Conclusões
"Conclusões"
***
Refleti sobre tudo, mas não conseguia falar nada. Talvez, esse fosse o motivo de Frank nunca ter me tratado como filha, afinal, eu realmente não sou. Quem é meu pai de verdade? Minha Mãe mora com meu padrasto agora, mas não é Carlos seu nome. Fiquei perdida, com raiva e profundamente aliviada com toda essa história.
--Filha, eu sei que deve estar com raíva de mim por ter eu ter ocultado tudo isso. --Falou me fazendo voltar a conversa. --Eu realmente não queria te magoar. Me perd..
--Calma, Dona Yasmin! --Brinquei para tirar a ruga de preocupação que se formou em sua testa. --Não estou com raiva de ti, só estou digerindo tudo. Pensando no meu pai.. meu pai de verdade. Quando a senhora veio morar aqui não foi com nenhum Carlos, foi com sr. Guilherme.. - Até parei lembrando dele que sempre foi muito amoroso comigo, me tratava como.. filha.. Até brincávamos sobre nossas semelhanças tipo o cabelo cacheado, a sombrancelha grossa e alguns gestos, segundo minha Mãe. Eles diziam que era a convivência. Adoro "Seu Gui" como gosta de ser chamado. Como não percebi antes.
--É isso mesmo, filha. Guilherme é o seu Pai ''Carlos''. Achamos melhor não te contar para não piorar as coisas te magoando, mas acho que o fizemos de todo jeito. Uma hora a verdade sempre vem a tona.
--E veio em ótima hora, Mamãe. Não tenho mágoa de vocês, muito pelo contrário, entendo perfeitamente. --Ela sorriu com os olhos marejados. Nos abraçamos e conversamos por um bom tempo. Disse o porque da Yaya não vir até SP na época, Mamãe até riu de tão óbvio. Raíra é idêntica a Araci, logo saberiam e a matariam também.
Mamãe me disse que atualmente Frank estava devendo até a roupa do corpo. Vendeu alguns imóveis e até o meu carro. Só não vendeu meu apartamento porque minha mãe quem me deu e não deixou ninguém mexer nele desde que ''morri''.
--O que você fez para irritá-lo ao ponto de tentar te matar?
--Achei alguns papéis, ouvi umas conversas e acabei agindo por impulso. Avisei a polícia sobre uma enorme carga de produtos contrabandeados e um armazém onde era um laboratório de drogas. Frank perdeu muito, muito dinheiro e a empresa já não ia muito bem. Fizeram um cerco, ele molhou a mão da polícia para não ir preso e mandou Henry me dar um sumiço. - Minha mãe ficou ''nervosa'' comigo pelo risco que corri agindo sem pensar, mas logo se acalmou e perguntou calmamente se eu tinha perdido o juízo.
* * *
Quando notamos já passava das 17h. Carmen vinha em nossa direção.
--Onde está Nina e Mari? - Perguntei me levantando mostrando a hora para minha Mãe.
--Foram dar uma volta, sei lá. O Leo me mandou mensagem e disse que te vê amanhã. Ser sua secretária é péssimo..
--Hum, tá, Senhorita 'Mau Humor'. --Provoquei pela cara de enfado que ela fazia. -- Estava conversando com suas amigas? -- Carmen revirou os olhos, ela tinha 2 "amigas" que trabalhavam ali. --Viu se Yaya está acordada? - Perguntei ansiosa.
--Vi o Dr. Evandro. "Pocahontas" está acordada, muito bem e querendo ir embora, Senhorita Micaella. Disse também, que se ela estiver assim pela manhã mesmo terá alta, Senhorita Micaella. É necessário apenas te manter a distância da paciente, pois os pontos podem romper. - Carmen falou em tom de deboche.
--Está contratada, Senhorita "Mônica" Ca.. --Continuei a brincadeira tocando em um ponto delicado, o primeiro nome da Carmen. Ela o odiava, sua Mãe o amava. Sempre o coloca como segundo nome, mas só o M.
--Mika, vá contar a novidade para Raíra. -Minha Mãe me interrompeu antes que Carmen começasse me xingar, pois ficou toda vermelha. Corri para o quarto rindo, vi minha Mãe a segurando pelos ombros.
* * * *
No quarto..
Raíra estava em pé olhando pela janela, me aproximei devagar, a abracei por trás e apoiei meu queixo em seu ombro.
--Um beijo pelos seus pensamentos. -Brinquei. Raíra sorriu se aconchegando no meu abraço.
-- ..pensando em Frank. Tenho que entregar as provas que tenho..
--Pensei que não tivesse pego.
--Peguei quase tudo antes. Tem muita foto do seu pai fazendo coisa ruim, Avatí.
--Quanto a isso.. Frank não é meu pai! - Expliquei para Yaya um resumo da longa história que Mamãe me contou. Raíra ouviu tudo sem me interromper e na mesma posição.
--Fico feliz por ele num ser seu pai, Avatí. Mas infelizmente ainda é o meu. E vai pagar por tudo que fez. Principalmente por matado minha Mãe! --Falou tensa.
--O que quer fazer? - Indaguei a virando de frente.
--Vou acabar com ele! --Falou com olhar duro.
--Como assim, Yaya? - Perguntei com receio.
--Vou tirar o que mais gosta.. Não vai sobrar nada além dos fantasmas das coisa ruim que fez..
--E como fará isso? - Yaya falava com uma expressão cada vez mais fechada.
--Vou entregar todas provas para polícia e provar que sou fi.. - Parou se virando pressentindo a chegada de alguém.
--Com licença, Senhoritas. Precisa descansar, Dona Raíra. Ou não receberá alta amanhã. - Falou Dr. Evandro entrando, um enfermeiro já estava próximo a porta.
--Tá cedo.. não to cansada. - Disse Raíra olhando "irritada" para porta.
O enfermeiro a devorava com os olhos. Fiquei vermelha de ódio. Respirei bem fundo algumas vezes (Cerca de 300) para me acalmar.
--Quanto mais cedo dormir, mais rápido chega amanhã. - Falou calmamente Dr. Evandro.
Yaya foi em direção a cama e o enfermeiro a seguiu quase babando. (Idiot) O pior é que ela não percebe essas coisas.
--Quer ajuda para se deitar? - Acreditam que aquele enfermeiro descarado falou isso? Quase voei no pescoço dele.
--Quero sim. - Yaya respondeu para meu desespero. Ele sorriu todo contente, mas minha índia me olhou, sorriu docemente e perguntou. --Me ajuda? - Retribui o sorriso toda boba, né.
--Não precisa dela. Eu te ajudo. - Aquele abusado ousou abrir a boca (Podre) novamente. E foi se aproximando.
Ela estendeu a mão e sorriu quando a segurei me aproximando mais. Raíra umedeceu os lábios inocentemente, mas achei no mínimo, bem sexy. Cheguei meu rosto bem próximo, ela me puxou, a beijei com tanta vontade que senti um gostinho de sangue. Tentei parar (juro), mas sua mão em minha nuca não permitiu, o contato foi aumentando (assim como o fogo), mas fomos interrompidas pelo Doutor com um tradicional pigarro.
--O que foi isso? --Perguntei ofegante, colando nossas testas.
--Vontade de.. ti. - Falou tão ofegante quanto eu. Com a boca entreaberta, foi abrindo os olhos que estavam em um tom escuro. (Parecia desejo. Se fiquei excitada? Imagina. Controlo bem a minha libído) Voltei a beijá-la e quase arranquei sua camisola hospitalar, Dr. Evandro que nos interrompeu novamente.
--Micaella e Raíra, comportem-se! O enfermeiro Queilon já se retirou. - Falou sorrindo, acabei rindo também.
--Queilon é? Não quero que volte aqui. - Raíra falou com uma voz estranha, parecia raiva/ciúmes(?). As coisas estão melhorando, mas eu é quem deveria estar com ciúmes, não?
--Por que diz isso, Yaya? --Perguntei ajudando a se deitar.
--Porque sim. - Respondeu envergonhada.
--Está bem, concordo contigo. Mas depois vai me contar a razão disso, ok? - Assentiu. Dei um selinho nela e falei que mais tarde eu voltaria. Depois, descobri através de Rita que aquele tal de Queilon estava falando sobre mim para outro enfermeiro (safadezas de homem, como diz Rita), com certeza Raíra ouviu.
* * * *
Minha Mãe e Carmen me esperavam. Pedi para minha mãe ir embora descansar, ela aceitou. Pediu para eu ir ver meu "Pai Gui" amanhã em um jantar, concordei. Fiquei com certo nervosismo, sei que já o vi antes, mas é tudo tão.. estranho. Surreal!
--E ti? --Olhei para Car. --Não vai ir trabalhar, não?
--Está me mandando embora, Micaella? --Fingiu estar ofendida.
--Claro.. que não, Car. Contudo, suponho que faz um tempinho que não passa no seu ''Bar''. Deve estar falindo. --Brinquei. Sabia que Leo o gerenciava brilhantemente.
--Vira essa boca para lá! Leo está tomando conta de tudo, nasceu pra isso. E estamos indo muito bem, obrigada.
--Leo está fazendo um ótimo trabalho por lá mesmo, porque se dependesse de ti.. --Ela fez um sinal que ia me bater. --Qualquer dia apareço por lá. --Carmen é uma ótima empresária, mas tenho que provocar um pouquinho, né.
--Desde que Frank te pegou com a prima do seu 'Grude' (Henry) que você não apareceu mais lá nem em lugar nenhum..
--Pois é. Fiquei presa e condenada a morte. Eu só podia ir da empresa para casa e vice-versa. --Conversamos por quase meia hora e Car foi "trabalhar" um pouco para variar. Decidi aproveitar para passar em casa.
* * * *
Apartamento..
Minha Mãe ainda estava lá, me presenteou com dois celulares, um para mim e outro para Yaya.
--Acho que Yaya precisa aprender usar melhor.. - Nina falou.
--Eu ensino se ela quiser. Obrigada, Mamãe! A senhora não ia para sua casa? Foi dar umas voltinhas antes?
--Estava indo mesmo, quando me lembrei que havia comprado esses presentinhos mais cedo e esqueci de entregar. Pode fazer o favor de me ligar, Micaella? É demais pedir isso? --Tive que prometer ligar para ela poder ir embora. Fiquei conversando com Nina que logo tirou a minha felicidade, dizendo que iria embora para o litoral em dois dias e que hoje mesmo iria para um hotel, mas ao menos isso não permiti.
--Raíra irá também, né? - Perguntei meio em.. retórica, mas obtive uma resposta mais do que satisfatória.
--Por mim ela iria, Mika. Sério! Só a deixo ficar se ela realmente, realmente quiser e se você prometer cuidar muito, muito, muito bem da minha menina.
--Eu prometo, Nina! Vou cuidar muito, muito, muito bem dela.. que Recebe alta amanhã bem cedo.
--Hum.. Mas, e você? Vai dormir aqui? --Estava me analisando.
--Vou voltar para o hospital. Só volto pra cá com ela.
--Mika? --Só a olhei, esperando. Mães.
--Você não acha que tudo entre vocês está indo rápido demais, não? Nem se conhecem direito, já meio que "moram juntas" e nem "namoram" ainda pelo que eu saiba.
--O que sentimos é algo muito intenso, Nina. Ainda mais com tudo que passamos juntas. Sei que Raíra é a mulher certa pra mim e vice versa. Se ela quiser já saimos do hospital e vamos direto para o cartório, casamos e teremos 5 filhos: 1 biol..
--Micaella! Não força, tá?! Já entendi, mas dê tempo ao tempo. Vai indo por etapas: namoro, noivado, casamento e filhos. Yaya é nova demais e não conhece nada desse ''novo mundo'' em que se meteu.
-Ok, ok.. Irei com calma, Dona Nina! Sogras.. - Sorrimos. Trocamos mais umas palavras e nos despedimos. Mari dorme sempre 20:00h, então já estava dormindo há um tempinho.
* * * *
Hospital..
Yaya dormia tranquilamente, dei um beijinho em sua testa e me recostei na poltrona ao lado da cama. Era desconfortável (mas já dormi em meio a floresta), acabei cochilando depois de pensar em tudo.. quase.
Henry viajou comigo há cerca de três semanas. No meio da viagem, ele tentou me matar e acabou quase morrendo também. Acidente aéreo. Fomos parar no meio do mato, lugar onde tenho maior pavor e convivi/sobrevivi, me conheci melhor e conheci minha linda índia, além de pessoas maravilhosas. Tudo muito rápido, muito intenso e muito, muito bom. (Mesmo sem os "finalmente".) Acordei dos meus pensamentos/cochilo com Yaya me chamando.
--Mih.. Mika.. Micaella! --Chamava baixinho.
--Oi? Está tudo bem? - Perguntei assustada colocando a mão sobre ela. Foi a primeira vez que ela não me chamava de Avatí. Mas foi tão gostoso ouvir meu nome saindo da boca dela..
--Tá sim. Vem deitar comigo. --Chamou acariciando minha mão.
--Não pos..
--Pode sim! Aí é meio "sem jeito", Avatí! - Yaya me puxou para a cama.
Deitamos de conchinha com ela me abraçando. Sonho. Noite perfeita de sono! Dormi até de manhã cedinho, pensei que fosse pelo menos, Raíra veio me acordar e Dr. Sérgio já estava no quarto.
--Que bonito, né, Senhorita Mikaella. Dormiu com a minha paciente?
--Dormi com minha Mulher. - Retruquei, Dr. Sérgio e Yaya ficaram ruborizados. Gente tímida é uma graça. --Raíra já pode ir? - Mudei de assunto.
--Já concluímos os exames finais e já dei alta. Acho que ela só estava esperando você acordar.
--Nossa, que rápido! Nina ainda nem ch..
--Nina chegou pouco depois do Sol, Avatí.
--Que horas são agora? - Perguntei meio perdida.
--São quase 9 horas, Senhorita Micaella. Acabei de prescrever tudo que Srtª Raíra precisará. E quando será o retorno. Ok? - Não acredito que dormi tudo isso, devo estar parecendo um leão.
--Ok! Então, já podemos ir?
--Podem sim. Uma turma espera por vocês.
* * * *
A turma era Nina, Leo, Carmen, Mari e a imprensa, claro. Cumprimentei a todos e entramos no carro de Car, depois de certa dificuldade para passar pelos repórteres que queriam explicações sobre tudo.
--Como a imprensa descobriu?
--Parece que a história vazou por alguém daqui e deu nisso. - Me informou Car.
--Frank será transferido para uma penitenciária hoje mesmo. Parece que encontraram algumas provas e.. Henry o entregou também. -Nina falou.
--Ela é rápida mesmo. - Raíra comentou séria.
--Ela? Ela quem? - Questionei.
--Dona Yasmim veio me ver ontem depois que cê saiu. Me pediu o dossiê de Frank e disse que iria cumprir a promessa que fez a minha Mãe. Será minha advogada.
--Minha Mãe era uma ótima advogada, mas acabou se tornando administradora por causa das empresas de Frank. Mas voltou com tudo há alguns anos.. Bom, tu será muito bem representada. Espero que dê tudo certo.
--Também espero, Mih! Essa história já rendeu muitos capítulos. - Debochou Carmen.
Quando chegamos próximo ao condomínio tinha mais gente da imprensa por lá conversavam com aquele rapaz da portaria. Demos meia volta e seguimos para um hotel.. Precisava dar um jeitinho naquele guri.
. . .
Fim do capítulo
Continua..
Desculpa a demora.. *-*
Estamos na reta final.
O que estão achando?
* * *
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]