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Meus pedaços por Bastiat

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Palavras: 7183
Acessos: 2629   |  Postado em: 24/11/2020

Memórias, lágrimas silenciosas

 

Isabel

 

    Olhei-me pelo espelho, os olhos vermelhos denunciam o meu recente choro. Um participante que eu admirava acabou saindo do programa por um descuido imperdoável com o texto. Um nervosismo inexplicável mostrou sua insegurança ou sua prévia falta de estudo. É tão cruel eliminar alguém com tanto potencial que me permiti mostrar toda tristeza que senti para as câmeras.

 

    - Isabel - o sotaque conhecido me chamou.

 

    Olhei para a Philipa que se aproximava. Ela deve estar feliz, acho que o único concorrente que tiraria o troféu dela foi o eliminado hoje.

 

    - Fiquei preocupada com você. Nunca pensei que ficaria tão triste com uma eliminação.

 

    Seus dedos macios deslizaram pelas curvas do meu rosto. Sedutora.

 

    - É realmente difícil eliminar um bom ator.

 

    A semana inteira a portuguesa tem aproveitado a abertura que estou dando. Se por um lado eu sei que é errado, por outro me sinto feliz pela sua atenção.

 

    - Será que é apenas isso mesmo? Essa semana estou notando-te triste, dispersa nas provas, não fala muito. Hoje especialmente noto um olhar apreensivo.

 

    - Repara tanto assim en mi?

 

    - É o meu esporte favorito. És tão linda.

 

    Senti a sua respiração bater o meu rosto. Antes que seus lábios tomassem os meus, coloquei a minha mão em seu ombro e a afastei um pouco.

 

    - Querida, sobre ontem...

 

    - Não gostaste do beijo? Não queres repeti-lo?

 

    - No... Sí... Bem, eu gostei do beijo. Mas você sabe que não pode acontecer.

 

    - Já está acontecendo, Isabel. Permita-se.

 

    A boca carnuda da portuguesa me deu outro beijo de tirar o fôlego. Essa menina tende a ser quente como o inferno. É difícil resistir.

 

    Suas mãos puxaram a minha cintura com força e me conduziram até a parede mais próxima. Seus lábios desceram da minha boca e passaram a beijar o meu pescoço. Meu corpo correspondia carente de carinho. A minha mente dizia que tinha alguma coisa errada nos toques, no fundo não era o que eu queria, mas eu não conseguia controlar o meu desejo de ser amada.

 

    Quando dei por mim, os amassos estavam virando uma coisa séria e as alças da minha blusinha já estavam caídas. Philipa abriu o meu sutiã com rapidez.

 

    - Que belos seios, minha atriz favorita - elogiou sorrindo.

 

    Quem escutou foram os meus ouvidos, mas quem gostou mesmo foi o meu coração. Há quantos anos não escuto um elogio sobre o meu corpo? Talvez tenha sido antes de engravidar.

 

    Eu já estava totalmente entregue, puxei a sua camiseta para cima e como ela fez comigo, retirei o seu sutiã. Meus olhos gostaram do que viram, mordi o meu lábio inferior pelo desejo.

 

    - São bem maiores, não?! - Indagou, voltou a beijar o meu pescoço bagunçando o meu cabelo e dando leves puxões.

 

    - O quê? - Perguntei sem entender.

 

    - São bem maiores do que o da sua ex, dá para se divertir mais - riu.

 

    O meu corpo esfriou, não senti mais nada com o seu toque. Na minha cabeça apareceram os desejosos e apetitosos seios da Helena. Nada fez sentido mais.

 

    - Para... Para, Philipa - A afastei com delicadeza.

 

    - O que foi? O que aconteceu?

 

    Eu estava em uma situação complicada. Não posso ser grossa pois ainda temos um programa a ser feito, mas também não posso continuar uma coisa que não desejo só para não ficar mal com uma competidora.

 

    - Não é certo, não é o lugar.

 

    Peguei o seu sutiã e a sua camiseta do chão, entreguei para ela se vestir.

 

    - Merda - a escutei reclamar baixinho enquanto virava-se para se vestir. - Tu és uma jumenta, Philipa.

 

    - Querida, a culpa é minha - tentei amenizar o estrago.

 

    - Não é, Isabel. Eu que fiz uma brincadeira na hora errada, estraguei tudo.

 

    Terminando de se vestir, reparei a vermelhidão em seu rosto. Vesti a minha blusinha que ainda estava pendurada na minha cintura.

 

    - Você ainda tem o meu número e o meu endereço? - Perguntou sem me olhar.

 

    - Sí.

 

    - Caso queira, eu ainda quero tentar ser menos idiota e te amar como tu mereces. Pode aparecer a qualquer horário, te aguardarei este final de semana.

 

    A portuguesa abriu a porta e saiu com uma certa pressa. Confusa, encostei-me na penteadeira e fechei os olhos.

 

    - Mamá!

 

    Abri os olhos e senti a minha filha abraçar as minhas pernas.

 

    - Gi! Hola, mi amor, que haces aquí?

 

    - Vine a verte, mamá.

 

    Peguei minha pequena no colo e só então reparei a Nina na porta.

 

    A babá me olhava de uma maneira diferente, apontava para a sua boca e pescoço tentando me indicar algo. Virei-me com a Giovanna no colo e me olhei no espelho. Marcas de batom por toda parte.

 

    Coloquei a minha filha no chão e corri para a toalete.

 

    - Giovanna! Eu te disse para não correr pelos corredores - Ouvi a voz da Helena enquanto trancava a porta.

 

    Por um momento, imaginei o constrangimento que seria e senti um alívio por ter sido salva pela babá.

 

    - Nina também correu, mamãe - defendeu-se a pequena.

 

    - Porque eu precisava ir atrás de você, Gi. Sua mamãe não conseguiria com esses saltos - explicou a babá.

 

    - Ah... achei que a gente estava brincando de pega-pega.

 

    Enquanto eu limpava o batom e me ajeitava, dei risada do diálogo. Ouvi ainda mais uma bronca que a Helena deu na nossa filha e sai da toalete.

 

     Assim que os meus olhos caíram sobre a apresentadora, senti-me culpada e tentei ignorar o porquê. Mais uma vez nesta semana, ela abaixou a cabeça e desviou o olhar. Foi assim terça-feira, ontem e hoje.

 

    Peguei a minha filha novamente no colo.

 

    - ¿Mamá, quién era la mujer bonita que se fue de aquí?

 

    - ¿Quê?

 

    - Tinha uma moça ruiva saindo daqui quando eu ia abrir a porta.

 

    - No fue nadie, mi amor. No era importante.

 

    Beijei a bochecha da Giovanna e a apertei em um abraço. Amanhã ela vai fazer 6 anos de idade e me sinto a mãe mais sortuda do mundo por tê-la como filha.

 

    - Mamá, meu vestido de princesa ficou pronto e é lindo.

 

     Sorri para a minha filha e ajeitei a sua franja.

 

    - Está tudo pronto? Precisa de alguma coisa? - Perguntei à Helena.

 

    - Não preciso de nada, obrigada. Já está tudo certo.

 

    - ¿Mamá, por qué no duermes en la casa da mamãe? Así puedes hacer un desayuno especial de cumpleaños.

 

    O sorriso animado da minha pequena cortou o meu coração. Lembrou-me da sua tristeza quando disse que não teria festa no seu aniversário do ano passado. Apenas fizemos um passeio no zoológico e a entreguei para a Helena no final da tarde.

 

     - Isa, sua mamá vai buscar seu bolo de manhã - Helena a respondeu por mim.

 

    - Eu vou? - Perguntei confusa.

 

    A mais velha negou com a cabeça e pude ler em seus lábios: claro que não. Foi apenas uma desculpa usada.

 

    - Ah sí, eu vou buscar o teu bolo de princesa.

 

    - Mas o meu bolo não é de princesa, mamá. É de chocolate normal.

 

    Olhei para a Helena e não disfarcei a minha raiva. Eu perguntei para ela se eu podia preparar o bolo tradicional que faço desde o primeiro aniversário da nossa filha e ela me disse que a Gi preferia um de princesa complicado para fazer.

 

    - Vamos, meu amor? Já está tarde.

 

    Giovanna concordou com a mãe, me despedi dela e sua babá sorrindo. Não olhei para a Helena.

 

    Após a saída das três, não fiquei no meu camarim por muito tempo. Mesmo passando das oito horas da noite, decidi passar no Arte na busca de uma distração para não pensar nos meus problemas.

 

    Ainda chateada por não poder fazer o bolo de aniversário da minha própria filha, cheguei ao estacionamento, entrei no meu carro e logo dei a partida.

 

    Durante o percurso, comecei a entender que estou perdendo tudo o construí. Esse sempre foi o meu maior medo: separar-me da Helena e perder os pequenos momentos que me fazem feliz. Era só ver a carinha feliz da minha filha com a boca suja de chocolate para me sentir a pessoa mais sortuda do mundo. Eu não precisava de nada além das pessoas que eu amo por perto, mas a cada dia eu vejo que tudo o que eu mais temia está acontecendo e eu não posso fazer nada. Nada.

 

    Toda vez que busquei conversar com a Helena sobre o casamento, o medo me fazia recuar. Tudo ficava pela metade. Conversas, quase descobertas, intenções. Sempre foi doloroso me imaginar longe dela e da nossa pequena. Eu achava que seria uma fase ou que eu conseguiria suportar até superar. Enganei-me.

 

    Pensei melhor e resolvi ir para casa. Se não posso tirar a tristeza de mim, ao menos devo poupar outras pessoas de presenciá-la.

 

    Em quarenta minutos, cheguei em casa e me joguei no sofá. Parece que o peso da semana toda decidiu aparecer hoje. Arrependi-me de não ter ido ao Arte, esse silêncio está me matando.

 

    Minha vida está sem direção, me deixei levar a semana inteira. A tristeza tomou conta da minha alma e apenas o meu corpo reagia ao estímulo dos meus neurônios. Sem Giovanna em casa fica pior ainda.

 

    Queria não ter encontrado a Natália. Foi como se tivesse sido traída outra vez. Todos os dias eu sinto vontade de me bater por ter sido tão burra.

 

    "Peguei um drink oferecido por um garçom e o agradeci com um aceno. Eu estava me sentindo deslocada no meio de tantas pessoas da comunicação e tentava me esconder pelos cantos, apesar do tamanho.

 

    - Amor, o que você está fazendo?

 

    Helena pegou o meu copo e bebeu um pouco do conteúdo.

 

    - Estou observando a festa, cariño.

 

    - Escondendo-se. Tem mais de uma hora que não te vejo.

 

    - Estava experimentando o que estão servindo. Não está bom.

 

    A mais velha colocou suas duas mãos na minha cintura e me puxou.

 

    - Não te trouxe para comer ou ficar se esgueirando pelos cantos. Eu quero você pegando forte na minha cintura e desfilando comigo por aí. Quero chegar nas rodinhas de conversas e te exibir como a minha mulher.

 

    Olhei um tanto surpresa pela sua atitude. Sempre fomos discretas em nossa relação, nem o nosso casamento foi divulgado na mídia.

 

    Passado o susto inicial, meu sorriso foi o mais largo que consegui. Daquele que não consegue desmanchar nem com todo esforço. Sinto-me a mulher mais feliz do mundo por ser casada há 3 anos com Helena Carvalho.

 

    - E eu tenho muito orgulho de ser a sua mulher.

 

    Após colocar o copo em uma mesa próxima, saímos de mãos dadas pela festa de lançamento de um filme que a estrela é essa mulher ao meu lado. Paramos em uma roda com alguns colegas de profissão da Helena e fiz o que ela me pediu, peguei com gosto em sua cintura.

 

    - Bonita sua amiga, Heleninha - comentou um dos rapazes.

 

    - Amiga? Essa é Isabel Casañas, uma atriz de teatro espetacular e o amor da minha vida - disse exibindo sua grossa aliança na mão esquerda.

 

    Trocamos olhares e naquele momento acho que me apaixonei mais ainda por ela. A minha falta de vontade de ir aos eventos de premiações com ela se esvaiu..."

 

    Talvez Helena tenha sim me amado por algum momento, só não consigo entender o porquê de tanta mudança.

 

    "Helena ria de alguma piada feita entre seus colegas. Eu a observava de longe e sorria como uma boba apaixonada. Com muito esforço, consegui remontar toda a minha agenda da semana para fazer a surpresa de acompanhá-la.

 

    Caminhei até próximo a ela e reconheci quase todos os rostos de outros eventos entre os que estavam na mesma conversa. Tem até um que estava na mesma festa que me emocionei 5 anos atrás.

 

    Posicionei-me ao seu lado e pousei a minha mão em sua cintura, sorri para ela.

 

    Sem me olhar, Helena retirou a minha mão do local.

 

    Não me importei, minha mulher faz as coisas sem perceber. Continue prestando atenção na conversa e interagindo do meu jeito.

 

    Quando ela decidiu sair do grupo para andar pela festa, pedi licença aos seus colegas e caminhei ao seu lado.

 

    - Isa, você não precisa ficar sempre onde eu estou. Anda pela festa, vá conhecer gente.

 

    - Desculpa, cariño...

 

    - Grande pequena mulher, Helena Carvalho.

 

    Um grisalho saudou a minha mulher e a cumprimentou com entusiasmo.

 

    - Olá, tudo bem? - Lena o cumprimentou com um sorriso pela metade.

 

    Eu acompanhei a interação deles de perto, esperando ser apresentada.

 

    - E essa moça, quem é? Colega nossa?

 

    - No - sorri simpática. - Soy Isabel, esposa da Helena.

 

    O homem olhou de mim para a Helena, pareceu-me confuso.

 

    - Esposa? Mas eu pensei que... - foi interrompido.

 

    - Olha o diretor da novela ali, vamos lá cumprimentá-lo.

 

    Vi a protagonista da próxima novela das sete seguir com o grisalho e fiquei parada no mesmo lugar sem saber o que fazer."

 

    Estava tudo tão claro, como eu não enxergava? Achei que sua falta de entusiasmo quando disse que a acompanharia era apenas a surpresa do momento. A ignorância é uma benção, mas te leva a caminhos tortuosos.

 

    Helena me levou ao céu, eu realmente achava que vivia em um paraíso na Terra. Costumava me colocar para cima, me fez ser uma pessoa confiante, cheguei a acreditar que traição era uma coisa que nunca faria parte do nosso casamento. De cielo al infierno.

 

    "Concentrada em uma página, tive que deixar para saber depois os próximos passos da protagonista pois Helena entrava tropeçando em seus próprios pés com os saltos nas mãos. Nitidamente bêbada.

 

    Eu dei risada da situação, coloquei o livro de lado e levantei-me da cama para ajudá-la.

 

    - Parece que alguien teve uma bela noche, sí?! - Disse segurando-a.

 

    - A noite das meninas são sempre divertidas.

 

    Pelo menos 4 vezes ao ano, Helena se reúne com suas amigas mais próximas para viajar ou fazer a chamada ‘noite das meninas' em um bar ou balada. Nenhuma pode levar seus respectivos pares, nem mesmo eu que sou até amiga da maioria. Mas eu não me importo, acho saudável e natural Helena sair com suas amigas sem mim.

 

    - Imagino que sim, o seu sorriso não nega - falei começando ajudá-la a tirar seu vestido.

 

    - Nossa, já são quase três da manhã - Helena reclamou com a voz embolada. - Me lembre de nunca mais deixar as meninas me levarem a um bar mexicano de tequila barata se no outro dia eu vou trabalhar.

 

    - Você vai trabalhar amanhã?

 

    - Sim! Pior é que será gravação externa, o que dá dez vezes mais trabalho. Não me deixe dormir demais, por favor.

 

    - Pode deixar que eu vou cuidar para que você chegue novinha em folha na emissora, cariño. Primeiro você precisa de um banho.

 

    Levei a Helena até a porta do banheiro, peguei uma toalha no guarda-roupa e a ajudei nos primeiros minutos, até que conseguisse ficar bem de pé.

 

    - Vou te prepara un bom té (chá) para que puedas dormir y despertarte bien. Tudo bien?

 

    A atriz assentiu e eu fui até a nossa cozinha para fazer o chá o mais rápido possível.

 

    Quando voltei, a vi saindo do closet já arrumada para se deitar.

 

    Esperei ela se ajeitar na cama e entreguei a xícara em suas mãos.

 

    - Obrigada, meu amor - agradeceu.

 

    - Por nada, cariño. Estás bien? - Perguntei preocupada por sua cara não tão boa.

 

    - Estou um pouco tonta - respondeu já quase terminando o chá.

 

    Mais um gole e ela me entregou a xícara que coloquei no mesa ao lado da cabeceira.

 

    - Isa, apaga a luz, por favor.

 

    - Claro, mi amor.

 

    Fiz o que ela me pediu e deitei-me em seguida. Abracei o seu corpo e a encaixei em mim.

 

    - Vida - me chamou com a voz rouca de sono.

 

    - Sí? - Preocupei-me com a possibilidade de ela estar passando mal.

 

    - Eu abri aquela sacola que está do seu lado no guarda-roupa e espero que você use o espartilho com a cinta liga no nosso aniversário de 5 anos de casamento que é semana que vem.

 

    - No acredito, Helena! Era para ser uma surpresa - apertei a sua cintura e dei risada..."

 

    O que eu fiz de errado? O que faltou para ela?

 

    "Perdi a conta de quantas vezes bocejei desde que me deitei na cama. O meu corpo cansado implorava para me entregar aos braços de Morfeu, mas eu resistia bravamente. Olhei para o relógio, os ponteiros marcam um pouco mais de meia-noite. Comecei a me preocupar com a Helena que ainda não respondeu a mensagem que enviei mais cedo. Logo hoje que eu cheguei cedo, fiz um belo jantar e me arrumei toda para ela.

 

    Levantei-me para beber um copo d'água na cozinha.

 

    Saí do quarto me esticando e caminhei na direção da sala. Parei no meio da sala por ouvir a risada alta da Helena no lado de fora. Aproximei-me da porta e confirmei que ela estava conversando com alguém.

 

    - Sua mamãe chegou, bebê - falei acariciando o pequeno volume na minha barriga pelos quase 5 meses de gravidez.

 

    Sorrindo e aliviada por não ter acontecido nada com ela, abri a porta. Helena estava com a chave na mão e a nossa vizinha na porta da casa dela.

 

    - Hola - cumprimentei a vizinha rápido.

 

    - Oi, boa noite - respondeu-me.

 

    Comecei a reparar na minha mulher e notei que ela não está sóbria.

 

    Nos despedimos da conhecida e entramos na nossa casa.

 

    A menor me olhou da cabeça aos pés.

 

    - É vestida assim que você abre a porta? A vizinha praticamente te comeu com os olhos.

 

    Olhei para o meu babydoll e fiquei da mesma cor que ele, vermelha. Dei risada da cara de brava que ela fez e me aproximei fazendo carinho no seu rosto.

 

    - Problema é dela, eu só tenho olhos para ti. Estava te esperando, baby. No viu minhas mensagens? - Beijei os seus lábios sentindo a minha bebida favorita. - Hum... gosto de vinho.

 

    - Não vi, desculpa - respondeu saindo de perto de mim.

 

    - Cariño, está tudo bem?

 

    Percebi que a famosa atriz estava indo na direção do nosso quarto e fui atrás dela.

 

    - Sim, Isa. Só estou um pouco tonta, efeito de várias taças de vinho.

 

    - Você nem me avisou que sairia hoje, fiquei preocupada.

 

    Helena entrou no nosso quarto, o que eu também fiz em seguida. Sentei-me na nossa cama e cruzei as pernas. Ela foi tirando sua calça jeans e a camiseta de seda.

 

    - Mi amor? - insisti.

 

    - Eu... saí com as meninas. Elisa marcou de última hora.

 

    - A Elisa? Ela não está viajando? Hoje mesmo me enviou uma foto de um prato típico lá no interior de Minas.

 

    Helena quase caiu. Deve ter ficado tonta por causa da bebida.

 

    - Elisa? Eu... disse... Elisa? Quis dizer Lívia. É, Lívia.

 

    - Lívia?

 

    - É, uma antiga amiga que mora em Pernambuco e está de passagem aqui.

 

    - Ah sí. Podemos marcar um almoço para ela no final de semana.

 

    - Não! Não precisa, ela vai embora amanhã.

 

    Admirei o corpo da minha mulher, minha vontade por ela aumentou ainda mais quando se abaixou para pegar a calça do chão e empinou a sua bunda na minha direção. Estou adorando esses hormônios prazerosos que a gravidez fez crescer.

 

    - Helena, já te disse que adoro quando você está de lingerie preta?

 

    Fiquei um pouco decepcionada com a sua falta de atenção, culpei a bebida.

 

    - Você e a Elisa conversam direto agora? Não sabia que vocês eram tão amigas.

 

    Não senti um tom de ciúmes como inúmeras vezes, mas estranhei o seu questionamento.

 

    - Não nos falamos siempre, acho que ela apenas lembrou-se de mim por causa da comida e enviou a foto. Ainda mencionou que estava parecida com um frango que fiz em algum almoço que não me recuerdo. De qualquer maneira, eu preciso me aproximar da madrinha da nossa filha, é bom esse contato.

 

    - Não está decidido ainda, Isabel. Nat vai ficar muito chateada se não for escolhida.

 

    - Vai ser a Elisa, cariño.

 

    Helena revirou os olhos e caminhou até a porta do banheiro.

 

    - Espera, eu vou te ajudar en el baño como sempre faço nas suas bebedeiras - falei levantando-me.

 

    - Não precisa, Isa.

 

    A paulistana entrou no banheiro e trancou a porta.

 

    O que me restou foi ir à cozinha preparar o chá e esperar ela sair do banheiro melhor".

 

    Nesta madrugada eu só noticiei seus olhos vazios para mim após a entrega da bebida para fazê-la dormir bem.

 

    Ingênua. Como eu pude ser tão inocente ao ponto de não notar os pequenos detalhes? O que eu fiz para perdê-la no meio do caminho sem perceber? Sempre foi tudo tão perfeito, eu não imaginava que poderia estar sendo traída. Achei que nosso maior problema fosse o meu suposto orgulho, as nossas contas. Hoje sei foi apenas mais um detalhe que custou a minha visão de seu caráter.

 

    "Você foi pouco corna, minha amiga deveria ter te chifrado muito mais."

 

    Não foi uma confirmação, eu já sabia. Mas perceber que isso era claro, todo mundo sabia, dói ainda mais.

 

    - Dona Isabel?

 

    - Boa noite, Nina.

 

    - Boa noite - sorriu para mim. - Eu vim pegar o par de sapato da Gi como disse na mensagem.

 

    - Eu sei, querida. Pode subir.

 

    Quando a babá sumiu das minhas vistas, levantei-me e fui até a cozinha. Peguei o vinho que já estava aberto e me servi de uma taça.

 

    Voltei para a sala e me joguei no sofá.

 

    A caneta com que assinei o divórcio ainda está em cima da mesa. Me perguntei se a Helena já entregou os papéis na advocacia, já que até hoje eu não recebi nenhum telefonema do meu advogado. Talvez ela já tenha assinado e assim como eu, chocou-se com a realidade.

 

    Seguir em frente, foi isso que pedi a ela.

 

    "Caso queira, eu ainda quero tentar ser menos idiota e te amar como tu mereces. Pode aparecer a qualquer horário, te aguardarei este final de semana."

 

    Mais uma vez, levantei-me. Fui até a minha bolsa largada na poltrona e procurei por um papel.

 

    Peguei o que procurava e o pedaço de papel dançou entre os meus dedos.

 

    - Dona Isabel?

 

    Mais uma vez fui despertada dos meus pensamentos pela doce voz da Nina.

 

    - A senhora está bem?

 

    - Sí... - menti.

 

    - Desculpe-me, mas a senhora não me parece nada bem. Aliás, não me parece bem desde... desde aquele dia.

 

    Coloquei o papel de volta na bolsa.

 

    - Está tudo bem, Nina. Você no precisa preocupar-se comigo.

 

    - Mas eu me preocupo. A senhora precisa conversar com alguém, ficar guardando coisas e deixar os seus pensamentos tomarem conta de você desse jeito não é saudável.

 

    - Acredite, la última coisa que você quer é ficar conversando com una persona amarga como yo...

 

    A menina de 23 anos de idade sentou-se no meu sofá e me pediu para fazer o mesmo. Obedeci.

 

    - Eu não acho a senhora amarga.

 

    Peguei a minha taça e senti o aroma do vinho tinto. Bebi um pouco do conteúdo.

 

    - Não sou, mas estou. Eu posso te garantir que já dei mais sorrisos do que parece.

 

    - A senhora sorri muito quando está com a Giovanna.

 

    - Gi é o meu bem mais precioso. Acho que se no fosse por ela, eu já teria sucumbido ao meu total fracasso.

 

    - Fracasso? Desculpe-me, mas a senhora está longe do fracasso. É realizada profissionalmente, a sua filha é uma garota muito inteligente, ainda por cima é muito querida pelo Brasil, faz sucesso.

 

    - Sou um fracasso no amor, Nina. Eu perdi a mulher que amo. Você já amou alguém?

 

    - Acho que um amor como o da senhora e da Helena... nunca.

 

    - Um amor como meu e da Helena? Sorte a sua nunca ter amado assim. Eu amei aquela mulher como uma ninguém jamais amou outra pessoa. Eu fui completamente apaixonada, cega de amor. Tão cega que não consegui vê-la escapar dos meus braços para os de outras pessoas.

 

    Nina me olhava um pouco assustada. Eu também estava assim pelo meu desabafo. Realmente, não estou bem.

 

    - Desculpa. Perdóname, querida. Eu não sei o que me deu.

 

    - O que te deu tem nome: divórcio. Desde aquele dia eu vejo que a senhora não está bem. Por que assinar um papel se não é isso que quer?

 

    Eu não podia responder à pergunta. Se eu tivesse uma pequena saída para não assinar já seria o suficiente.

 

    - Você sabe se a Helena já o assinou? Como foi a reação dela quando você entregou o envelope?

 

    - Não sei, dona Isabel. Helena não abriu o envelope na minha frente e se assinou, não comentou.

 

    - Sabe o que ela me disse em uma mensagem quando o meu advogado entrou em contato pela primeira vez?

 

    - Não, o quê?

 

    - Que litígio era a única forma que faria separar-me dela.

 

    - E aqueles papéis eram de litígio?

 

    - No. Eu dei um tempo, sabia que um dia chegaria a hora que nós duas chegaríamos à conclusão de que nunca mais daremos certos juntas. Precisamos acertar essa parte das nossas vidas e seguir em frente.

 

    Terminei de beber o vinho. Nina me olhava de maneira enigmática.

 

    - Quer seguir em frente ou mostrar para a Helena que pode fazê-lo? Já imaginou se ela, e não eu, entra e te vê daquele jeito no camarim?

 

    - Foi um acidente. Eu jamais achei que vocês entrariam logo depois da Philipa sair.

 

    - Tudo bem, mas fazer isso no seu local de trabalho não é muito inteligente. Ela ainda gosta muito da senhora.

 

    Engoli seco.

 

    - Ela... ela... - gaguejei. - Ela te disse isso?

 

    - Está na cara dela e no jeito que ela fala sobre a senhora, dona Isabel.

 

    Olhei para o relógio tentando disfarçar o meu incômodo.

 

    - Está ficando tarde, você ainda não tem que passar na casa dela para entregar o sapato?

 

    - Pode me chamar de ousada, mas não vou deixar a senhora aqui sozinha hoje. Sei o quanto gosta de beber e fazer isso um dia antes da festa de aniversário da Gi não é lá muito inteligente. Parece até que eu voltei no tempo! Quando entrei aqui, há um ano, a senhora parecia um fantasma na sua própria casa. Eu perguntava: essa é a mesma Isabel que eu assistia pela TV no interior de São Paulo? Sua dor era o que dominava essa casa. Via a senhora chegar tarde, dar sorrisos tristes em conversas com a Gi quando ela falava sobre a Helena e chorar escondido. Admirei a sua força de vontade meses depois para melhorar. Aos poucos, a senhora estava mais para uma pessoa ferida que voltou de uma guerra traumatizada do que uma pessoa que preferiu o lado amargo da vida. Não volte a ser aquela Isabel. Não faça besteira. Não é essa moça do programa que vai te curar, é a si mesma que precisa se curar.

 

    Não sei em que momento uma pessoa que convive comigo há um ano parece me conhecer e tem tanta razão assim, mas me permiti escutar a Nina até a hora que o sono chegou.

 

[...]

 

    - Vamos, dona Isabel? - Nina perguntou colocando a sua mão sob a minha no volante.

 

    A babá acabou dormindo no meu apartamento e decidimos vir juntas à festa da Gi.

 

    - Nina, vamos parar com esse dona. Depois da conversa de ontem e da sua ajuda, você acha mesmo que não podemos ser amigas? Somente Isabel ou Isa, tudo bem?

 

    - Tudo bem - concordou. - Então, Isabel, vamos?

 

   - Pode ir, eu vou em seguida.

 

    - Isabel? - bronqueou.

 

    - Eu estou tentando Nina, mas é muito difícil entrar nesta casa cheia de lembranças.

 

    - Vai dar meia volta e perder o aniversário da sua própria filha? Não foi você que insistiu ontem em dizer que vai seguir em frente?

 

    Olhei para a porta e vi a Helena olhando na nossa direção.

 

    - Acho que você vai ser demitida, Nina.

 

    Retirei a minha mão debaixo da sua e apontei com a cabeça na direção da atriz.

 

    A menina desesperou-se ao ver a cara fechada da outra patroa.

 

    - Puta que pariu! Tomara que seja só pelo atraso do sapato.

 

    Antes que eu pudesse tentar acalmá-la, Nina pegou a caixa com o sapato da Giovanna e saiu do carro. Observei as duas conversando e em seguida entrarem na casa.

 

    Após sentir-me mais calma, saí do veículo. Conformei-me que as lembranças vão me acompanhar, apenas torci para consegui disfarçar.

 

    Com a porta aberta, respirei fundo e adentrei o local.

 

    - Mamá!!!

 

    Giovanna correu pelo jardim na minha direção descalça, mas com um lindo vestido azul, coroa na cabeça e cachos em seus cabelos.

 

    - Feliz cumpleaños, hija. Que tu vida siempre sea dulce. Te quiero mucho, mi pequeña.

 

    A abracei com força e ela fez o mesmo.

 

    - Gracias, mamá. Eu também te amo muito.

 

    Fomos interrompidas pela voz da Helena quase gritando da porta de casa:

 

    - Gi, vem colocar os sapatos.

 

    Coloquei a minha pequena cópia no chão e ela andou até a outra mãe. Nina que caminhava até mim, disse alguma coisa que a fez sorrir e eu admirei a amizade das duas.

 

    - Helena sempre foi ciumenta assim? Pensei que a minha hora tinha chegado.

 

    Dei risada do jeito descontraído da babá.

 

    - Talvez a culpa no cartório tenha feito com que ela tente se proteger do que ela própria fazia.

 

    Aproveitei para olhar a decoração da festa. Tons em lilás e azul dão a celebração dos 6 anos de idade da Giovanna.

 

   Tudo parece ter sido escolhido a dedo pela Helena para satisfazer o desejo de ter belas fotos. Gi me puxou até na simplicidade, eu posso apostar que não tem nada escolhido por ela e que apenas embarcou na ideia da outra mãe.

 

    Eu conheci a Helena assim, me apaixonei pelas suas virtudes e seus defeitos, não reclamo. Claro que prefiro criar a nossa pequena sem essa pompa, mas uma festa não faz mal.

 

    Vi quando a minha ex saiu com a pequena e caminharam até a porta. Os primeiros convidados chegaram, suas amigas já puxaram a minha cópia para brincar enquanto Helena recebe os pais.

 

    Experimentei alguns petiscos e andei por todo lado. Logo foram chegando outras crianças e seus responsáveis.

 

    Não me sinto à vontade na festa da minha própria filha.  Para não ficar tão deslocada, passei a limitar-me a cumprimentar os pais de outras crianças e ficar perto da comida.

 

    - Tia, me dá refrigerante?

 

    Olhei para um dos coleguinhas da Giovanna que puxava a barra do meu vestido solto de cor azul escuro.

 

    - No prefere um suco, querido?

 

    O pequeno balançou a cabeça em negação.

 

    Um copo com o refrigerante surgiu na frente dele sendo entregue por outra pessoa.

 

    - Ele é só uma criança, Isa, ainda não sabe o que é realmente saudável - disse depois que o menino sair.

 

    - Hola, Elisa.

 

    - Tudo bem? - Perguntou após deixar um beijo na minha bochecha.

 

    - Tudo e você? - Afastei-me dela após o ato.

 

    - Perguntando-me se é certo eu estar aqui.

 

    Nossos olhos se cruzaram.

 

    " - Já aconteceu. Eu me apaixonei por você! O que você quer que eu faça, Isa?

 

    - Me esqueça! - Respondi nervosa. - No es certo, Elisa. Foi um momento ridículo de carência!

 

    - Eu sei, droga! Mas foi a noite mais bonita que eu tive na minha vida.

 

    - No, por favor. No fale así.

 

    - Falo porque é verdade. Eu neguei por anos quando esse sentimento surgiu.

 

    Olhei assustada para ela.

 

    - Sim! Anos! Eu te amo há anos, mas você nunca percebeu. Eu achei que fosse admiração, mas eu não aguento mais esconder que eu te amo, Isabel. Dei-me uma, apenas uma chance.

 

    Desesperei-me com a revelação. Onde eu fui me meter?

 

    - Elisa! Isso nunca vai acontecer. Por favor, vá embora da minha casa. Esquece o que aconteceu entre nós.

 

    - Você ainda ama a Helena - afirmou.

 

    - No tiene nada a ver com a Helena. É errado sim me envolver com uma das melhores amigas da minha ex, mas a verdade é que eu no te amo.

 

    - Não tem nada de errado! Você está solteira e eu me sinto livre para finalmente amar quem eu sempre quis para mim.

 

    - Olha la mierda que estás hablando, mujer! Vá embora agora, Elisa.

 

    - Isabel, você não precisa me amar como te amo, eu aceito o que você tem no momento.

 

    Abri a porta da minha casa e indiquei o caminho para ela."

 

    - Você é a madrinha da Giovanna e eu sou la madre. Precisamos conviver e lidar com o que aconteceu.

 

    - Eu me sinto um lixo por ser completamente apaixonada por você.

 

    Elisa tentou aproximar-se, mas dei dois passos para trás mantendo certa distância.

 

    - Helena sabe do que aconteceu?

 

    - Se soubesse eu não estaria aqui - respondeu-me olhando para os lados e eu também fiz o mesmo achando que tinha alguma coisa de errado na festa.

 

    Sem que eu percebesse, Elisa aproximou-se do meu ouvido.

 

    - Eu poderia contar tudo a ela, assim acabaria com qualquer amor que ela tenha por você. Mas assim eu teria o seu ódio. É melhor te ter afastada e ser apenas uma lembrança viva na minha pele, do que acabar com qualquer possibilidade de ainda te ver feliz. Eu sei que uma hora ou outra você vai perdoá-la. Quando esse dia chegar, ela vai me ligar feliz e eu vou sorrir com lágrimas nos olhos. Estou tentando esquecê-la como me pediu, mas te ver tão linda hoje me desestabilizou...

 

    - Oh, cheguei Isabel.

 

    Desviei da Elisa e abracei o Eduardo procurando um abrigo seguro.

 

    - Demorou, meu querido.

 

    - CHEGUEI TAMBÉM, ISA!

 

    Levei um susto e quase cai abraçada com o Edu.

 

    - Seu cretino, hijo de puta! - Dei um tapa no braço do Maurício que se aproximava de nós.

 

    Fui abraçada por ele em seguida e comecei a rir quando ele fez cócegas.

 

    - E aí, Elisa? Como vai? Quanto tempo - Eduardo perguntou.

 

    Havia me esquecido que a mulher ainda estava próxima de nós.

 

    A loira respondeu o ator enquanto o Rodrigo se juntava ao grupo e me cumprimentava.

 

    - Rô, eu queria te pedir desculpa pelo jeito que saí da sua casa - disse em meio a um abraço.

 

    - Está tudo bem, eu também me exaltei e peço desculpa por isso. É bom te ver aqui com sua família, Isabel.

 

    - Mamá...

 

    Escutei a voz de choro da Giovanna perto de mim e preocupei-me.

 

    - ¿Qué pasa, mi ángel?

 

    Gi apontou para a boca e a abriu mostrando uma certa quantidade de sangue.

 

    - Meu dente caiu - voltou a chorar.

 

    Levantei ela e a acolhi em meus braços dando o carinho que precisa após o susto.

 

    - Calma, Gi. É aquele que já estava para cair? - Ela fez que sim. - Está doendo?

 

    - No - resmungou.

 

    - O que está acontecendo? Gi?

 

    Helena aproximou-se de nós preocupada.

 

    - Aquele dente mole da Gi caiu, vamos lá para dentro - apontei para a casa.

 

    - Tem um pai de um coleguinha dela que é dentista e está aqui. Espera lá na sala.

 

    Assenti para ela e todo o grupo me acompanhou.

 

    Apesar de chegar mais cedo na festa, não entrei na casa. Pela primeira vez eu me vi na mesma sala que fiquei contando os minutos e remoendo todas as lembranças até ela chegar sorrindo e dizendo que pretendia me amar sem me contar sobre o Gustavo.

 

    - Mamá? ¿Esta llorando?

 

    Eu não consegui evitar que os meus olhos se enchessem de lágrimas. Está tudo no mesmo lugar. Até mesmo o vaso argentino horrível que ela me deu de presente em um aniversário e eu fingi que gostei. As nossas fotos espalhadas, os livros mais importantes expostos, a pequena estante que um dia serviu de assento para eu amá-la loucamente. Tudo igual.

 

    - Isa, deixa a Gi comigo, vá beber uma água.

 

    Sem saída, entreguei a Giovanna para a Lia para não assustar a minha pequena.

 

    - Gente, esse é o dentista.

 

    - Prazer pessoal, sou Gustavo. Tudo bem, Gi? Vamos cuidar desse pequeno incidente para voltar a correr pela festa com o meu Júnior?

 

    - Belo nome - revirei os meus olhos e caminhei com pressa para a cozinha.

 

[...]

 

    - Isabel, já vai anoitecer. Vamos cortar o bolo?

 

    Helena interrompeu a minha conversa com o Maurício e seu filho João de 10 anos mostrando a espátula de bolo em uma de suas mãos.

 

    - O bolo que era para eu ter feito - comentei quase sem perceber.

 

    - Não quer cortar esse? Como preferir. Eu vou cantar os parabéns para nossa filha sozinha.

 

    - Calma as duas, poh.

 

    - Isabel é infantil, Mau. Está de cara feia só porque o dentista se chama Gustavo, me culpando mais uma vez por algo que eu não tive culpa.

 

    - Eita - ouvi João comentar.

 

    - Vem comigo, moleque. Vamos roubar uns doces - O ator ordenou e saiu com o filho.

 

    - Eu no estou nem aí para o nome do dentista, Helena. O único problema que eu estou vendo aqui é sua amiga Natália como convidada.

 

    Fuzilei mais uma vez a sócia da minha ex com o olhar. Só de relembrar que ela teve a cara de pau de sorrir para mim quando me viu, sinto vontade de quebrar a cara dela.

 

    - Eu não sabia que ela viria, Isabel. Ela foi convidada muito antes daquela merd* toda. Por mim ela não estaria aqui. Pode não acreditar, mas eu também estou magoada com ela. Porém, não posso expulsá-la da festa, Gi a adora.

 

    Helena e eu trocamos olhares. Os mesmos olhos tristes que a acompanhou a semana inteira apareceram. Então a culpada pela tristeza dela é a Natália.

 

    - Isa - chamou-me tocando um dos meus braços cruzados. - Não saia daqui hoje sem conversar comigo, por favor.

 

    Seus olhos suplicavam, eu segurei a sua mão.

 

    - Está tudo bem, Helena.

 

    - Não, não está. O que você quer? Que eu te implore de joelhos no meio da festa? Eu imploro. Só, por favor, conversa comigo.

 

    Apertei ainda mais a sua mão. Sim, eu concordo com ela e confirmei:

 

    - Te espero na nos... na varanda do seu quarto quando a Gi estiver dormindo.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 15 - Memórias, lágrimas silenciosas:
patty-321
patty-321

Em: 24/02/2021

Melhor ter inimigas do que essas falsas amigas que a Helena tem, aposto como a nat e apaixonada pela Helena e quer tirar a Isa de tempo e deixar pra Elisa.

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GabiVasco
GabiVasco

Em: 24/11/2020

Eu estou em choque com essa Elisa. Aconteceu depois da separação e a Isabel parece desconfortável mas mesmo assim é um absurdo, errado. Helena não tem uma amiga que preste? Medo dessa conversa.


Resposta do autor:

hahahahaha pois é, que amigas Helena possuii!

 

Abs.

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Baiana
Baiana

Em: 24/11/2020

Santa Nina,por enquanto impediu a Isabel de fazer uma besteira, já que ela ia atrás da portuguesa. Então a Isabel dormiu com a madrinha da filha...a Helena vai pirar o cabeção quando souber 

Essa Elisa, será que tem algo a ver com a discórdia no casamento das duas?


Resposta do autor:

Será que tem????

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