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Meus pedaços por Bastiat

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Palavras: 4301
Acessos: 2844   |  Postado em: 25/10/2020

O coração bate como batia

 

Isabel

    Sorri para o porteiro que liberava a minha entrada na emissora. Maurício Schmidt pediu uma carona mais cedo, então me faz companhia como um bom e velho amigo que sente um problema, mas prefere não entrar  o assunto até a outra parte sentir vontade de falar. No automático, guiei o meu carro para a mesma vaga de sempre. Estacionei com a minha boa habilidade no volante e saímos do automóvel. Parei para me admirar pelo reflexo da janela e ajeitar os meus cabelos. Pode parecer idiota, mas fiquei quase uma hora me arrumando em casa. Mais de 40 anos de vida e agindo como uma adolescente. O que eu quero com isso? Mostrar para Helena que eu estou muito bem, obrigada. Provar que já a superei por completo.

 

    No fundo, não posso dizer que estou perto deste feito. Se eu pudesse arrancá-la do meu coração, o faria. Mas fica impossível quando apenas a memória do seu cheiro amadeirado faz o meu coração disparar.

 

    Foi assim quando, após andar com o Maurício pelo corredor da sala de reunião do Atuando, adentrei o local e seu perfume entrou pela minha narina trazendo lembranças que eu lutei para não me recordar no último ano.

 

    Um choque. É assim que eu posso resumir a sensação que tive quando os nossos olhos se cruzaram. Eu que estava dando risada de alguma bobagem dita pelo meu amigo, tive que me desfazer do meu sorriso. Minha cabeça virou uma confusão jamais vivida por mim. Ali, a poucos metros, está a mulher que amo, mas que não tenho mais. A pele que o meu corpo sente falta, mas que não posso tocar. A materialização nítida da Helena depois de 12 meses vendo-a apenas pela janela do carro quando ia buscar a Gi.

 

    Busquei um auto controle que nem eu sabia que tinha. Onde encontrei a frieza que precisava para o momento? No inferno que se tornou a minha vida nos últimos meses do nosso casamento. Sempre foi automático: toda vez que pensava em ligar ou procurá-la, bastava lembrar daqueles braços a suspendendo no ar e sua risada alegre, para matar um pouco do amor que sinto.

 

    As três horas de reunião foram uma tortura. Senti a todo momento os olhos dela sobre mim. Em poucos momentos em que ela tentava focar nas palavras da equipe, era a minha vez de olhá-la e me reprimir pelo ato.

 

    Ao final do encontro profissional, descobri que a única coisa que me desestabiliza é o lado mãe da Helena. Me vi nela quando encerrei a ligação da minha babá que informava que a Giovanna estava passando mal. Sua preocupação estampada em seus grandes olhos castanhos me fez enxergar alguém que eu ignorei. A apresentadora é e sempre será a mãe da Gi. Meus pensamentos nunca foram de egoísmo ou vingança, eu apenas quis proteger a minha filha da mesma decepção que eu tive com essa mulher.

 

    Pensei que tinha encerrado o nosso breve contato ao começarmos a discutir para ver quem iria ao hospital, mas o dia me reservava mais uma surpresa.

 

    - Isabel, por favor, sem brigas... - Me doeu ver a Helena praticamente implorar.

 

    Coração de pedra até certo ponto. Nunca tive e não será agora que terei um.

 

    Quando dei por mim, me vi dentro do meu carro para ir ao hospital junto com o Eduardo e Helena no dela para me acompanhar.

 

    Mais algumas horas ao lado dela, pensei.

 

    Não me preparei o suficiente para isso. O meu coração aperta com tanta pressão de todos os lados e eu tendo que ceder. Sem saber como agir, fugir foi a única solução que encontrei.

 

    - Mas o que é isso? Você está louca, Isabel? Para o carro! - Edu assustou-se.

 

    Segui com uma velocidade um tanto acima do permitido pelo estacionamento e quando tive acesso à rua, pisei mais fundo.

 

    - Larga o carro, Isa! Você não está em condições nenhuma de dirigir. Quer nos matar? PARA!

 

    A minha adrenalina baixou quando ouvi o grito do ator. Imediatamente encostei o carro e respirei fundo.

 

    - Eu estou ficando louca, Edu - falei tentando controlar a minha respiração.

 

    Com admirável compreensão, meu velho amigo tirou o meu cinto de segurança e eu entendi que deveria dar a direção para ele.

 

    Após a troca de lugares, como uma criança que tomou uma bronca do pai, me recolhi no banco do passageiro.

 

    Antes do carro começar a andar, vi Eduardo responder alguma mensagem no celular.

 

    - O Maurício vai com a Heleninha.

 

    - Puta que pariu, esqueci do Mau. Que mierda!

 

    - O que está acontecendo, Isabel? Você está totalmente descontrolada.

 

    - Helena - confessei apenas pronunciando o nome.

 

    - Mas a Helena não fez nada. Quem deveria estar descontrolada assim era ela. Só vi você indo para cima dela de maneira até covarde.

 

    Escondi o meu rosto com uma certa vergonha pelas minhas atitudes. Ninguém entende. Ninguém estava comigo nos momentos mais difíceis. Eu escolhi me mostrar forte, aguentei tudo até quando deu, mas pago um preço alto pelas minhas atitudes. Ou a falta delas.

 

    Em silêncio seguimos até o hospital.

 

    Chegando no local, conversei rapidamente com uma enfermeira para saber o estado de saúde da minha filha. Ouvi mais uma bronca do Eduardo que me fez esperar pela minha ex para visitar a Giovanna. O que pacientemente o fiz.

 

    Ver a Gi feliz com a presença de nós duas foi o que bastou para cair a minha ficha sobre a proposta da Helena de dividir as nossas semanas. Porém, quando a pequena, em um ato inocente, uniu as nossas mãos, senti queimar-me por dentro. Foi aquela sensação gostosa que só a paixão pode nos proporcionar com um toque. Seus dedos deslizando pelos meus e seu aperto foram o suficiente para descobrir que no fundo a apresentadora ainda me tem. Quando pensei em corresponder o seu gesto, o meu coração apertou e a ferida se abriu. Neste momento algo ficou claro para mim: eu nunca vou conseguir perdoá-la. O seu carinho virou algo indigesto que me intoxicou apenas com sua presença.

 

    A palavra "recepção" ao sair da boca da doutora foi um alívio. Era a minha chance de me recuperar do efeito ‘Helena Carvalho'. Nervosa, sem forças para caminhar, parei no meio do corredor para conseguir me acalmar. Pelo menos foi o que eu pensei que faria, mas tudo saiu do controle.

 

    - Isabel.

 

    A voz suave de Helena soou como música aos meus ouvidos, mas o toque em meu braço me fez ficar tensa. Percebendo isso, a apresentadora retirou a sua delicada mão de mim.

 

    - O que estás haciendo aqui? - Perguntei nervosa.

 

    - Não é o melhor local, nem o melhor momento, mas é a melhor oportunidade. Nós precisamos conversar.

 

    Conversar? Conversar sobre o quê? Será que ela percebeu alguma coisa?

 

    - ¿Ahora? Eu tenho que ir à recepção - foi a única desculpa que veio na minha cabeça.

 

    - Nós não terminamos a nossa conversa porque fomos interrompidas pela ligação da babá. Eu realmente não quero te tomar a Gi, como você me acusou.

 

    Alívio foi o que senti ao saber que o assunto é sobre a Giovanna. Fiquei tão tranquila que me permitir me perder em seus olhos cheios de ternura.

 

    - Está tudo bem, Helena. Se a Giovanna quer morar com você, deve ter um bom motivo.

 

    Eu só queria encerrar aquele contato.

 

    - Mas ela não quer exatamente morar. Sua vontade é de apenas ficar mais tempo comigo.

 

    - Vai sugerir de novo que ela passe uma semana na casa de cada uma?

 

    - E você enxerga uma solução melhor? Pensa só um pouquinho.

 

    Eu estou tão perturbada com o leque de emoções do momento. Faço um esforço enorme para conter minhas lágrimas que imploram para sair. Eu não estou em mim. Não consigo parar para pensar. Inútil. Uma lágrima escapou.

 

    Helena aproximou-se e vi quando sua mão veio na direção do meu rosto. Medo. Freie o seu gesto, desviei e evitei sentir o seu carinho de novo.

 

    - Não me toque, Helena. Por favor, afasta-se.

 

    Implorei. Eu não sei se conseguiria resistir.

 

    - Você não vê que o melhor para a Gi é que a gente se una como mães dela? Viu a felicidade da nossa pequena apenas por nos ver no mesmo ambiente? Poderíamos até marcar algum dia do mês para jantarmos juntas como uma família.

 

    - No, no, no - me desesperei. - Essa proximidade é demais para mim. Yo no puedo, no quiero.

 

    Essa conversa está tomando outra proporção e a culpa é minha por não conseguir controlar os meus sentimentos. Quando se trata de Helena, nunca consigo.

 

    - Então você prefere me entregar a nossa filha do que ao menos tentar conviver comigo? Nós já teremos de conviver pelo Atuando, porr*.

 

    Por um momento me esqueci até de que nos próximos meses terei que sentir seu perfume por perto, ouvir sua voz, conviver, talvez tocá-la.

 

    - Estive realmente pensando se vou conseguir trabajar contigo.

 

    - Isa, - fiz uma careta ao ouvi-la me chamar com carinho - não é preciso parar a sua vida por causa de mim. Tudo o que você está fazendo reflete na Gi e em você também. Será que você não percebe isso? Me desculpa te jogar isso na cara, mas uma coisa é fato: você está usando a nossa filha para se vingar de mim.

 

    - Quem está usando a Gi agora, Helena? O que você está me pedindo é um sacrifício. Depois de ser traída da forma que fui, me pergunto se devo realmente aguentar tudo isso que vivi hoy.

 

    - Não seja dramática, Helena. Muda esse argumento de traição. Nada do que fiz ou deixei de fazer vai mudar o fato de que temos um laço eterno que é a Gi. Para que tudo isso?

 

    Mais uma vez me veio a gravação da final última temporada do Atuando.

 

    "- Deixa a Isabel pra lá - ouvi Helena dizer.

 

    Eles riam de alguma coisa. Ou pior, de mim. Me incomodei na hora.

 

    - Hum... isso daqui está uma delícia. Foi você mesmo que fez?

 

    Vi que a meu amor comia um bolo que ele confirmou com a cabeça ter sido feito por ele.

 

    - Me inspirei em você.

 

    Ouvi um grito fraco de surpresa. O que vi foi o Gustavo suspendendo a Helena pela cintura e girando-a.

 

    - Me coloca no chão, Gustavo!

 

    Ela ordenou, mas o fez rindo de toda situação.

 

    Quando pensei em sair de lá para esquecer essa bobagem, dei uma última olhada para eles.

 

    Quebrei-me inteira quando o participante colocou suas mãos na cintura fina da Helena. A cena a seguir passou em slowmotion: eles se beijaram."

 

    - Tudo isso? ¿Usted realmente cree que es poco? Traición, Helena. Toda que vez que olho para você, é nos braços de outro que te vejo. Quando sinto sua pele tocar a minha, imagino com quantos você me traiu e depois fez o mesmo ato. Es un tanto infantil, pero así es como me siento.

 

    Perdi o controle. Com o peito rasgado pela dor da perda, gritei perto de seu rosto uma confissão que veio do fundo da minha alma:

 

    - VOCÊ ME DESTRUIU. VOCÊ ME FAZ MAL.

 

    Perdi o contato visual com a baixinha imediatamente. Helena desconsertou-se de uma forma que eu jamais tinha visto antes.

 

    Estávamos tão próximas que senti sua respiração se descontrolar causado pelo nervosismo. Por míseros segundos olhei para a sua boca. Senti vontade de tomar seus lábios para acalmar o seu coração.

 

    Eu não consigo controlar o meu desejo de protegê-la.

 

    Cada vez mais atraída, minha boca implorava por sentir seu sabor, mas quando estava prestes a beijá-la, Helena deu um passo para trás e fechou os olhos.

 

    Engoli seco. Me censurei mentalmente. Esperei até que ela dissesse algo.

 

    - Você tem razão. Não é possível a nossa convivência fora do âmbito profissional. Mas eu insisto: pense na Gi. Ela realmente não pode ficar entre as nossas brigas. Uma semana com você, outra comigo. A cada segunda uma leva para a escola e a outra busca. Nesta segunda você leva e eu a busco para passar a semana e o final de semana comigo. Na outra segunda eu levo e você a busca para ficar contigo. Assim evitamos qualquer contato que não seja profissional. É o certo, Helena.

 

    Confusa pelo seu tom de voz magoado, sem saber o que dizer, me limitei a pensar na nossa filha.

 

    - Será que a Gi quer isso?

 

    Com um sorriso triste e sem olhar para mim, respondeu:

 

    - Não afaste a sua filha de si própria. Eu sei o que você está fazendo. Eu estava lá quando surgiram os seus questionamentos sobre termos um filho. Sei quão insegura você pode ser quando lembra da sua mãe. Faça diferente.

 

    Abracei o meu próprio corpo na tentativa de mais uma vez me perdoar por deixar que meus pensamentos negativos falassem mais alto.

 

    - Segunda-feira você pode ir buscá-la. Na outra segunda será a minha vez.

 

    Esperei algum sorriso ou mais palavras. Desejei uma trégua.

 

    - Eu vou me despedir dela no quarto, então. Cuida bem da nossa pequena.

 

    Tarde demais para mais conversas. Helena me deixou no meio do corredor.

 

    Ainda fiquei parada e levei a minha mão esquerda à boca. Senti um vazio. Alguns minutos com a Helena perto de mim e já queria beijá-la.

 

    Escorreguei pela parede e sentei-me no chão. Um desastre, é como posso resumir todo o ódio que cultivei para esquecê-la. O amor que sinto por ela ainda corre pelas minhas veias.

 

    - Senhora? Está tudo bem?

 

    Olhei para uma enfermeira que demostrava preocupação pela cena. Levantei-me com certa facilidade, não gosto quando as pessoas sentem pena de mim.

 

    - Eu estava... descansando - tentei sorrir. - Com licença, eu preciso ir à recepção para assinar a alta da minha filha.

 

    Sem me despedir da moça, saí pelo corredor afora.

 

    Encontrei Eduardo e Maurício batendo um belo papo, sentados na cadeira de espera. Tranquilizei-os sobre o estado de saúde da Giovanna e que já estou ali para assinar a alta.

 

    Senti o perfume da Helena enquanto resolvida todos os imbróglios e me acertava com o hospital. Olhei de maneira rápida apenas para tentar captar se a espécie de conversa que tivemos teve o mesmo efeito pesado nela. Não consegui decifrar nada.

 

     Depois de assinar os papeis, retornei para o quarto e fiquei contente ao perceber que tudo não passou de um susto, minha filha está realmente bem.

 

    Giovanna aconchegou-se em meu colo na saída e junto com o Maurício e a Nina fui para o meu veículo.

 

    O caminho de casa foi longo e silencioso. Assim que coloquei os pés para dentro do apartamento, agradeci a Nina por cuidar tão bem da minha pequena e ela foi para sua casa. Levei a Gi para o seu quarto, dei banho e a ajeitei na cama. Saí do quarto prometendo trazer uma sopa leve.

 

    Contei com a ajuda do Maurício e preparamos uma sopa cremosa de legumes. Foi um momento de descontração. Meu amigo conseguiu me distrair pelo dia pesado com algumas lembranças da sua infância e começo de carreira. Quase tudo eu já sabia, mas não liguei. Somente o  agradeci pelo momento.

 

    Quando ficou pronta, me despedi do ator na cozinha mesmo e subi até o quarto da minha filha. Mais uma vez fiquei aliviada por vê-la comer tudo e sua aparência estar normal.

 

    O relógio marcava 21:26 quando terminei de dar a sopa à Giovanna.

 

    - Estava boa, mi amor?

 

    - Nota 8 - respondeu sorrindo.

 

    - Ocho? É uma nota muito boa. Devo considerar então que essa sopa foi a melhor que fiz na minha vida, mas confesso que tive a ajuda do tio Maurício - passei a minha mão em sua bochecha.

 

    - Eu sei que você fez mais coisas, mamá - bocejou em seguida.

 

    Fiz a Gi levantar-se para escovar os dentes antes de colocá-la para dormir e em poucos minutos voltamos para o seu quarto.

 

    - Mamá, por que a mamãe não veio cuidar de mim também?

 

    Às vezes me sinto tão mal por ver que a minha filha não entende a separação. Pudera, uma criança que na época tinha apenas 4 anos foi jogada em uma ruptura nada sadia e viu sua vida mudar de uma hora para outra sem que pudesse ter voz.

 

    - Hija, eu conversei com sua mamãe hoje e as coisas vão a cambiar um poquito.

 

    - Vocês voltaram? - seu sorriso foi de orelha a orelha.

 

    Encarei os seus olhos esperançosos e me doeu ter a certeza de que uma possível retomada do meu casamento é algo inatingível.

 

    - No, mi amor. Sua mamãe e yo continuamos separadas. Mas você lembra do que te disse? Nuestra separação no tiene nada a ver com você.

 

    Giovanna cobriu-se com seu cobertor para que eu não pudesse vê-la.

 

    - Que vá a cambiar, mamá? - Perguntou com a voz abafada.

 

    Com cuidado, tirei o cobertor do seu rosto e ajeitei o seu cabelo.

 

    - Eu e a Helena decidimos que você passará uma semana com ela e uma semana comigo.

 

    - Uma semana inteira? - sorriu.

 

    - Sí - consegui sorrir também. - Nesta segunda, sua mamãe vai buscá-la na escola e tu poderás ficar com ella até a outra segunda. Na outra semana será a nossa vez de ficarmos juntas e assim serão as próximas semanas.

 

    - Já que não posso ter as duas juntas, me parece legal.

 

    Fiquei abraçada com ela por alguns minutos e beijei a sua testa quando seu sono começou a pesar.

 

    Esperei que ela adormecesse com mais profundidade e a cobri com carinho.

 

    O cansaço do dia bateu em mim quando atravessei a porta do quarto de Giovanna.

 

    Caminhando com certa lentidão, resolvi me alimentar com um pouco da sopa antes de tomar banho e dormir.

 

    - Cazzo, que susto! Pensei que você já tivesse ido para casa.

 

    Para a minha surpresa, Maurício está sentado no sofá da minha sala mexendo no celular.

 

    - Não vou sem antes me certificar de que você está bem. Quando terminou a sopa, seu olhar ficou triste de novo.

 

    Sentei-me ao seu lado e meu amigo abriu o seu braço para me acolher.

 

    - Estoy bien, não se preocupe.

 

    Escutei a sua risada de leve, indício de que ele não se convenceu.

 

    - Dia corrido, não?

 

    Não o respondi. Sei perfeitamente que ele quer me fazer falar sobre o dia de hoje que eu quero esquecer. Como em um código nosso, ajeitei-me em seu ombro e aproveitei o carinho que ele fez em meus cabelos para fechar ao olhos e descansar.

 

    - Isabel...

 

    Estranhei o seu tom de voz. Maurício sempre fica quieto, ele sabe que eu prefiro assim.

 

    - ¿Qué...?

 

    - Você sabe que eu peguei carona com a Heleninha, né?

 

    Me remexi incomodada com o assunto. Resolvi sair de seu abraço para prestar atenção na conversa.

 

    - Desculpa, eu esqueci que você foi comigo para a emissora. Estava com pressa para ver a Giovanna - disfarcei para tentar não entrar no assunto.

 

    - Sem problema, Isa - sorriu de lado.

 

    Estudei o meu amigo por algum tempo. Sempre tão falante, a sua falta de palavras me irritou.

 

    - Fala logo, Maurício. ¿Qué pasa, carajo?

 

    - Sei lá... é que... porr*... - enrolou o quanto conseguiu. - Você já parou para pensar que a Helena pode ter falado a verdade? Que aquele beijo com o babaca lá pode ter sido uma confusão?

 

    - Cazzo! Até você agora? 20 minutos trancado em um carro com ela e já caiu no seu papinho?

 

    - Não é assim também, Isabel. Eu nunca fui de me meter muito na história de vocês. Nós nunca fomos a fundo nesse assunto porque sempre respeitei a sua dor e continuo respeitando. É só que, bem, conversando com ela, aparentemente a versão faz sentido.

 

    - Está tarde, não? Preciso dormir.

 

    Quis fugir do assunto, mas Maurício estava disposto a conversar.

 

    - Espera, Isa. Tem noção de que você pode estar sendo injusta? Eu te dou toda razão do mundo por ter visto um cara que nitidamente dava em cima da sua mulher a beijando. Desde o começo do programa ele tentava alguma coisa com ela e percebia o quanto isso te machucava. Enquanto muitos naqueles bastidores não sabiam o que estava se passando com você, eu procurei te cercar pois uma hora tudo iria desabar. Eu te entendo. Mas só pensa: e se o infeliz sabia que você estava olhando e agarrou a Helena para provocar?

 

    Dei um sorriso irônico para ele e balancei a cabeça indignada.

 

    - Eu nunca fui chamada de burra de maneira tan grotesca. Acha que eu não perceberia isso? Eu não me separei apenas por vê-los juntos.

 

    - Não? - Assustou-se.

 

    - No - confirmei.

 

    - Foi por que, então?

 

     Escondi o meu rosto entre as minhas mãos. Eu sinto vergonha pelo assunto. Foi exatamente quando tudo começou a mudar entre mim e a Helena. O momento exato que eu acordei para tantas mentiras no meio de uma vida perfeita.

 

    - Isabel?

 

    - O que foi, Schmidt? - Perguntei sem paciência.

 

    - É sobre aquilo que aconteceu? Tem alguma relação?

 

    - Não. Você sabe muito bem não. Aquilo não passou de uma bobagem e é mais uma coisa que eu prefiro esquecer.

 

    Senti a sua mão no meu cabelo. Um pedido de calma.

 

    - Fala o que aconteceu, Isa. Confia em mim, sou seu amigo.

 

    - Esquece, Maurício.

 

    - Que esquecer, porr*. Você precisa desabafar. O que está além daquele dia do beijo?

 

    Levantei a minha cabeça abruptamente e o encarei.

 

    - Para quê? Para você sair daqui correndo e ir contar para a Heleninha? - Ironizei a forma como ele a chamou. - Você agora não é mais um defensor dela? Mais um confidente? Vá perguntar para ela - disse apontando o meu dedo indicador para a porta. - Está tarde, eu preciso ficar sozinha e cuidar da minha filha. Nos vemos depois.

 

    - Você é teimosa demais, Isabel.

 

    - Sou! Chame o meu sentimento do que você quiser. Não ligo, estou calejada de ouvir que sou isso, sou aquilo, tudo de ruim. E confesso que esperava essa atitude de qualquer um, menos de você. Logo de quem, como disse, percebia algo de errado no ar. Agora você pode me dar licença? - Falei já me levantando.

 

    - Certo, já vou. Eu sei que não deveria ter entrado nesse assunto, mas eu tinha que tentar te entender, talvez fazê-la enxergar algum mal-entendido. Eu não imaginava ter algo a mais, não posso ser culpado por isso. Sou seu amigo, Isabel, não quero deixar de ser. Se um dia você quiser voltar nesse assunto, saiba que estarei pronto para te ouvir sem julgamento. Acho que já te mostrei que sou de confiança. Mas enquanto isso, quero que entenda que estou de braços abertos para continuar te acolhendo.

 

    Mierda! Eu fui tão estúpida com o Maurício. Precisarei tanto dele para encarar o Atuando, assim como eu precisei da sua amizade para não sucumbir totalmente à tristeza.

 

    O ator levantou-se e se dirigiu à porta.

 

    - Desculpa, Mau. Eu só... esse assunto me deixa irritada. Você não tem nada a ver com isso e acabei sendo grossa. Perdoa-me? - Tratei de encerrar o assunto da minha maneira.

 

    - Relaxa, espanhola. Só peço que mantenha o foco no trabalho e pegue leve com você com a volta do programa. Uma boa conversa esclarece mais coisas do que a nossa visão consegue alcançar.

 

    Maurício me deu um abraço rápido, deixou um beijo na minha testa e seguiu o seu caminho.

 

    Diferente do que ele pensa, referente a sua última frase, a minha visão conseguiu alcançar o que eu não queria ter a certeza.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

Lá vem a convivência nos próximos capítulos...


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Comentários para 6 - O coração bate como batia:
GabiVasco
GabiVasco

Em: 09/11/2020

A última frase... curiosíssima com o que aconteceu porque é estranho que seja só o beijo

Responder

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Mille
Mille

Em: 25/10/2020

Oi autora 

Isabel não aceita a Helena, na sua cabeça está a cena da traição. O que piorou a Helena mentir para ela. 

Giovana ficou feliz com as duas mães juntas, acho que a pequena vai fazer a Isa dar uma chance a Helena. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Oi, Mille!

Pois é, eu não acreditaria tanto na pequena ajudar. Mas quem sabe.

 

Beijos.

Responder

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Baiana
Baiana

Em: 25/10/2020

Rapaz,que será que aconteceu que é pior do que ver um sujeito beijar sua mulher? Seja o que for,a Isabel agiu e continua agindo como criança,pois só acusa a Helena e não fala das suas supostas certezas das traições.

Helena bem que poderia arrumar outra,quem sabe assim a Isabel cresça um pouco


Resposta do autor:

O ranço pela Isabel começando hahahaha. Gosto.

 

Abs.

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