Gente, nesse capítulo faço novamente uma homenagem a Stella Lombardi, personagem maravilhosa e controversa do livro indestrutível...
Capitulo 7 - Dias de luta...
... CONTINUAÇÃO...
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Nossa, eu reconheceria aquele tenebroso sotaque francês nem que fosse cem anos depois, a sutil diferença é que atualmente a criatura falava em um evidente português impecável.
Virei em sua direção tentando disfarçar um mal-estar que se apoderou de mim, se pudesse descrever diria que senti uma espécie de nojo sólido, como uma náusea que me fazia ter a mesma sensação de assistir um filme de terror, para mim Aurelie era o próprio capeta encarnado na Terra, cruzei os braços e arqueei a sobrancelha ao falar.
- Olá Lily.
Falei sendo o mais educada possível, mas, não esbocei nenhum sorriso, não conseguiria ser hipócrita com quem destruiu meu castelo de sonhos com Laura, a mágoa voltou com tudo mesmo tendo passado tantos anos.
- Oi Isadora, quanto tempo...você está linda, não mudou nadinha.
- Obrigada, são suas filhas?. - Falei tentando relaxar um pouco.
- Sim, Paola e Donatela, como vê são gêmeas idênticas, elas falam muito bem o português, aqui no Brasil só falamos nesse idioma.
Enquanto conversávamos, as meninas giravam em torno das minhas pernas, eu tentei ser simpática com as crianças, que não tinham culpa da minha mágoa, mas, não conseguia me mexer, por isso me mantive impassível e continuei de braços cruzados.
- Pelo visto elas gostaram de você...bom, eu vim com as meninas relaxar um pouco no Brasil, enquanto meu marido Matteo ficou na Itália, estou de férias e resolvi trazê-las para Curitiba, não sei se sabe que mudei há alguns anos...
- Como saberia?, parabéns...suas filhas são lindas, e os nomes também o são. - Falei e a seguir percebi que até meus elogios saiam da minha boca com rispidez.
- Matteo quem escolheu, é uma homenagem a duas amigas. Você tem tempo para tomar um café?, espera um pouco, as babás só foram ao banheiro, acho que precisamos conversar.
Isadora percebeu que a conversa com Lily seria longa demais, rapidamente ligou para a Delegacia, avisando a Samantha que não ia mais precisar buscá-la, tinha encontrado uma conhecida com quem tomaria um café e depois pegaria um táxi em direção ao trabalho, a amiga mandou um beijo, desligando rapidamente, do outro lado, Isadora ainda ouviu a voz da delegada.
O café ficou preso em minha garganta ao ver a verdade nos olhos de Aurelie, suas palavras ecoavam em minha cabeça, não havia sido traída, Lily e Laura nunca tiveram nada. Uma semana antes do episódio, Laura havia procurado um médico, as dores nas costas, a dificuldade de respirar e as constantes crises de tosse estavam incomodando demais, e após exames foi descoberto um câncer no mediastino, espaço existente entre os dois pulmões que comporta estruturas essenciais como a traqueia, o coração, o esôfago, o timo e parte dos sistemas nervoso e linfático.
Como Laura havia sido alertada que o tumor estava em um local de difícil acesso, a cirurgia seria de alto risco, com chances elevadas de morte, por isso, tinha decidido terminar nosso namoro, segundo Lily ela não me queria acompanhando sua morte, que poderia também ocorrer em estado pós-cirúrgico.
Sequei as lágrimas que caiam incessante e falei de forma incisiva.
- Desculpe, mas, não tem perdão, ela podia ter me procurado depois, quando sobreviveu.
- Isa, ela achou que a tinha magoado muito, inclusive ela ligou algumas vezes para sua casa, mas, sempre desligava antes de falar, nunca teve coragem. Depois da cirurgia, ficou receosa que o câncer voltasse a qualquer instante, então resolveu seguir, tentar esquecer o amor que sentia, saiba que no fundo Laura queria te poupar de qualquer outro sofrimento, foi muito difícil para ela Isadora, acredite.
- Eu imagino, mas, agora não consigo sentir outra coisa além de muita mágoa.
- Bom, tenho que ir, as meninas adormeceram...
Aurelie falou apontando as babás, que embalavam os enormes carrinhos da cor rosa, estacionados perto do café.
- Isa, aos domingos Laura faz um tratamento em uma clínica...alternativa, mística, não entendo muito bem, é um hospital espírita, vou te dar o endereço, vai lá, acho que precisam zerar essa história, não concorda?, tenta esquecer esse final tão ruim e toda a mágoa que te consome o coração, afinal...em quatro anos tanta coisa aconteceu na vida das duas. Se quiser companhia para ir, me avisa, eu me senti muito culpada, estava apenas fazendo um carinho em Laura, um carinho de uma amiga, que passei a gostar como uma irmã, a irmã que nunca tive.
Recebi um papel com o telefone de Lily, assim como o endereço e o nome do lugar que Laura frequentava "Hospital Espírita Violetas na janela".
Após agradecer, levantei meio tonta pela emoção, perdida em meus pensamentos, com a sensação que tinha uma bomba no meu colo prestes a explodir a qualquer hora. Andei por todo aeroporto, buscando na minha racionalidade o perdão que com certeza Laura precisava, mas, a cada passo que dava, só sentia o quanto a minha ex namorada tinha sido egoísta dentro da sua dor, não me deixando o poder de escolha, com certeza eu daria todo o meu apoio e o amor. Revisitei todos os seus motivos, tentando me pôr em seu lugar, queria muito entender as razões que a levaram a não me procurar, mas, não chegava a nenhuma conclusão.
Muitas vezes eu senti que era Laura quem ligava e desligava a seguir, mas, na minha cabeça cheia de ciúmes, já imaginava que Lily a pegara ligando pra mim, enfim, tinha toda a ideia de uma traição em minha cabeça, uma traição que jamais acontecera de fato.
Estava longe quando o visor do celular começou a piscar, era Jade, pensei rápido, estava tonta demais para atende-la, sentia que meu coração novamente havia se partido ao saber notícias de Laura, e sem saber o que fazer com tudo o que acabara de descobrir, desliguei a ligação, mandando uma rápida mensagem avisando que tinha chegado bem e estava a caminho da delegacia. Do outro lado, Jade me contou tempos depois, que passou a mão na nuca pensando que havia acontecido algum imprevisto, não se preocupou e continuou cuidando de suas demandas, tinha ainda muita coisa a fazer.
O táxi parou no estacionamento da delegacia, arrastei a mala, e antes de entrar para um novo plantão que logo mais começaria, encostei na parede, deixando todas as lágrimas que estavam dentro do peito escaparem, chorei por tudo que estava represado por tantos anos. Parada na porta, vi de relance que a Delegada Nadine assistia a tudo com uma expressão penalizada, era notório que ela estava sem saber o que dizer, Nadine era dura, mas, extremamente sensível a dor de um outro ser, para não parecer inconveniente, ela entrou discretamente deixando um sorriso no ar.
Já em minha sala, abri o diário que estava trancado dentro da gaveta, e escrevi apressadamente, sem me preocupar com as palavras, sempre tive o hábito de exorcizar meus fantasmas escrevendo.
Eu vejo que amar uma mulher é como tocar um instrumento, cada um com suas dificuldades no processo de aprendizagem. Michele, minha primeira namorada, parecia um violino, pois seu corpo era delicado e pequeno, vibrando suavemente quando tocado, seus gemidos eram músicas, cadenciadas entre os lençóis, mas, da mesma forma que era melodia, era barulho, pois se algo fugisse aos seus desejos, o circo estava armado, se tencionasse muito as cordas, contrariando o instrumento, o barulho era enlouquecedor, seus grunhidos de ira eram de tontear, assim, não aguentei mais do que sete meses. Já Jéssica era como uma flauta transversal, o volume da sua voz e sua personalidade nunca se alteravam, era uma constante, e parecia que estava sempre no palco, fazendo teatro, as vezes ficava parada me olhando, nessas horas mais parecia uma estátua de sal, nem se mexia frente aos ciúmes que despertava em mim, parecia não ligar se as evidências de suas traições eram descobertas, se encontrava algum indício das suas puladas de cerca, me olhava impassível e negava friamente, a cara de pau era tanta que negou um flagra de um beijo. Ai terminei, que não nasci para otária. Já Laura era um violão, cuja a música era um Nocturne de Chopin, alegres no começo e fúnebre no final. Já Jade era uma orquestra sinfônica completa e harmônica.
Ao pensar nisso, solucei as últimas lágrimas que faltavam, e fui acalmando, não tive nem ânimo de terminar o texto, guardei novamente o caderno na gaveta, e antes de começar o trabalho, peguei o celular na bolsa e liguei para Jade.
- Oi amor, desculpa não ter atendido, estou na delegacia resolvendo uns pepinos, nem fui em casa, está tudo bem?, sabe que não sei como vou dormir essa noite sem você, sem teu cheirinho?.
- Ah, minha Isa, eu também estou com muitas saudades, mas, o seu cheiro está aqui nos travesseiros, na minha cama e em mim, para não ficar com tanta saudade da sua Jade, guardei escondidinha na sua mala, aquela camiseta da Frida Khalo que dormi, ela ainda está com o meu cheirinho, acho que vai gostar.
Do lado de fora, muitos meses depois, soube que a Delegada Nadine ouviu toda a minha conversa Jade, segundo o Agente Yuri, ela sorriu e abafou o riso, se afastando discretamente para me chamar, demostrando seriedade na voz, a delegada estava realmente precisando de mim, enquanto isso estava lá toda derretida namorando Jade. Quando ouvi a voz da delegada me chamando como se estivesse eclodido a Terceira Guerra Mundial dei um jeito de finalizar o assunto com Jade.
- Nossa, a chefe está precisando de mim, você deve ter escutado, preciso desligar amor. Beijo.
- Vai lá Isa, me liga quando puder, beijo minha linda.
Levantei, abri a porta da sala e vi que Nadine me esperava, nem me dei o trabalho de encarar seus olhos, já imaginava que estaria bem séria e se bobeasse seria fuzilada com o olhar, só tinha esquecido um detalhe, ela não fala se não for olhando nos olhos do interlocutor, foi ai que percebi, Nadine Coppola estava na verdade impaciente, e após dar um importante recado, apenas girou seu corpo em cima dos saltos altos e seguiu até sua sala, encostando suavemente a porta.
Estava me recuperando da apreensão quando o telefone da delegacia passou a berrar na portaria, por algum motivo a atendente não estava ali, mas, sabia que se demorasse mais um segundo para alguém atender, sobraria para todos, então, me levantei e sai apressada antes que a pessoa do outro lado desistisse.
- Alô, boa tarde, não, aqui não é da Delegacia de Homicídios, vou passar o número de lá, um minuto senhor.
Após desligar, levantei meus olhos cansados e vi que a Delegada Nadine estava parada na minha frente, tinha os braços cruzados e uma expressão de poucos amigos, pensei "nossa, essa mulher parece um gato, anda que não se escuta nem seus passos, mesmo estando de salto alto".
Em um segundo olhar, vi que ela estava elegantemente vestida em um terninho preto com uma blusa branca de seda e uma calça preta de risca de giz, a roupa mostrava todas as suas curvas, e evidenciava sua beleza exótica, seu rosto apesar de anguloso era delicado, os cabelos cacheados, iam de um tom de castanho passando por um leve dourado, dando um ar angelical, também tinha uma pintinha em cima dos lábios que lhe conferia um charme único, e no decote seguiam várias sardas que maculavam a pele branca. Sorri ao lembrar que essa foi a descrição que Samantha me deu sobre a delegada quando perguntei como ela era, logicamente que não me referia ao seu físico ao perguntar sua descrição e sim como ela se comportava no ambiente de trabalho, mas ao ver Nadine em minha frente resgatei essa lembrança e pensei...bom, apesar de tudo, Samantha tem muito bom gosto.
A Delegada respirou fundo, me olhava irritada enquanto eu estava perdida em meus pensamentos, ao olha-la novamente vi que as mãos estavam ladeadas na cintura, mas, rapidamente ela retirou uma delas encostando-a na mesa.
- Que história é essa de alô, Isadora?, alô, você diz na sua casa, aqui você tem que atender "DPC - Delegacia de Paradeiros de crianças", bom dia, boa tarde ou boa noite, entendeu?. Sei que não é a sua função, mas, quando estiver na condição de atendente, faça o que se propôs a fazer direito.
Não consegui responder a princípio, e até esqueci que estava admirando a beleza da Delegada e lembrando de Samantha, quando senti que sua advertência veio com a força de Ippon, senti que todos os meus músculos retesaram, meu estômago revirou por dentro, e de uma forma inaudível respondi.
- Desculpa, Dra....
Mas, a Delegada já tinha saído, voltando a sua sala sem dizer mais nada. Escutei uma batida oca na porta, era Samantha, a minha melhor amiga era uma grande pesquisadora, trabalhava como antropóloga da Polícia Civil de forma incansável, ajudando nas elucidações dos crimes. Ela sorriu ao falar, reforçando todo o seu regionalismo.
- Rapaz, a chefe está virada hoje, ouxe, pensei que ela fosse te engolir começando pelos pés.
Estava com saudade da minha amiga, de sua leveza e brincadeiras, olhei sorrindo para Samantha, e vi que ela estava ali para amenizar as coisas para o meu lado, queria que me sentisse melhor após o "esbregue" de Nadine, Samantha era considerada exótica no meio policial, com o seu sorriso de covinhas, um piercing de argolinha de ouro na aba do nariz, além das inúmeras tatuagens pelo corpo, os cabelos eram lisos, cacheando um pouco nas pontas, atualmente estava cortado um pouco depois das orelhas, e tinha um tom de castanho diferente, algo que lembrava o chocolate. Sam, era amiga de todos, sempre animava a delegacia, também se declarava uma bruxa solitária, perdida em Curitiba e nas horas vagas era a vocalista de uma banda de nome "Bronislaws", formada apenas por policiais civis, tocando com relativo sucesso em bares e boates nos finais de semana.
Levantei para abraça-la, e ri concordando com sua fala.
- Amiga, a sua delegada está atacada, hein?, não está atendendo direitinho a Delegada Chuchu?...mas, me conta, e você?, como foi a participação no Congresso Paz LGBT?.
- Amiga, deixe disso...não chame Nadine de Chuchu que não gosto. Quanto ao congresso...nem te conto....conheci uma mulher maravilhosa, gata, muito, muito gata, ruiva, igualzinha a você, só que com os cabelos lisos, tem os olhos mais lindos que já vi e um sorriso encantador...ela, bom, ela quem organizou o congresso.
- Hum, do jeitinho que você gosta.
- Sim, tinha um rosto tão delicado que parecia feito à mão, estatura média, gostosa pra caramba, uns olhos vivos e um olhar de matar, um cheiro, que meu Deus....e a voz?...parecia mais uma melodia, que entrava nos meus ouvidos me deixando até sem ar.
- E como é o nome dessa deusa?.
- Stella Lombardi...vou te contar tudinho...eu estava triste demais, tinha discutido com a Nadine, quer dizer, com a Dra. Nadine, por que fiz uma grande besteira no aniversário dela, mandei um presente, um bolo com champagne importado e flores vermelhas, com isso acabei causando uma confusão com um dos gêmeos, mas, juro que não foi de propósito, só queria agradar...Bom, enfim...cheguei cedo ao teatro onde a palestra aconteceria, estava arrasada, sentei em uma cadeira e fiquei esperando a hora de falar, estava perdida em minha tristeza, pensando longe, e por isso, nem vi Stella chegar e muito menos reparei quando ela sentou ao meu lado. Quando levantei a cabeça dei de cara com aquela mulher linda, seus olhos castanhos eram brilhantes e me olhavam tão docemente que senti uma imensa cumplicidade, ela só sorriu, secou as lágrimas que caiam em meu rosto, e se apresentou. Como tínhamos tempo, fomos tomar um café perto do teatro. Ela me observava, depois veio com uma história estranha, que eu tinha olhos lindos e brilhantes, tão tristes que ela não resistiu e sentiu que precisava me conhecer, depois veio com uma história que eu era um diamante a ser lapidado, quando comecei a estranhar essa papo, ela mudou de assunto, falando dos vários cachorros que tinha da raça Golden Retriver que levavam nomes de deuses gregos. Sei que quando percebi estava no banheiro do café, atracada naquela mulher inebriante....
- Me poupe dos detalhes Samantha, ninguém merece, e como ficou essa história depois?
- Não ficou, a mulher é casada, e pelo que me contaram a outra é quase uma santa, chama Lílian, dizem que a mulher aguenta tudo que Stella apronta, inclusive o seu jeito estourado, o pior, é que Stella não deixa de dar suas voltinhas, sabe como é?. Mas, nem posso criticar, já que também fui casada e tive um trabalhão para separar, mas, quanto a isso, Lilian que me perdoe, não me arrependi de pegar aquela mulher deliciosa.
- E trocaram telefone, para combinar um outro encontro?.
- Sim, ela disse que voltaria aqui em breve a Curitiba, e ia me avisar, mas, não quero, você sabe...não posso, também tenho minhas complicações...
Após perceber que estava bem melhor, Samantha jogou um beijo no ar, e seguiu para sua sala, deixando a amiga pensando na sua situação. Samantha sempre estava enrolada, seus namoros não iam muito longe, visto que seu coração estava entregue à Nadine há muitos anos, todos percebiam seu profundo amor pela delegada, com quem tinha um casinho não confesso.
Cheguei em casa derrotada, não tinha sido um dia fácil, o clima só melhorou quando liguei para Jade, estava com muitas saudades da minha namorada.
- Oi Isa, como vai meu amor, me conta como foi seu dia?.
- Cansativo meu bem, depois estou morrendo de saudade de você.
- Também meu benzinho, posso ir no fim de semana?.
- Amor, como eu gostaria de ter você comigo, no entanto, tenho um caso bem sério a investigar no interior, vamos deixar para semana que vem sem falta?.
A história não era totalmente mentira, ia de fato investigar o caso da menina Maya, dez anos, que desaparecera a caminho da escola, mas, estava pensando mesmo era no domingo, onde seguiria para Caiobá, onde Laura continuava fazendo seu tratamento físico e espiritual. Precisava dar um ponto final nessa história, colocar a última pá de areia, para ser totalmente livre para Jade.
- Jade?, amor?
- Oi?.
- Não fica chateada, no próximo fim de semana você pode vir, e até troco meu plantão de quinta e sexta só para ficar com você.
Do outro lado, Jade vibrou, respondendo um sim sussurrado, demonstrando todo desejo que estava sentindo, pois tudo o que mais queria no momento era estar ao meu lado, ela me queria tanto quando eu a desejava. Respirei forte, pegando sua blusa debaixo do travesseiro, enquanto Jade continuava sussurrando palavras aleatórias em meu ouvido, aquele ritual de sedução mexeu totalmente com a minha libido.
- Amor, não fala assim, você não está aqui, isso é maldade, sabia?.
- Ai amor, você não tem criatividade?.
- Tenho, e como tenho.
A conversa sensual com Jade trouxe um alívio a saudade que sentia dela, quando desligamos dormi apaixonada e feliz.
No dia seguinte, acordei ainda mais cedo, enviei uma mensagem de bom dia a Jade, a seguir preparei um chocolate gelado e comi com um sanduiche de queijo, enquanto liguei a televisão para ficar sabendo das últimas notícias.
"De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, a menina Maya Borges Bertell, não é vista por familiares há pelo menos dez dias. A família de Maya vive o drama de não saber o paradeiro da filha, desaparecida a caminho da escola. Maya vestia calça vermelha do uniforme, um agasalho branco por cima da blusa, seu tênis, assim como a mochila eram cor de rosa. Uma testemunha afirma ter visto a menina no ponto de ônibus conversando com uma moça, mas, não a viu subir no ônibus escolar. O inquérito continua em andamento conforme depoimento da Delegada Nadine Coppola".
Tomei meu café da manhã pensando sobre o caso...infelizmente, tinha certeza que essa criança já não estava mais entre nós, no entanto, a função na polícia é investigar toda e qualquer evidência, e essa semana, recebemos uma ligação anônima, um homem ligou contando que estava no bar, e um rapaz que estava ao seu lado, havia confessado, entre uma dose e outra que havia matado a menina Maya. Pela descrição do homem, o assassino seria um vizinho de Maya.
Às 9h já estávamos todos reunidos na delegacia, íamos surpreender o vizinho da menina, e nesse dia a equipe era grande, além da Delegada Nadine, haviam três investigadores, eu como escrivã e Samantha como antropóloga. Estávamos vestidos com o uniforme preto da Policia Civil, com o nome dos respectivos cargos nas costas, e as armas estavam escondidas pelo corpo.
- Samantha, ligue para a policial militar responsável pelos cães farejadores, ela está atrasada, um dos meus sonhos era ter o nosso próprio canil, com cães treinados...isso tudo só para não depender de militar. Não seria ótimo?.
- Seria mesmo...
Nadine olhou para Samantha e não conseguiu deixar de rir, tornando-se mais jovial, a delegada sempre ficava de melhor humor na presença da antropóloga, riu pois estava falando sozinha, mas, Samantha tinha a lealdade de um cão, e era evidente sua paixão, por isso concordava com tudo o que Nadine dizia, defendendo a delegada com unhas e dentes.
Para evitar falatório, Nadine mantinha uma distância regulamentar no trabalho, sabia que todos falavam das duas, e principalmente de todo sentimento que despertava na antropóloga, mas, tentava não sair muito da trilha, restringia os encontros amorosos, não queria algo mais sério, pois sabia que em algum momento, teria que decidir, o que quebraria sua pretensa heterossexualidade, como sempre fazia questão de frisar a si mesmo, e principalmente, a Samantha, às vezes derrapava nas curvas do arco-íris, e acabava por beijá-la em algumas situações, outras vezes, dormiam juntas, esses acontecimentos eram ocasionais e furtivos, mas, tão intensos, que Samantha sempre sonhava em dividir seus dias para sempre com a delegada, sentia que era um amor de outras vidas, e, por vezes os olhos ficavam parados no ar, lembrando de cada pedacinho de Nadine. Sentia de fato um amor muito verdadeiro, que lhe corroía por dentro.
Samantha já ia ligar para a polícia militar, quando viu João estacionando a viatura, a seguir o policial desceu e veio caminhando animado junto a sua parceira Isabella que conduzia pela coleira Isaac e Jeremias, dois enormes cachorros da raça pastor alemão.
Isabella cumprimentou a delegada com a cabeça, perguntando.
- Boa tarde Dra. Nadine, vamos direto para a casa do suspeito?
- Sim.
Já iam seguir quando Nadine olhou em direção ao carro, percebendo que havia uma cadeira de bebê, nela estava Vitor Hugo, de sete meses, filho da policial, que dormia tranquilamente alheio a tudo.
- Mas, o que é isso?
- Um bebê, não reconhece mais, dra.?
- Claro, pois se tive dois...
Respondeu Nadine se referindo aos gêmeos Natália e Lucas, de quinze anos
- Bom, nunca os levei em nenhuma investigação.
- Ocorre, que estou amamentando Vitor, e não tenho com quem deixá-lo hoje, sou mãe solteira, Dra.
- Ok, vamos então.
Ao chegar em Serro Azul, o bebê já tinha mamado duas vezes e trocado a fralda. João combinou de revezar com Isabella, ele permaneceria com Jeremias e ela seguiria com Isaac.
Nadine olhou para o carro, sorriu para o bebê que dormia tranquilamente, seguindo com sua equipe.
O suspeito era vizinho da vítima, e se chamava Guilherme Pedra, mas, era conhecido por Cheira, por conta do vício em cocaína. Encostado na porta, parecia que já esperava os policiais.
- Bom dia Dra. Já acharam o corpo da menina?
- E quem disse que estou atrás de um corpo?, na verdade, estou muito curiosa para saber se vai facilitar a investigação, me deixando entrar com minha equipe e os cachorros.
- De jeito nenhum gata, pode entrar.
- Me respeite, não sou uma garotinha de dez anos, sei muito bem me defender, não respondo por mim na próxima piadinha infame que sair dessa sua boca...
- Alto lá, estou tratando a senhora com toda educação.
Sem conseguir esperar a resposta, Samantha se mete na frente dos dois, com a roupinha da menina desaparecida nas mãos.
- Ora, ora, ora, vejo que a Polícia Civil arrumou um cão de guarda para a delegada.
Nadine, pediu a roupa da criança para Samantha, dando para o cachorro Isaac cheirar, antes falou baixinho "não vale a pena querida, não vamos perder a razão".
Assim, todos entram na casa de Guilherme, o cheiro da menina foi detectado pelo cachorro, que latia forte em cada lugar que passava, latiu avisando que sentiu o cheiro da criança em cima da cama de Guilherme, embaixo da cama e em outros cômodos, era evidente que ele estava enrolado no caso até o pescoço. No entanto, olhava vitorioso para os policiais, sem esquecer de mencionar em seguida "sem corpo, sem crime, aliás, agora que já revistou tudo...acho melhor a senhora sair daqui, levando seus cachorros.
A seguir olhou Samantha e continuou a fala.
- Todos eles, Doutora Nadine.
Sem mais nada a fazer, Nadine fuzila o suspeito com os olhos, infelizmente ele estava certo, o cheiro da menina em sua casa, não dizia nada, não era uma prova concreta para um júri. Decepcionados, todos voltaram silenciosos para Curitiba, menos Vitor, que havia acordado e puxava a orelha de Jeremias, enquanto a mãe perguntava "é o au-au, Vitor?".
Fim do capítulo
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Andreia
Em: 13/12/2020
Errei feio em quem erra no aeroporto, sempre digo por mais difícil que possa ser sempre tem uma explicação para as coisas temos sempre que ouvi se vcamos acreditar ou não já é diferente mais temos que sempre ouvi as vezes por falta de um diálogo você perde à pessoa que ama por não conversar por mais complicado que seja situação.
Foi o caso da Isadora com Laura se tive tido diálogo talvez tive até hoje juntas no relacionamento as vezes o ser humano e muito complicado o que poderia ser simples a vida.
Tomara que agora faça a coisa certa as duas desta vezes e a Isadora não esconda da Jade para não ter problemas tbm.
Bjs
Resposta do autor:
Pois é, o grande problema da relação das duas foi justamente a falta de diálogo por parte de Laura, se ela tivesse falado, nada tinha acontecido de fato, não é?. Vai dar tudo certinho, bjs
florakferraro
Em: 22/11/2020
Acho que eu perdoaria sim, não vale a pena guardar rancor, depois ela te a Jade, melhor deixar ela para lá, eu ainda prefiro o nome Stella, Jade me lembra a persongagem da Giovana Antoneli kkkk
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brinamiranda Autora da história
Em: 28/10/2020
ahhhh, vc está se referindo a Stella Lombardi, é uma personagem que sou apaixonada, do livro Indestrutível, escrito pela Débora Mestre da Editora Pel.
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brinamiranda Autora da história
Em: 28/10/2020
Ah, no próximo capítulo que estou revisando hoje de manhã, vai ter o encontro entre Isadora e Laura...rsrsrs vamos ver no que dá
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Rain
Em: 26/10/2020
Olá!
Agora, entendi o que você disse sobre Laura. Não justifica, mas entendo ela em certos pontos.
Tadinha da Sam. Apaixonada pela delegada durona. Rsrs
Esse caro é é mais ousado que a Helena... Efeito das brizas.
Curiosidade: Quem é essa Stella?
Até a próxima, Bye!
Resposta do autor:
Oie Rain,
Tudo bom??...é como falei, explica e até justifica, mas, não apaga, não é mesmo?.
A Sam sofre muito com essa delegada, ainda quero fazer o Spin Off delas duas....mas, estou ajeitando as coisas e já viu...rsrsrs
Menina do céu, Helena é Jade, no começo, quando escrevi o livro ela se chamava Stella, mas, era muito semelhança com a Stella de Mari, por isso mudei seu nome para Jade...
Inté
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