Capitulo 6
A Última Rosa -- Capítulo 6
Michelle se recostou no banco do carro, apreciando a paisagem e as residências ricas, que mal podiam ser vistas através dos altos muros de pedras.
Enquanto o carro continuava a seguir pela estrada íngreme, o mar brilhava cada vez mais perto.
-- Isso é lindo -- disse ela a Valquíria que já havia aberto a janela e colocado a cabeça para fora.
Não havia ninguém pelos arredores. Somente as árvores formavam a paisagem, estendendo-se até à faixa de areia lambida pelo mar azul e iluminado.
O silêncio e a tranqüilidade do lugar trouxeram-lhe à mente imagens da infância, quando corria e brincava sem medo de nada pelo sítio pequeno e humilde dos avós.
A calma de Hills não tinha nada a ver com a agitação da cidade de onde ela vivia. Mesmo assim, pela primeira vez sentia-se pouco à vontade ali, como se algo muito chocante estivesse prestes à acontecer.
Estou sendo tola, pensou, sacudindo a cabeça. Não devo me considerar uma intrusa só porque não sou esperada na casa dos Parker. Afinal, estou apenas à procura de um emprego.
Valquiria fez um gesto abrangendo o mar iluminado pelo sol do verão.
-- Eu não acredito que vamos morar nesse paraíso -- ela estava deslumbrada.
O carro virou suavemente para uma trilha estreita. Depois de alguns minutos o táxi parou diante de um portão e o motorista falou num interfone fixado no muro. Um momento depois os portões se abriram para dentro e o carro continuou o seu caminho.
-- Uau! -- Michelle deixou escapar um suspiro impressionada.
Árvores dos dois lados da entrada escureciam o carro com sombras. Uma grande extensão de gramado muito verde levava até a entrada da casa. Na verdade casa não era a palavra adequada, mansão teria sido mais correto. O imóvel era enorme com pilares, varandas, janelas enormes, fontes e uma piscina. Havia até uma pista de pouso e decolagem privada nos fundos da propriedade.
Saíram do táxi e começaram a andar pelo caminho que conduzia à casa principal enquanto o motorista retirava as bagagens do porta-malas do carro.
-- Será que ninguém vem recepcionar a gente? -- Valquiria fez uma careta tão feia que o motorista franziu o cenho.
-- Preciso ir, senhoritas -- disse ele -- Foi um prazer conhecê-las. Espero que tudo dê muito certo para vocês.
-- Obrigada! -- Valquiria sorriu e ficou toda sem jeito quando viu a mão dele estendida -- Ah, claro. Desculpa -- ela abriu a bolsa, pegou o dinheiro e pagou a corrida.
-- Obrigado -- disse o simpático rapaz, antes de bater a porta do carro e partir.
Michelle arqueou as costas para trás e movimentou os braços. Seus quadris doíam e até seu ombro estava lhe incomodando. Precisava urgentemente de um banho demorado e uma cama macia.
Enquanto o táxi desaparecia na distância, Michelle e Valquíria se entreolharam surpresas. Obviamente sabiam que elas estavam ali. Alguém atendera o interfone e abrira os portões. Então, porque não abriam a porta?
-- Daqui à pouco me sento no chão e começo a chorar -- Michelle tinha a sensação estranha de que alguém a vigiava. Olhou à volta, mas não viu ninguém. Talvez fossem só os nervos. Afinal de contas, ela estava passando por um momento de extrema aflição. A única razão pela qual estava alí, era porque estava fugindo da polícia.
-- Vamos tocar a campainha -- disse Valquíria, esfregando a nuca -- Estou morta!
-- Deixa comigo -- quando foi apertar a campainha da porta, sua mão tremeu. E como podia evitar? Nunca havia entrado em uma mansão. Será que os moradores eram acolhedores? Olhou para a blusinha verde e a calça jeans que vestia nesse dia. Talvez devesse ter-se vestido de um modo mais formal. Mas já era tarde demais para aquele tipo de lamentação.
-- Toca logo -- resmungou Valquiria.
-- Já vou -- respondeu com um suspiro longo e sofrido. Michelle tocou a campainha. Houve um longo silêncio, o que a deixou um tanto preocupada. Porque não atendiam? Ia tocar de novo, quando a porta abriu-se e um homem alto, com barba por fazer e cabelo espetado, olhou para elas de cara feia.
-- Sim? -- resmungou.
Não parecia um mordomo. Nem um segurança, na verdade. Parecia mais um vilão de filme policial.
Valquíria deu um passo à frente e tomou o lugar de Michelle. Ela esticou o corpo para parecer mais alta, mas com o seu um metro e sessenta de estatura era bem mais baixa que o homem.
-- Me chamo Valquiria Cabria. A dona Marcela está à minha espera.
O homem franziu a testa.
-- Valquiria?
Valquíria que nunca foi uma mulher muito paciente, controlou um berro.
-- Sim, foi o que eu disse.
De repente, a simpatia pareceu iluminar as feições do homem.
-- Oh, agora lembro. Minha esposa já havia me avisado. Entrem. Vitóriaaa! -- gritou o homem, enquanto praticamente as empurrava para o interior da casa.
Uma moça apareceu de imediato e gesticulou para ele.
-- O que foi Nicolas?
-- Ah, estás aí. Olha quem chegou mulher: A profissional das comidas.
-- Para de falar besteira Nicolas e vai buscar as bagagens -- ela empurrou o marido e foi ao encontro das moças. Estendeu-lhes a mão com simpatia -- Sejam bem vindas. Me chamo Vitória e sou a governanta da casa.
-- Obrigada Vitória. Eu sou a Valquíria -- virou-se e apontou para Michelle -- E esta é a minha amiga Michelle.
-- Me acompanhem, por favor.
As moças seguiram a figurinha magrinha e simpática, tomando a direção da sala de visitas.
-- A dona Marcela às receberá agora -- disse a moça, sorrindo educadamente.
Michelle deu um profundo suspiro e tentou fazer suas mãos pararem de tremer.
-- O que foi? -- perguntou Vitória, fingindo naturalidade. Mas logo percebeu que a ruiva estava extremamente nervosa.
-- Nada -- ela respondeu, desviando o olhar da porta à sua frente.
-- Você está com medo dela? -- Vitória fez um sinal com a mão, apontando para a porta -- Querida, não se preocupe. Seja você mesma e controle-se -- a governanta olhou para ela com preocupação -- Não deixe que ela à humilhe -- fez uma pausa antes de continuar -- Estou tentando preveni-las. Dona Marcela tem a fama de ferir muito as pessoas, em especial as mulheres bonitas.
Michelle a fitou sem entender.
-- Mulheres bonitas?
Vitória deu um sorriso bastante cínico ao responder:
-- Você vai entender quando conhecer a esposa da dona Marcela.
Valquiria levantou uma sobrancelha curiosa.
-- O que tem ela?
-- Meu Deus -- ela se abanou -- Que mulher gostosa!
Elas se olharam e caíram na gargalhada.
-- Agora vamos.
Vitória abriu a belíssima porta de madeira esculpida. Michelle sentiu um frio na barriga. Valquiria alisou a blusa amassado pela longa viagem e enfiou uma mecha de seu cabelo castanho atrás da orelha.
-- Entrem! -- a voz vindo de dentro do escritório fez o coração de Michelle bater mais forte, mas ela corajosamente entrou na sala seguida por Valquiria.
Paredes bege e duas janelas enormes davam-lhe a completa visão da linha do horizonte e do oceano abaixo. Uma mesa de escritório de madeira nobre com três gavetas, estilo inglês estava localizada no centro da sala. Atrás dela, de frente para as janelas, a cadeira de rodas ocultava a face de sua ocupante.
Sua ansiedade aumentou quando a cadeira foi virada na sua direção.
Os olhos de Marcela eram acinzentados, denso, firme, e por detrás de uma aparência pálida, eram penetrantes a ponto de desconcertar, pois, pareciam enxergar através dela, e não pareciam nem um pouco amistosos.
Fim do capítulo
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HelOliveira
Em: 28/11/2020
Michelle só entra em confusão...parece que vai sofrer aí..
Só quero ver quando encontrar a Jéssica..
Beijos
brinamiranda
Em: 26/11/2020
Vixeeeeee....o ciúme sempre é um péssimo companheiro..rsrsrs
adorei....
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Anny Grazielly
Em: 25/11/2020
Eitaaaaaa... eu acho que Marcela vai se apaixonar por Valquiria no decorrer da história e deixar o caminho livre para Maya e Jessica...
eeeee, ja querendo ver o reencontro das duas... imagino a loucura....
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