para os papéis rasgados dentro do envelope e segundos depois, o que meu pareceu uma eternidade, o fechou. Com passos firmes e elegantes, caminhou até o parapeito. Apoiou-se ali como fez inúmeras vezes para pensar. Esperei o seu momento e me surpreendi quando se virou de lado e olhou para mim.

 

    - Eu estou aqui, Helena.

 

    Em poucos passos, cheguei ao seu lado e pedi o envelope.

 

    Assim que a espanhola o passou para as minhas mãos, eu o joguei para longe de nós. Caiu exatamente na piscina.

 

    - Você realmente achou que eu assinaria? - Perguntei olhando fixamente para o seu rosto de lado porque agora ela está concentrada no papel se molhando aos poucos.

 

    A consagrada atriz de teatro não tinha nenhuma expressão que pudesse indicar o que sentia. Preocupei-me.

 

    - O primeiro envelope, o que veio com os documentos, ficou quase como está agora, molhado.

 

    - Caiu na água também? - Questionei confusa.

 

    - No. Ficou molhado pelas minhas lágrimas no dia em que eu assinei.

 

    Isabel virou-se novamente para mim e sorriu apenas com os lábios em uma leve curva forçada.

 

    - Por que você chorou? Só se chora quando a felicidade ou a tristeza não cabe em si próprio e transborda.

 

    - Eu no queria. Juro-te que no queria ter assinado.

 

    - Então por que o fez? - Meu tom saiu em desespero. - Você assinou no dia da maldita conversa com a Nat?

 

    A madrilenha tentou desviar o olhar, mas eu a toquei no braço pedindo a sua atenção.

 

    - Você disse que está aqui, Isabel. Eu preciso muito mais do que sua presença e seus ouvidos atentos ao que vou falar. É importante que você fale também. Sei que não é fácil, mas negar a tudo que vivemos o direito de uma boa conversa é um erro, deixará uma cicatriz aberta pelo resto de nossas vidas.

 

    - Como la ferida que você abriu ao me expor para sua amiga que nunca fez nenhuma demonstração de que ao menos me respeitava como a tua mulher? Por que contar para ela? Justo para ela?

 

    O meu coração apertou, minha voz saiu como uma súplica:

 

    - Eu errei. Errei. Desculpe-me por ter errado. Eu assumo essa culpa e te dou total razão por estar chateada. Sei que não deveria nem sequer ter mencionado o que combinamos ser  segredo, eu errei.

 

    - Errada ou no, já aconteceu. Quem fala algo sem querer, fala apenas uma vez e não conta tudo. Para ela saber da casa, das contas e da gravidez, não foi um assunto que surgiu, foram conversas. No plural, Helena. Conversas! Você quis mostrar o quanto eu dependia de ti.

 

    Os olhos de Isabel acusaram dor. Pela primeira vez, ela está desarmada e demonstra seus sentimentos, apesar de serem sombrios.

 

    - Não! Por favor, não faça isso comigo. Eu errei por querer desabafar. Procurei alguém que poderia entender o que eu sentia. Sabe o que eu sentia? Medo do seu afastamento. Eu sentia a sua falta. Não estava sendo fácil me acostumar com a sua ausência sendo que poderia ter sido tudo tão mais fácil se você aceitasse a minha ajuda.

 

    A mais alta abaixou a cabeça me deixando apreensiva.

 

    - Isabel, olha para mim. Por favor, eu preciso que você tire conclusões para além de minhas palavras.

 

    Com muito custo, a mais nova me encarou. Sua respiração pesada é para controlar o turbilhão de sentimentos, eu vejo. Continuei:

 

    - Eu nunca quis posar de boa samaritana para cima de você. É inacreditável que realmente pense isso de mim porque, mais do que qualquer outra pessoa, você sabe que eu ajudo instituições e faço as minhas doações em silêncio. Quando eu disse que você não estava pagando as contas, foi para desabafar sobre a minha frustração de te ver trabalhando 7 dias por semana e isso parecer inútil. Não foi inútil, peço perdão por pensar isso. Era apenas o meu egoísmo de te querer só para mim se manifestando. Se falei sobre a casa, com certeza era porque eu estava de saco cheio por você querer adiar o meu sonho. Tudo foi apenas um desabafo, hoje eu sei que foi com uma pessoa errada. Eu errei duas vezes.

 

    - Você fala como se só você sofresse, Helena. Eu saio como a frustrada da história e você como a que tentava reerguer uma pessoa orgulhosa. Sabe quantas veces eu tive que adiar o meu maior sonho por sua causa?

 

    - Eu nunca te proibi! Só pedia para você juntar mais dinheiro que uma hora você iria conseguir. Se você seguiu os meus conselhos por um tempo foi porque quis.

 

    - Sabe quando eu ia conseguir ter uma companhia realmente minha se dependesse de aguardar o tempo que fosse? Daqui 20 anos. Giovanna já seria uma mulher - sua voz embargou e de repente vi frustração em seu rosto. -  Eu não me arrependo de ter aceitado a sua ajuda, Helena. Pelo contrário, serei eternamente grata por tudo. Natália está certa, se eu tenho um nome na televisão e ganho com isso, foi porque você me colocou lá. Eu realmente devo te agradecer por quem sou hoje.

 

    - Claro que não, Isa. Você é Isabel Casañas, ganhadora de vários prêmios, respeitada no mundo da dramaturgia, aclamada nos palcos. Você conquistou tudo isso com seu próprio esforço  - sorri. - . Além disso, você entrou para o Atuando por sua competência e se tem sucesso é por ser boa no que faz. Eu nunca tive tantos méritos em suas conquistas, apenas te aplaudi, orgulhosa. Lembre-se, antes mesmo de te conhecer, você já tinha atuado nos melhores palcos pelo mundo. Se alguém tem que ser agradecida sou eu. Você poderia não ter se casado comigo e ter aceitado trabalhar em outros países como planejou. Sua vida poderia ter sido muito melhor sem mim.

 

    - Nunca!

 

    Isabel desabafou de uma vez. Aparentemente, até ela se assustou com sua reação.

 

    - Você acha que fez a escolha certa ao ficar comigo?

 

    Em dois passos, ela aproximou-se e esticou a sua mão para me tocar, porém recuou.

 

    - Apesar de tudo... apesar do que passei... apesar de no estarmos juntas hoje, no serei hipócrita e dizer que eu no faria essa escolha outra vez. No fundo eu...

 

    Isabel mordeu e travou os lábios com os dentes, freou o que diria. Por fim, após me encarar e me ver esperar pela complementação, respirou fundo e disse:

 

    - O que vivemos nos trouxe a Gi.

 

    - Que clichê, Isabel! - Irritei-me. -  É claro que a nossa filha foi a melhor coisa que saiu do nosso casamento. Nos tornamos mãe, isso está além de qualquer coisa.

 

    Com os olhos voltados para o vazio, a vi refletir.

 

    - Eu juro que estou tentando acreditar em sus palabras, Helena. Quiero creer que você fez apenas um desabafo para a Natália. Nem acho que eu tenha o direito de ficar assim, não houve mentira, eu realmente precisei da sua ajuda. No há vergonha nenhuma nisso, eu sei. Pero doeu ouvir que sua fala deu a entender que sou uma frustrada, até mesmo fui chamada de interesseira. Quando ela disse que eu não sou uma boa mãe, me perguntei se isso veio de você...

 

    - Não, claro que não, Isabel - a interrompi. - Eu sempre te admirei como mãe, Giovanna te ama assim como ela também me ama. Somos as duas melhores mães que conseguimos.

 

    Dei um leve toque em seu queixo e ela fechou os olhos. Uma lágrima escorreu e eu a enxuguei.

 

    - Eu estou admitindo que errei, isso não vale nada para você? Mesmo se você insistir no divórcio, eu quero que você me perdoe por ter dado armas para a Natália te machucar. Isso foi coisa dela, juro-te que nunca saiu uma palavra maldosa sobre esses nossos problemas da minha boca. Não se deixe abalar porque é isso que ela quer, fazer-te se sentir mal. Nat fez isso de pura maldade e eu não sei se um dia a minha amizade com a dela vai voltar a ser como antes. A partir do momento que ela ofende a mulher que amo, acabou qualquer admiração.

 

    Quando eu disse que a amo, Isabel arregalou os seus olhos para mim.

 

    - Por que está surpresa? Eu te amo. Se não te amasse, não estaria aqui, teria assinado o divórcio, tchau e boa sorte. Você também não estaria aqui...

 

    A espanhola balançou a cabeça em negação e eu recuei em minhas palavras.

 

    - Por favor, no vamos começar con eso. No coloque palavras en mi boca. No imagine o que não sou.

 

    - Tudo bem, você está certa. Não vamos nos desviar do assunto.

 

    O medo de perder a chance de continuar a conversa foi maior do que a vontade de me declarar.

 

     Isabel suspirou cansada e acenou positivamente.

 

    - Helena, eu no sei se você ensaiou tudo isso ou no, pero no importa. Qualquer pessoa pode cair na tentação de reclamar do parceiro ou da parceira com algum amigo. Acho que ficar nos martirizando com isso será pior... Admitir um erro não é para todos, por isso eu te desculpo.

 

    O primeiro sorriso da noite apareceu em meus lábios. Isabel não falou da boca para fora, isso me deixou aliviada.

 

    - Começamos bem. Obrigada.

 

    Tentei pegar em sua mão, mas ela desviou e a áurea escura voltou.

 

    - Helena, já que você me pediu desculpa, eu quero aproveitar o momento para fazer uma coisa que tem me perturbado nos últimos meses.

 

    Olhei com expectativa para as suas próximas palavras pois Isabel me parece constrangida.

 

    - Eu quero te pedir perdão por ter, de certa forma, tentado afastar você e a Giovanna. Isso no só causou tristeza em mim, sei que foi pior para você, e para o meu pesadelo quem mais sofreu foi a pessoa mais inocente nessa história toda, a Gi.

 

    - Você quis se vingar de mim? Não me diga que foi vingança. Aliás, diga-me a verdade, seja ela qual for.

 

    - Eu poderia dizer que sim, pedir desculpa e pronto. Mas eu sairia daqui mal por mentir - ouvi estalos dos seus dedos nervosos. - Yo no queria nenhuma proximidade, isso realmente pesou durante meses. Mas, o principal é que tive medo de perder a Giovanna. Eu precisava dela mais do que nunca e deixei o meu egoísmo falar mais alto. Yo no queria que a Gi crescesse afastada de mim. Pensé que se a entregasse por mais dias, ela pediria para morar com você. No fim isso aconteceu - sorriu sem graça. - Imaginei também que você fosse entrar na justiça e a guarda fosse sua na mesma hora, então queria aproveitar o momento a mais que eu passava com ela criar um vínculo maior do que eu tive com mi mamá. Pensar em perder a Gi me fazia sofrer. O sofrimento tirou a minha sensibilidade, embruteceu-me e me deixou cega. Perdoname, Helena.

 

    - Acho que erramos juntas. Eu também tive medo de entrar na justiça e você se magoar mais ainda. Não que eu tenha pensando em renunciar à Gi, mas eu sabia controlar muito melhor a ausência dela.

 

    - Soy grata pelas palavras, mas eu sei que nada justifica eu ter feito vocês duas sofrerem.

 

    Mais uma vez busquei a sua mão esquerda. Dessa vez, Isabel não recuou.

 

    - É claro que te perdoo, Isa. Eu até já te disse isso, mas você estava dormindo depois de beber todas.

 

    Com um sorriso tímido, a mais alta disse "obrigada" apenas com o movimentar dos lábios, sem som nenhum.

 

    Até agora, a conversa está melhor do que eu imaginei. Se no começo eu pisava em ovos, sentia medo de soltar alguma palavra mal colocada e fazê-la recusar, agora tenho confiança. Não posso mais recuar.

 

    Aproveitei que sua mão ainda está tocando a minha e toquei com delicadeza o seu dedo anelar.

 

    - Por que você me deixou plantada no meio da sala e partiu jogando a sua aliança no chão?

 

    Isabel fixou os seus olhos para o meu dedo contornando onde ficava a aliança. Não sei precisar por quanto tempo eu fiquei fazendo o gesto, mas eu parei quando senti que ela tiraria sua mão.

 

    - Eu fiz o que eu achei melhor.

 

    Tentei ainda segurá-la, ela escorregou pelo meus dedos e cruzou os seus braços. Defesa armada da madrilenha.

 

    Apesar de ainda me restar confiança, sei que estou em um campo minado e aparentemente desarmei uma bomba.

 

    Isabel voltou-se para o parapeito e curvou o seu corpo para frente. Abaixou a cabeça.

 

    Não recuei. Fiz o mesmo gesto de me apoiar na sacada e cheguei tão perto que os nossos braços deram um leve toque. Longe da ideia de desistir, abordei o assunto de outra maneira:

 

    - Sabe quando foi que percebi que tinha algo de muito errado com a gente?

 

    Ganhei o olhar de lado da Isabel ainda que permanecesse curvada para frente.

 

    - Já passava da meia-noite, eu vim aqui na nossa varanda para procurá-la, mas te vi deitada na espreguiçadeira olhando para o céu. Um olhar longe, pensativo, questionador. Posso jurar que uma fumaça saía da sua cabeça. Fiquei te observando por quase uma hora, até que você se levantou e despiu-se. Completamente nua, te vi se jogar na piscina, pareceu nem ligar para a água gelada. Nadou de um lado para outro, eu não sabia se descia ou te deixava sozinha. Por último te vi dando um longo e último mergulho, até que voltou à superfície. Eu não sabia o que pensar, algo estava errado, mas eu não fazia a mínima ideia do que era. Você vestiu as roupas em seu corpo molhado e foi tomar banho no banheiro de casa, não no nosso. Eu tenho certeza de que o seu jeito tinha relação com o nosso casamento, você estava tão feliz no dia anterior por ter iniciado a sua busca por um espaço para a filial do Arte. O que aconteceu?

 

    - No me acuerdo.

 

    Isabel foi sucinta, falou apenas em espanhol. Seu português some quando fica nervosa, é nítido o seu incômodo com a conversa. O que ela quer? Encerrar a conversa pela metade? Não desisti:

 

    - Foram tantas vezes, não? Virou quase uma rotina te ver pensativa na espreguiçadeira. O que tanto você pensava? Parecia até que não queria ficar dentro de casa.

 

    A mais nova ajeitou a sua postura e apoiou-se apenas com os cotovelos.

 

    - A veces me quedaba allí com Gi - disse jogando o cabelo para o lado e olhou para mim em seguida. - ¿Qué quieres decir com todo esto?

 

    - Estou tentando entender se foi algo que fiz antes ou se foi apenas aquilo com o Gustavo.

 

    - ¿Qué pudiste hacer hecho antes?

 

    - Esqueceu que fala português, Isabel? Por que você está tão nervosa?

 

    - No est.. Não estou nervosa. Vai falar sobre a língua que estoy hablando agora? Por que no me responde? O que você pode ter feito antes?

 

    - Porque você não me respondeu, porr*! Eu tenho certeza de que não foi só aquele beijo que o Gustavo me deu. Tinha quase 2 anos que estávamos distantes, antes mesmo do Gustavo aparecer, e eu não sei o motivo. Você me deixava no escuro, eu nem sabia o que estava se passando com você. Do nada você tirou conclusões precipitadas e nem ao menos me deixou explicar. Eu posso me explicar agora?

 

    - Eu estou te escutando, Helena.

 

    Esperei para saber se ela me olharia. Nada.

 

    - Gustavo começou a soltar umas cantadas logo no começo do programa. Mas eu te juro que não dava bola. Quando percebi que ele estava passando dos limites, tivemos uma conversa séria. Ele parou e criamos uma amizade.

 

    Fui interrompida por sua leve risada e parei para escutá-la.

 

    - Você criou uma amizade com alguém que dava em cima de ti, mesmo sabendo que você era casada? Que belo caráter do seu amigo, no?! Já tinha ouvido falar em dedo pobre para o amor, mas para amizade é novidade.

 

    - Coisas de quem tem que conviver no programa. A Philipa vive dando em cima de ti também e nem por isso a afastou - eu disse com raiva.

 

    - O quê? ¿Es serio? Até onde sei, eu sou solteira. São situações completamente diferentes, Helena.

 

    Senti-me ridícula por comparar os dois casos, minha voz desapareceu. Eu perdi o controle da situação.

 

    - Helena, do que vocês estavam dando risada na cozinha antes de acontecer o... acontecer lá? Eu te ouvi dizendo "deixa a Isabel pra lá".

 

    Encostei a minha cabeça em seu braço esquerdo. Fiz a decisão na minha cabeça de não contar para ela que eu a tinha visto, ou pelo menos tinha dúvida. Pode piorar a situação.

 

    - Como eu disse, acabei virando quase que uma amiga do Gustavo. Criamos conversas em comum e aquele dia era para ser só mais uma conversa... - hesitei. - Bem, ele criou uma brincadeira de dizer que você não iria votar nele na final porque ele... ele... ele me roubaria de você - confessei. - Então eu disse "deixa a Isabel pra lá" me referindo ao seu voto.

 

    Isabel chorava baixinho. Conseguia-se ouvi-la apenas aspirar ruidosamente pelo nariz.

 

    - Fala alguma coisa, Isa. Se quiser me xingar, faça. Só, por favor, não chore.

 

    - Eu estou chorando... puta que pariu! Sabe como é doloroso relembrar tudo isso e ainda escutar que vocês tinham uma piada por trás. Eu, Helena... eu fui o motivo dessa piada. O que te fiz para merecer eso? Você nem me defendeu dizendo que eu era profissional e que estava lá para julgar? Eu dei as maiores notas para o desgraçado. Eu via vocês dois mostrando algo no celular um do outro e depois o julgava quase sempre entre os melhores. Eu nunca deixei de ser profissional.

 

    - Desculpa, Isabel... - beijei o seu braço.

 

    - De novo? Você sempre acha que pode fazer algo que me ofende sem pensar e depois pode pedir desculpa fácil assim. Por que na época você no me contava nada do Gustavo? Por que no dava a entender que estavam ficando... amigos?

 

    - A gente mal conversava, Isabel. Só nos víamos no Atuando e quando íamos nos deitar.

 

    - Isso é desculpa para me trair?

 

    - Eu não te traí, Isabel. Por mais que ele tenha tentado, eu não...

 

    - Você quer realmente me fazer acreditar que no tiveram nada? O jeito que ele pegou na sua cintura e te girou no ar não foi um gesto de quem tinha assuntos em comum. É por isso que aquele dia eu não quis escutar o que tinha a dizer. O beijo aconteceu e você quis.

 

    Abracei a sua cintura, queria protegê-la.

 

    - Nos primeiros momentos do beijo eu correspondi, mas quando dei por mim de onde eu estava e quem eu estava beijando, afastei-me de imediato. Nada do que eu disser vai amenizar a minha insensatez. A única coisa que eu procuro pensar, na tentativa de diminuir a minha culpa, é que tudo não passou da minha carência do momento. Eu me senti desejada por ele e fiquei feliz. É horrível, mas é a verdade.

 

    - Afastou-se dele cheia de culpa e foi até o camarim beijar o meu pescoço, dizer que aquela seria a nossa noite. Você olhou sorrindo para mim, Helena! Só isso já seria motivo o suficiente para querer a separação.

 

    Mais uma vez a minha consciência pesou e pensei em dizer a ela que vi sua sombra.

 

    Eu estou aqui para reconquistá-la, não posso fazer mais estragos.

 

    - Eu não queria te machucar com algo sem relevância. Só pensei em salvar o nosso casamento. Perdoa-me - a abracei com os dois braços, apertando-a.

 

    Isabel ergueu-se e tentou sair.

 

    - Solta-me, por favor.

 

    - Não... você não pode ir embora desse jeito.

 

    - Você está me sufocando. Yo necesito de espaço físico e mental.

 

    Sem opção, desfiz o abraço. Vi a atriz se afastar e parar de costas na ponta da varanda. Pelo menos ela não foi embora.

 

    - É difícil, Helena.

 

    A voz firme da espanhola chamou a minha atenção. Não havia mais sinal de choro.

 

    - És mucho difícil acreditar em você. Pero, sabe o que é mais difícil? Fazer o meu coração parar de te amar. Eu parei de regar o nosso amor porque queria matá-lo, assim eu me afastei. Por fim, esperei a hora que você mesma o arrancasse. Assim foi feito quando te vi sendo beijada, beijando, seja lá o que for.

 

    Isabel virou-se e bateu com a mão fechada contra o seu peito enquanto andava na minha direção.

 

    - Mas as raízes do amor continuam aqui dentro. Parece que não tem nada que faça essas raízes morrerem. Nada. Elas crescem - sua voz embargou, mas percebi o seu esforço. - Crescem, crescem e crescem. Assim é o meu amor por você.

 

    Eu fiquei parada enquanto ouvia o seu desabafo. Está aqui, explicitamente, nas suas metáforas, ela dizendo que ainda me ama. Tudo que o meu coração precisa saber.

 

    Busquei os seus olhos castanhos claros e me perdi em suas misturas de sentimentos. Ora amor, ora dor, ora desejo, ora raiva.

 

    - Eu sabia que voltar ao programa seria a minha perdição. Velhas mentiras demoram a morrer, mas um amor demora ainda mais. Antes de chegar perto de você, o meu coração batia e parecia que ia se partir. Depois dia após dia isso foi mudando. Tentei, mas já não conseguia te odiar. A cada proximidade, toque e palavra trocada, acontecia uma forte atração. Tão forte que nos perdemos nas personagens de colegas - desviou o olhar para as estrelas no céu. - Tudo isso me deixa tão confusa - confessou.

 

    - Isabel, eu sinto muito pela distância que criamos, arrependo-me profundamente de ter deixado as coisas chegarem ao ponto de culminar o nosso fim. Eu não tenho como provar que não aconteceu nada demais entre mim e o idiota do Gustavo. Tenho a meu favor apenas a lógica de que se eu tivesse tido algo mais sério, eu estaria com ele após a nossa separação. Mas não estive nem com ele e com ninguém. Agora olhe para mim, por favor.

 

    Seu semblante um tanto sério foi dando lugar a minha doce Isabel. Aquela espanhola que costumava trocar olhares apaixonados comigo.

 

    - Eu quebrei o seu coração. Nunca vou me perdoar de verdade. Por isso sei que é exigir demais de você esquecer de tudo e me perdoar neste momento. Porém, por favor, deixei-me consertar as coisas.

 

    De surpresa, fui abraçada pela Isabel. Um abraço apertado, suplicante, magoado e amoroso. Cheio de saudade.

 

    Estiquei-me até o seu ouvido e disse:

 

    - Vamos começar de novo. Me mostra o que eu fiz de errado para que eu possa tentar mudar. Acredite em mim, te amo demais, eu preciso de você. Só é o fim quando o amor acaba. Não é o nosso caso. Ainda existe amor para seguir. Dê uma chance para nós. Nós, meu amor.

 

    Afastei o meu rosto para olhá-la. A mais alta mirou os meus lábios.

 

    Isabel colocou as suas mãos no meu rosto, deslizou para dentro dos meus cabelos e me puxou para um beijo.

 

   Em um primeiro momento, nos exploramos com calma. Amoroso, delicado, lábios com lábios. O único capaz de paralisar o tempo, trazer leveza, dizer ‘eu te amo' em toques.

 

    As estrelas foram testemunhas quando ela encerrou o primeiro contato com um beijo leve e sorriu com os olhos.

 

    Novamente nossas bocas se uniram. Agora com urgência de explorar com nossas línguas. O beijo que dá ao corpo a sensação de vulcão em erupção, queima a alma.

 

    Eu fogo, ela combustível.

 

    Uma de suas mãos desceu para a minha cintura apertando com firmeza. Deixei os seus lábios para explorar o seu pescoço. Ouvi um pequeno gemido de aprovação quando mordi sua deliciosa pele de leve.

 

    Deixei um último beijo na sua clavícula e voltei a minha atenção para os seus olhos.

 

    - Está vendo? Não acabou. Eu quero te amar, Isa. Deixa-me te jogar naquela cama e te fazer minha de novo.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 17 - Coração entrelaçado, mas perdido:
patty-321
patty-321

Em: 24/02/2021

As duas erraram com os problemas, falta de diálogo, a espanhola tem um sério problema de autoestima e tb as falsas amizades, falta de maturidade.

Responder

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GabiVasco
GabiVasco

Em: 04/12/2020

Eita!!! Por esse final eu não esperava, confesso que por um momento eu achei que elas começariam a brigar mas elas evitaram e acabaram caindo no amor que uma sente pela outra.

Responder

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EliandraFortes
EliandraFortes

Em: 03/12/2020

Pelo que entendi Helena vira a sombra de Isa no local, ao beijar o homem...? Queria fazê-la acordar para a frieza do casamento?


Resposta do autor:

Não, não é exatamente esse caminho feito, mas é uma boa teoria.

 

Abs!

Responder

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Baiana
Baiana

Em: 02/12/2020

Realmente,a Helen traiu a Isabel,não no sentido físico,mas traiu a confiança de casal,errou em não dialogar,errou ao esconder o que se passava entre ela e o Gustavo.


Resposta do autor:

Sim, vendo por esse lado, tens total razão.

 

Abs.

Responder

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