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A sombra do tempo por brinamiranda

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Palavras: 3984
Acessos: 1126   |  Postado em: 28/10/2020

Capitulo 8 - Nada do que foi sera...

       Na delegacia todos se despediram desapontados após o caso não solucionado, mas, a vida tinha que continuar e já era a hora da troca de plantão. Isadora, como todos, queria apenas tomar um banho demorado e relaxar, estava exausta emocional e fisicamente.

       O banho quente e demorado ajudou a relaxar o corpo exaurido e a esquecer um pouco a decepção, colocou o roupão felpudo que ganhou de Jade, enrolou os longos cabelos com uma toalha, a seguir bateu na porta do quarto da mãe, avisando que já tinha chegado, Doralice ficou aliviada de vê-la bem, toda vida que a filha saia para uma investigação, não conseguia dormir direito. Isadora afagou os cabelos da mãe, deu um beijo de boa noite e voltou para o seu quarto. Antes de dormir, resolveu ligar para a namorada.

- Oi, Jade, meu amor, como vai?.

- Oi amor, estou bem, acabei de terminar uma aula com uns alunos, quinze anos, pupilos de um empresário, o sujeito quer montar uma nova boy band brasileira, a Dominus, mas, os coitados cantam sofrivelmente, só um deles é melhorzinho, mas, a função da banda é só animar adolescente enlouquecias, e logicamente ganhar rios de dinheiro, nada mais que isso.

       As duas riram com o comentário, e Jade perguntou.

- E, você como está?

- Chateada, acredita que não conseguimos prova alguma?, por isso não prendemos o suspeito, isso acaba com a gente, até a delegada que é super firme, deixou uma lágrima escorrer na saída, foi frustrante.

- Que pena Isa, mas, amanhã vocês conseguirão uma prova, relaxa meu amor, vai dar tudo certo.

- Depois te conto como foi, agora preciso dormir, estou exausta minha linda.

       Isadora se sentiu culpada por ter que mentir, do outro lado, Jade sorriu e falou sussurrando.

 - Vai amor, boa noite, bons sonhos e sonhe comigo.

- Ai Jade, falando assim, com essa voz, você consegue tudo o que quiser de mim, tudo mesmo.

       No domingo, após enviar uma mensagem a Jade desejando um bom dia, Isadora desliga o aparelho, toma um rápido café da manhã e segue até a clínica onde Laura fazia seus tratamentos espirituais, estava disposta a descobrir o que tinha acontecido realmente no passado com o objetivo de deixar tudo para trás.

        No antigo casarão rosa, se observava ao longe uma grande placa de madeira em cima do muro, a placa era muito bem entalhada e lia-se "Hospital Espírita Violetas na Janela". Ao tocar o interfone, Isadora avisa que vinha visitar uma paciente, sendo prontamente atendida por um jovem enfermeiro, que aponta com quem deveria falar.

       A casa era cercada por um lindo jardim, com uma recepção logo na entrada. Por trás do balcão, uma médica escrevia absorta em seu caderno, falava como se estivesse ditando algo para si mesmo, enquanto isso os cabelos castanhos com algumas mexas brancas e uma enorme franja, caia por cima dos olhos. Dra. Vivian deixou de lado a escrita, pegando o prontuário que estava ao lado do caderno para não perder tempo, que no seu caso era precioso, estava com fome e escrevia para se distrair enquanto esperava a recepcionista buscar seu croissant de queijo e um delicioso cappuccino. Quando enfim percebeu que estava sendo observada, levantou os olhos e viu Isadora parada, os braços cruzados, encolhida igual um animalzinho assustado.

- Pois não querida, em que posso ajuda-la?.

- Bom dia Dra. - Isa olhou a plaquinha com o nome da médica e continuou -  Dra. Vivian, sou Isadora Leoni, vim visitar uma paciente.

- E quem seria, meu bem?.

- Laura, ela se chama Laura...

- Querida, estou a pouco mais de cinco meses, sou uma espécie de médica faz tudo, conhece essa especialidade?. Mas, ainda não conheço todos os pacientes, mas, até onde lembro duas Lauras fazem tratamento aos domingos, você sabe o sobrenome de quem quer visitar?.

       Isadora sorriu com simpatia.

- Laura Lefrève.

- Ah, a professora, essa conheço bastante, antes mesmo de trabalhar nessa clínica. Então, ela tem que autorizar se ela quiser te ver, tudo bem?.

- Claro, eu entendo...

- Antes disso quer saber a história da nossa casa?.

- Claro!.

      Isadora olhou para o céu, tentando buscar Vivian em suas lembranças...Meu Deus, eu conheço essa mulher, de onde?, já ouvi essa voz, já vi esses olhos, ela me parece tão familiar, como não recordo?.

- Sabe Isadora, somos todos voluntários, nos revezamos nos cuidados aos pacientes, essa casa é totalmente financiada por uma empresária, somos como uma família, um vai chamando o outro. Temos uma equipe de médicos, fisioterapeutas, massagistas, enfermeiros e vários terapeutas holísticos, fora isso, temos uma equipe espiritualista, com wiccas, kardecistas, umbandistas. Assim, tratamos o corpo e o espírito, alguns pacientes mais debilitados ficam internados, outros depois de curados continuam a frequentar, é o caso da Laura, que também nos dá apoio financeiro desde o começo, esse lar também abriga vários LGBT´s que foram expulsos de casa, eles moram em uma casa contígua a esse lar. Na última ala estão os doentes terminais, desenganados pela Medicina, e mesmo assim, muitos saem dessa ala curados, os que partem para o mundo espiritual, vão em paz, cuidamos do corpo e da alma, assim, de alguma forma, conseguimos curá-los.

- E como foi com a Laura?.

- Bom, ela operou em outro hospital, ficou aqui apenas para se recuperar, não deu metástase, mas, ela terminou o ciclo de quimioterapia muito frágil e precisava se fortalecer. Atualmente ela é a nossa professora de pintura, sabia?, está feliz com o trabalho que desenvolve. Agora, vou chamá-la, sente-se um pouco querida.

       Após quinze minutos, Vivian retorna com Laura a seu lado, a ex namorada estava com a aparência saudável e parecia bem disposta, os cabelos negros agora estavam compridos, e continuavam pesados, presos e brilhantes como uma crina de cavalo premiado, e balançavam quando andava. Isadora não conseguiu falar nada, Laura se antecipou e deu um abraço apertado.

- Oi Isa, que olhar de espanto é esse?, pensou que ia encontrar a Laurinha aqui detonada?.

       Laura riu alto, mostrando os dentes perfeitamente alinhados.

       Como ela consegue falar assim, Deus do céu, como se nada tivesse acontecido?.

       Isadora deixou ser abraçada, o que não significa que correspondeu ao carinho de Laura,  seus braços continuaram cruzados, também não conseguiu falar nada, nem mesmo sorria, no entanto, estava realmente feliz em reencontra-la tão bem e com saúde. Depois que o gelo inicial foi quebrado cerca de uns dez minutos depois, passaram a conversaram enquanto isso passeavam pelo enorme jardim, falaram de coisas triviais, dos tratamentos, dos médicos e do dia a dia no hospital espírita. Sorridente, Laura puxou Isadora até os canteiros de hortênsias, apontando as flores para dizer em seguida, "fui eu quem plantei, não são lindas?".

- Porque não me disse Laura?, você não consegue mensurar o quanto eu sofri achando que havia sido traída.

       Laura virou lentamente, não pensava que ia ouvir essa pergunta tantos anos depois, mas, no íntimo, sabia ser merecedora da cobrança.

- Isa, espero que possa me perdoar, um dia ou agora. Não foi nada combinado, acredite, você chegou e entendeu tudo errado, no momento, achei que seria melhor deixar assim, quando me recuperei, quer dizer, quando descobri que não ia morrer, vi que não tinha sentido te procurar, o que ia dizer?, desculpa, eu me enganei?, mas, você superou e seguiu sua vida, não é?, eu também segui a minha, algumas vezes eu ligava e desligava, queria você de volta, mas, não justo contigo, eu não tinha o que dizer. Sofri muito, mas, achei que era melhor deixar você em paz, você sabe o tanto que te amei...

- Bom, eu não entendo essa forma de amar, realmente não combina mesmo comigo. Mas, enfim, passou como você diz, refiz a minha vida.

- Depois tem outra coisa, eu sempre quis que fosse morar comigo, tinha planos de construir uma família contigo, você nuca quis, sempre adiando, protelando, parecia que nós não íamos sair nunca dessa fase de namoro, eu queria mais do que tinha a me oferecer.

- No entanto Laura, minha mãe também é minha família, e você sempre quis mantê-la longe, custava levá-la para morar conosco?.

- Custava, você não entende.

- Claro que não entendo.

- Sua mãe me olhava de uma maneira diferente, aquele olhar não era de uma sogra, era de desejo.

- Me poupe Laura, não ponha minha mãe como desculpa por não ter me amado suficiente, isso é o maior absurdo que poderia dizer.

- Não é desculpa, eu juro, não foi apenas uma vez, me perdoe não ter falado antes, mas, achei que não ia acreditar, como estou vendo que não acredita, esquece Isa, deixa pra lá.

- Ok, é tanta viagem que nem vou perder tempo para refletir sobre esse assunto. Sabe, eu conheci uma pessoa muito bacana e especial, ela chama Jade...estamos juntas.

- Também refiz minha vida aqui, fico feliz que tenha superado o "nós" e tenha conseguido ser apenas "você". Sabe, ainda estava doente quando conheci alguém que me ajudou a trilhar esse momento tão difícil que estava passando e acabamos nos me envolvendo. Vem aqui, vou te mostrar quem ela é...só não pode fazer barulho.

       As duas seguiram ladeadas, estavam mais leves depois que desabafaram sobre suas mágoas. Laura sorriu, chamou Isadora e encostaram na grande janela, admirando a sala de yoga que estava lotada.

- Olha, a terceira da fila, de cabelos castanhos, é a Melissa, minha mulher, casamos aqui mesmo em uma cerimônia ecumênica.

- E o que ela tem?

- Nada, é a psicóloga do grupo. Estou feliz Isadora, e espero que também esteja, espero que realmente me perdoe, apenas segui minha vida. Agora, eu preciso ir, volte quando quiser e traga sua Jade, quem sabe tomamos um café?.

       Isadora não falou mais nada, deu um abraço frouxo em Laura,  sorriu e saiu com o coração aliviado, ainda pensou em perguntar sobre o seu relacionamento com Patrícia, mas, achou que esse assunto seria totalmente inoportuno para ocasião. Passou pela portaria seguindo o mesmo caminho por onde veio, agradeceu a Dra. Vivian toda a gentileza e seguiu, o passado estava exatamente onde deveria estar, no passado, todo ele.

.

Curitiba, 14 de abril de 2013

 

       O carro parecia deslizar sobre o asfalto da Estrada da Graciosa, mesmo há tantos anos morando no Paraná, sempre se encantava com as hortênsias que floriam no lugar, considerava este caminho um dos mais bonitos do país, dirigia ao som de "How Insensitive" na voz de Tom Jobim, enquanto lembrava de tudo o que acontecera nestes últimos anos.

       Isa desligou o ar e abriu os vidros, deixando o vento bagunçar os cabelos ruivos, a seguir apertou suavemente a direção aumentando o volume da música, sorriu ao lembrar que tinha conseguido deixar o passado para trás, pra começar, guardou em uma gaveta tudo o que havia pesquisado sobre o caso Patrícia, também havia perdoado Laura e estava muito feliz, com uma doce sensação de plenitude, vivia a melhor época de sua vida, há dois anos Jade mudara de São Paulo a Curitiba e atualmente moravam em um aconchegante sobrado amarelo com enormes janelas brancas cercadas de canteiros e flores, tinham um lindo jardim, além disso, sua mãe adorou Jade, portanto viviam felizes com os gatinhos e um cachorro da raça Golden retriver de nome Thor, que animava a casa e incomodava os gatos o tempo todo. O último gatinho adotado ganhou o nome de Reinaldo, uma amiga de Isadora o tirou da cena de um crime, com as patinhas molhadas de sangue ao lado dos donos da casa, que foram mortos em um assalto, o gato estava faminto, e foi entregue a Isadora, e facilmente se adaptou ao novo lar.

       "How insensitive, I must have seemed, when she told me that she..."

       Estava atenta a estrada, e ao mesmo tempo observava as hortênsias que rodeavam todo o caminho, quando viu uma sombra rápida passar em frente ao carro, conseguira frear, mas, não a tempo de evitar a colisão. Isadora desceu rapidamente, e viu uma adolescente desmaiada.

- Meu Deus, o que eu fiz?.

       Aparentemente não estava gravemente ferida, Isadora também teve o cuidado de ouvir o coração. A menina parecia não ter mais que dezesseis anos, tentou acorda-la, batendo suavemente eu seu rosto, tentando desperta-la, já havia chamado a ambulância e seus colegas, quando a menina abriu os olhos negros, o peito logo começou a subir e a descer, estava hiperventilando, de tão nervosa que estava, se continuasse, em pouco tempo ia desmaiar novamente.

- Querida, já chamei a ambulância, tente manter a calma, respire devagar, como você se chama?.

A menina olhava de um lado para o outro, os olhos assustados, tinha a pele muito fria, muito mais de nervoso que por outra coisa.

- Eu, eu não sei, moça, não lembro.

       A respiração agitada, trazia um leve tom rosado a sua pele muito branca, que também estava machucava pela batida, os cabelos negros e lisos que caiam até a cintura estavam desalinhados.

- Calma, você está em choque, mas, eu vou te ajudar, calma, deixa te ajudar.

       Isadora ficou conversando enquanto a ambulância não vinha, sabia que não poderia mexer na vítima, mas, segurou sua mão carinhosamente. A ambulância e os policiais logo chegaram, e todos partiram para o hospital.

       De cabeça baixa, esperando notícias da adolescente, Isadora chorava baixinho, estava se sentindo culpada pelo o que aconteceu, continuava divagando quando sentiu que a mão de Jade pousou suavemente em seu ombro. Isadora levantou e se agarrou a sua cintura e a namorada a abraçou com ternura, explicando baixinho a situação.

- Meu amor, não foi culpa sua, me informei com o médico-chefe, as câmeras da rodovia registraram tudo, parece que a menina pulou de um carro de uma mulher e se jogou em frente ao seu, infelizmente a placa do outro carro era fria, e como a culpada estava de boné e óculos escuros, não tiveram como identificá-la.

- Foi mesmo amor?, você não está dizendo isso para me acalmar?.

- Não meu benzinho, é verdade...

       Jade não havia terminado a conversa com Isadora, quando avistaram na entrada do hospital, a Delegada Nadine chegando ao lado de Samantha, as duas estavam com o uniforme preto da Polícia Civil, e com os cabelos molhados, Jade cutucou Isa e sussurrou baixinho para, "olha isso, amor", as duas riram mesmo diante da situação.

       Nadine se aproximou ladeada por Samantha e preferiu fazer de conta que não havia percebido a razão das risadinhas e continuou impecável, primeiro perguntou como Isadora estava, e após ouvir que estava tudo bem, resumiu o resultado do levantamento que fizera sobre o caso.

- Isadora, sei que só lidamos com casos de crianças, mas, eu e Samantha tentamos ajudar, infelizmente, não conseguimos muitas informações relevantes, bom, apesar do nossa intensa busca, nada foi descoberto sobre a adolescente, em sua mochila não havia nenhum documento, também não encontramos nada no site dos desaparecidos do Brasil...enfim, coloquei também a descrição da menina no banco de dados do computador. Enfim, ela é quase uma fantasma, sinto muito não poder ajudar mais, fizemos de tudo, de qualquer forma enviamos uma foto de sua imagem e enviamos a todas as delegacias do Brasil.

- Obrigada Dra....vocês foram super gentis.

- De nada, fico feliz de ajudar alguém da minha equipe, você quer ficar mais um pouco, Samantha? posso voltar sozinha para a delegacia.

- Não, Na...Dra. Nadine, também vou, qualquer coisa ligue Isa.

- Você também viu Sam?, qualquer coisa ligue...

       Isadora riu e deu uma discreta piscadinha a amiga, que virou o rosto fingindo indignação, saindo pelos corredores com Nadine.

- Samantha...

- Oi Nadine?.

- Sua amiga deve achar que não percebo as piadas, não é?.

- Esquece, é uma espécie de sei lá, piada interna...não ligue.

- Humm, ela é muito sem noção.

       Três dias depois do acidente, foi autorizado Isadora visitar a adolescente. Após bater na porta avisando sua chegada, viu a cena emocionada, a menina comia um sanduiche, parecia faminta e bem disposta, se recuperando, enfim.

- Oi querida...posso entrar?

- Oi, sim...

- Você não me conhece, sou Isadora, e infelizmente te atropelei, eu não te vi, você me perdoa?

- Na-não foi culpa sua, me disseram que me jo-joguei.

- E porque fez isso pequena?

- Não se-sei, na-não lembro...não estou mentindo, não lembro não, tia, a senhora acha que estou ficando louca?.

- Claro que não, você sofreu um grande trauma, e está com amnésia pós traumática, é normal. Posso sentar no cantinho da cama?.

       Após a permissão, Isadora senta e com a aproximação, a menina se encolhe todinha, abraçando as pernas trêmulas.

- Acho que vamos ter que arrumar um nome provisório para você, até lembrar do seu, o que acha?.

- Si-sim, pode ser.

       No seu peito, reluzia uma medalha de ouro do Arcanjo Gabriel, lembrou que na bolsa também estava o livrinho de orações do mesmo arcanjo que ganhou de um colega de trabalho, a seguir lembrou também do significado no nome Gabriel "mensageiro de Deus", e pensou que talvez a menina tenha aparecido como uma mensagem divina, e sorrindo falou "Gabriela, o que acha?".

- Está bom...

- Então, está batizada, será Gabriela, até lembrar do seu nome...

       Aos poucos a rotina de Gabriela foi caindo no lugar comum, assim que se recuperou foi transferida para o abrigo da cidade, Isadora continuava com suas visitas, e a menina estava a cada dia mais relaxada, ouviam músicas juntas, principalmente Lady Gaga e cantavam, também assistiam filmes comendo pipoca, existia entre elas um entrosamento. A única hora que Gabriela não gostava era quando Isadora ia embora, nem todas as meninas do abrigo gostavam de Gabriela, principalmente por conta das visitas de Isadora, e consequentemente, a possibilidade de adoção, esse fato causava muito ciúmes nas mais antigas.

       Antes de ir, Isadora segurou as mãos de Gabriela.

- Gabi, tem algo que precisamos conversar, somos amigas, acho importante te dizer algo muito pessoal. Sabe, a tia tem um relacionamento de muitos anos, como te falei, mas, tem uma particularidade.

- Sim...

- Namoro uma mulher, a Jade, somos muito felizes juntas, e espero que entenda e queira continuar nossa amizade. Sabe, não é porque seja lésbica que vou sair me apaixonando por todas as mulheres do mundo, além do mais, pra mim você é uma menina, como uma filha.

- Eu já sabia...

- Como, alguém te contou Gabi?

- Na-não, apenas, eu sa-sabia.

- E posso trazer Jade para te conhecer, junto com minha mãe Doralice?

- Po-pode, claro.

       Gabriela sempre gaguejava quando o assunto era um pouco mais tenso, revelando toda sua fragilidade.

       Isadora abriu um sorriso largo com a resposta, e combinou que sua próxima visita seria com Jade e Doralice.

       Na semana seguinte Doralice fez um gostoso bolo de chocolate, com brigadeiro e granulado, Isadora pediu este porque era o favorito de Gabriela, que também havia contado que nunca tinha tido uma festa de aniversário, por isso, todo bolo de chocolate que comia, era como se tivesse comemorando um ano qualquer, quando Isadora contou essa história a Jade ela se questionou, como uma menina que nem lembrava do seu nome conseguia lembrar das festas não comemoradas?, estranhou, mas, preferiu nada dizer.

       Isadora estava ansiosa, se desse tudo certo, e caminhasse como gostaria, queria adotar Gabriela, estava torcendo que ela se desse bem com todas, mas, se acontecesse algum possível desentendimento, contrataria uma psicóloga que tratasse traumas de adolescente, estava tudo bem planejado em sua cabeça.

        Jade e Doralice estavam gostando da ideia de aumentar a família, de alguma forma, também tinham expectativas. Com o objetivo de espantar um pouco o nervosismo, pois sabia que Gabriela era importante para namorada, Jade resolveu tomar um café no refeitório do abrigo. Quando chegou, ainda escutou o final da frase dita por uma das merendeiras.

- ...essa menina é uma falsa, arruma briga com todas, depois fica gaguejando e todo mundo cai na dela, quando disse que conhecia bem o tipo dela, a praga me chutou a canela e depois foi reclamar para a psicóloga, levei uma bronca e quase me demitiram.

       Jade escutou e ficou com a péssima intuição que estavam falando de Gabriela, mas, não perguntou nada, apenas pediu um café, e ganhou três biscoitos de chocolate. Agradeceu e sentou para comer, tentando espantar a sensação que alguma coisa não ia dar certo, mas, buscou desviar sua atenção.

       Isadora entrou no quarto com a mãe, e no topo do bolo de chocolate haviam três velas faiscantes. Gabriela olhou o bolo embevecida, era uma menina muito infantil, por conta de um atraso emocional, e Isadora a via como uma criança de sete anos.

- Oi pequena, olha quem veio te conhecer, a Vó Doralice.

- Oi querida.

       Ao ouvir a voz de Doralice, a menina se encolheu, mas, logo tentou relaxar, estendendo a mão dizendo.

- Oi Vó Dora.

- Que linda, quantos anos você tem meu anjo?.

- Ela não sabe mamãe, agora vamos comer o bolo?.

      A menina riu feliz, esperaram que as faíscas cessassem, depois o bolo foi cortado em fatias, sendo distribuído por Doralice. Jade bateu na porta avisando sua chegada, mas, como Isadora estava na frente, o ângulo para Gabriela vê-la foi fechado. Demorou para a menina olhar Jade,  mas, assim que o fez soltou um grito de ódio, voando em seu pescoço.

- Eu vou te matar sua cadela...

      Rapidamente Isadora imobilizou Gabriela, com um mata leão, os anos de artes marciais fez com que fosse ágil, com muita força segurou a adolescente, que nesse momento estava com um ar de adulta, mesmo assim, tentou não apertar muito, não queria machucar Gabriela, que se esquivava esbravejando.

- Me solte sua merdinha.

- Mais o que é isso Gabriela?.

- Que Gabriela que nada, meu nome é Lorena, e vai me soltando logo.

- Quer dizer então que você lembra do seu nome.

- Gata, sou outra pessoa, você está é me confundindo, só agora que consegui retornar a esse corpo e não estou nem um pouco disposta a ir embora, não vou deixar que aquela gaga medrosa da Bia retorne, ela é tão fraca, tentou pular do carro para se matar, pulando do carro de uma cliente que eu estava atendendo e se atirou contra outro carro, no caso, o seu, não é?. Pode me soltar, não vou atacar sua mulher, me desculpe me excedi, estava muito nervosa, é que você lembra demais a cafetina que trabalhei ano passado. Mas, para provar que não estou mentindo, olhem no forro da mochila vão encontrar a identidade da Beatriz, ela se chama Beatriz Passos, mas, pode acreditar, eu sou a melhor versão.

- Vou soltar Lorena, mas, não apronte mais.

       Lorena levanta, seu andar é sensual, apesar do corpo franzino, mais parecia uma mulher de trinta anos.  Sentou displicente, cruzando as pernas em uma cadeira e perguntou.

- Aposto que ninguém fuma nessa sala, não é?

- Não - Responde Jade - e você também não deveria.

- Escuta aqui, de um jeito ou de outro vamos morrer, eu escolho viver do meu jeito, se morrer, morri. - E riu sarcasticamente...

Fim do capítulo


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Comentários para 8 - Capitulo 8 - Nada do que foi sera...:
Andreia
Andreia

Em: 13/12/2020

Esqueci de fazer um comentario achei que o encontro de Isadora com Vivian iria ser mais emocionante e legal das ducado que a Isidora ter a impessão que conhecia a voz e olhos e parecia família da onde conhecida mulher de sua infância de bebê

Bjs só p não passar em branco este comentário.

Responder

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Andreia
Andreia

Em: 13/12/2020

Vai fala que mãe da Isadora vai ser mal querer fazer maldade para a filha coitada da Isa até essa mae adotiva tbm não teve sorte.

Nunca tinha ouvido falarem pessoa que tem duas ou mais personalidades.

Não faz a Isadora sofrer muito não.

A Isadora não vai ficar com Vivian não ela  vai ficar com jade?

Bjs


Resposta do autor:

Oi Andréia, olha é um distúrbio bem incomum, mas, acontece, a pessoa desenvolve espécie de uma personalidade extra para lidar com seus traumas...A Isadora vai ficar com Jade...isso vou adiantar, elas se amam muito.

bjs

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florakferraro
florakferraro

Em: 22/11/2020

Essa tal dessa Gabriella é o capeta, menina ruim!.

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 30/10/2020

Misericórdia baixou o que nessa criatura.


Resposta do autor:

Eita Marta, a história é longa...puxa aí sua cadeira.

Vamos seguir as meninas e ver como elas seguem rsrsrs valeu 

Responder

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brinamiranda
brinamiranda Autora da história

Em: 29/10/2020

Vamos na torcida...sabe que inicialmente Jade chamava Stella? rsrsrs mas era muito semelhante a Stella da Mariana e mudei rststd

Responder

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Rain
Rain

Em: 29/10/2020

Olá!

Entre Laura e Isa tudo acertdo. Passado pra trás vida que segue. Só não entendi o que a Laura que dizer sobre a Doralice. Será que tem coisa ai? Ou foi só impressão da Laura? Hummm...

Puxa vida! Quando a Jade viu aqueles mulheres fuxicando eu pensei " será que a Gabriela vai ser a Esther do filme de terror A Órfã." Mas, depois pensei " acho que não. Afinal ela não tem nanismo." E olha que não gosto de filmes de terror, mas esse fui obrigada a assistir.

Então, quer dizer que Gabriela/ Bia tem duas personalidade? Uma boazinha e a outra má. Que loucura! 

Até o próximo! Bye, Bye!


Resposta do autor:

Oiê Rain,

Quando a Dora em breve vc descobre...sem spoiler dessa vez rsrsrsrs

Quanto a sua síndrome geralmente a pessoa apresenta nanismo, mas, nem sempre viu rsrsrsrs vamos esperar as cenas dos próximos capítulos...sim, a Bia tem personalidade múltipla...já aparece  um menininho na história... bye 

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