Capitulo 3
A Última Rosa -- Capítulo 3
Martina retornou a sala com um envelope na mão e estendeu para ela.
-- Aqui está -- em seguida, sentou-se ao lado de Maya no sofá.
-- O que é isso? -- perguntou olhando para o envelope amarelo.
-- Dentro desse envelope estão os seus novos documentos. Inclusive um cartão de crédito com dez mil reais para as suas despesas -- Martina esfregou as mãos uma na outra. Parecia tensa e nervosa -- Abra e conheça a sua nova identidade.
Franzindo a testa, ela abriu o envelope, tirou de lá a identidade e o cartão de crédito. Olhou para a foto e sorriu.
-- Até que fico bem de cabelo ruivo -- ela brincou, Martina riu olhando para a foto.
-- Você é bonita, fica bem com qualquer corte e cor de cabelo.
-- Obrigada. Saber que sou bonita muito me conforta -- ela balançou a carteira no ar -- Michelle Simas, belo nome. Foi você quem escolheu?
-- Sim. Que bom que gostou.
-- Isso vai funcionar? -- Maya estava desesperadamente insegura -- Quero dizer, não serei presa caso seja abordada em uma blitz policial?
-- Acho difícil, você está tão diferente. Nem eu mesma reconheceria se a encontrasse na rua -- Martina se levantou e foi até a geladeira pegar duas cervejas -- Mesmo assim é bom tomar cuidado. Seu rosto está por toda a parte, vai que alguém a reconheça -- ela falou lá da cozinha -- Sorte sua que, por enquanto, o assunto está rolando apenas na mídia local. Porém, as notícias se espalham rapidamente pela internet. Logo, logo, todo o país ficará sabendo.
Maya fechou os olhos por um momento e então sorriu com melancolia. Aquilo só podia ser um pesadelo.
Quando tornou a abrir os olhos, viu o brilho azul e vermelho de um giroflex entrando pela janela. Os olhos dela se estreitaram. Ela lançou um olhar cheio de pavor para a viatura estacionada no portão da casa de Martina.
-- Martina! -- ela berrou.
A amiga voltou correndo da cozinha.
-- O que aconteceu?
Maya não precisou responder. Martina viu com seus próprios olhos.
-- Meu Deus! A polícia -- os olhos escuros de Martina revelavam desespero -- Fuja daqui! Rápido!
-- Como? -- seu corpo todo tremia e, na boca, tinha o gosto metálico do medo.
-- Fuja pela porta dos fundos enquanto eu distraiu eles. Vá logo! -- ela quase berrou.
Em um piscar de olhos ela pegou a bolsa e a mala de cima do sofá, abriu a porta dos fundos e saiu correndo, se escondendo atrás das árvores, rezando para não ser notada. Será que conseguirei escapar sem ser vista? Se perguntava aflita.
As lágrimas escorriam-lhe descontroladamente pelas faces. Seus olhos estavam cheios de raiva e de dor. Maya respirou fundo e lutou para recuperar o autocontrole. Esfregando violentamente os braços, como se estivessem congelados, ela se condenava por ter confiado tanto em Maicon. Porque havia aberto a sua casa e dado a ele tanta intimidade em tão pouco tempo. Como ele havia sido capaz de destruí-la de forma tão fria e cruel. Ela sacudiu a cabeça e usou as mãos para enxugar o que restava das lágrimas, depois, ergueu o queixo decidida a não desistir de lutar.
-- Não posso ficar aqui chorando. Preciso fugir -- Maya deu um passo, mas antes de começar a correr olhou para trás e viu os policiais entrando na casa de Martina.
Assim que Jessica abriu a porta, sua tia correu e abraçou-a com força.
-- Jessica, meu anjo! Que bom que veio!
-- Boa noite, tia Inês -- a jovem deu um leve e afetuoso beijo em sua bochecha avermelhada.
-- Porque não telefonou avisando que vinha? Podia ter preparado umas panquecas americana.
-- Desculpa, é que estava tão entretida no trabalho que nem percebi o tempo passar.
-- Ouça, por que não senta e fica à vontade? Vou preparar um café reforçado para nós.
Jessica não retrucou. Conhecia muito bem a tia, quando ela falava, gostava de ser obedecida.
-- Pensei que depois da discussão que houve entre eu e a Marcela, você não viria tão cedo aqui -- ela comentou, colocando as canecas de louça sobre a mesa.
Jessica pegou uma das canecas e aproximou-se da cafeteira para se servir.
-- Jamais deixarei de visitar a senhora. Muito menos por causa das crises de autopiedade da Marcela -- disse, rindo; um riso doce que envolveu todo o rosto -- E a senhora sabe muito bem disso.
Inês riu da observação da sobrinha e abriu a gaveta à procura de uma colher para o açúcar.
-- Você me conhece bem, não é mesmo?
-- Muito bem, tia -- Jessica bebeu metade da xícara num só gole e apreciou o calor da bebida descendo pela garganta -- E a senhora conhece muito bem a Marcela.
-- Para ser franca, não gosto muito dela. Ela é uma mulher fraca, sem personalidade. Uma chata de galocha -- revelou torcendo para que a sobrinha não ficasse chateada com a sinceridade -- Me pergunto até hoje por que se casou com ela. Marcela não te merece.
-- Simples tia. A antiga e velha carência. Garota, com dezoito anos de idade, tendo acabado de perder os pais e o grande amor de sua vida. Viu no casamento a grande oportunidade de recomeçar a vida -- disse Jessica, comendo um pedaço de torta -- Quando nos casamos a Marcela não era essa pessoa amarga e infeliz. Muito pelo contrário, ela era alegre, divertida e me ajudou a esquecer a... -- Jessica foi incapaz de pronunciar o nome da pessoa que tanto a assombrava -- A senhora sabe.
-- Sei sim -- concordou Inês -- Ela foi muito boa com você. Foi paciente e amável. Mas, tudo isso mudou. Estou falando do agora e, o agora está péssimo.
Jessica concordou balançando a cabeça e lembrou-se do momento em que tudo se transformou na vida delas.
-- Tudo ficou diferente depois do acidente. Foi aí que Marcela mudou. E eu também, de certo modo -- Jessica sentiu o estômago se contrair e afastou o prato para o lado -- Se agora, Marcela está em uma cadeira de rodas, a culpa é toda minha.
-- Não, não, não -- Inês não concordava com a sobrinha -- Você não teve culpa, foi um acidente.
-- Sim, foi um acidente, mas eu poderia ter evitado se a tivesse impedido de sair com o carro. Ela estava nervosa e a chuva...
-- Pelo amor de Deus, Jessica -- Inês a interrompeu -- Você vem sofrendo, tentando se recuperar desse trauma terrível há um ano. Ficou semanas ao lado dela no hospital, está cuidando dela com carinho e toda atenção do mundo. O que mais você pode fazer por ela?
-- Tenho medo que ela faça alguma besteira. Se isso acontecer, não me perdoarei pelo resto da vida.
-- Jessica, meu anjo, foi um acidente. Não fique assim tão preocupada. Você não pode se culpar pelo o que aconteceu. Tenho certeza de que um dia, Marcela vai entender.
-- Entender de que forma, Tia? -- perguntou olhando para a jovem senhora.
Inês chegou-se a ela e, colocando as mãos em seus braços, beijou-a na cabeça.
-- Você não pode ficar presa a esse casamento apenas por piedade. O que Marcela representa para você? -- Inês indagou.
Depois de um tempo, Jessica respondeu de cabeça baixa:
-- Alguém que precisa muito de mim -- doeu dizer isso. Queria dizer que a amava e que permanecia ao seu lado por amor e não por obrigação.
-- Não sei se vale a pena esse sacrifício, mas tenho que respeitar a sua decisão.
Jessica se levantou num pulo e abraçou a tia.
-- Obrigada, tia -- Jessica aproximou-a em um abraço e beijou o topo de sua cabeça. O apoio dela era muito importante -- Aquela panqueca americana ainda está de pé? -- perguntou afastando-se dela com doçura.
-- Ah, mas vai demorar um pouquinho -- ela disse, sorrindo -- Você espera?
-- Claro que espero. Faço qualquer coisa por panquecas americana.
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Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 23/11/2020
Caraaaa... Jessi nao pode ficar com Marcela por pena... epsero que tia ines ajude Maya e Jessi a se entender...
NovaAqui
Em: 20/11/2020
Ainda bem que Maya tem Martina para ajudá-la. Agora é sair dali e começar uma nova vida como Michele
Tia Inês tem umas panquecas que iriame fazer esperar também kkk
Abraços fraternos procês aí ????
Resposta do autor:
Olá
Sem a ajuda de Martina dificilmente Maya conseguiria fugir da policia.
Panqueca é tudo de bom.
Paz e luz.
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brinamiranda
Em: 20/11/2020
Eu já vi um caso bem parecido...é a culpa é cruel.
Resposta do autor:
Olá
A culpa mata.
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Mille
Em: 19/11/2020
Oi Vandinha
Jessica vivendo um casamento por se sentir culpada pelo acidente da Marcela.
E essa ajuda da Martina será que ela é do bem ou tem segunda intensão ajudando a Maya?
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille
Será Mille? Elas parecem ter uma ligação tão forte e verdadeira. Bem, as vezes, depositamos expectativas demais em alguém e acabamos nos decepcionando. Não é mesmo?
Beijos. Até.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 19/11/2020
A culpa é um sentimento mortal.
Resposta do autor:
Olá Marta
A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 19/11/2020
A culpa é um sentimento mortal.
Resposta do autor:
Beijos Marta.
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