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Contos para ninar gente grande por brinamiranda

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Palavras: 3456
Acessos: 627   |  Postado em: 16/11/2020

Capitulo 9 - A Senadora & a Atriz

CONTO 09 - A Senadora & a Atriz

.

Curitiba, 22 de dezembro de 2020, Aeroporto Internacional Afonso Pena

.

       Andava com passos firmes, embora com bastante feminilidade, a máscara azul escuro desenhada com arabescos dourados não conseguia esconder a pele branca e bem cuidada que não aparentava nem de longe os quarenta anos recém completados. Ângela Gullo Falconieri estava elegantemente vestida neste dia, trajava um terninho azul marinho que combinava com seus olhos cinzas, a roupa de uma grife famosa parecia moldada ao cargo e a ocasião que exigia uma grande demonstração de força e de poder, nada menos que isso, a maquiagem era discreta, os cabelos pretos e lisos cortados em chanel estavam atrás das pequenas orelhas enfeitadas com três brincos, em cima uma pequena estrela em ouro rosé seguido por duas argolas em outro branco cravejadas com brilhantes, apenas os brincos compunham a lista de adereços, pois a aliança jazia em cima da pia do banheiro deixada de forma proposital.

       A senadora estava aliviada por não ter sido reconhecida até o momento, queria e precisava de um pouco de silêncio até chegar em Brasília aonde morava há pouco mais de nove anos. Enquanto ouvia as músicas natalinas a consumir seus ouvidos e paciência caminhava resoluta, seu ano começaria antes do tempo previsto, não por querer, mas devido há certas situações de emergência a resolver.

       Esse ano optara de última hora por não passar o Natal com os seus, precisava voltar urgentemente pra casa, teria enfim uma conversa definitiva com Renata, o casamento havia naufragado há muito tempo, mas, as fotos da mulher aos beijos em um iate em uma praia nordestina com uma jaguara qualquer havia apressado sua volta, pelo tom dos cabelos de Renata as fotos haviam sido tiradas em julho, quando ainda estava ruiva, a seguir olhou para cima tentando buscar em suas lembranças se as fotos eram da mesma época em que sua mulher pediu um bom dinheiro para comprar passagens, assim como para gastar o que fosse preciso para ajudar a sua família, prometeu que pagaria na próxima vez que recebesse, mas, Ângela avisou que não havia necessidade disso.

- Ai amor, você é um anjo, alguns pacientes não me pagaram, você sabe como é vida de psicóloga, só tenho a minha clínica e meu salário minguou cedo esse mês por conta da pandemia, tem muita gente inadimplente, outros cancelaram as consultas e preciso mesmo viajar para resolver problemas urgentes da minha família, sabe como é?, sempre fui arrimo e deixei todos para trás quando casei contigo, dessa vez preciso muito ajudar a Tia Dôte, ela está adoentada, é minha madrinha...sempre me incentivando tanto, desde pequena.

       Essa for a cartada final para Ângela, convencida que Renata abrira mão de sua vida familiar para segui-la, deu até dinheiro a mais do que a mulher estava esperando. As lembranças sumiram como fumaça e senadora confirmou suas suspeitas voltando as mensagens trocadas no WhatsApp com a mulher, internamente falou para si mesmo "otária", mas, não esboçou sequer uma careta.

      Os pensamentos povoavam sua cabeça enquanto continuava a caminhar, o dia tinha tudo para ser primoroso, estava feliz enquanto tomava o café da tarde com sua mãe e Rodrigo, seu irmão gêmeo quando foram interrompidos.

- Ângela, tem visita para você...é Priscila.

       Rodrigo virou o rosto tentando conter o riso, enquanto a mãe internamente rezou para ser apenas uma visita comum, Ângela sem se deixar se contaminar pela ironia do irmão, nem a visível preocupação da mãe sorriu e respondeu com carinho a governanta que esperava uma resposta.

- Por favor, a senhora pode pedir a Priscila que venha até a cozinha, a prima é de casa.

       Dona Aurora agradeceu internamente por não ter que fazer nenhuma pergunta e nem ter inventar algum tipo de desculpa para a "barraqueira" ir embora, lembrava muito bem do jantar que ocorrera em setembro, Ângela e Rodrigo estavam reunidos em um pequeno grupo familiar por conta da pandemia, não queriam deixar passar em branco o aniversário de quarenta anos, mas, não queriam aglomerar, por isso o jantar era para um número reduzido de pessoas.

       Priscila, a prima "descompensada" chegou sem ser convidada com o marido, exagerou na bebida, e resolveu sair do armário e romper todos os véus que escondiam sua condição.

- Eu queria fazer um brinde a Ângela, meu único amor...

       Essa foi a fala introdutória, a seguir Priscila passou a gritar para quem quisesse ouvir que amava Ângela, que ela sempre seria o grande amor da sua vida, e ela quem deveria ser sua esposa, não uma mulher volúvel, cabeça oca e aproveitadora como Renata, que a essa altura do campeonato chorava compulsivamente abraçada a namorada dizendo que nunca havia sido tão humilhada, para a situação não ficar ainda pior do que já estava, Rodrigo arrastou a prima  para tomar um ar no jardim e provavelmente vomitar, enquanto isso seu marido e os demais familiares não conseguiram mais emitir nenhum som, uns comiam, outros bebiam, e todos estavam boquiabertos em frente à cena familiar como em um livro de Nelson Rodrigues.

       Dona Aurora deu um muxoxo e saiu.

- Claro Ângela, vou chamar sua prima.

       Priscila chegou triunfante, estava com um sorriso no rosto e com um jornal de fofocas embaixo do braço, Ângela talvez nem teria acreditado na história, sabedora que era dos sentimentos da prima, mas, a prova incontestável estava ali, escancarado o drama que deveria ser íntimo e particular, olhou as fotos de Renata da forma mais impassível e blasé que conseguiu, aquele jornal vulgar expondo a cena de traição lhe embrulhou o estômago, levantou sem derramar uma lágrima, apenas apressou a entrega dos presentes familiares e marcou a passagem para tarde da noite, dessa vez  Renata havia ido longe demais, era hora de dar um basta.

      Ângela continuou caminhando pelo aeroporto enquanto olhava as vitrines das lojas de conveniências, estava tentando encerrar o diálogo com a mãe há uns cinco minutos sem conseguir êxito, só conseguiu desligar quando tranquilizou a mãe e encerrou o assunto dizendo que apesar de tudo estava tranquila com a sua decisão,  separar era o melhor a ser feito. Quando desligou o celular, resolveu que relaxaria o resto de tempo que restava até Brasília.

     Após despachar a mala, Ângela sentou em um restaurante japonês, olhou o cardápio e pediu o de sempre, um combinado de sushis e sashimis e um copo de suco de uva verde. Após comer delicadamente, agradeceu a atendente e se encaminhou até a sala vip onde sentou confortavelmente em uma poltrona retirando um livro de dentro de sua bolsa, "A cidade dos corações partidos", da escritora Marina Porteclis.  Em sua cola, mas, ao mesmo tempo distanciados haviam dois seguranças, Miguel e José Antônio, ambos escolhidos a dedo para a viagem a Curitiba, eram novatos, mas, não havia problema, a presença dos dois era apenas uma medida de segurança, uma exigência do cargo, mas, ainda não havia se acostumado a isso, e olhava os rapazes com certa má vontade, apelidando-os de Tom & Jerry.

       A senadora intercalava a leitura com a observação dos letreiros que indicavam os voos, os portões de embarque e desembarque de passageiros, assim como os voos que estavam em atraso e os que estavam dentro do horário previsto. O tempo parecia arrastar-se quando sentiu vontade de ir ao banheiro, olhou no espelho analisando os olhos cansados, ao mesmo tempo em que lavava o rosto para despertar, em seguida se sentiu observada, olhando rapidamente viu que havia mais alguém a dividir o espaço olhando-a através do seu reflexo.

- Oi, posso ajudar em algo?.

       Ângela falou girando o corpo em relação a moça que agora cruzava os braços em posição de defesa, a senadora já tinha imaginando mil coisas, inclusive que fosse alguma eleitora com algum pedido na ponta da língua.

- Não...eu não quero nada, eu vi teus olhos pelo reflexo no espelho e me pareceram tão confiantes.

- Então, se me procurou é porque achou que de alguma maneira poderia te ajudar em algo, uma palavra, um apoio...tem certeza que está tudo bem?.

- Sim, está...de verdade, desculpa se te assustei...estou só um pouco nervosa, ansiosa para voltar a Brasília, tenho muita coisa a resolver por lá, coisas essenciais, sabe?.

- Ora que coincidência, também estou indo para  a mesma cidade, só espero sinceramente que não esteja voltando pelos mesmos motivos que os meus.

       As duas riram e seguiram ladeadas, Ângela fazia de tudo para ouvir com atenção, enquanto a moça de longos cabelos castanhos e cacheados contava um pouco de sua história enquanto esperavam o voo que seguia atrasado.

- Meu nome é Júlia Renault, sou gaúcha de Porto Alegre, mas, moro em São Paulo, atualmente sou uma aspirante a atriz de vinte oito anos, estou tensa por que fui convidada a atuar em uma super produção, um filme que pode mudar minha vida profissional, confesso que estou com muito medo de encarar esse desafio, me sinto muito insegura, não em relação ao meu talento, mas, em relação aos testes que vou fazer, tenho um papel certo, mas, dependendo da minha atuação pegarei um papel de destaque, se não me sair tão bem pego um papel no núcleo coadjuvante, quer dizer, essa ida é decisiva para mim.

- Ah Júlia, pense que já tem uma vantagem, você estará empregada nessa produção, é isso que importa.

       A atriz sorriu em concordância, depois se aproximou para falar baixinho de um leve receio que tinha surgido desde que haviam cruzado a porta do banheiro.

- Ângela, não olhe agora, mas, tem dois caras praticamente nos seguindo desde a hora que saímos do banheiro, eu não quis te avisar para não ter medo, depois precisava confirmar antes de falar qualquer coisa, mas, eles continuam nos olhando a distância, eu sinto.

       A senadora olhou na direção de Miguel e José Antônio, sorriu e falou bem humorada.

- Não se preocupe querida, eu sei quem eles são...são Tom e Jerry, meus seguranças, espero que isso não seja um grande incômodo para você.

- Não, tudo bem...caramba, você tem segurança?, você é o que, uma espécie de celebridade?.

- Não, sou uma espécie de senadora mesmo.

- Nossa, nunca diria que você é uma política, espero que não seja da turma do Patati, Patatá...

- Jamais...

       O anúncio de embarque terminou com o momento das duas, rapidamente esqueceram os capuccinos que deixaram pela metade e se encaminharam para sala de embarque, seguidas por Tom & Jerry.

      Ao entrar no avião, Ângela e Júlia se acomodaram na cabine da senadora que só viajava de primeira classe, as duas ainda tiveram tempo de observar os seguranças que seguiram em direção a classe econômica com um olhar indagador.

      Não confessaram, mas, ficou explicito que as duas tinham medo de voar, apenas relaxaram quando foram servidas de um menu exclusivo de espumantes e vinhos renomados, enquanto isso, a porta da cabine era fechada por dentro, essa sem dúvida era uma das grandes vantagens da primeira classe, a prioridade do serviço, assim como a privacidade, a exclusividade e a excelência, por isso além das bebidas caras também foram servidas de deliciosos canapés de caviar e salmão.

      Como excederam no álcool precisaram deitar, logo as poltronas geminadas viraram uma confortável cama de casal, com espumas de alta tecnologia, com lençóis de fios egípcios embaixo dos macios travesseiros, assinados por grifes de altíssimo padrão. Foi lá que Ângela puxou Júlia pela nuca passando a beija-la com ardor, após sentir que o beijo foi correspondido, a senadora seguiu deixando marcas do seu desejo ao longo do corpo moreno da atriz, não demorou muito para que as roupas fossem largadas pelo espaço da cabine, assim como qualquer tipo de timidez e receio, ali estavam apenas duas mulheres despidas de tudo, principalmente do passado, enquanto isso os corpos, as línguas e sensações eram divididas naquele curto espaço de um voo que tinha tudo para ser único.

       Após se trocarem, Ângela agendou pelo interfone o chuveiro do avião, na primeira classe os passageiros que desejassem tomar banho durante o voo precisavam agendar com no mínimo cinco minutos de antecedência, assim teriam direito a 20 minutos de uso no chuveiro de água quente. As duas entraram juntas, rapidamente voltaram para cabine e adormeceram abraçadas, nem deram conta que durante o tempo em que beberam e se amaram uma turbulência tomou conta do avião, atrasando a chegada em Curitiba.

       O dia estava amanhecendo quando Ângela abriu a janelinha deixando que os raios de sol entrassem em sua cabine, viu que Júlia ainda estava adormecida quando pediu um delicioso café da manhã e fez um carinho do rosto da atriz para acorda-la.

- Acorda gatinha...vamos tomar nosso café da manhã, já estamos pertinho de Brasília.

       Júlia abriu os olhos e perguntou.

- Quem é você?, me solte sua louca, não pegue em mim ou vou gritar...onde estou?, em que espécie de lugar me trancou?.

- Calma Júlia, estamos em uma das cabines do avião, na primeira classe, você não está presa, nunca faria isso, não seria muito sensato para uma senadora sequestrar alguém...mas, não se preocupe, em breve chegaremos a Brasília. Pelo visto esqueceu de tudo, não é?, nos conhecemos ontem no aeroporto de Curitiba.

       Ângela deu um sorriso desanimado, era muito bom para ser verdade, a moça tão bacana e bonita tinha que ser maluca?, Júlia parecia completamente confusa, perdida em suas lembranças.

- Eu me chamo Caroline Cortat Vilarinho, sou advogada, casada com Henrique Vilarinho, meu marido e sócio...eu...eu peço desculpas por minha agressividade, de vez em quando tenho algumas ausências, mas, nunca havia tido uma crise de identidade, nunca conheci ninguém com o nome de Júlia...é...pelo visto...eu realmente preciso de um psiquiatra, devo estar trabalhando demais, acho que essa pandemia está me deixando meio maluca, me desculpe, agora por favor, abra a porta dessa cabine, preciso descobrir onde é o meu lugar, e com certeza não é aqui.

      A senadora se despediu de Júlia ou Caroline, na verdade, o nome não importava, o que estava incomodando de fato era a dor de ter o coração partido duas vezes, uma pelo iminente fim do seu casamento fracassado, outra pela esperança que viu escorregar pelas mãos.

      Em casa, Renata já estava esperando com evidente nervosismo, ela estalava os dedos das mãos quando viu a mulher entrar no apartamento puxando as malas de rodinhas, Ângela não perdeu tempo e nem deu a chance da outra explicar o que era óbvio, limitou-se a dizer o "acabou" guardado no fundo da alma, em seguida arrumou sua mala, levando algumas roupas, pertences e pedaços de sentimentos que julgava importante, ainda deu um último abraço na ex, agradeceu o breve período de felicidade, e avisou que em breve seria procurada pelo advogado, mas, que ficasse despreocupada pois esse apertamento seria seu, assim como uma quantia considerável de dinheiro para que vivesse muito bem. 

       Renata nada fez quando viu a mulher deixar o apartamento, depois de algumas horas ligou para namorada avisando que em breve poderiam morar juntas, mas, que era preciso manter a pose por algum tempo.

.

       Seis meses depois

 

       Ângela pegou o controle remoto e escolheu na aba de filmes brasileiros da Netflix um título que julgou interessante, "Contratempo", era um filme antigo, de 2007, mas, o roteiro parecia bem atual, a seguir foi até a cozinha do amplo apartamento e estourou uma saco pequeno de pipocas no micro-ondas e trouxe junto uma garrafinha de suco de uva para acompanhar, deu play e seguiu com os olhos atentos as cenas que se desenrolaram na história, estava gostando muito, especialmente da protagonista, uma loirinha de cabelos curtos, cacheados e intensos olhos azuis, assistiu até o fim na expectativa de descobrir quem era a atriz por trás da personagem principal, no entanto uma frase a tirou do seu prumo.

"Este filme é dedicado a Júlia Renault. In Memoriam".

      O nome da atriz a levou de volta aquele fatídico voo, teria Júlia incorporado na advogada que nem sequer lembrava o nome?, quem sabe?, era um mistério.

       Terminado o choque inicial, Ângela pegou o notebook e descobriu que a atriz Júlia do Valle Renault havia morrido em 17 de julho de 2007 no Voo 2405, a aeronave havia partido do Aeroporto Internacional de Porto Alegre com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, ao tentar pousar a aeronave não conseguiu frear, ultrapassando os limites da pista, atravessou a avenida Rodrigues Varella e colidiu com um posto de gasolina. Todos os 170 passageiros e tripulantes a bordo do Airbus e mais sete pessoas em solo morreram, incluído Júlia. No relatório final divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão filiado à Força Aérea Brasileira em setembro de 2009, apontou como causas principais do acidente o erro do piloto ao configurar irregularmente os manetes, falta da infraestrutura aeroportuária brasileira, faltando groovings (ranhuras) na pista e autonomia excessiva aplicada aos computadores da aeronave.

.

Um ano depois

.

       Ângela sorriu ao entrar no elegante hotel, a descoberta da vacina havia trazido para todos uma gostosa sensação de liberdade, a cura trouxe paz a população mundial e a expectativa de uma nova vida, assim, a senadora aproveitou as merecidas férias para viajar, havia escolhido Fortaleza, e ficava sempre no mesmo lugar, o Náutica Park Hotel, um pequeno paraíso em forma de barco ancorado em plena Praia de Iracema, escolheu um quarto em frente ao mar, ouviu o barulho das ondas, respirou fundo e pensou que lá poderia respirar sem pensar em nada que remetesse a política.

       Trocou rapidamente de roupa, colocando um biquini descontraído estampado com pequenos coqueiros e por cima uma saída de praia branca de algodão com rendas e desceu em direção a piscina. Foi recepcionada por Laurence, uma francesa, que de estudante de Hotelaria e estagiária do hotel virou a gerente geral, Laurence sabendo da presença da senadora resolveu fazer as honras da casa, recepcionando com educação e sincera simpatia.

       A senadora por sua vez ficou encantada com aquele jeitinho meio tomboy, Laurence era inteligente e ao mesmo tempo divertida e estilosa, com suas tatuagens nos braços e piercing argolinha no nariz, seus cabelos eram castanhos, lisos, meio espetados e iam até a altura do pescoço.

- A conversa está ótima senadora, mas, o que vai querer experimentar do nosso cardápio?.

- Deixo a escolha em suas mãos, quero apenas que me surpreenda.

       Laurence voltou com relativa rapidez, ela mesmo fez questão de servir Ângela, apresentando o prato e a bebida escolhida e preparada por ela.

- Bom, espero que minha escolha te apeteça, escolhi uma deliciosa lagosta no bafo e um drink que criei, o Ruby Rose é a minha especialidade, uma batida feito com morangos, água de coco, vodca, hortelã e leite condensado, para sobremesa assim que terminar farei a minha famosa cartola, uma sobremesa feita de banana, queijo de coalho e canela.

       A francesa torceu discretamente a boca lembrando que da última vez que havia servido esse prato a uma hóspede anos atrás tinha ficado a ver navios, mas, sentiu que dessa vez seria diferente.

       Ângela comeu toda a lagosta, em seguida tomou o drink fechando os olhos de prazer.

- Obrigada, não poderia ser mais perfeito...ainda não vou aceitar a sobremesa, estou satisfeita, mas, me diga...o que poderia fazer para retribuir sua gentileza?.

- Acho que pode aceitar meu convite para jantar, que tal?.

- Será um prazer Laurence, te espero as 20h, pode ser?.

- Claro...

- E onde vamos jantar?.

Laurence corou, mas, não pode deixar de dizer.

- Se não achar incômodo, gostaria de convida-la a minha suíte.

- Na sua suíte?, está ótimo.

.

       As velas, os camarões, o vinho e a música francesa tocando em um volume perfeito, tudo era indício do que viria a acontecer na vida das duas, elas ainda não sabiam, mas dentro de um ano estariam casando em uma discreta cerimônia no hotel, sob o olhar emocionado de Júlia Renault.

- Ângela, fais de ta vie un rêve, et d'un rêve, une réalité.

- Como amor?.

- Faça de sua vida um sonho, e de um sonho, uma realidade.

Fim do capítulo

Notas finais:

E ai, quem lembra que Laurence teve um leve rolo com a Mariana no livro "por caminhos inesperados"?.


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Comentários para 9 - Capitulo 9 - A Senadora & a Atriz:
Rosa Maria
Rosa Maria

Em: 11/12/2020

Brina....

Que reviravolta fiquei aqui imaginando como deve ser o processo de criação em sua mente, os personagens querendo sair correndo criarem vidas próprias,  e você simplesmente escrevendo. Muito bom essa senadora hein? Sabe encantar e se permitir também claro...kkkk

Beijos 

Rosa


Resposta do autor:

Bom dia Rosa,

Vou te contar como é o meu processo de escrita...não existe rsrsrs as vezes vem ideias de personagens, e de uma trama básica, ai outros personagens vão se somando, é bem diferente, e algumas poucas vezes tenho inspiração de sonhos doidos que tive...essa senadora é de fato interessante mesmo, eu pensei em fazer um spin off, mas, são tantas personagens que não dá tempo rsrsrs bjs

Responder

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florakferraro
florakferraro

Em: 30/11/2020

Ah, eu vou ter o livro onde a Laurence aparece, ainda não terminei, é muito bom, delícia de livro aquele.

Responder

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 21/11/2020

Olá!

Lembro do dia desse acidente.

História bem bacana, particularmente não mebrava da Laurence.

 

Beijos


Resposta do autor:

Obrigada Gabi, a Laurence foi uma personagem secundária e bem an passant...mas achei por bem voltar com ela rsrsrs bjs

 

Responder

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Rain
Rain

Em: 17/11/2020

Eu lembro da Laurence, quando você descreveu ela, já achava até coincidência.

Esse conto foi bem interessante, e deu uma pena da Júlia.

E não me põem esse medo não mulher. Um ano e seis meses de pandemia ainda é horrível. Com fé em Deus nós vamos nos livrar disso o quanto antes. Tenha fé.

Amei a frase do final. É perseguindo um sonho que o tornamos realidade. 

Ah, antes que me esqueça... Você mudou a capa e depois voltou a mudar de novo. A outra era ficou bem legal, mas, adimito que gosto mais dessa.

Bye, bye autora!


Resposta do autor:

Oiê,

Simmm eu gostei tanto da Laurence que resolvi trazer a bichinha de volta, tão gente boa...depois de sofrer um tantinho com Mari foi merecido encontrar alguém bacana...é Julia depois se encontrou no mundo espiritual, mas é tanta personagem que nem sempre dá pra aprofundar, né?

Estou na ansiedade pelo fim dessa pandemia...muito cansativo e dolorido esse tempo todo, mas, para uma coisa serviu, estou escrevendo mais...

Eu também gosto mais dessa, gosto de testar capas rsrsrs 

Até Rain bj

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