Sextou em um dia 13 qualquer...e vamos de vampira sedutora.
Um excelente fim de semana a todas...bj
Capitulo 8 - A vampira Marianne
CONTO 08- A vampira Marianne
Da sacada do antigo sobrado, Marianne observava os carros movimentados que passavam em sua rua, os lindos cabelos loiros e cacheados desciam em suas costas fazendo um suave balanço melodioso, tão melodioso quando os seus passos, seus olhos negros inspiravam jovens poetas, assim como encantava todos que conviviam com sua personalidade magnética, seu quase sorriso, e às vezes um riso encantador saiam de uma boca convidativa, tinha convicção de sua beleza e inteligência, era naturalmente sedutora.
Marianne sentia uma alegria expressiva pela sua capacidade de envolver as pessoas de um jeito muito fácil, não apenas por sua beleza rara e seu charme arrebatador, mas, por ser uma vampira, era uma predadora envolvente. Sua casa vivia enfeitada de flores que recebia de homens e de mulheres, para ela essa diversidade era a maior graça do mundo contemporâneo, sorria imaginando seu severo pai assistindo a tudo isso, seria um choque, a seguir transformou o pensamento em palavras.
- É...realmente é uma pena que meu pai está morto desde a época da Inglaterra vitoriana, se fosse possível fazia total questão de convidá-lo a minha casa para jantar com meus convidados, de certo ele ficaria assustado em ver sua filha como objeto de desejo de tantos, e acima de tudo quebrando as regras do divino Pai Criador ao se relacionar com mulheres.
A cena hilária não saia de sua cabeça sempre que organizava algo que envolvesse mais de dois convidados, imaginava a cena de forma minuciosa apenas para rir de cada detalhe onírico que saia de sua cabeça fértil, lamentando muito que ele não estivesse ali para ter o gostoso prazer de chocá-lo.
- Velho escroto!.
Também adorava xingar quando estava sozinha, coisas do mundo contemporâneo.
Passou as mãos em seus cabelos, saindo da sacada em direção ao café da manhã, era ótimo saber que não queimava a luz do sol e muito menos brilhava como nas fantásticas histórias de vampiros...beber sangue...bom, isso infelizmente era verdade. Sentou-se à mesa, pegou uma maçã, deu uma suave mordida e enquanto lhe serviam pensava em como era cansativo ter que se passar por um ser humano comum, e o pior, como era chato ter que mudar tantas e tantas vezes, já que os anos passavam e sua beleza continuava eternizada pelo tempo que ia e vinha lentamente, seus olhos era negros pela ingestão de sangue, pois nasceram azuis, e já presenciaram tantos fatos históricos que nada mais lhe assombrava, enfim, a maturidade dos séculos ajudava a compor uma beleza estacionada nos 25 anos. Já fora muitas coisas, uma bailarina famosa, uma médica de renome, uma escritora, uma pianista, agora fazia o papel de advogada, suas vitórias eram arrasadoras em tribunais, e nunca perdia uma causa, mesmo as julgadas impossíveis. Tinha um poder de manipulação imenso, e se fosse preciso usava o seu dom, fazendo com que as pessoas acreditassem na veracidade de suas palavras mesmo quando não existia verdade alguma.
Barnabé, seu fiel jardineiro lhe observava de longe, tinha um verdadeiro fascínio pela beleza etérea de Marianne, mas, ao mesmo tempo tinha medo da patroa, achava que ela escondia algo, e ficou ainda mais intrigado quando Mãe Neném, dona do terreiro que frequentava, não conseguiu ver nada diferente em sua energia, mesmo quando pegou escondido uma de suas blusas dos pijamas de dormir, logicamente que a vampira não dormia nunca, mas, fingir fazia parte do roteiro.
No fundo, o jardineiro tinha esperança que a Mãe de santo sentisse algo ao tocar nas roupas da patroa ou visse algo sobrenatural, mas, de nada adiantara ela não conseguiu ver nada além do que lhe fora permitido pela vampira. Marianne ciente de tudo que se passava, conseguia manipular a Mãe de santo mesmo à distância e em casa apenas ria de tudo que estava acontecendo.
- Meu filho, pode esfriar sua cabeça, não tem nada de diferente nessa moça, talvez ela seja apenas uma rica chegada em excentricidades.
- Mas mãe, tem algo errado nela, não é um encosto?, ela não é uma espécie de demônio?, sei lá, pode ser tanta coisa...
- Filho, você está obcecado, esquece essa mulher e vai viver a sua vida.
Após o café, Marianne foi ao banheiro, abriu a boca tirando de dentro da garganta uma bolota escura, era como um gato que engole pelos e põe para fora os excessos, toda a comida que Marianne ingeria virava essa bolota que dissolvia em segundos, era um ponto positivo pois pensavam que tinha ido ao banheiro como uma pessoa comum, o problema é que tudo o que comia tinha o mesmo gosto, independente do que fosse, tudo lembrava o sabor do muffin de mel da época vitoriana, no começo gostava, no entanto com o passar do tempo, esse sabor tornara-se enjoativo, mas, era preciso seguir comendo, queria passar pela humana que fora. Respirou profundamente e de forma entediada, a seguir deu descarga no sanitário para disfarçar e saiu.
A alimentação era o que considerava mais chato nessa luta constante de manter as aparências, também não apreciava muito ter que se mudar de tempos em tempos, e como seguia sem parentes, também aproveitava para mudar o sobrenome, apenas o nome próprio permanecia intacto, atualmente assinava como Marianne Debussy Franciszek, em homenagem a Fryderyk Franciszek Chopin e Achille-Claude Debussy, o nome lhe parecia sonoro. Ah, e o que mais gostava na vida era a chance que tinha de vivenciar tantas histórias diferentes.
Depois do banho arrumou-se de forma elegante e discreta, desceu lentamente pela alameda como todos os dias e foi caminhando até o trabalho. No moderno prédio convivia diariamente com tantas pessoas que o lugar funcionava como uma espécie de laboratório para entender o ser humano contemporâneo, gastava tempo lendo seus pensamentos só para poder divertir-se um pouco, no entanto, achava que a grande maioria funcionava em regime de gado, todos iguais, estes eram entediantes, apenas seguiam imersos em suas vidinhas sem graça, mas, Marianne persistia em continuar seu trabalho investigativo, pois gostava de saber em que pé estava a vida de alguns, acompanhava como uma espécie de novela o corrupto de uma empresa, a conquistadora dentista que não tinha um orgasmo sequer, um gay que imagina ser absurdamente discreto, uma sado masoquista, e uma lésbica simpática, no entanto, não se iludia, sabia que com o tempo todos perderiam a graça.
Na sala ao lado da sua, Samantha, a jornalista, ensaiava uma suave apreensão por não encontrar Marianne, será que faltaria hoje?. Sorriu e saiu rapidamente em direção a porta ao ouvir o barulho tão conhecido do salto, ajeitou o corpo posicionando-se da forma mais charmosa que deu.
- Bom dia Marianne!.
- Bom dia Samantha, estava me esperando novamente?
- Não, na verdade estava indo ao banheiro.
- O banheiro fica a direita do elevador, acho que errou o caminho sem querer...novamente.
Ao entrar no escritório, Marianne deu bom dia a Beatriz, sua secretária, em seguida abriu a porta da elegante sala que havia montado e passou a analisar rapidamente todos os processos que estavam separados em cima da mesa de madeira nobre, com facilidade e de cara encontrou solução para todos, no entanto, precisava fingir normalidade, e quando Beatriz lhe trouxe um odioso capuccino já havia terminado tudo, estava apenas relendo o último processo. O resto do tempo ficou ouvindo as vozes do prédio, lendo e compondo mentalmente algumas músicas, decorava facilmente os acordes para toca-las em seu piano de calda branco tão logo chegasse em casa.
Entediada, já no final do expediente, girou o corpo em torno dos saltos, batendo na sala de Samantha, porque não divertir-se um pouco?, sabia que a jornalista estava sozinha, e pelo que escutara na sala ao lado, todos haviam ido embora mais cedo do que o de costume, pois haviam fechado as matérias do dia posterior rapidamente.
Samantha seguiu irritada em direção a porta quando ouviu que alguém estava batendo sem parar, estava tentando criar um artigo para a matéria de sábado e nada saia de sua cabeça além de uns pequenos pensamentos e intuições.
- Já vai, já vai....ó...não pode esperar não?, eita, que saco.
Perdeu a voz quando avistou Marianne e logo em seguida sentiu o sangue subir, estava tímida por ter feito inicialmente uma expressão sisuda, para logo depois esboçar um largo sorriso. Não teve tempo de se desculpar, logo sentiu uma mão branca e delicadamente longa repousando em sua cintura enquanto a outra a encostava na porta, sentiu o corpo vibrar ao ouvir a fala da advogada em seu ouvido.
- Não vai me convidar para entrar?, espero não estar atrapalhando.
- Claro que não, en-entre.
Marianne revirou os olhos como sempre fazia toda vez que encontrava uma presa tão fácil, mas, entrou no escritório devagar e o mais lento que conseguiu ser.
- Então Sam, posso lhe chamar assim, não é?, eu gostaria de saber por que me observa tão minuciosamente, tem algo que soa estranho em mim?
- Estranho?, jamais...diria diferente, o que é muito bom, eu acho...
- Sei.
- Sabe Marianne, estou com um vinho para me ajudar a pensar em uma matéria, aceita dividir?.
Marianne pensou em segundos, como o ser humano consegue ser tão óbvio quando quer conquistar?, já havia passado por essa cena inúmera vezes, com homens e mulheres, mesmo assim, sentou delicadamente na enorme mesa de madeira, afastando os papéis que ali estavam e recebendo a taça de vinho para sorve-la fingindo que estava muito gostoso, no entanto, todas as bebidas tinham o mesmo sabor, água com limão, independente do que fosse beber. Mesmo assim faz um charminho ao tomar o primeiro gole.
- Esqueça a matéria, vou te contar toda a minha história e com certeza irá se interessar muito mais.
- E porque faria isso por mim?.
- Digamos que seria uma troca, eu conto a reportagem de sua vida e você fica me devendo um favor, de acordo?
- Claro!.
- Preciso antes de qualquer coisa te adiantar alguns detalhes e fazer uma advertência...se falar para alguém que o referido personagem sou eu, bom, serei obrigada a "desaparecer" com algumas pessoas para manter minha verdadeira identidade, está entendido?.
- S-sim!.
Antes que pudesse falar algo mais, Marianne puxou Samantha pela nuca, mordendo sua boca e fazendo a jornalista suspirar com o seu beijo envolvente, durante o beijo, em segundos, a vampira passou a conhecer toda vida de Samantha, era o efeito colateral de um dos seus dons, era o que acontecia sempre que beijava um ser humano, por isso ás vezes evitava esse tipo de diversão, mesmo assim era gostoso sentir como poderia rapidamente transformar um bichinho arisco como Sam em um verdadeiro furacão.
Se amaram intensamente em meio a inúmeros papeis, Samantha estava extasiada, sonhava com esse momento há quase um ano, Marianne por sua vez, era uma vampira secular e conseguia manter seu auto controle ativo, mesmo assim sentiu os caninos estalarem querendo descer para atacar sua presa, teve que se esforçar muito para conter a sede que o sangue da humana lhe despertava, sentiu a boca salivar com o aroma que invadia suas narinas, sentindo que seu fluido vital devia ser doce, respirou fundo ao sentir o seu cheiro, ah, esse cheiro era diferente de tudo que havia sentido em sua vasta existência.
Sorridente, Marianne deixou-se levar pelos carinhos da jornalista que percorreu todo o seu corpo com sua língua macia, curtindo tudo o que lhe era oferecido, por fim, os cabelos curtos e cacheados de Samantha caiam atrás da orelha e ela em vão tentava ajeitar os cachos, enquanto se vestiam e conversavam.
- Marianne, desistiu de contar sua história?.
- Não, deixemos para outra oportunidade, e outra coisa, apontou as folhas que estava espalhadas no chão, falar sobre Paris em conexão com lua de mel é muito óbvio, você consegue pensar em coisa melhor.
Marianne saiu da sala jogando um beijo no ar, deixando para trás um perfume suave em seu caminho. Samantha pegou as folhas jogadas no chão, não tinha uma linha sequer, a ideia de falar de Paris e lua de mel não havia saído de sua cabeça.
Em casa os acordes do piano invadiram o ambiente, os que trabalhavam para Marianne observavam de longe enquanto tocava, os acordes vinham cheios de suas lembranças, era uma excelente pianista, convivera com muitos compositores e seu talento era elogiado sempre.
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De volta ao país das memórias...
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Na enorme casa de veraneio, Francis Bourbon chegou animado, trazia um pequeno pônei para filha Marianne, o pônei não era propriamente calmo, pulava de um lado para o outro até avistar a menina, o bichinho ficou uns instantes parado, os olhos semicerrados, desceu o pescoço em uma quase reverencia para a criança, a seguir voltou a pular como se estivesse com medo de ser domesticado. Marianne correu animada, escapando dos braços da mãe e agarrando o pescoço do pônei preto que parou para receber o abraço da menina, levando o nome de Ventania.
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Uma das poucas lembranças felizes do seu pai dissolveu-se junto com o sorriso, fechou o piano, deu boa noite aos empregados, que delicadamente chamava de ajudantes e dirigiu-se ao quarto.
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Na cabeceira o celular tocava insistente, era um número desconhecido, mas, já sabia quem era antes mesmo de atender.
- Boa Noite Sam.
- Estou tão óbvia assim?.
- Digamos que decifrar as pessoas seja bem mais simples para mim, Samantha.
- Estava pensando Marianne, o que quer em troca de uma entrevista?.
No fundo Samantha esperava e torcia que fosse alguma troca de cunho sexual, as lembranças da tarde ainda vinham o tempo inteiro em suas lembranças. Marianne riu gostosamente, deixando levar-se pelos pensamentos de Samantha.
- Tudo na hora certa...quer adiantar alguma pergunta?, no entanto, lembre-se...quid pro quo, uma coisa por outra, você me faz uma pergunta e eu em troca, tenho direito a uma.
- Certo, eu começo...você compra os tribunais quando é preciso?.
- Não, não é necessário...quid pro quo, desde quando me observa?, e outra, no café há cerca de seis meses, o ambiente estava bem cheio, mas, foi você quem passou as mãos nos meus cabelos, não foi?.
- Te observo desde sempre, foi paixão à segunda vista, digamos assim...e sim, fui eu no café, não resisti à chance de sentir teu cheiro em minhas mãos. Com isso deveria ter direito a mais duas perguntas, já que respondi duas, mas, fico satisfeita com apenas uma...porque só agora resolveu me dar atenção sabendo que te quero há tanto tempo?.
- Não tinha tempo a perder com romances, bom...agora preciso dormir, boa noite e um beijo, quem sabe não apareço em seus sonhos?. Beba água antes de dormir, você precisa dela.
- Boa noite, pense em mim antes de dormir.
Em seu apartamento Samantha adormeceu facilmente, estava embebida pelo inebriante charme de Marianne. No outro dia levantou devagar, espreguiçou ainda sonolenta em sua cama, se sentia fraca, logo após começou a lembrar dos fragmentos do sonho que tivera na noite anterior.
Os cabelos vermelhos de Marianne esvoaçavam com o vento, estava sentada no parapeito do oitavo andar como se fosse a coisa mais normal do mundo, a seguir sorriu e bateu delicadamente no vidro da janela, falando a seguir.
- Me convida?.
- Claro, entra...
Samantha sentou na cama e sorriu quando viu Marianne como uma felina dar um salto, caminhando em seu encontro, suas mãos eram macias e estavam geladas, com pressa deslizou em seu corpo, percorrendo o caminho com a sua boca, Sam não entendeu nada, quando percebeu o hálito gelado, o beijo tinha um gosto suave de pão de mel e a sensação de sua língua gelada em seu corpo quente lhe trazia um estranho prazer, fora isso, não lembrava mais nada.
- Nossa, que sonho delicioso...estou até fraca e com as pernas bambas.
O riso solto parou ao olhar o pulso durante o banho, ficou assustava ao avistar dois pequenos pontos vermelhos que formavam uma marca, sendo encoberto pelo que constatou ser sangue pisado.
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Marianne chegou em seu escritório, deu bom dia a secretária e avistou uma mulher nervosa que balançava seu corpo inquieto, ao seu lado um jovem apertava suas mãos de um jeito muito irritante.
- Dra. Marianne, essa senhora tem hora marcada.
- Tudo bem, acabei de atrasando um pouco.
A vampira entrou em sua sala, cruzando as pernas ao sentar, logo após pediu que a mãe e seu filho sentassem a sua frente, observou calmamente a cena, constatando que a mãe não deixaria o filho falar, já estava tudo combinado.
- Então senhora, em que posso ajuda-los?.
Após as falas iniciais, a senhora foi narrando os fatos.
- Sou Fernanda Bragança, criei sozinha meu filho único Vinícius quando o pai morreu, eu o criei para ser um homem de bem, é ele quem vai me substituir na empresa quando for preciso, nem dezoito anos meu filho tem, e ele tem e já é um homem totalmente responsável, faz faculdade desde os dezesseis e trabalha, nossa vida estava correndo sob carreteis, agora vem uma qualquer e o está acusando de estupro, já pensou?, estupro?, como se meu filho precisasse estuprar uma mocinha, quem não gostaria de namorá-lo?, não é porque é meu filho, mas veja, ele é o melhor partido da região, Vini é lindo, inteligente e rico.
Marianne nem escutou a história inteira, leu os pensamentos do menino e percebeu que ali estava um jovem estuprador, Vinícius gostava tanto da sensação de estar no comando que faria tudo novamente em breve, bastava o tempo passar, sua ereç*o ao lembrar-se dos fatos escondida pelo casaco no colo entregava o rapaz, que pensava se teria como estuprar a advogada tempos depois, a vampira ficou irada com esse pensamento, em seguida olhou o tento e constatou que seria muito simples para qualquer advogado com um pouco mais de habilidade perceber que ele era culpado, imagine para ela.
Caso aceito, Marianne caminhou com os dois até a porta, pensando em como seria simples defende-lo no tribunal, o rosto de anjo do menino ajudaria imensamente em sua defesa.
Já em casa Vinicius despediu-se da mãe, alegando que iria a faculdade, estava tentando manter uma vida normal, pois logo a sua "inocência" seria provada. Estava passando do estacionamento escuro por entre os blocos, quando sentiu um forte arrepio na nuca, ao virar-se ainda enxergou dois olhos brilhando na escuridão, apavorado ainda teve tempo de sentir uma fisgada em seu pescoço por onde saiu todo o seu sangue.
A moça de olhos brilhantes parou de suga-lo pouco antes do coração do rapaz bater pela última vez, por fim lambeu a ferida que fez na jugular, fechando-a em segundos, depois evaporou, deixando para trás um cadáver que mais parecia estar em decomposição. O corpo foi encontrado a seguir por uma colega de curso e seu grito ecoou pela universidade, Vinícius já não incomodaria mais a vida de mocinha alguma.
Passando pela alameda indo ao escritório, Marianne leu a notícia estampada nos jornais sobre o jovem morto, não disse nada, mas pensou, "bem feito, ele não ia parar mesmo, fiz um bem imenso a sociedade". E continuou o seu caminho.
No escritório o barulho do salto alto chamou a atenção da secretária que subiu os olhos avistando Marianne.
- Bom dia, a senhorita Samantha já está esperando em sua sala, como sei da amizade de vocês deixei que entrasse.
- Fez bem...
Os olhos revirados para o alto e o rosto sério indicavam um já sei mal humorado, fazendo a secretária calar de imediato.
Marianne sorriu ao avistar a jornalista sentada em sua mesa, sentiu-se como uma adolescente quando ela ficou de pé, Samantha trazia em suas mãos um ramalhete de rosas e uma caixa de chocolates debaixo do braço e mesmo achando lugar comum, acho bonitinho seu gesto. A secretária em sua mesa, riu por dentro e pensou rapidamente "com tanto homem pelo mundo, porque as duas resolveram ser sapatão?". Marianne voltou até a recepção do seu escritório pisando duro, olhou tão irritada, que Beatriz ainda pensou "nossa, salve cruz, parece até que essa mulher lê pensamento as vezes".
- Beatriz, hoje não atendo ninguém, vim especialmente para analisar uns processos. Daqui a pouco venho deixar alguns pagamentos para fazer e está dispensada do restante do dia.
- Sim dra, tudo bem.
Marianne sorriu vitoriosa, sentiu que a secretária estava com medo do seu olhar, em seguida entrou rapidamente em sua sala, puxando a jornalista pela mão, as duas trocaram um beijo demorado, logo depois Marianne pegou um dos chocolates e deu uma mordida, oferecendo a Samantha um pedaço de sua própria boca.
- Hoje estou de folga, vim aqui para convidá-la a almoçar, fiz uma lasanha em casa e trouxe para comermos juntinhas, aceita?.
- Claro meu bem, não vou atender ninguém, me deixa só terminar uns processos e vou até a sua sala pouco antes do almoço para te chamar.
Após um beijo de despedida, Marianne passou a mão pelo estômago sentindo tudo embrulhar, chocolate era insuportável para ela, a seguir correu até o banheiro e tossiu até expelir a bola escura que estava presa em sua garganta. Rapidamente esvaziou a caixa em um pequeno saquinho, e entregou os chocolates a secretária junto com as contas e o dinheiro para paga-las.
- Beatriz, pode levar esses chocolatinhos para seu sobrinho Gabriel, não é?.
- Miguel...ele se chama Miguel.
- Pode ir agora, está dispensada.
- Obrigada!.
.
Quando Samantha entrou na sala, Marianne rejeitou o almoço, deixando que a jornalista comesse sozinha, em seguida acomodou-se em cima da mesa para falar.
- Samantha, se quer continuar nessa relação precisa saber toda a verdade sobre mim, como você deve perceber eu não sou como as outras pessoas.
- Claro, você é perfeita, linda como um anjo, talvez um pouco pálida, uns dias mais, outros menos, sua pele as vezes também esfria bastante e constantemente seus olhos mudam de cor, também por vezes usa palavras que não parecem ser dessa época e tem objetos de arte incríveis...
- É apenas isso que vê?. Samantha, você não faz ideia, há milênios eu tenho vinte e cinco anos. Só no Brasil, eu vivo desde a Ditadura Militar, inicialmente morava no nordeste e era uma pianista famosa que "morreu" em um desastre de carro, agora moro em Curitiba e sou advogada, amanhã posso ser inúmeras coisas...meus olhos mudam de cor sempre que me alimento do que realmente preciso...sangue, sou uma predadora Sam, vivo a custa dos sangue das pessoas desde que fui mordida por Carmilla, mas, posso te garantir, jamais matei um inocente querida, tenho um código de ética e o sigo fielmente.
- Meus Deus, na janela...não foi sonho, você...você se alimentou de mim?.
- Sim, mas, não teria coragem de seguir até o fim, só provei um pouco do seu sangue, precisava...ele tem um cheiro inebriante, desculpa, não consegui evitar.
- Que espécie de monstro é você?, eu confiei...eu...te amei...você me enganou.
- Não, você quem se enganou, se deixando levar pelas aparências, mas, não se culpe...meu cheiro, meu corpo, tudo em mim é feito para atrair as minhas presas.
- É isso que sou, uma de suas presas?.
- Nunca, eu jamais te mataria, mesmo que não tivesse me apaixonado por você...você é boa...terna e querida, em troca eu posso te ofertar a eternidade, você aceita?.
- E ser uma vampira?, jamais...eu não quero ser como você, me esqueça...mas saiba, não se preocupe, seu segredo está bem guardado comigo. Adeus Marianne.
A vampira olhou tristemente quando Samantha saiu batendo a porta, não esperava essa reação, apenas deixou que suas lágrimas descessem pelo seu rosto, a seguir ouviu uma pequena batida na janela de vidro.
- Carmilla, o que tu queres?.
- O de sempre, você...
- Será que não desistes?.
- Jamais...
Marianne sorriu olhando em direção a Carmilla, a seguir entregou sua mão e pularam da janela em direção ao chão da rua.
- Aonde vamos?.
- Em direção a eternidade...
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Rosa Maria
Em: 11/12/2020
Bruna...(Não sei ainda se posso te chamar de Sabrina)
A Marianne é tão meiga e intensa que nem pareceu ser uma vampira. Tão meiga que poderia render um conto só para ela, o que acha? Kkkk
Beijos
Rosa
Resposta do autor:
Oie Rosa, pode sim...Sá, Sabrina. alguns poucos me chamam de Brina, eu coloquei brinamiranda simplesmente pq é o nome do meu e-mail rsrsrs
Acredita que esse conto estava aqui no computador desde 2015, ficou uma vampira muito suave mesmo...quem sabe depois eu crio rsrsrs depois do primeiro clarim quero fazer o Spin Off de Nadine e Samantha...
bjs
florakferraro
Em: 30/11/2020
Reli os contos de tanto que gostei, eu adoro vampiros, vou comprar esses livros que citou. Abraço
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brinamiranda Autora da história
Em: 21/11/2020
Gente, se alguém tiver alguma ideia de um personagem fantástico...diz aí...faltam três contos.
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brinamiranda Autora da história
Em: 20/11/2020
Vampiras são feitiches de muitos kkkkkk
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Gabi2020
Em: 20/11/2020
Olha gostei dessa vampirinha apaixonada... Podia virar uma história... Pensei aí!
Beijos
Resposta do autor:
Sabe Gabi,
Essa história era super antiga, de 2015, por aí...encontrei perdida nas minhas coisas, como não ia terminar acabou virando um conto...que bom que gostou.
Bjs
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brinamiranda Autora da história
Em: 15/11/2020
Ah, ia esquecendo...Marianne foi transformada em vampira por Carmilla na época da Inglaterra vitoriana...aos 25 anos.
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Rain
Em: 14/11/2020
Nossa, a quanto tempo, eu não leio algo sobre vampiros. Acho que desde crepúsculo... Sim, desde crepúsculo que não leio nada sobre vampiros.
Gostei muito do conto. Achei que Sam fosse ficar com Mari. Pelo visto não.
Carmilla foi que transformou Mari em vampira. Então, antes ela não era?
Abraços, e um bom fim de semana a você também. Bye!
Resposta do autor:
Oi Rain,
Eu adoro histórias de vampiros, sou muito fã da Anne Rice e todos seus vampiros me parecem charmosos e interessantes, assim como sua história...esse conto fiz há muitos anos e não tinha concluido, achei que seria uma boa ideia aproveita-lo...
Sam não quis seguir com Marianne e abrir mão de sua humanidade...Carmilla é uma personagem criada antes mesmo do Drácula de Bram Stocker...
Abraço e até
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