Meus pedaços por Bastiat
Rosto amigável, segredos silenciados
Helena
- Covarde. É isso que você é, uma covarde. Quer fugir de todos os jeitos da verdade. Pois saiba que eu estou cansada de negar e não tenho medo de confessar que eu ainda te amo. Você não amou sozinha, caramba - senti-me contrariada. - Mas isso você já deve ter percebido hoje quando eu deixei que me amasse. Não é possível que você acha que foi a nossa despedida. Será que você não percebe que ainda pertencemos uma a outra? Estamos perdendo tempo tentando lutar contra os nossos sentimentos. Eu não deixei de te amar nem quando você fez o absurdo de me deixar ver a Gi apenas de 15 em 15 dias. Nem quando me chamou de la reina de las putas.
Esperei por alguma fala da Isabel, mas não veio nada.
- Isa, - decidi-me por continuar falando - desculpa por ter machucado o seu coração por causa do Gustavo. No dia da separação eu não consegui dizer quase nada, achei que conversaríamos depois... não aconteceu. Eu nunca tive a chance de te pedir perdão, nem acho que isso deva ser feito por telefone, mas não quero deixar passar o momento. Você me perdoa? Eu lamento tanto que as coisas tenham saído do nosso controle.
Mais uma vez recebi o silêncio como resposta. A conversa inteira foi assim, parecia que combinamos usá-lo como argumentos irrefutáveis. Porém, eu já estava ficando preocupada por este ser tão prolongado.
- Tudo bem se não quiser responder, eu também prefiro pedir desculpas olhando em seus olhos.
Nenhum resmungo, nem uma única palavra.
- Isabel, esquece esse assunto então.
Nada.
- Isabel?
Prestando bem a atenção, ouvi uma respiração pesada ao fundo.
A atriz mais nova acabou dormindo.
- Isabel? - Falei mais alto como se pudesse acordá-la. - Isa, que saco! Você me ouviu dizer que te amo?
Ainda a chamei por mais três vezes, mas sem sucesso.
Soltei o ar frustrada. Eu sei que a Isabel está bêbada, mas não tanto ao ponto de dormir no meio de uma conversa.
- He... Helena - apertei o celular no ouvido para conseguir ouvir o seu resmungo enrolado. - Por quê...? Te quise mucho... Cariño.
- Isabel! - chamei um pouco mais alto.
Eu não sei por quanto tempo fiquei tentando chamá-la, mas sei que foram longos minutos. Acabei desistindo e encerrando a ligação.
- Ela vai me enlouquecer!!!
Joguei-me na cama e fechei os olhos.
Eu não deveria ter ignorado a Isabel como fiz. Ela lembrou-se do nosso dia. Será que ela realmente não foi à gravação ontem porque estava doente mesmo ou para não me ver? E o sex* maravilhoso? Apesar de não me permitir tocá-la, os seus toques em meu corpo foram de uma pessoa que ainda possui sentimentos. Isabel não faria nada comigo sem sentimento. Bem, pelo menos não a Isabel que eu conheço. Essa de agora eu não reconheço mais. Quando aconteceu o beijo, pensei da mesma maneira, que algo mudaria. Mas o que eu ganhei? Um ponto final cruel. Agora o que eu ganho? A nossa música e uma conversa de bêbada. Não sei mais o que pensar. Apenas sei que o Rô está certo: precisamos conversar.
Levantei-me e me sentei na cama.
- Eu vou lá...
Cheguei a puxar o edredom, mas parei. Isabel já está dormindo e a Gi não pode ficar sozinha. Pensei melhor e voltei a me deitar.
"Só eu sei o quanto te queria entre as minhas pernas, o quanto desejei sentar na tua boca."
A voz manhosa da Isabel me invadiu por inteira. O quarto ficou até quente. A falta que sinto de ter o seu corpo é surreal. Eu daria tudo para estar entre suas pernas ou com ela sentada em mim.
Coloquei o fone de ouvido e coloquei a nossa música, fechei os olhos.
Amanhã eu vou à casa da Isa. Está decidido. Depois de levar a Gi para o passeio escolar, vou correr atrás da espanhola. Espero que seja pela última vez.
[...]
- Tchau, meu amor. Bom passeio, aproveite e obedeça à professora.
Dei um beijo estalado na bochecha da pequena que sorria de orelha a orelha pela aventura que está para descobrir no planetário.
- Tchau, mamãe.
Giovanna sacudiu sua pequena mão para mim e entrou correndo na escola.
Cumprimentei outros pais rapidamente e voltei para o meu carro.
Coloquei o endereço da Isabel no GPS e comecei a dirigir ao caminho indicado.
Enquanto agradecia ao céu pela falta de trânsito, pensei em como iniciar o assunto. Não sei se começo falando sobre o dia de ontem, se amenizo tentando trazer o nosso dia à tona ou se a encaro de vez e falo sobre o fim do nosso casamento. Tantas coisas para serem discutidas, tanta mágoa velada. Eu sei que a madrilenha está magoada, assim como eu também estou. Eu sei o que dói em mim, mas nela não. Ver o beijo do Gustavo foi o suficiente para tudo isso? Não sei o que faria em seu lugar.
Acabei de dando conta de como a casa dela fica realmente longe da escola. A atriz não só apenas desejava separar-se de mim, mas viver longe. Aposto que se pudesse mudar de cidade, faria. Recordo-me que só soube do seu novo endereço meses depois e mesmo assim não por ela, mas sim pela Elisa.
Após virar em várias ruas, cheguei ao seu prédio. Estacionei o carro em uma vaga em frente, peguei uma sacola com remédios para ressaca que trouxe para ela e sai do carro suando frio. Olhei para o espelho, ajeitei o meu vestido vermelho colado ao corpo e aprovei o meu decote. Eu me produzi inteira para a conversa, parece até um evento. Abri a câmera do celular e conferi a maquiagem leve bem feita. Senti-me um tanto sonhadora por se arrumar tanto, mas algo dentro de mim pedia por chamar a sua atenção.
Com passos vacilantes, caminhei até a portaria e disse ao porteiro que precisava ver a Isabel.
- A dona Isabel saiu tem mais ou menos vinte minutos, senhora.
Eu achei que a Isa ainda estaria dormindo. Com a bebedeira de ontem, pensei até que eu teria que cuidar dela. Apertei a sacola na minha mão sentindo-me idiota por me preocupar.
- O senhor sabe me dizer se alguém estava com ela hoje?
- Não, senhora. Eu fiz plantão aqui e sei que a dona Isabel não recebeu nenhuma visita e saiu sozinha.
Sorri para o porteiro e me despedi dele.
Se Isabel não está em casa, só me resta ir atrás nos considerados outros lares.
[...]
- Não, dona Helena, Isabel não está - uma funcionária me respondeu.
Eu já tinha passado na sede da Arte e agora estou na sua filial.
- Mas ela avisa quando vem, não é? Tem possibilidade de passar aqui hoje?
Fiz as mesmas perguntas no outro local e apenas soube que ela falou com alguém por mensagem dizendo que passaria por lá depois do almoço.
- Ela não costuma avisar, mas sei que como terá estreia neste final de semana, acho que ela pode aparecer por aqui mais tarde.
Pensei se espero por ela e não. Frustrada pela sua ausência, resolvi que darei outro jeito de encontrá-la.
- Ah, obrigada. Eu vou indo, bom dia e bom trabalho.
A mulher assentiu para mim e eu saí desapontada do local.
Voltei para o meu carro com a possibilidade que eu evitei, mas a única que me sobrou: ligar para a espanhola. Antes de fazê-lo, pensei em ligar para o Maurício, mas mesmo que ela estivesse com ele, não daria para conversar e seria perda de tempo.
Suspirei e fiz a ligação.
"- Alô" - ouvi sua voz um pouco chorosa.
- Isabel? Isa, está tudo bem? Eu fui até o seu apartamento, mas o porteiro me disse que você não estava. Passei nas duas unidades do Arte e nem sinal de você. Onde você está? - Perguntei aflita.
"- Na merd*, Helena. Eu estou na merd* que você me jogou. Parabéns, dessa vez você se superou."
Estranhei sua resposta. Eu deveria ter aceitado conversar com ela.
- Hã? O que aconteceu? Bebeu de novo? Já emendou com a bebedeira de ontem? - Tentei brincar para abrandar o clima.
"- Como você sabe que eu bebi?"
- Você não se lembra? Nos falamos ontem pelo celular, mas você dormiu no meio da ligação.
"- Shit..."
Então, mesmo que ela tenha ouvido a minha declaração, não se lembra. Definitivamente, eu voltei à estaca zero.
- Isabel, eu sei que ontem foi tudo confuso, acho que estamos tentando assimilar até agora o que aconteceu. Sei também que fugi, mas estou disposta a conversar hoje. Onde você está?
"- Já te disse: na merd*."
Eu não estou acreditando que perdi a chance de conversar e ela vai se fechar novamente.
- O que foi agora, Isa? Por favor, me diga. Eu estou realmente cansada de não saber lidar mais com você.
Escutei o que pareceu um choro, mas custei a acreditar. A espanhola não chora.
"- Sabe com quem eu falei há pouco?" - Perguntou com uma voz embargada.
- Não, querida. Eu nem sei onde você está, como vou adivinhar?
"- Com a sua amiga Natália Vieira."
‘Puta que pariu', resmunguei baixo e olhei para o teto do carro. Conhecendo a minha amiga, tenho certeza de que ela falou alguma merd* pela briga no estacionamento.
- Aposto que vocês discutiram, não foi? Não leve a mal o que a Nat te disse, ela só estava tentando me defender. Seja lá o que vocês conversaram.
"- Eu não levei nada a sério, exceto o que ela me revelou."
- O que ela te revelou, Isabel?
Comecei a imaginar que se a Nat tinha contado sobre eu ainda amá-la, isso pode ser um bom gancho para iniciarmos uma conversa. Se for isso, beijarei os pés da minha amiga se ela conseguir fazer com que a Isa amoleça o coração.
"- Usted contou a ella que eu fiquei quase um ano sem conseguir colocar dinheiro em casa. Pior, você deu a entender que me sustentava. Isso nunca aconteceu de fato, Helena. Ou melhor, aconteceu sim, eu que entendi errado. Yo pensé que tínhamos um acuerdo. Mas eu me enganei, assim como fui me enganando durante 15 anos."
Afundei-me no banco. Gostaria que abrisse um buraco para me enfiar, seria o ideal. A última coisa que eu pensei que a Natália faria é contar tudo isso.
- Isabel, você deve ter entendido errado...
Torci para que sim, embora não duvide que a minha amiga tenha realmente contado tudo sobre os meus desabafos.
"- Será mesmo? Torço para que sí porque nem cuando te vi beijar o Gustavo foi tan doloroso. Se você não contou, como a Natália sabe? Responda-me, Helena, como é possível? Você contou ou não isso para ela?"
Pensei em negar. Pensei em inventar uma história de que a Nat descobriu sozinha. Pensei tanto que só percebi o silêncio quando uma buzina me despertou. Tentei enrolar:
- Meu amor, eu contei, mas não foi como você entendeu.
"- Chamar-me de ‘meu amor' não vai mudar nada, Helena."
Eu conheço essa estranha calma. É a mesma que a Isabel usa quando já chegou à sua conclusão e não quer mais conversar. Decidir-me por dizer a verdade de forma suave:
- Ok, eu posso ter errado, não deveria ter contado coisas que só desrespeitavam a nós. Mas eu quero conversar com você, te explicar como foi que chegamos no assunto. Por favor, Isabel.
"- Você também se vangloriou de ter pagado a inseminação da nossa filha, Helena. Cazzo, você contou da casa, e até do enxoval! Eu não comprei tanta coisa, mas porque você queria luxo."
Pude sentir o velho incômodo da Isabel daqui. O mesmo que a acompanhou desde que inventou de reerguer a sua própria companhia de teatro.
Primeiro pensei que a Natália estava me ajudando. Depois decepcionei-me. Agora tenho certeza de que fez isso para descontar a raiva que ela criou pela espanhola.
- Eu vou matar a Natália - sussurrei. - Isabel, esquece todas as bobagens que a Natália tenha mencionado. O que ela queria era justamente te ferir e pelo jeito conseguiu. Eu vou ter uma conversa séria e ela vai te pedir desculpa.
"- No necesita. Eu te pediria para afastar a Giovanna dela, mas sei que você nunca fará isso. Eu só te aconselharia escucharla menos para o seu próprio bem."
Estranhei a fala da atriz. Ela nunca falou algo do tipo sobre a Natália, muito menos me pediria para afastar a Gi dela. Algo de mais sério deve ter acontecido.
- Isabel, vamos conversar... - Implorei.
"- No, Helena. Tudo o que eu menos quero no momento é te ver. Por favor, faça a conta de tudo que você achar que eu te devo e mande para mim. Eu não preciso de sua esmola. No soy uma alpinista social."
O som da chamada encerrada jogou um balde de gelo em cima de mim.
Alpinista social? De onde a Isabel tirou isso?
Quando eu penso que estou me aproximando da madrilenha, algo acontece. Parece uma maldição. Porém, dessa vez a culpa é completamente minha.
"Remexi-me na cama, aos poucos me virei abrindo os olhos e vi a minha linda Isabel acordada. Abracei o seu corpo.
- Bom dia, amor.
- Bom dia, cariño - beijou os meus cabelos.
- Está tudo bem? Você ficou revirando a noite toda na cama.
- Te acordé? Desculpa. Eu vou me levantar e te deixar dormir.
- Não! - A impedi de sair. - Eu senti falta dos seus braços me envolvendo. Só consigo dormir bem se for de conchinha. Ainda é cedo, temos pelo menos meia hora para dormir.
Eu até tentei voltar a dormir, mas os pensamentos da Isabel se refletiam no seu corpo tenso.
- Cariño, você está dormindo? - Perguntou.
- Não, Isa - levantei o meu rosto para encará-la. - Você está bem?
Isabel tentou sorrir, mas a tristeza estava estampada em seu rosto.
- Isa, amor? Você quer conversar? O que está acontecendo?
- Eu consegui o dinheiro da parcela do empréstimo, dos fornecedores e da folha de pagamento - começou falando e parou desviando o olhar.
- Mas? - Incentivei.
- Mas me sobrou apenas o dinheiro do aluguel - mordeu seu lábio inferior nervosa - a bilheteria não rendeu o planejado.
Antes que ela ficasse triste, levantei-me e toquei o seu rosto para que me olhasse.
- Ei... ei, calma. Está tudo bem. Não é fácil mesmo e você está fazendo um grande trabalho.
Apesar de aparentar tanta fortaleza, Isabel tem os seus momentos de desespero.
- Você estava certa quando me disse que eu não conseguiria, desculpa. Eu estou ferrada.
- Não, Isa. Não disse que você não conseguiria. Eu disse que seria difícil. Deixe-me te ajudar com o empréstimo, meu amor. Para de ser boba.
- No - respondeu de imediato, mas em seguida entristeceu-se. - Você... Você pode me emprestar um dinheiro para pagar as nossas contas?
- Isa, escuta-me, vamos fazer um acordo: por enquanto, deixa as contas de casa comigo. Pelos próximos meses eu pago a sua parte no aluguel, água, luz, condomínio e o mercado. Somos um casal e sempre nos ajudamos. Eu estou do seu lado não só para compartilhar momentos felizes, mas também esses. Deixe-me ajudá-la.
- Yo sé e vou aceptar essa ajuda. Pelo menos por este mês que não rendeu tanto.
- Finalmente deixou de ser teimosa, pensei que seria mais difícil - sorri.
- No soy tan orgullosa como piensas, Helena.
- Só um pouco... - cerrei os olhos. - Tudo vai ficar bem, amor. Você é uma ótima atriz, entende de teatro como ninguém e ainda tem jeito para o negócio, daqui a pouco a companhia vai voltar a ser um sucesso.
- Obrigada por ser tan maravillosa, cariño. Te amo.
Beijei os seus lábios de leve, deitei-me no meu travesseiro e fechei os meus olhos.
- Helena, você contou para a Elisa do empréstimo? - Perguntou fazendo carinho no meu rosto.
- Não, por quê? - Menti e ela nem percebeu.
- Ela almoçou lá ontem com dois clientes e pagou a parte dela. Elisa nunca pagou uma conta lá.
- Vai ver ela não quis passar feio com os caras. De qualquer maneira, não se preocupe porque ninguém vai saber que eu estou te ajudando. Isso só interessa a nós e ninguém tem nada a ver com o que acontece da nossa porta para dentro..."
Lembro-me que durante este período, quem escutava os meus relatos eram justamente a pessoa que mais tenho raiva neste momento.
"- Eu preciso passar no mercado antes de ir para casa - avisei a Natália.
Destravei o meu carro no estacionamento da nossa empresa e entramos.
- Ué, amiga, pensei que quem fazia as compras era a Isa - minha amiga estranhou.
- Já têm meses que estou fazendo - falei sem graça.
- Já sei, a espanhola está trabalhando demais e colocou até a tarefa de fazer compras nas suas costas. Olha, se fosse um namorado meu, desconfiaria.
- Não é nada disso, Nat. Isabel está sem dinheiro por causa daquele empréstimo absurdo. Acabou sobrando para quem? Para mim.
- Amiga, eu estou chocada. Casañas não está conseguindo nem fazer uma compra?
- A compra do mês não. Na verdade, eu estou bancando todas as contas de casa. Água, luz, aluguel mês sim e mês não. Está complicado - dei partida no carro e comecei a dirigir.
- Você nem me contou como foi o evento que vocês foram aquele dia.
Olhei para os dois lados da rua e continuei o meu caminho.
- Discutimos porque ela sacou que eu queria apresentar um sócio. Eu introduzia o assunto sobre investir no restaurante dela, mas ganhava um olhar mortal. É muito cabeça dura. Queria poder ajudá-la, sabe? Pagar parte do empréstimo.
Natália deu risada, eu balancei a cabeça nervosa.
- Isabel está fazendo cu doce, Heleninha. Se você já está sustentando a casa e ela está de boa quanto a isso, daqui a pouco aceita você pagar até todo o empréstimo.
- É tão alto que nem eu tenho dinheiro para isso. Mas a Isa está até se virando melhor do que eu imaginava.
- Você não me parece tão satisfeita assim.
Dei a seta para à direita e entrei no estacionamento de um supermercado.
- Está foda ver a minha mulher só enfiada no trabalho. Sinto falta de chegar em casa e sentir o cheiro da comida dela como antes. Estou com saudade da sua atenção, das nossas conversas. Isso sem falar que a gente não sai porque ela está sempre sem dinheiro..."
Eu perdi a conta de quantas vezes eu tive diálogos parecidos com a Natália.
A minha chateação maior sempre foi pela Isa ter mudado tanto a nossa vida por causa do seu sonho de ter o Arte do seu jeito. Ela não pensou em nenhum momento em me consultar, pedir a minha opinião e principalmente no impacto que teria em nossas vidas. Foi um ano que colocou à prova o nosso casamento. Com certeza o mais difícil antes de ficar tudo tão pior três anos depois.
Entretanto, nada disso justifica ter contado à Natália sobre nossas dificuldades. Muito menos a minha amiga ter jogado isso na cara da atriz mais nova.
Isabel deve estar muito mal e a culpa é totalmente minha. Dói só de imaginar o que ela está sentindo agora.
"Tudo o que eu menos quero no momento é te ver", a voz dela me respondeu no momento que eu pensei em ir atrás.
Eu preciso consertar esse erro o mais depressa possível. Peguei o meu celular e enviei uma mensagem:
Helena: Natália! Você está na empresa? (13:12)
Como eu imaginei, minha amiga respondeu rápido.
Nat: Vim almoçar na casa da Lisa. Devo chegar mais para o final da tarde. Está precisando de mim? (13:13)
Helena: Não. Era só para saber mesmo. Bom almoço. (13:14)
- Bom almoço o cacete. Eu vou te matar, Natália - disse para o celular.
Joguei o aparelho no banco do carona e acelerei o carro rumo ao apartamento da minha velha amiga.
Passei por diversas ruas enquanto tentava entender o que aconteceu para a Natália ter me traído dessa forma.
Pensamento idiota. Eu traí a Isabel primeiro. Eu nunca deveria ter desabafado sobre coisas que só desrespeitavam a mim e minha mulher. É claro que ela está ferida, com razão.
Estacionei em frente ao apartamento que muitas vezes frequentei, mas que ontem fui impedida de subir. Outro assunto que preciso resolver, mas que ficará para outro dia.
Elisa surpreendeu-se com o porteiro me anunciando e pareceu só acreditar a minha presença ali quando apertei a campainha e abriu a porta da sua casa.
O mesmo loiro platinado no cabelo e enormes olhos verdes. O sorriso com dentes certinhos e graúdos não vieram como sempre acontecia quando me via. Elisa está séria.
- Helena...
- Cadê a Natália? - Perguntei e entrei sem ser convidada.
- Está na cozinha. Mas o que você est...
- Com você eu converso depois, agora eu preciso falar com aquela idiota...
Não esperei mais nenhuma fala e caminhei até a cozinha da loira.
Quando vi a figura da Natália almoçando, o grito que eu queria dar morreu na minha garganta. É a minha melhor amiga na minha frente.
- Oi, amiga! - Nat me cumprimentou sorrindo ao me notar.
- Por que você fez isso? - Perguntei quase chorando.
- Fiz o quê, Heleninha?
Natália largou a os talheres e levantou-se.
- Por que você falou para a Isabel sobre as contas que eu paguei? Sobre a casa, a gravidez?
- Não acredito! Mas ela já foi se fazer de vítima? Não esperou nem te encontrar... ou ela foi na sua casa?
- Eu liguei para ela, porr*. Eu não estou acreditando que você realmente contou! Eu confiei em você, Natália.
- Amiga, qual o problema de contar? Ela é muito arrogante, tem que baixar aquele nariz. Contei para mostrar a quão ingrata ela é com você. Isabel deveria te agradecer pela vida que tem agora, não ficar te maltratando por aí.
- EU VOU TE MATAR...
Senti alguém me segurar pela cintura. Elisa é um pouco mais alta e mais forte do que eu, então foi fácil me manter parada junto a ela.
- Calma, Helena - Lisa me pediu.
- Como você se mete assim na minha vida, Natália? Com que direito? Isabel não deveria me agradecer por nada, eu queria poder ter ajudado mais.
A minha sócia juntou as sobrancelhas e sua raiva é tanta que seus lábios ficam finos como uma linha.
- Você é besta, Lena? Depois de tudo ainda a defende? Eu te fiz um favor. Aposto que ela vai pensar duas vezes para brigar com você novamente.
- Você está louca? Agora a Isabel vai pensar duas vezes mesmo, mas para falar comigo. VOCÊ ESTRAGOU TUDO! - Desesperei-me. - ME SOLTA, ELISA!
Pedi, mas não fui obedecida.
Natália em poucos passos andou para perto de mim e me encarou.
- Estraguei o quê? Estava pensando em voltar para ela? De novo isso, Helena? Onde foi parar aquele papo de que a esqueceria? Isabel na sua vida não é apenas uma colega e mãe da Gi? Por favor, não me diga que vocês estão se relacionando de novo. Isso é um absurdo.
- Não estamos nos relacionando. Mas isso não tem nada a ver com o fato de você ter feito o que fez. Isa está arrasada, acha que eu ficava reclamando por trás. Como eu vou encará-la agora? Você não pensou nas consequências?
Natália ainda estava com o nariz empinado com a absoluta certeza de que fez a coisa certa. Eu não a reconheço.
- Você não machucou só a Isabel, Nat. - meus lábios temeram. - A mim também.
Pela primeira vez, Natália demostrou alguma empatia.
- Amiga, eu só quis te defender e proteger.
- É por isso que eu nunca te pedi para conversar com a Isabel como fiz com a Elisa. Está vendo no que deu? Ao invés de ajudar, piorou. Eu não precisava que você me defendesse, só que não me atrapalhasse.
Tirei as mãos da Lisa de mim, virei-me para abraçá-la e chorei em seu ombro. Precisava de um apoio, não queria mais ficar olhando para a cara da Natália. Os braços da loira me envolveram, notei que sinto sua falta.
- Helena - a voz da Nat soou baixa pela cozinha. - Desculpe-me, por favor. Você sabe que eu jamais faria isso se eu soubesse que criaria tanta confusão assim. Tudo escapuliu da minha boca e eu nem vi.
- Não é só para mim que você deve pedir desculpa, Natália.
- Sim, claro. Quando me encontrar com a Isabel, prometo pedir desculpa.
Sai dos braços da Lisa e encarei a minha sócia.
- Quando se encontrar é o caralh*, vai pedir o quanto antes. Melhor, agora! - Impus.
- Como agora? Eu não vou sair daqui para ir até a casa da Isabel só para isso. Ela nem vai me receber.
Pensei em ligar para a jurada, mas com certeza ela não me atenderá.
- Elisa, você pode ligar para a Isa pelo seu celular?
A minha distante amiga mordeu o canto do lábio inferior e respondeu:
- Posso tentar, mas não acho que ela vá atender alguém relacionado a você hoje.
Dei razão à loira.
- Você vai mandar uma mensagem de voz para ela - disse para a Natália.
- O quê? Eu nem tenho o contato da Isabel. Outro dia eu passo no restaurante e peço desculpa.
- Eu não tenho outro dia, Natália. Preciso resolver o quanto antes toda essa situação. Você vai mandar um áudio para ela pelo meu contato.
Peguei o meu celular no bolso de trás da calça jeans, abri o aplicativo e digitei:
Helena: Escuta o próximo áudio, por favor (14:37)
- Pronto, agora é só você pedir desculpa.
- Helena, isso é ridículo. Eu não vou gravar nenhum pedido de desculpa para a Casañas.
- Ah, mas vai sim. Nem que eu pegue uma faca e te obrigue.
- Helena, calma. Eu acho melhor... - Elisa começou a dizer.
Calma o cacete. Nem se meta que o assunto é apenas entre nós duas aqui - disse apontando para mim e para a Natália.
Olhei bem para os olhos castanhos da Viera e dei um ultimato:
- Ou você grava um belo pedido de desculpa ou eu nunca mais olho na tua cara. Juro que não queria chegar a esse ponto, mas está sendo preciso. Você sabe o quanto te adoro e que nossa amizade é importante para mim, porém eu não quero acreditar na possibilidade de ter me enganado tanto assim com você. O que aconteceu foi grave, pedir desculpa é o mínimo.
Natália grosseiramente pegou o celular da minha mão e deu-me as costas.
- Não estou fazendo isso porque acho que a Isabel não mereceu ouvir, estou fazendo isso em consideração a nossa amizade.
- Isabel, sou eu a Natália. Eu estou aqui com a Heleninha e conversamos sobre o que aconteceu. Quero te... eu quero te pedir... desculpa. Eu não... não quis dizer que você se aproveitou da Helena. Sempre ficou claro que ela estava te ajudando. Hum... Desculpe-me ter te chamado de alpinista social, reconheço que foi um pouco pesado. Enfim, é isso. A última coisa que quero é ver a Helena mal, então não permaneça chateada com ela por isso. Passar bem.
Assim que a minha sócia enviou a mensagem, virou-se para mim e entregou o meu aparelho, perguntei indignada:
- Você a chamou de alpinista social?
- Sim e já me desculpei por isso, não escutou? Agora, eu preciso ir.
- Nat, espera - Elisa a segurou pelo braço. - As duas precisam se acalmar e conversar.
- Já conversamos o suficiente por hoje. Helena prefere as migalhas que a Isabel entrega do que seguir os meus conselhos. Fique aqui e converse com a mãe da sua afilhada, quem sabe você ela escuta. Aproveite e tente abrir os olhos dela, pois não é recebendo mensagem de música da espanhola que ela vai conseguir esquecê-la.
Natália puxou a seu braço e saiu da cozinha. Eu e Elisa nos entreolhamos até o barulho estrondoso de porta ao bater nos despertar.
- Você está bem? - A loira perguntou de supetão.
- Não, mas já estive pior - respondi com na tentativa de quebrar o clima estranho.
- Quer almoçar? Posso esquentar a comida.
- Não, obrigada. Estou sem um pingo de fome.
Elisa não me olha diretamente. Senti-me como se estivesse na casa de uma estranha.
Acompanhei com o olhar a cineasta se descolar pela cozinha. A vi encher um copo de suco e caminhar na minha direção.
Elisa é 3 anos mais velha do que eu e foi uma das primeiras pessoas a me dirigir em um filme. Uma jovem talentosa que rapidamente caiu nas graças dos telespectadores. Se sou o que sou hoje, devo um pouco as suas produções e papéis de destaques que me indicou.
- Beba pelo menos um suco, você está muito nervosa.
Levei o copo até a boca e bebi um pouco do suco de manga. Agradeci com um aceno positivo de cabeça.
- Vem, vamos nos acomodar na sala.
Juntas, caminhamos lado a lado sem dizer nenhuma palavra.
Sentamo-nos no mesmo sofá, mas ela ficou quase de frente para mim ao virar o corpo na minha direção.
- O que você queria me contar ontem, Helena? Natália estava certa, não?! Você e a Isabel estão voltando e ela estragou tudo?
Pensei em primeiro questionar a sua ausência, mas percebi que ela está de coração aberto para me escutar e deixei para outra hora.
- Não. Nem estamos próximas de voltar. Mas ontem aconteceu... bem, pintou um clima e acabamos fazendo sex*. Assustei-me e praticamente fugi da Isa. Depois ela me mandou a música como a Natália disse. Liguei feliz, mas ela estava bêbada e a conversa foi um pouco estanha. Então eu decidi que a nossa conversa não passaria de hoje e aconteceu toda essa confusão.
- Quando você chegou, a Nat estava me contando que havia encontrado a Isabel e fez o que fez. Eu entendo a sua raiva, no seu lugar estaria da mesma forma. Fico pensando na Isa também, ela deve estar destruída.
- Ela me disse para fazer as contas de tudo que eu achar que me deve e para finalizar falou que não precisa da minha esmola - relembrar me doeu ainda mais. - Isabel nunca vai me perdoar.
- Claro que vai, Helena. O mais difícil vocês já fazem que é a convivência, depois vocês conversam e fica tudo bem.
- Que convivência? Ai, amiga - o substantivo saiu de forma espontânea e relaxei no sofá - estamos há muito tempo sem conversar. A minha convivência com a Isa é difícil. Uma parte do tempo ignoramos uma a outra e metade fingimos que somos amigas para as câmeras. Nesse meio tempo, há três meses nos beijamos e brigamos, e ontem você já sabe o que rolou.
- Eita, eu achei que vocês ao menos conviviam bem. Estou sabendo que agora vocês dividem a Gi, então pensei que estava tudo tranquilo.
- Quem me dera. Agora com as coisas que a Natália disse a ela, eu não duvido nada de que a minha relação com a Isabel retroceda ao ponto de termos que brigar pela Giovanna. Mas se dessa vez ela fizer isso, brigaremos nem que seja na justiça.
- Calma, Lena. Eu não acho que a Isa fará algo do tipo. Sofrer por antecipação não vai adiantar nada. No momento você tem que pensar em como resolver as merd*s que a Nat disse. O primeiro passo você já deu, agora é aguardar a resposta dela.
Bebi o restante do suco e coloquei o copo em uma mesa ao lado do sofá.
- O dia de vocês foi por esses dias, não foi? - A loira perguntou.
- Sim. Talvez seja por isso que não resistimos e nos deixamos levar pelas lembranças.
- Só por isso? - Provocou-me sabendo a resposta.
- Eu ainda a amo demais. Não escondo isso de ninguém - respondi abrindo um sorriso. - O único problema é ela. Isabel nunca vai me aceitar de volta.
- Por quê? Você acha que ela gosta de outra agora?
- Não - respondi com convicção. - Ela me garantiu que não está com ninguém. Aliás, amiga, a minha teoria sobre ela ter me largado porque tinha outra não foi adiante. Estou mais tendenciosa a acreditar que foi apenas o beijo que ela viu do Gustavo.
- Então foi o típico ciúme, como eu sempre disse.
- O mais engraçado disso tudo é que a Isabel em todos esses anos de casadas nunca sentiu ciúmes de mim. Mas nem na época do namoro.
- De novo isso, Helena? - Elisa achou graça do que falei.
- É sério, Lisa. Eu já te disse, Isa nunca, nunca, nunca, nunca demonstrou ciúmes. Nada mesmo. Sabe o que é nada? Nada. Para você ter uma noção, uma vez, em uma desses eventos que eu a obriguei a me acompanhar, uma mulher linda deu em cima de mim na cara dela. Sabe o aconteceu? Absolutamente nada. Nem um bico, muito menos uma palavra sobre o assunto. Se fosse ao contrário, como já aconteceu, eu tiraria satisfação com a mulher e ainda brigaria com a Isa.
- Mas essa calma é da natureza dela, Heleninha. Você deveria agradecer por isso.
- No começo eu estranhava, depois me acostumei - dei de ombros. - É por conta disso que a reação dela com o beijo do Gustavo foi desproporcional. Para quem nunca sentiu ciúmes, se separar assim é estranho. Agora que tenho certeza de não ter sido trocada, volto à estaca zero.
Lisa ficou em silêncio, pensativa.
- Você deveria ter contado sobre o Gustavo assim que a viu sair da cozinha.
- Eu sei, Elisa... Na hora eu reconheci a sombra alta dela, mas não tinha certeza do que ela viu. Iria me arriscar a chegar falando? Depois no camarim pareceu tudo bem, então fiquei tranquila. Eu ia contar, só esperava um melhor momento.
- E agora você colhe o que plantou.
Concordei com a loira.
- Helena, você deu sorte nas outras vezes. Se arriscou demais.
Olhei para ela tendo que concordar mais uma vez. Não tinha como rebater.
Percebendo o meu silêncio e incômodo, Elisa mudou de assunto:
- Eu não deveria fazer isso, não quero encrenca com a Nat. Mas eu vou te contar uma coisa e não é uma boa notícia.
- Mais uma da Nat? Pode falar vai. Nada mais pode ser pior.
- Então... a Nat chamou a Isabel de corna e insinuou coisas. Talvez isso complique um pouco mais, não?!
- Puta que pariu! Não acredito. Por que você não contou isso antes?! E agora? Isabel nunca mais vai olhar na minha cara e muito menos querer conversar.
A informação me deixou baqueada. Senti-me pior ainda.
- Eu vou tentar falar com ela... não sei.
Agradeci com o olhar e aproveitei o momento e seu clima amigável para perguntar:
- Por que você sumiu, amiga?
Os olhos verdes me encararam com seriedade. Hesitou, abriu a boca para dizer algo, mas voltava. Por fim, respondeu:
- Eu realmente ando ocupada, Lena. Não tenho nenhum real motivo, nem quero ser convincente com isso. Parece desculpa, mas a minha vida tem sido muito corrida.
- Então foram apenas desencontros mesmo?
- Sim, apenas isso. Você sabe, estou na melhor fase da minha carreira e meu nome virou trabalho.
Tentei acreditar, mas minha língua não se segurou.
- Você está ocupada para mim, mas para a Natália não? Desculpa, mas vocês estão almoçando aqui hoje em pleno dia da semana e eu nunca mais fui convidada para vir aqui.
Elisa titubeou para responder. A encarei de um modo que ela não conseguiu desviar o olhar.
- Eu não convidei a Nat. Hoje eu estou trabalhando de casa e ela apareceu por aqui.
Sorri de lado. É claro que não acreditei, mas preferi não prosseguir com a conversa. Uma hora ou outra eu vou acabar descobrindo.
- Tudo bem, Lisa - disse já me levantando. - Eu tenho que ir. Obrigada pela conversa e desculpe o escândalo na sua casa.
- Não se preocupe com isso, nem foi tão feio assim.
A melhor diretora que já tive na vida levantou-se e me acompanhou até a porta.
- Te vejo na festa da Gi? Ela está com saudade da madrinha e vai adorar te ver.
- Claro, eu já me programei para ir e até comprei o presente.
Respirei aliviada e me despedi dela com um abraço.
[...]
Cheguei em casa destruída pelo dia. Misturou-se na minha cabeça a ligação da Isabel com a briga com a Natália, tirando de mim algumas lágrimas inevitáveis.
Minha preocupação com a minha ex foi tanta que liguei desesperada para a única pessoa que ainda é o meu elo com ela, a Nina. Sei que é a babá da Gi, mas pedi para que ela fosse até a casa da espanhola ver como estava.
Aguardei ansiosamente o seu retorno, mas. Perguntei se estava tudo bem com a Isabel e ela me garantiu que sim. Insisti para saber algo, mas assim como antes ela se limitou a dizer que está tudo bem. Sem jeito, Nina entregou-me um envelope que a Isabel enviou e foi embora para a sua casa.
Aposto que são contas que a atriz acha que tem que pegar, então coloquei o envelope na gaveta de uma pequena estante na sala. Amanhã verei os absurdos.
Pedi uma comida apenas para a Giovanna, eu não tive fome. Brinquei com ela e o Chico, a fiz jantar, dei banho e a coloquei para dormir.
Eu também tomei banho e me deitei para dormir. Não consegui.
Peguei o meu celular, pensei em ligar. Fui até o aplicativo de mensagens e vi que o áudio foi ouvido. Isabel está online.
Eu não posso dormir sem saber o que ela está pensando, sem saber como estamos.
Helena: Isa, vc não me falar nada sobre o áudio? (23:01)
Respirei aliviada quando vi que ela estava digitando uma mensagem.
Isabel: Está tudo bem (23:01)
Só isso? Ah não, Isabel Casañas.
Tentei ligar, mas ela recusou a chamada.
Helena: Se está tudo bem, fala comigo (23:02)
Helena: Eu quero tentar te explicar o que aconteceu, só isso (23:03)
Isabel: Eu já sei o que aconteceu. É o que sempre acontece. Cada vez eu descubro algo novo de ti. Infelizmente, no me surpreendo mais. Vamos colocar uma pedra no assunto e seguir. Precisamos seguir (23:05)
Ela está falando sobre a Natália ter a chamado de corna. Eu nunca vou perdoar a Nat por ter feito um áudio tão podre, sem mencionar tudo. Tentei ligar, mas novamente não fui atendida.
Helena: Precisamos conversar! Eu não quero que você continue pensando algo errado sobre mim. Me diz o que você está sentindo, eu preciso saber (23:08)
Isabel: El día que me engañaste puse una flor en el pelo,
para que nadie notara el dolor que tenía dentro,
sonriendo paseaba mis encantos, y talentos
no me merecía esto
puse una flor en el pelo
para que viera la gente lo que te estabas perdiendo
aunque en el fondo sabía que tú ya no me querías
me pregunto si te mereció la pena,
ofender de esa manera
hasta en eso pierdo
el tiempo intentando comprender
la traición de tu querer
así pase mucho tiempo con la cabeza bien alta
entre risas y lamentos
puse una flor en el pelo,
para que no se notara
despreciada, humillada
ahora te veo triste y solo proclamando un perdón
pues que te perdone dios ,
que yo ya no te perdono
llevo tu dolor por dentro
cada vez que te recuerdo
Pilare* (23:32)
Isabel: É como me sinto, pero no quero más eso. Dessa vez vamos fazer as coisas certas, sem mais machucados. Vamos seguir em frente e nos libertar. Sólo eso (23:34)
Eu segurei o meu celular com força. Antes eu não tivesse enviado nada.
Já não sei mais o que fazer.
------------------------------------------------------------------------
(*No dia em que você me traiu, coloquei uma flor no meu cabelo
para que ninguém notasse a dor dentro de mim,
sorrindo eu desfilei meus encantos e talentos
Eu não merecia isso
Coloquei uma flor no meu cabelo
para as pessoas verem o que você estava perdendo
Embora no fundo eu soubesse que você não me amava mais
Gostaria de saber se valeu a pena,
Ofender-me assim
mesmo que eu perca
tempo tentando entender
a traição do seu amor
Passarei muito tempo com a cabeça erguida
entre risos e lamentos
Coloquei uma flor no meu cabelo,
então não me mostraria
desprezada, humilhada
Agora eu vejo você triste e apenas proclamando perdão
Bem, Deus te perdoe,
que eu não te perdoo mais
Eu carrego sua dor por dentro
toda vez que me lembro de você).
Fim do capítulo
Por hoje é isso :)
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Donaria
Em: 15/02/2021
Ola autora!!! Pra variar me fazendo sofrer.....como assim!!! quando penso que Helena e Isabel tão no caminho certo...PAM...cacete na molera. To começando a me sentir em Dom Casmuro....Helena/Capitu...traiu ou não traiu....isabel/Bentinho ta vendo pelô em ovo ou ...putzz ...rsrsrsrs. To amando seu texto, você voltou mais madura em sua escrita...tá uma delicia de ler, acho que não havia lido nenhuma historia ondes as personagens fossem um casal que se ama...claramente se amam, mas estão em crise....A Fortiori era parecido, mas era diferente, nossas heroinas eram imaturas....Isabel e Helena são maduras, so estão degastadas...sua historia me fez por um sinal em alerta no meu casamento...comprar um vinho urgente e tirar os esqueletos do armario e bater o pó do tapete. Como sempre seus textos me fazendo pensar....por isso gosto tanto de suas historias....são tocaveis ....verrossímeis. E vamos lá mais uma vez saber como você vai resolver esse abacaxi...rsrsrsr.... dona Bastiat é especialista em resolver entraves e descascar abacaxis....rsrsrs. beijos ....to adorando comentar em sua historia....sempre gostei. beijos e boa inspiração para desembolar essas duas
Resposta do autor:
Hey!
Sofrimento é bom. Antes sofrer com as histórias do que na vida hahahaha.
Amei o "mais madura na escrita". Sério, muito importante isso para mim.
Exato, era esse o ponto que queria, o desgaste de um ótimo casamento, mas que se perde no aos poucos por justamente estarem acomodadas.
Mas, garota, bota esse vinho para dentro e se declare, sempre bom dar uma renovada, dizer o quanto ama. Vai fundo.
Eu, especialista? Talvez adoradora de confusões.
Obrigada por ler e o comentário.
Beijos!
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GabiVasco
Em: 19/11/2020
No começo fiquei com pena da Helena se declarando a toa, dpois fiquei com raiva dela por saber que a Isabel pediu para não contar, senti compaixão por ela ter escolhido a amiga errada para desabafar, e agora estou com raiva da Isabel por não aceitar conversar, porém compreensivo. Estão caminhando mais para o divórcio mesmo do que para uma volta.
Amei o poema.
Resposta do autor:
A montanha russa de sentimentos haha.
Também amo esse poema, profundo.
Abs!
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EliandraFortes
Em: 18/11/2020
Estou tentando juntar is pedaços para entender essa história. Espero que Helena possa se explicar antes de Isabel assinar o divorcio. E antes que esta se destrua na bebida, no trânsito... se há amor, o que as afastou? Houve traição? Com homem ainda... não creio. Para tydo há explicação. Ansiosa pelos próximos capítulos.. Parabéns à autora pela belíssima escrita.
Resposta do autor:
Aos poucos vai se revelando um pouco mais.
Obrigada você por ler ;).
Abs.
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Lili
Em: 17/11/2020
Caramba que raiva dessa Natália.
Helena não tem uma amiga e sim uma cobra do lado, para atrapalhar a felicidade dela
Certo Helena errou não ter contato nado do Gustavo, mas errou mais ainda em está do lado de uma cobra.
Resposta do autor:
Helena sempre teve a Natália como melhor amiga, é difícil se dar conta de como são as pessoas quando gostamos dela.
abs.
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Rain
Em: 17/11/2020
A puga a trás da orelha tá coçando. Desde do começo eu sabia que Isa não era a errada sozinha.
" E agora você colheu o que plantou"
" Você deu sorte nas outras vezes, se arriscou de mais"
Será que essa frase realmente significa o que estamos pensando? Espero que não. Se for, esse amor que Helena diz ter por Isa não é real. Quem ama não trai. Se for Isa tá certa!
Espero realmente que não seja o que estou pensando.
A Puga pela Elisa continua coçando. Agora, eu tenho duas.
Obrigada pelos dois capitulo, autora!
Resposta do autor:
Adoro essa puga pela Elisa coçando hahahaha.
De nada! Abs.
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lidi
Em: 17/11/2020
Torcendo para que elas não terminarem juntas mais! Helena que é rica ficou chorando miséria, mesno sabendo que a mulher estava passando por dificuldades foi o cúmulo. Isa merece alguém melhor. Já não importa mais se ouve traição, todo esses segredos da Helena já se provou que ela foi desleal com a Isabel
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Baiana
Em: 17/11/2020
Rapaz,agora até eu estou duvidando da fidelidade da Helena,pela conversa que teve com a Elisa e pela reação ao saber que a Natália tinha chamado a Isabel de corna,me fez pensar que ela tem culpa no cartório,se for isso mesmo,bem fez a Isa em assinar os papéis do divórcio,e vida que segue.
Resposta do autor:
Ainda tem muita água para passar por debaixo dessa ponte...
Abs!
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