Boa leitura!
Capitulo 24 Como ficamos agora?
Alice
Meu coração batia feito uma escola de samba em plena Sapucaí. Sentir os lábios macios da Helena nos meus, devia ser considerado a oitava maravilha do mundo. As emoções que estava sentindo nesse momento eram novas e com certeza mágicas. Dessa vez ela estava tão entregue quanto eu, estávamos conectadas como nunca antes.
- Me fala que eu não estou sonhando. - pedi com meus lábios próximos aos seus.
- Não tá. - sorrimos ainda de olhos fechados.
- Ah Helena, como eu quis que esse momento chegasse.
- Nós últimos dias isso era o que eu mais queria também.
- O quê te fez mudar de ideia? - segurei em suas mãos enquanto a olhava a espera de uma resposta.
- Sentir você se afastar de mim foi um choque de realidade. Me fez perceber o quanto gosto de você.
- Foi difícil pra mim me manter longe. Pensava em nós o tempo todo - passo meu nariz de leve em seu pescoço sentindo seu cheiro - Como vai ser agora?
- Não posso te oferecer muito nesse momento. Acabei de me separar e meu ex marido não está aceitando muito bem minha decisão. - suspirou.
- Você ainda gosta dele?
- Não - repsondeu rapidamente - Não gosto. Caso contrário eu nem estaria com você. Quando estou com alguém eu sou fiel.
- E você está comigo?
- Achei que te beijar tinha deixado isso claro - me olha sorridente com uma sobrancelha arqueada, enquanto passa de leve seus dedos por meus lábios.
- Deixou - sorrio envergonhada - Eu só quis ouvir a confirmação saindo dos seus lábios.
- Não precisa se sentir insegura Alice. Eu pensei bastante sobre tudo isso. E ter você é algo que eu quero muito.
Helena
Passei a tarde toda nos braços da Alice e não consigo descrever o tamanho da felicidade que estou sentindo. Assim que me acertei com ela, senti o peso das minhas costas sumir e de repente todo meu mau humor se tornou apenas uma lembrança.
Agora eu estava tomada por uma sensação de plenitude e uma alegria sem fim. Alice e eu estávamos juntas, agora é oficial.
Sei que pode parecer loucura mas, não existe nada mais nesse momento que eu queira mais do que ter Alice ao meu lado. Sei que se mais alguém soubesse desse nosso envolvimento eu sofreria consequências graves, mas pela primeira vez na vida resolvi escutar meu coração e agir segundo suas vontades. Essa garota tinha algo especial, que me puxava pra ela cada vez mais. Ao mesmo tempo que era rebelde e arisca, era carinhosa e apaixonante. Um perigo pra minha sanidade.
Passei uma boa parte da noite conversando com minha irmã. Ela estava em êxtase assim como eu. Ficou bastante impressionada com minha atitude e coragem em assumir estar completamente encantada por essa garota. Mas no final, me apoiou como sempre fez. Eu realmente tinha muita sorte em ter ela ao meu lado, me ajudando a suportar os altos e baixos que a vida me proporcionava. Ela me ama do jeito que eu sou, e nunca tentou me mudar. Nem mesmo quando ela não concordava com minhas atitudes.
Estava quase adormecendo quando escutei batidas na porta do meu quarto. Fingi que não tinha ninguém na esperança de que quem quer que fosse desistisse e fosse embora, mas meus planos foram por água abaixo quando a pessoa do outro lado continuou a insistir.
- Droga de hotel que não presta nem pra avisar quem está subindo - resmunguei baixo enquanto levantava irritada.
O relógio marcava 23:45 da noite, o que de certo modo me preocupou. Quem bate na porta de alguém a essa hora, a não ser que esteja trazendo uma má notícia?
Olhei pelo olho mágico e balançei a cabeça inconformada ao ver José Henrique do outro lado. Suspirei fundo antes de abrir.
- Como descobriu onde estou hospedada?
- Helena, eu queria conversar com você. Por favor.
Estava apoiada no batente da porta pensando no que fazer. Deixava-o falar ou o mandava embora de vez?
- Por favor, não feche a porta na minha cara. Tivemos uma história juntos, uma vida. Só quero conversar um pouco.
- Já conversamos demais Zé Henrique. Já te disse mil vezes pra não me procurar - eu estava cansada de sempre repetir a mesma coisa pra ele.
- Por favor - insistiu
- Tudo bem, mas seja rápido.
Assim que ele entrou, percebi que reparou em todos os detalhes no quarto, antes de se sentar na beira da minha cama.
- Estou tão arrependido do que fiz - ele parecia abatido. Estava usando um terno sem gravata e o palitó estava em suas mãos. Os botões de cima da sua camisa branca estavam abertos, deixando escapar pequenos cabelos encaracolados pra fora da roupa.
- Deveria ter pensado nisso antes de me trair.
- Eu sei. Estava carente, bêbado, não pensei direito. Eu só queria que você me ouvisse e acreditasse no que digo. Estou muito arrependido e envergonhado também.
- Agora é tarde Zé, não tem mais volta.
Estava em sua frente de braços cruzados e só estava aceitando falar com ele, pra tentar fazê-lo entender de uma vez por todas que nosso casamento terminou.
- Jamais conseguirei esquecer as coisas que me fez. - completei.
- Não acredito que você irá mesmo jogar nosso casamento no lixo por causa de um deslize. Eu sei que fui um idiota em te trair, mas já te disse que estou arrependido. Só queria mais uma chance. - suspirou - Também tivemos bons momentos, você sabe disso.
- Claro que tivemos. - me sentei ao seu lado - Um dia a gente se amou Zé. Tivemos nossa filha, momentos gostosos em família. Mas isso tudo ficou nas lembranças apenas.
- Isso não é verdade. Eu era um bom marido, tentava te fazer feliz, te apoiar. Você sabe disso Helena. Não acredito que no meu primeiro erro você já quer o divórcio.
- Depois que descobri que me traiu, senti uma coisa estranha. Foi como se tudo tivesse ficado mais claro na minha cabeça e no meu coração. Me fez perceber que eu não te amava mais, que não estava mais feliz ao seu lado.
- Não entendo. Parecia que você me amava, eu sentia isso.
- Mas eu não amava. Estava apenas empurrando esse casamento com a barriga.
Ignorando o que eu disse ele se aproximou:
- Sinto falta do seu cheiro- encostou seu nariz em meu pescoço enquanto deslizou seus dedos em meu braço.
- Não faz assim Zé, não quero você perto de mim. Para de complicar as coisas - me levantei irritada com essa atitude falha em me excitar.
- Não sentia nada quando fazíamos amor?
- Acho que a muitos anos não fazíamos mais amor, ou você se esqueceu que me penetrava dormindo? Na verdade Zé, sendo bem franca com você, eu odiava quando me tocava. Me sentia uma boneca inflável, que servia apenas pra saciar seus desejos. Você nem se preocupava em me agradar, me dar prazer.
- Não sabe como me machuca ouvir isso. Acho que você sempre interpretou errado minhas atitudes. Nunca te trarei como um objeto, eu te amo. Não sabia que trans*r com minha mulher era errado.
- Quando ela está dormindo é errado sim. Ah não ser que ela gostasse de ser tocada assim, o que não era meu caso. Eu te pedi pra parar milhares de vezes, mas você nunca me escutou.
- Éramos casados, eu tinha desejos...
- E os meus desejos? Já parou pra pensar que eu também tinha desejos que nunca foram saciados?
- Eu...
- Chega Zé, chega. Vai embora por favor. Eu já disse que não tem mais volta, para de insistir.
- Eu estou lutando pelo nosso casamento. Helena, passamos a vida juntos. Pensa na Carol.
- Não adianta colocar nossa filha no meio dessa história toda. Isso não vai mudar minha decisão.
- Quando você mais precisou, eu fiquei do seu lado. Não pensei duas vezes antes de largar tudo pra trás e me mudar com você pra essa cidade. Tudo isso pra que? Pra meses depois receber um chute na bunda.
Ele estava nervoso e ao mesmo tempo decepcionado. Andava de um lado para o outro no quarto.
- Eu te agradeço de coração tudo o que fez por mim. Mas não é apenas de gratidão que se vive uma relação. Precisa de amor, confiança, carinho... Isso não tínhamos a muito tempo.
- Eu te amo da mesma forma de sempre.
- Mas eu não. Agora por favor, vai embora.
Abri a porta e me apoiei nela, esperando ele ir.
- Não vou desistir da gente assim. Vou lutar por você até o fim.
- Se não assinar o divórcio, vamos pro letigioso, mas não mudo minha decisão.
- Vamos ver.
Ele passou por mim e se foi.
Fim do capítulo
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