Capitulo 9 - Rolando os dados
CONTINUAÇÃO DO EPISÓDIO ANTERIOR...
Meu Deus, Gabriela tem transtorno dissociativo de identidade, mais conhecido como dupla personalidade, eu não acredito, mas, não vou deixar minha filha abandonada, tadinha, até com prostituição teve que trabalhar, imagine o quanto já sofreu, deve ser por isso que surgiu a outra personalidade, a de Lorena, para enfrentar seus fantasmas.
Olhei assustada quando Gabriela voltou a falar.
- Sabe Isadora, até que sua mulher é gostosinha...
- Pare com isso Gabriela, está parecendo vulgar.
- Já falei, é Lo-re-na, entendeu?, eita, que coisa mais difícil de você entender, não existe a sua filha Gabriela, no máximo existe a Bia.
- Você pode chamar a Bia de volta, por favor?.
- Nem adianta falar mansinho não, a vadia não volta, enquanto eu puder estarei aqui, aliás, vou embora já desse pardieiro agora, com licença.
- Espera, não vá ainda...vou chamar o psiquiatra, você está precisando de ajuda.
- Preciso mesmo, quero trocar essas roupas ridículas, parece que tenho doze anos, e não os meus dezesseis, estou parecendo uma donzela, e outra coisa, odeio Lady Gaga, e odeio bolo de chocolate de aniversário.
O psiquiatra é chamado rapidamente, ainda no corredor, Jade foi contando tudo o que acontecido a um assustado médico. Após o primeiro contato, era quase que evidente o transtorno, dado por encerrado o caso, Dr. Henrique saiu para providenciar uma internação para a adolescente, estava encostando a porta quando foi chamado por Lorena.
- Psiu, ei... Dr. Gatão, você quem vai cuidar da Loreninha aqui? Adoro médicos, acho que conhecem muito bem a anatomia feminina. Humm, tem cada gostoso que peguei.
- Mocinha...
Ao dizer isso Dr. Henrique se aproximou para falar.
- Já conheço muito bem esse seu tipo, você está apenas precisando de atenção e do carinho que nunca teve. No fundo é só uma criança insegura bancando a adulta vulgar e sedutora.
Um grito novamente ecoa na sala.
- O que-que aconteceu?
A adolescente olhou o quarto sem nada entender, foi quando reparou nos quatro pares de olhos assustados, era Isadora, Jade e Doralice ladeadas pelo psiquiatra, que passou a segurar sua mão, observando que sua verdadeira personalidade voltara.
- Quem é você querida?
- Na-não lem-lembro, mas, Isadora me deu o nome de Gabriela.
- Lorena me disse que chama Beatriz, seu verdadeiro nome.
- Lo-lo-lo-rena, apa-pa-re-ceu?
- Sim, você não lembra de nada mesmo?
- Não Dr. eu juro. Ah, agora eu le-lembro, me cha-chamo Beatriz, mas, to-todos me chamam de Bia.
- Bia, Lorena machucou Jade, tentou enforca-la, alegando que ela parecia com uma cafetina.
- Eu não lembro nu-nu-nu-nunca, mas, eu sei que ela faz co-coisa errada, Tommy me conta.
Dito isso Bia abraça as pernas e balança suavemente, escondendo o rosto entre as pernas.
- Bia?
- Não, aqui é o Tommy.
- Tommy?.
- Sim, tenho nove anos, mas, sou corajoso igual o Batman, vivo preso nesse corpo com a Bia, que é boazinha, o problema é a Lorena, e ela é a chefe, mas, eu seguro ela, e a Bia pode ficar mais tempo, eu vinha antes, mas, estava desmaiado por causa da Lorena.
- E porque a Bia fica mais tempo?.
- Ela foi a primeira, ela nasceu Bia, nós aparecemos depois, é justo, não é?.
- Como você faz com Lorena?.
- Seguro a Lorena com força, e ela dorme, mas, ela me faz desmaiar, ela é rápida e sagaz, e demoro a voltar para ajudar a Bia.
Tommy era uma espécie de mediador dos conflitos, e geralmente colocava água fria na fervura de emoções negativas causadas por Lorena, sempre que essa personalidade dominava o ambiente. Após o retorno de Bia, a adolescente explicou que ele sempre aparecia quando Lorena queria aprontar, ou já aprontou, nesse caso, Bia o teria deixado aparecer para que ele explicasse melhor como funcionava a tripla personalidade, pois apesar de ter apenas nove anos, era o mais tranquilo dos três e parecia entender melhor como eles intercalavam o corpo.
Sentada na cama, Bia chorava baixinho, mas, já não gaguejava e chamou Jade até sua cama e pediu desculpas por Lorena, e afundou a cabeça em seu colo, parecia um gatinho acuado.
Dr. Henrique pediu a transferência para o Hospital Psiquiatra Espírita Mãos de luz. Lorena apareceu apenas em três ocasiões em um mês, seguida por Tommy, mas, logo Bia retornava, sinal que a cada dia os medicamentos estavam fazendo efeito. Já no mês seguinte, tudo já estava controlado, Bia estava totalmente presente, mesmo se surgisse algum stress, as personalidades não retornaram. Com a situação controlada, foi permitido que Isadora e Jade levassem Bia para casa a princípio apenas nos finais de semana.
Durante o almoço, Isadora prepara novamente o bolo com cobertura que Bia gosta, dava para perceber que a conversa era séria, já que Doralice e Jade também a olhavam com visível expectativa.
- Bia, estamos pensando em adotar você, ano que vem, depois de tudo certinho, vamos te matricular em uma escola, por enquanto, você vai estudando comigo e Jade, queremos ver o que sabe, tudo bem?.
- Não sei se quero ir Isa, tenho medo de Lorena aparecer e machucar alguém, e se Tommy não conseguir segurar?.
- Meu bem, você está em tratamento, vamos com calma, você vai ter que estudar, é menor, mas, vamos pensar em uma estratégia, ok?.
- Tá bom, agora posso comer o bolo de brigadeiro?.
- Hahahahah pode Bia, pode sim.
- Oba, eu posso cortar o primeiro pedaço?.
- Claro Bia.
- O primeiro pedaço vai para Jade, porque ela é uma mãe adotiva muito boazinha, e até perdoou o que Lorena fez.
- Obrigada Bia.
Apesar do primeiro pedaço, as duas mantinham uma distância regulamentar quando estavam longe de Isadora, uma não conseguia confiar na outra.
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Curitiba, 15 de agosto de 2015
O bar estava lotado, ao som de Halo de Beyonce casais apertavam-se na pista de dança, enquanto outros buscavam um lugar perto do disputado barzinho. Os copos coloridos giravam altos em acrobacias, enquanto a bartender fazia diferentes tipos de coquetéis, atraindo olhares e aplausos. Lisley adorava os sábados à noite, enquanto servia os coquetéis conhecia algumas garotas, mas, infelizmente já tinha ficado com a maioria das frequentadoras, e nesta noite estava à espera de "carne nova". Enquanto pensava, uma fila enorme se formava, e caprichosamente preparava as bebidas. O corpo moreno e bem torneado chamava atenção, assim como as enormes borboletas tatuadas que percorriam os dois braços, dando a impressão que voavam em sua pele, o rosto anguloso e os cabelos curtos e castanhos claros caiam em um topete que teimavam em esconder os olhos castanhos. Entre um giro e outro, para um pouco para buscar uma faixa, colocando em sua testa, deixando bem parecida com o Daniel San, personagem do filme emblemático Karatê Kid que muitas vezes assistira no Cine Retrô, realmente se achava bem parecida com o ator. Estava arrumando os copos, quando escuta uma nova voz e vê enfim, um novo rosto na boate.
- Gata, você pode me preparar um drink, quero com vodca, morangos, cointreau e leite condensado.
- E você tem idade para isso garota?. Fala logo, que ponho uns morangos com leite e refrigerante de limão.
- Poxa gata, quero algo mais forte, tenho dezoito anos de pura perversão e maldade. As duas riem, e enquanto Lisley prepara o drink.
- E qual o nome dessa garotinha pervertida e má?
- Priscilla...
Após mais de três horas preparando drinks, Lisley pede para ser substituída, estava cansada e queria dançar um pouco antes de ir embora. Quando passa pela pista de dança vê Priscilla dançando no vão da porta do banheiro, remexia o corpo, balançando a longa cabeleira loira, só parando quando notou que capturou os olhos de Lisley, assim, se posicionou na porta, encostando uma perna na parede, enquanto passava a mão pela perna que estava no chão, deslizando por sua coxa, até levantar toda sua saia, deixando à mostra a pequena calcinha de renda preta. Lisley respira e pensa "que louca deliciosa", e vai se aproximando devagar, quase sem respirar, hipnotizada pela envolvente serpente em forma de menina.
- Então, será que eu posso servir um drink a você?, tenho um perfeito, aqui por baixo da minha saia, é uma delícia e está prontinho para você sorver tudo, gata!.
Não precisou dizer mais nada, Lisley puxa a menina pelo braço e entram no minúsculo banheiro. Sem paciência para beijos, a loira a empurra, e desce os olhos para o sex* pulsante, estava esperando, ávida para ser devorada. Com a perna levantada e as mãos encostadas na parede, oferecia o sex* a bartender, que não resistiu, mas, antes de prosseguir preferiu ir devagar, deixando a outra irritada pela demora, pelo visto não tinha a menor paciência para preliminares, a loira irritada e segura, trouxe a cabeça de Lisley e gozou empurrando violentamente o sex* em sua boca, assim, orgasmo veio rápido, e intenso, e logo foram em busca de outras bebidas, em uma noite que parecia não ter fim.
No domingo de manhã, Jade acorda com dor de cabeça e um gosto amargo na boca, acordou com o barulho do chuveiro ligado com toda força, parecia até gritar no quarto ao lado, com olhos preguiçosos, olha o relógio digital na cabeceira "6h". Quando a água cessa, espera um pouco, se enrola no lençol e vê a porta do quarto ao lado aberto, logo depois escuta alguns barulhos na cozinha, e deduz que Bia estava com fome.
Porque Bia acordou tão cedo?, ela pode não estar bem, talvez esteja triste, ou precisando de alguma coisa, pode ser uma chance de tentar me aproximar, nunca ficamos sozinhas, vou tentar, o que custa?.
Jade põe o pijama de flanela, antes de sair olha o corpo nu de Isadora deitada de bruços, ressonando suavemente, ao mesmo tempo estalava a boca, sorriu e agradeceu a Deus por ser tão feliz. Dormira pesado, namoraram a noite e em algum momento, desmaiaram de tanto sono, felizes e saciadas.
Bia estava cantando uma música animada de Ivete Sangalo, enquanto organizava a mesa do café da manhã.
- Oi Bia, acordou cedo?.
- Foi, perdi o sono, percebi que não ia mais dormir, e resolvi levantar e preparar um café da manhã para a Isadora, quer dizer, para todo mundo, é que ela sempre prepara tudo nos domingos, achei que ela ia gostar de outra pessoa preparar, né?.
- Sim, claro...posso te ajudar?.
- Pode sim Jade, ah, e desculpe novamente por Lorena ter te machucado.
- Tudo bem, já faz tempo, e quem te contou o que aconteceu, mesmo?.
- Acho que foi o Tommy que me contou, sim, foi ele mesmo, me dá um branco, mas, ele me contou.
Jade estava de costas, perto da cafeteira e pensou rapidamente "ok, ela diz que dá um branco, e que Tommy quem contou, mas, ele nem tinha aparecido ainda, e segundo ele mesmo, estava desmaiado, na verdade quem contou tudo a Bia foi o psiquiatra". No entanto, balançou a cabeça para espantar o que pensou, seria muito sordidez, e Bia apesar de todo mau pressentimento, era uma menina muito ingênua para tecer toda essa mentira.
Isadora acorda suavemente, ao longe escuta a voz de Jade conversando com Bia "nossa, estão começando a se entender, as duas tem muito mais respeito do que carinho, a relação é distanciada e permeada por silêncios discretos, tomara que mudem, aí podemos voltar a falar em adoção". Isadora tinha toda razão, Jade e Bia mais pareciam vizinhas que apenas se aturavam por circunstâncias, mas, na verdade, uma desconfiava muito da outra. Bia achava que Jade não a queria lá, e Jade achava que Bia queria Isadora só para si, manipulando a todo instante, como uma criança birrenta.
Doralice acordou logo após, ouvindo ao longe a animada conversa, que agora tinha a presença de Isadora. Já não era chamada de Vó, mas de Dora por Bia.
- Oi Dora, você pode fazer aquela panqueca doce pra mim?, a da Isadora é muito ruim, gruda tudo, a sua fica certinha.
- Quanta ingratidão Bia...
Isadora ri e abraça a menina.
- nunca estive tão feliz, com minhas três princesas.
Jade pega o controle e liga a televisão no Bom dia Curitiba.
Foi encontrado essa manhã, o corpo da garçonete Lisley Andrade, de 24 anos, o corpo da jovem estava coberto de hematomas e facadas, três no pescoço e as demais no coração, deixando o órgão quase exposto. O salário e a comissão recebida pelo trabalho desapareceu junto com a bolsa, segundo consta nas investigações, Lisley foi vista com uma menina loira, aparentando não mais de dezoito anos.
- Cruzes, minha filha quem faria isso?
- Pode ser qualquer uma mamãe, o mundo é muito cruel.
Doralice olha Bia por uns instantes e diz baixinho.
- Desliga isso Isa, olha a menina.
- É o trabalho da Isadora - comenta Jade - e o crime faz parte dele, Bia vai se acostumar.
- Isadora, você me disse que estava estudando para ser juíza, não gosto de você envolvida nesses casos, vendo tanta desgraça, todos os dias.
- Eu trabalho com crianças desaparecidas, esse caso é da homicídios, mãe.
Enquanto isso, o telefone de Isadora tocava insistente.
- Oi Sam.
- Isa, você assistiu o Bom dia Curitiba?
- Vi amiga, estava explicando aqui em casa, que lógico que o caso não é nosso, é da homicídios, afinal, ela era maior de idade e foi encontrada morta.
- Oôu, claro que sei, mas, ela nem era garçonete, era a bartender no "Liberte Bar", lembra, aquela dos coquetéis coloridos?.
- Sim, agora lembrei, coitada, tão jovem...
- Pois é, mas, encontraram pelos debaixo das unhas dela, e na boca fluidos de alguma vagin*, acho que ela andou se servindo de uns drinks particulares na boate.
- Samantha!!...isso não importa na verdade, fico feliz que tenham encontrado resquícios de quem a matou em suas unhas e saliva.
- Na saliva não deu, mas, o material das unhas foi para o laboratório forense.
Após desligar o celular, Bia pergunta a Isadora.
- Tem como identificar alguém só por um pedacinho de tecido de pele, debaixo de uma unha?.
- Claro Bia, querida, em um mínimo pedaço nosso, há DNA, mas, não encha sua cabecinha pensando no que ouviu, essa violência, graças a Deus, está tão distante de você.
Uma semana depois, sai o resultado do teste de DNA, não havia material humano suficiente para fazer a identificação de alguém, talvez, as unhas tenham passado suavemente durante o sex*, não deixando provas suficientes, assim, a polícia seguiu investigando a loira da boate, como era chamada nos tabloides da cidade.
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Dois meses depois.
A noite fervia na boate Match, homens e mulheres dançavam animados ao som da Drag Queen Ingra Valpone, drag muito conhecida nas noites curitibanas. Seus shows arrastavam muitos, pois além de dançar, Ingra cantava muito bem.
Após sua apresentação, veio o segundo momento. O palco iluminado refletia um foco de luz no polidance vazio. Para logo mais, a sombra de uma loira seminua aparecer, com um chicote na boca e biquíni de couro preto. A dançarina inicia seu show arrastando-se até o poste, como uma gata no cio, girava o corpo em movimentos rápidos, enquanto as mulheres gritavam enlouquecidas, soltou o chicote e ao som de uma música antiga de Madonna, "Justify my love" subiu sensualmente no poste. Em instantes mulheres se acotovelavam em frente ao palco, brigando pela atenção de Dominique LeBlanc, a loira com o corpo cheio de curvas e olhos azuis que levava as meninas a loucura, mas, tinha um código de ética, nunca saia com nenhuma das suas "blanquetes", como chamava as inúmeras fãs, ali era trabalho, estava para rebol*r e enlouquecer as meninas, nunca abriu nenhum tipo de exceção. Mas, estava cansada de ir sozinha para casa, tinha terminado o namoro há cerca de três meses, e sentia muita falta de um corpo feminino em cima do seu, o pior que sempre saia cheia de tesão do palco, mas, seguia firme no propósito de não ficar com nenhuma cliente da boate.
Após o show, Dominique, que na verdade, se chamava Melissa Silveira, entra no chuveiro, queria tomar banho e aplacar seu desejo embaixo da enorme ducha quente. Depois de trocar de roupa, tira a lente de contato, enfim, estava pronta para ir para casa. Vestiu-se discretamente, uma calça cargo preta e uma blusa cinza, no pescoço um lencinho rosa e cinza e os óculos de armação preta. Sentada na cozinha da boate, prepara um sanduiche e pega um refrigerante na geladeira.
- Oi gata...
- Quem é você menina?, como entrou aqui?, clientes não podem passar dos limites da pista, sabia?, aqui é restrito aos funcionários.
- Calma, quantas perguntas, relaxa, eu molhei a mãozinha de um colega seu para vir até aqui, e te lanço um desafio, te espero na pista de dança, e posso te surpreender. Juro que não vai se arrepender, lá eu respondo todas perguntas que fez, então, até lá gata, quero conhecer a Melissa, não a Dominique.
A menina já ia em direção a porta, mas, resolveu voltar, empurrou a cadeira da dançarina e sentou sedutoramente em seu colo rebol*ndo todo corpo em um Lap dance sensual, Melissa sussurrava palavras aleatórias "maluca, gata, deliciosa". E enquanto Melissa abria e fechava os olhos excitada, sentiu uma lambida quente em seu pescoço, indo em direção a sua orelha, terminando por sentir uma mordida delicada em seu lóbulo "é só uma provinha".
Melissa, termina o sanduiche e toma rapidamente o refrigerante, ninguém nunca se importou com a Melissa, só queriam mesmo saber de Dominique, e quer saber?, muitas nem a reconheciam quando as vezes ia dançar na pista de óculos, e pasme, algumas ainda comentavam com ela sobre a dançarina. Será que ficava tão diferente fora do palco?.
A dançarina sorriu e ainda pensou "ora mais, que atrevida essa menina, ah, mas, estou há tanto tempo sozinha, e ela me pareceu tão interessante e tão interessada em me conhecer, porque não?, quer saber?, dane-se o código, hoje esta noite é minha, o dono nunca impediu que me divertisse.
No centro da pista, Melissa se esforça para ver a menina no meio de tantas, coloca os óculos de graus e a vê, foi como se tudo parasse e só estivesse lá uma única pessoa, a ruivinha que invadira a cozinha...ela estava leve, solta, com um copo na mão. Melissa chegou por trás, colando as mãos na cintura da ruiva que passou a rebol*r escorregando pelo corpo da dançarina que perguntou baixinho.
- Como se chama?.
- Anita.
Mal terminou de falar, a ruivinha virou, observando os olhos azuis da dançarina cheios de desejos e sorriu resoluta.
- Quero mergulhar muito além desses olhos, vamos sair daqui?.
- Sim...delícia de ruiva.
No domingo à tarde na casa de Isadora, o churrasco à beira da piscina unia sua família e dois amigos da delegacia, Miguelito e Samantha. Miguelito, era o DJ no churrasco, mas, cansado de trocar os cds, perguntou se podia deixar um pouco na rádio da cidade, Curitiba Leve FM. A rádio sempre tocava mpb, rock e pop brasileiro.
"Jogue suas mãos para o céu, e agradeça...".
Interrompemos nossa programação para o plantão oficial da Polícia Civil: foi encontrado nessa manhã o corpo da bailarina Melissa Silveira, 27 anos, mais conhecida nas casas noturnas como Dominique LeBlanc. A dançarina tinha marcas de facadas e alguns hematomas espalhados no corpo. Na sua carteira estavam todos os documentos, mas, o dinheiro havia desaparecido. Segundo o dono da boate, Melissa tinha vendido nesta mesma noite um celular a um dos seguranças, e como tinha recebido bem, ia sair para se divertir, o que há meses não fazia, estava acompanhada de uma ruiva e deixou a boate por volta as 2h da manhã, o corpo foi encontrado as 8h.
- Isadora minha filha, tira isso, olha a Bia na sala, ela pode escutar.
- Mãe, não deu tempo de sair da piscina, como eu ia imaginar que ia passar esse tipo de notícia?.
Jade olha contrariada para Isadora, achava muito exagerada a forma como ela tratava a adolescente, quase como se fosse um bebê.
- Ai gente, para, vocês duas querem que a Bia cresça em uma redoma de vidro, ela vai ser adotada por você que é uma policial, que pode sim, ser transferida para Homicídios e o assunto crime pode vir à tona a qualquer instante...
- Do jeito que você fala parece que quero transformar a Bia em um adolescente alienada, apenas acho que ela não precisa saber de todas as maldades que acontecem por ai, ela já passou por tanta coisa, não quero que ela passe por algum tipo de sofrimento que faça com que ela tenha uma crise e Lorena retorne...
Doralice tenta conciliar o clima que já não estava agradável, mas, nenhum argumento seu parecia surtir efeito. Quando as três olham em direção a porta, Bia estava parada, os braços para trás indicava que escondia algo muito importante, parecia uma garotinha prestes a fazer alguma travessura. Isadora acha engraçado e resolve entrar na brincadeira.
- Então, o que a Biazinha está escondendo ai?.
- Advinha?.
- Um chocolate?.
- Nãaaaaaao... - e ri gostosamente.
Jade revira os olhos, achando a cena patética. Quando de repente, Bia mostra a foto que escondia nas mãos.
- Quem é essa Isa?, bonita, né?.
As três pareciam que havia perdido a voz. Jade quebra o gelo e grita, sem conseguir controlar sua raiva:
- Você está de sacanagem, garota!?.
E sai da piscina, prendendo os cabelos que já estavam secos, colocando o short jeans por cima do biquíni, e a blusa lilás que repousava em cima de uma das cadeiras, pega a bolsa e corre em direção à garagem. Seguida por Isadora.
- Amor, volte, não é nada disso que está pensando, nem sei onde Bia encontrou essa foto de Laura, deve estar guardado em algum lugar e ela achou, ela não fez por mal, não foi para te irritar, coitadinha, para ela tudo é brincadeira.
- Que coitadinha, ela fez de propósito para me irritar, para causar uma briga, mas, até ai tudo bem, ela não gosta de mim, nunca gostou. O que me deixa com mais raiva é você guardar fotos da Laura por ai, não sabia que pensava nela, por acaso também pensa na sua ex quando está comigo?, sou uma espécie de tapa buraco?.
- Jade, Laura é passado, você é presente...
- Vou dar uma volta, até lá, pense bem o que vai fazer, não quero essa cobrinha convivendo conosco, ela fez de caso pensado, e tenho o direito de não querer conviver com ela...eu tentei Isadora, você, sabe. Mas, ela faz de tudo para me tirar do sério, o pior é que você encobre todos os erros dela, lembra dos meus anéis que desapareceram?, quem foi?, foi o gato?, e ela ainda está pagando de inocente. Lembra, quando ela fingiu que não sabia tocar violão?, você passou uma mês inteirinho ensinando, e ela lá, fingindo que não sabia tocar, que tinha dificuldade, um belo dia, pegamos a víbora tocando Bachianas, pode isso?, Bachianas...e ainda disse na maior cara de pau "aprendo rápido". Fora, que eu achei muito estranho quando o meu gato, que aliás, arranhou a Bia e não deve ter sido ao acaso que apareceu morto, ela veio dizer que alguém da vizinhança jogou um chocolate envenenado, e você acreditou, nem ligou para minha tristeza, ainda disse que ia me comprar um filhote, eu não quis, não queria um filhote, queria o meu gatinho. Fora que ela teve uma crise de sonambulismo e ficou lá igual um fantasma olhando a gente quando estávamos fazendo amor, isso é normal?, e não adianta questionar, eu tranquei a porta, não estou maluca, como a porta foi destrancada?, ela deve ter tirado a cópia da chave do nosso quarto, eu não duvido...
- Meu bem, ela é nossa filha, essa história do violão foi porque queria atenção, meu amor, mas, ela nunca iria matar o seu gatinho, não precisa ter ciúmes dela Jade, eu te amo, ela é nossa filha, eu sei que não é fácil, mas, temos que aprender a conviver com isso, a gente tem que tentar melhorar as coisas, nós somos as adultas, ela é uma adolescente sobrevivente, cheia de problemas, com tripla personalidade, já parou pra pensar como isso é angustiante?, nem sabemos o que ela pode ter passado na vida, Jade, seja razoável, ela gosta de você, ela queria mesmo era saber quem era Laura, só isso, e disse que brincou para acabar com o clima ruim pela história da rádio...
- Ela não é nossa filha, é sua filha...
Jade entra do carro e sai cantando pneu. Isadora volta arrasada para casa, os olhos estavam cheios de lágrimas, quando chega, pensou em ir direto para o seu quarto, chorar o que estava preso no peito, mas, Bia estava esperando, e antes que pudesse dizer algo, a menina a abraça chorando.
- Mãe, eu juro que não sabia que a moça da foto era sua ex namorada, a Dora me contou agorinha mesmo, eu não sabia, será que a Jade vai nos deixar e voltar para São Paulo?, eu queria que ela me amasse como filha, mas, eu acho que ela não sabe ser mãe de uma menina cheia de problemas como eu...
Isadora fica emocionada por ser chamada de mãe pela primeira vez e ficou penalizada com a fala de Bia, tinha que conseguir convencer Jade a aceitar a menina, mas, se não conseguisse, infelizmente o casamento ia acabar, não podia abandonar Bia, agora que estava tão melhor. E ao pensar nisso, grossas lágrimas escorriam em seu rosto.
- Mãe, a Jade vai me perdoar?.
- Claro filha, claro que vai, e se ela for embora, a mãe vai sofrer muito, mas, vamos ter que acostumar a viver sem ela.
- Se precisar eu te ajudo mamãe.
- Obrigada queridinha...
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Rain
Em: 10/11/2020
Olá!
É as coisas estão andando pelo um caminho perigoso. Achei que Gabi ter três personalidade, séria cada uma, uma coisa, por exemplo: Bia a boazinha, Tommy a criança boa, mas parecendo um adulto e Lorena a doidona e má... Porém, estava completamente enganada.
Também, acho que Bia é a assassina. Fiquei com um dó da balarina, coitada a bichinha só queria alguém para amar... Não deveria ter quebrado as regras.
Isa tá sendo um pouco idiota também. Custa ela pelo menos tentar ver o lado da Jade e tentar reparar um pouco nas coisas. Tem que ser mais atenta Isa!
Só, espero que não acabe o casamento delas. Elas são lindas juntas.
Bye!
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brinamiranda Autora da história
Em: 04/11/2020
Veja as cenas do próximo capítulo, acho que a pestinha vai surpreender rsrsrs
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Marta Andrade dos Santos
Em: 02/11/2020
Vixe que pestinha.
Resposta do autor:
Põe pestinha nisso kkkkkk a Bia é toda trabalhada na sonsa
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