MARI e ANA por MahLemes
Oiee!!!
Capítulo novo para vocês!!!
Esse é grandinho. Espero que vocês gostem da surpresa que tem nele.
Beijos!!!
Capitulo 18 - Fazenda
Capítulo 18 - Fazenda
No dia seguinte saí com as meninas. Fomos ao parque fazer um pique nique, aproveitamos e mais tarde fomos à uma das festas de fim de período da faculdade. O tempo todo eu olhava o celular para confirmar se não havia nenhuma mensagem da Márcia. As meninas estavam até desconfiadas do tanto que o olhava. Resolvi inventar que uma tia minha não estava muito bem e ficaram de me dar notícias caso o quadro dela mudasse.
Na sexta feira saíram as últimas notas e descobrimos que estávamos oficialmente de férias. Tanto a Ju quanto a Nanda aproveitaram para ir para suas cidades e ficamos de combinar em qual delas nos encontraríamos na última semana de férias. Ambas eram de cidades pequenas do interior, não mudaria muita coisa, mas a vó da Nanda morava em uma fazenda, então era mais provável de irmos para lá. Fui para a casa delas para almoçarmos e depois levá-las à rodoviária, já que seus ônibus saíam com poucos minutos de diferença.
Quando estava entrando no carro para voltar para casa, meu celular tocou. Meu coração pulou no peito até eu conseguir tirá-lo do bolso e olhar a tela. Era uma mensagem, mas não era da Márcia. Era a Rafa no grupo das meninas chamando para irmos para a fazenda de um parente dela que eu nunca tinha ouvido falar. Ritinha, Camila e Juliana responderam na hora que sim. Decidi não abrir a conversa para poder pensar numa desculpa, pois não tava afim de sair. Queria ficar quietinha em casa com minhas séries e meu acesso à internet, caso recebesse alguma mensagem de um certo alguém. Antes mesmo que eu conseguisse dar partida no carro meu telefone tocou outra vez. Agora era uma ligação da Rafa.
-Fala, dona Rafaela!
-Você não olha suas mensagens não, Mariana? -Ela fingiu brigar comigo.
-Eu até olho, mas não quando estou dirigindo. -Menti descaradamente. -Tô indo para casa.
-Onde você tá?
-Uai, virou o Google agora, pedindo minha localização? -Ri para ela não levar a mal a brincadeira.
-Ô sua grossa. É que tô aqui naquela sorveteria que você gosta com a Ritinha. Passa aqui. -Ela respondeu justificando.
-Sabe me ganhar, né?
-São muitos anos de convivência com a gordinha da lancheira, amiga. Impossível não saber. -Rimos as duas.
-Já já estou aí. Beijos.
-Beijos. Anda logo.
Tinha almoçado já tinha um tempo, um sorvetinho cairia bem naquele calor. Fui até animada para a sorveteria.
-Oi, meninas. -Dei um beijo em cada uma delas.
-Oi, sumida. Esqueceu que tem amigas? Recusou todos os nossos convites depois daquele fim de semana. A gente fez alguma coisa pra você? -Ritinha logo perguntou.
-Que nada, Ritinha. Eu tava era estudando mesmo. A faculdade tava fácil não. Mas ao menos pagou a pena. Passei sem exame.
-Aí sim! Isso merece comemoração, amiga. Amanhã cedo vamos para a fazenda da tia da Verônica. Você lembra dela?
-Verônica? Acho que não, Rafa.
-Ô, amiga, aquela minha prima que foi até para o exterior fazer uns cursos de dança. Eu vivia falando das apresentações dela pra vocês.
-Aaa, sei sim. Não lembrava o nome dela. Uai, ela voltou pro Brasil?
-Voltou não. Ela tá de férias. Tá super bem lá. Além de fazer os cursos com um povo chique lá ainda dá aulas para crianças. Ela vive fazendo teste para as companhias de dança. Nessa última ela chegou até a etapa final. A mãe dela disse que os professores estão muito confiantes para as próximas peneiras.
-Nossa, amiga, que coisa boa, hein? E ela tem o que, uns 20 anos?
-Tem 21. Ela tem muito talento e é muito dedicada. Tem dia que ela ensaia umas dez horas fora as aulas que ela dá.
-Nossa, tem que gostar mesmo, né? Já pensou ficar mais de dez horas do dia fazendo a mesma coisa?
-É, Ritinha, eu me espelho muito nela. Além de ser talentosa e esforçada ela ainda é super humilde. Se você conversar com ela nem imagina que ela tem a cultura que tem e nem o talento. Graças à Deus isso não subiu na cabeça dela.
-Que ótimo, Rafa. Ela deve ser bem gente boa pelo que você fala então.
-Demais, Mari. Tem uns dois anos que não nos vemos. Sempre nos falamos por mensagem, mas pessoalmente faz tempo. Aí como ela saiu daqui já tem tempo ela e minha tia disseram pra eu convidar algumas amigas pra gente passar uns dias na fazenda com ela. Vamos? Aí fazemos uma festinha só nossa para comemorar sua passagem de período.
-Até parece que você precisa de motivo para fazer festa, né, Rafa. -Ritinha disse e rimos as três.
-Ai, amiga, não sei. Quantos dias estão pensando em ficar? -Respondi indecisa.
-Uns três ou quatro só. A Vê vai ficar aqui só uma semana. Depois vai pra outra cidade visitar a outra parte da família dela.
-Vamos, Mari. Vai ser legal. A Ju e a Camila já concordaram. -Ritinha insistiu.
-Então vamos. O que precisamos levar?
-Aeeew! Só as bebidas mesmo. A mãe da Vê disse que lá tem tudo. Horta, galinha, vaca, fazem queijo. Ela vai levar só farinha, fubá e polvilho pra irmã dela fazer umas quitandas pra nós. Diz ela que quando levam coisa a cunhada dela fica toda ofendida. Até matar porco e vaca mataram quando souberam que a Vê estava vindo.
-Menina, então vamos passar bem demais. Não tem coisa melhor que comida fresca de fazenda. -Eu disse já imaginando aquela mesa farta com um monte de comida.
-E a gordinha da lancheira ataca novamente. -Ritinha brincou.
-Falar em gordinha da lancheira eu vou lá pedir meu milkshake, com licença. -Disse rindo e fui até o balcão fazer o pedido.
***
-Anda logo, Ju! A Rafa já tá na saída da cidade com a tia dela esperando a gente. -Eu gritei da porta da sala.
-Tô indo, meu Deus. Tô procurando meus óculos escuros. -Ela gritou de volta.
-Já te falei que eles estão na primeira gaveta do seu guarda roupas, filha. -A mãe da Ju gritou do pé da escada. -Mari, vai com cuidado, viu? E quando chegar lá dá notícias.
-Pode deixar, tia. Assim que chegar ligo pra minha mãe e ela passa o recado pra frente. Lá só funciona o telefone deles na antena, então não vamos ficar ligando. A Ju te passou o número, né?
-Passou sim. Vou ficar esperando. Ela disse que são umas duas horas de carro, né?
-Isso mesmo, mas pode ser mais se a estrada de terra tiver ruim. A mãe da Vê falou com a irmã e parece que a última vez que passaram estava boa, então estamos torcendo.
-Tá bom então, Mari. Pode ir pro carro fazer companhia para a Camila que vou lá buscar a Juliana pela orelha. -Ela disse sem paciência com o atraso da filha.
-Já tô aqui, mãe. Precisa buscar não. -Juliana respondeu descendo as escadas.
Depois de abraçar ela umas mil vezes e mandar ter juízo outras mil, saímos para pegar a Ritinha que já estava no portão. Não sem antes a Ju fazer a Camila trocar de lugar com ela para ela ir na frente, como sempre. Assim que parei na porta notei que o Jeep da Márcia saía da garagem e descia a rua sem dar tempo nem de ver ela direito.
-Ué, a Ma saiu sem falar nada. Achei até que ela viria aqui pra te ver. -Ritinha disse surpresa.
-Sei não, Ritinha, a última vez que a vi foi um pouco estranho. Ela ficou de me mandar mensagem para conversarmos melhor sobre o que tinha acontecido, mas pelo visto foi só desculpa. -Respondi pensativa.
-Vocês se viram de novo então? - Ju perguntou um pouco ríspida.
-A Má me ligou pra pegar o número dela na terça, acredita?
-Do nada assim? -Ju continuou.
-Na verdade nos encontramos na faculdade. -Contei sobre tudo que havia acontecido, menos sobre nosso momento quente na água.
-Pois eu não acho uma boa ideia você ficar com ela. Vai acabar com fama de sedutora de professora. -Ju disse.
-Ô Ju, para com isso. Nada a ver, Mari. Você tem que ligar pra ela. Vai que ela tá esperando você ligar.
-Mas ela disse que ela iria entrar em contato. Não vou ficar correndo atrás dela, Cá. Não quero ser a pegajosa. Afinal não temos nada. E também, se ela quisesse mesmo falar comigo ela tinha aproveitado pra falar comigo lá na porta da Ritinha. Ela sabia que eu ia te pegar aqui, não sabia?
-É, ela sabia -Respondeu Ritinha.
-Ela tá é brincando com você. O que uma mulher feita como ela vai querer com uma menina de 19 anos?
-Nossa, Ju, você tá negativa hoje, heim? -Ritinha estressou.
-Só tô falando a verdade. Ela tem uma carreira, dinheiro. Pode ter a mulher que quiser. Pra que ela vai arrumar problema com uma aluna da faculdade?
-Por esse lado ela tem razão, Ritinha. Talvez só não me deu o pé pra não me magoar por sua causa.
-Mas assim é muito pior que dar o pé na bunda de vez, né, Mari. Pode deixar que quando voltarmos eu vou falar com ela. Ou caga ou desocupa a moita, né?
-Não, Ritinha, deixa isso. Melhor não se envolver. Não quero mexer na relação de vocês. Nós nem devemos nos cruzar mais. Ela não vai me dar aula e aquele dia foi uma coincidência.
-Acho que aquele é o carro da mãe da Rafa, Mari. -Juliana disse mudando de assunto.
-É ele sim. Vou parar ao lado e você fala com elas, Ju.
-Oi, tia Sílvia! -Juliana disse.
-Oi, meninas! Podemos ir?
-Podemos sim, tia. Vai na frente nos guiando. -Entreguei meu telefone para Ju -Manda mensagem pra minha mãe avisando que estamos saindo, por favor.
-Mando sim. -Ela pegou o telefone e ficou mexendo um tempo a mais nele.
-Encontrou o contato dela não? Tá logo aí em cima. Mandei mensagem agora a pouco.
-Achei aqui. Pronto. -Ela respondeu e me entregou o celular com uma cara meio estranha.
-Agora me atualizem da vida de vocês. Como anda a faculdade, os rolos, as festas. Mal nos falamos depois daquele fim de semana. -Eu disse para puxar conversa.
***
-Parece que chegamos. -Disse Ritinha de queixo caído.
-Uaau. -Foi tudo o que consegui dizer.
A fazenda era linda. O casarão era daqueles antigos que se vê nas novelas. Com portas e janelas grandes, com uma varanda enorme circundando toda a casa. Próximo à casa era tudo gramado e com flores. Apenas o caminho onde passava o carro era de um cascalho de rio. Uns 50 metros da casa podíamos ver um estábulo e parte de um cercado, onde havia cavalos pastando. Ao lado do estábulo tinha uma horta toda cercada. Mais para trás do estábulo parecia haver outra construção, mas não dava para ver bem. Árvores cercavam o perímetro da casa, fazendo parecer que estávamos numa clareira no meio da floresta. Estacionei o carro ao lado do de Sílvia e descemos. Estávamos tão admiradas com a beleza do lugar que nos esquecemos de cumprimentar Verônica e sua mãe, que haviam ido com Sílvia e Rafa.
-Meninas? Essas são a Teresa e a Verônica. -Rafa disse tentando nos acordar.
-Nossa, desculpa, estava babando aqui na beleza da fazenda. -Respondi envergonhada beijando as duas. Ju, Ritinha e Camila fizeram o mesmo.
Logo saiu uma senhora bem simples de dentro da casa.
-Tia Bia, quanto tempo! Saudade de você. -Verônica foi correndo abraçá-la.
Verônica nos apresentou à tia, que não parecia pertencer àquele lugar tamanha a simplicidade e humildade dela. Nos recebeu muito bem e nos levaram para dentro ajudando com as coisas.
-Meninas, vocês preferem ficar cada duas em um quarto ou todas juntas na sala? -Bia perguntou.
-Todas juntas, tia. É mais divertido. -Respondeu Rafa toda animada.
-Vou pedir para a Neide arrumar lá pra vocês mais tarde. Mas deixem as malas nesse quarto aqui pra ficar mais espaçoso lá. Aí podem ficar à vontade para usarem esse banheiro aqui para tomarem banho quando quiserem. As toalhas estão em cima das camas. Sílvia, preparei um quarto para você e outro para a Teresa lá em cima, perto do meu e do Heitor. Deixar as meninas à vontade aqui para fazerem a bagunça que quiserem.
-Obrigada, tia! -Verônica respondeu alegre.
-Vamos lá para a cozinha que preparei junto com a Neide um café da manhã de roça pra vocês. Leite direto da vaca, ovo caipira, pão de queijo, queijo que o Heitor mesmo fez, biscoito e tudo mais que tem direito.
-Ai, meu Deus, é um sonho mesmo isso.
-Aô gordinha da lancheira -Ritinha brincou comigo.
-Gente, falei isso em voz alta? -Fiquei até roxa de vergonha.
-Fica tranquila, Mari, não é só você que tá sonhando com essa comida não. Eu quase morro de saudades das comidas daqui do Brasil. Tem muita comida boa lá fora, mas nada se compara com o nosso tempero. -Verônica disse.
Chegamos à cozinha e tinha uma moça de uns 40 anos tirando o leite do fogo e colocando na mesa que tinha tudo que a Bia tinha falado e mais um pouco.
-Meninas, essa é a Neide. Ela me ajuda aqui na casa desde que tinha uns 16 anos, né, Neide?
-É sim, dona Beatriz. Oi, meninas. Qualquer coisa que precisarem é só me chamar, viu?
-Oi, Neide, você lembra de mim? -Verônica perguntou um pouco tímida.
-E como esquecer, Verônica? Me atentava o tempo inteiro querendo comer doce quando passava as férias aqui. E não mudou nada a carinha. -Neide respondeu indo abraçar Verônica.
-Você sabe do meu pai, tia?
-Ele deve tá lá no estábulo dando uma olhada nos animais. Seu tio pediu pra ele vir mais cedo pra conseguir ver todos, se estão bem, se não precisam de nada. -Nessa hora entrou um garoto de uns 14 anos na cozinha. Quando nos viu parou na hora.
-Meu Deus, esse é o Pedrinho? -Verônica perguntou para Neide.
-Sou eu mesmo. -Ele respondeu meio tímido.
-A última vez que te vi você devia ter uns três anos. Não tinha me dado conta que tinha tanto tempo que não vinha aqui.
-Ele tá enorme mesmo. -Neide respondeu toda orgulhosa. -Nas férias ele ajuda aqui na fazenda pra ganhar um dinheirinho. Mas durante as aulas só deixo no fim de semana porque tem que estudar. Mas se deixar ele fica o dia todo envolvido com os animais.
-Tá certinha, Neide, tem que estudar mesmo. -Disse Teresa concordando. -Mas ele tá bem rapaz já mesmo.
-Você viu meu pai, Pedrinho? Acho que Pedrinho não combina mais com você, né? -Verônica riu da ironia do apelido.
-Vi sim, dona Verônica. Ele tá lá no estábulo olhando os cavalos. Quer que eu avise que vocês chegaram?
-Não precisa me chamar de dona não, Pedro. Me sinto velha. Pode ser só Verônica mesmo. Se não for incômodo, quero sim.
-Incômodo nenhum, don... Verônica. Vou chamar ele.
-Obrigada, Pedro.
-Pedro, aproveita e chama o Heitor também pra tomar café. Vamos, meninas, vamos comer. Como foi de viagem? A estrada tá boa ainda? -Beatriz perguntou.
-Foi tranquila, Bia. A estrada tá ótima. Falando nisso, vocês avisaram às mães que chegaram? -Teresa nos perguntou.
-Nossa, estava tão concentrada na comida que nem lembrei, tia. Onde tem um telefone que eu possa avisar, Bia?
-Tem lá na sala, você é a Juliana, certo? -Beatriz tentou adivinhar. Nós todas rimos e nos apresentamos outra vez para ela. -Então você é a Mariana.
-Isso, mas pode chamar de Mari.
-Pode usar o telefone lá se quiser, mas agora colocamos internet aqui. Tava ruim demais ficar sem contato com outras pessoas aqui e resolvemos colocar. Nem tem senha. Entra aí.
-Sério? Que legal! -Respondi pegando o telefone e avisando minha mãe que havíamos chegado e que tinha internet. As demais fizeram o mesmo.
-E você, avisou o Rubens que chegou, mãe? -Rafa perguntou.
-Avisei sim, filha. Mais tarde vou lá na estrada buscar ele porque essa estrada de terra é fácil de se perder.
-Quem é Rubens? -Perguntei meio perdida.
-É o namorado da mamãe. Acredita que estão namorando há oito meses e ela foi me contar só há três?
-A, minha filha, eu queria ver se era algo sério mesmo antes. Não acho que seja legal ficar te apresentando pessoas que não vão ficar.
-Tá certinha, irmã. Uma coisa é filha apresentar namorado, outra é mãe apresentar para filha. Tem que saber que é sério mesmo. -Teresa concordou com Sílvia.
-O Daniel vem com ele. -Disse Rafa olhando para Camila.
Daniel é o primo dois anos mais velho que nós que Camila sempre babou. Ela nunca tinha tido uma chance com ele, pois namorava há anos.
-E o que adianta? Ele tem namorada. -Camila disse fingindo não se importar
-Não mais. -Respondeu Verônica.
-A, Vê, eu ia deixar ela sofrer mais um pouquinho antes de contar.
-Larga de ser ruim, menina. -Eu entrei na conversa.
-Eu super aprovo essa "amizade". -Disse Tereza.
-Olha só, já tem até aprovação da sogrinha. -Brincou Ju.
Camila ficou mais vermelha que um pimentão. Para sua sorte Heitor e Cléber entraram nessa hora acompanhados de Pedro.
-Oi, tio Heitor! -Disse Verônica dando um pulo para abraçar o tio.
-Oi, minha menina! Como você está linda! Que saudade desse seu abraço apertado. -Ele respondeu abraçando-a.
Fomos todas apresentadas outra vez. Heitor parecia simples e humilde como a esposa. Formavam um belo casal. Tomamos café e Rafa e Verônica decidiram que deveríamos andar à cavalo. Eu não tinha ideia se isso daria certo, mas aceitei o convite. Trocamos de roupa e lá fomos.
O dia passou rápido, e pouco antes de escurecer Tereza, Sílvia e Cléber foram buscar Rubens e Daniel na estrada. Quando chegaram estávamos fechadas no quarto tomando banho e escolhendo uma roupa para o nosso "luau". Havíamos decidido que essa noite faríamos uma fogueira, colocaríamos músicas e beberíamos para comemorar o fim do semestre. Verônica já estava completamente enturmada conosco. Como se nos conhecêssemos há anos. Convidamos Pedro e Neide e ambos aceitaram. Ela e Beatriz ficaram por conta das comidas, enquanto os homens foram buscar lenha para nossa fogueira. Eu e as meninas levamos mesas e cadeiras para o lago que ficava a poucos metros nos fundos da casa onde Pedro tinha limpado uma área de segurança para fazermos a fogueira. Estávamos todas eufóricas pela "festa". Apenas Neide e Pedro moravam na propriedade. Os demais empregados moravam próximo em suas próprias casas e por causa da rotina pesada da fazenda e de suas terras também não animaram participar.
-Anda logo, Mari! Tem duas horas que você tá nesse banho! -Reclamou Camila.
-Aô, exagerada. Tem nem dez minutos. -Gritei lá de dentro.
-Pra mim parece uma eternidade. Só falta eu pra tomar banho.
-Anda, Mari. A Cá tá doidinha para o Daniel ver ela toda produzida. -Ritinha mexeu com a amiga.
-Se prepara, amiga. O término fez um bem danado à ele. Tá ainda mais gato. -Disse Rafa.
-Pudera também, né? Segundo mamãe ele vai à academia todos os dias e ainda corre três vezes por semana.
-Sério, Vê? Quisera eu ter essa disposição para cuidar do meu corpo.
-Para com isso, Ju, você tá ótima. -Eu disse saindo do banho e dando uma conferida nela que estava só de calcinha e sutiã.
-Você acha, Mari? -Ju perguntou e deu uma voltinha. Senti minhas bochechas esquentarem com a visão. Ela realmente tinha um corpo lindo. Não tinha feito o comentário na maldade, mas aquela voltinha dela tinha batido fundo. Olhei ao redor e me pareceu que ninguém tinha percebido, a não ser a própria Juliana, que deu um sorrisinho.
-Tá falando isso do Dani mas você também passa o dia todo dançando, na academia ou fazendo algum outro tipo de exercício, né? -Retrucou Rafa.
-A, é diferente. O meu é pelo trabalho. -Vê tentou se defender.
-Que nada. Certeza de que a vaidade é de família. -Disse Camila rindo.
-Para de conversar fiado e vai lá tomar banho que seu amor tá pra chegar. -Disse Verônica mudando o foco da conversa.
Estávamos realmente todas muito gatas, todas muito bem produzidas. Saímos do quarto e estavam todos nos esperando para começarmos a festa. A fogueira já estava acesa. Só faltava levar as comidas e bebidas para lá. Os homens ficaram todos de queixo caído com nossa produção. Daniel não tirava os olhos da Camila, e ela dele. Pedro não sabia para qual de nós olhava e as mulheres nos elogiaram. Rubens, Cléber e Heitor nos elogiaram respeitosamente, sem maldade e fomos pegar as coisas para começar a festa. Cada um teria que fazer duas viagens, uma com bebidas e outra com comidas. Heitor tinha conseguido até uma caixa térmica grande onde colocou bastante gelo para as bebidas não esquentarem.
Logo colocamos a música e começamos a nos divertir. Neide tinha feito vários sucos para misturarmos à vodka. Daniel mostrou seus truques de barman misturando as bebidas com acrobacias enquanto Camila ficava babando nele. Não demorou muito para Neide, Heitor e Beatriz irem se deitar. Beatriz tinha convidado Neide e Pedro para dormirem na casa para Pedro não ter que ir embora cedo acompanhar a mãe até em casa. Ficaram os casais e jovens apenas por um bom tempo. Conversávamos, ríamos e inventávamos jogos para brincar. Por fim Pedro não conseguia nem manter os olhos abertos mais. A rotina da fazenda era pesada e ele estava morto. Assim como ele, Cléber havia acordado cedo para checar todos os animais da fazenda e logo convenceu Teresa a ir se deitar. Tia Sílvia estava quase aos amassos com Rubens, estava claro o quanto estavam se segurando em respeito à Rafa e aproveitaram para ir junto com os demais terem mais privacidade.
Enfim estávamos apenas eu, Rafa, Ju, Cá, Daniel, Ritinha e Verônica. Daniel não demorou muito para se aproximar de Camila. Os dois haviam trocado olhares a noite toda. Quando enfim se beijaram fizemos a maior algazarra. Eu e as meninas então deixamos os pombinhos mais à vontade num canto e fomos beber em outro. Verônica não estava acostumada a beber com sua rotina pesada de treinos, então já havia parado há tempos e estava só no refrigerante. Eu, Ritinha, Rafa e Ju estávamos bebendo sem dó.
Eu já me sentia leve, até meio tonta quando Juliana me chamou para ir com ela ao banheiro. Fomos até a casa, fizemos xixi e quando estávamos voltando, ela pegou na minha mão e me puxou para o lado dos estábulos ao invés de irmos para o lago.
-Acho que é pro lado de lá o lago, Ju. -Eu disse rindo, meio tonta.
-Eu também acho, Mari, mas quero te mostrar uma coisa. Vem. -Ela respondeu também meio tonta e sem soltar minha mão.
-Tá bom. -Concordei sem pensar muito a respeito.
-Mari, por que nunca me contou que gostava de mulheres?
-Nem eu sabia, Ju. Só aconteceu.
-Então tudo que precisava era de um beijo pra descobrir isso?
-Acho que sim, Ju. -Respondi estranhando um pouco o rumo da conversa, mas minha cabeça meio leve não permitia muita atividade cerebral.
Com a minha resposta ela parou de andar e se virou para mim. Ela me olhou nos olhos e desceu seu olhar para minha boca. Ficou olhando para ela um tempo até que se aproximou devagar e me beijou. O beijo dela foi inicialmente lento e inseguro, mas como não reagi ela o aprofundou. Eu acabei correspondendo até que me dei conta do que estava acontecendo e diminuí o ritmo até pararmos.
-O que foi isso, Ju? -Perguntei um pouco mais sóbria pelo acontecimento.
-Mari, eu sou apaixonada por você desde que me descobri lésbica.
-Mas isso tem uns seis anos, Ju. Por que você nunca disse nada?
-Na verdade tem uns oito, só não tinha coragem de contar pra vocês ou de ficar com uma garota. Eu nunca disse nada porque você era hétero, e não queria perder sua amizade ou das meninas. -Ela disse abaixando a cabeça.
Me aproximei dela, coloquei minha mão no seu queixo e levantei sua cabeça.
-Você não vai perder minha amizade, Ju. Eu tô aqui. Por mais que eu tenha descoberto que gosto de mulheres eu ainda te vejo como uma irmã. Assim como eu vejo a Cá, a Ritinha e a Rafa.
-Imagina o meu desespero quando descobri que você já tinha ficado com uma mulher e tinha outra linda, mais velha e experiente dando em cima de você bem ali na minha frente. Eu não sabia o que fazer. Eu só queria pular nela e dizer que você era minha, que eu te conhecia há mais tempo. Mas não fiz nada disso e vocês ficaram e agora você tá apaixonada por ela e ela tá te esnobando.
-Não é assim também, Ju. Eu não tô apaixonada e ela não tá me esnobando. Ela só não conseguiu colocar a cabeça no lugar ainda. Tem três dias que aconteceu tudo.
-Certeza que você não sente lá no fundo que tem algo de errado, Mari? Você não é inocente assim.
Aquela frase dela me fez lembrar de quando estávamos na cachoeira e a Márcia me chamou de inocente. Nisso me subiu uma raiva de pensar que ela tinha me enganado e acabei descontando na pessoa que estava mais próxima, a Ju.
-Ao menos eu tive iniciativa e fiquei com ela. Não fiquei me escondendo por não sei quantos anos apaixonada em silêncio. -Disse isso e saí correndo sem muita direção. Ainda deu tempo de escutar o soluço da Juliana.
Fim do capítulo
E aí????
O que acharam da Jú? Muito inesperado ou dava pra ver que vinha coisa por aí?
Obrigada por acompanharem a hisória, meninas!
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Rosa Maria
Em: 23/10/2020
Mah...
Que férias intensa já está se desenhando hein? Uma bela fazenda agora repleta de jovialidade. É a Ju...vai aprontar alguma ainda, e a professora Márcia o que teria acontecido? Enfim estou curiosa
Beijo
Rosa ????
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