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A sombra do tempo por brinamiranda

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Palavras: 4209
Acessos: 1418   |  Postado em: 14/10/2020

Capitulo 3 - Fractais

          Em casa Doralice sorria e agradecia a Deus, ao ver que a filha chegava cada vez mais feliz e animada com o namoro, sim, ao contrário de sua previsão, Laura tinha pedido por telefone a mão de Isadora em namoro e agora era oficial, Doralice nem sabia que ainda existia esse hábito nos dias de hoje, mas, se as duas já tinham dito sim uma para outra, quem era ela para dar um não?. O sábado foi marcado como a primeira saída oficial como namoradas, iam ao cinema e depois jantariam em algum restaurante nas proximidades do shopping mesmo.

          Antes de entrarem no cinema já haviam combinado, Laura compraria os ingressos, enquanto Isadora compraria as pipocas e os refrigerantes, enquanto se olhavam separadas por filas diferentes pensaram praticamente a mesma coisa "como ela é linda!". E foi nesse clima que acomodaram-se nas confortáveis poltronas. Quando as luzes apagaram, Isadora encostou a cabeça no ombro de Laura, abraçando sua cintura, para logo após entrelaçar as mãos da namorada as suas, fazendo carinhos nos seus dedos, enquanto conversavam baixinho para não atrapalhar ninguém, assim, o filme seguia e ninguém percebia o clima de paixão que desenrolava mais quente do que o próprio filme.

          Em frente à casa de Isadora, Laura encostou o carro, sorrindo ao dizer.

- Está entregue meu benzinho.

- Fica só um pouco, vamos tomar um café.

- Meu bem, eu sei como vai terminar o café e esse "só um pouco", eu dou aula de manhã, esqueceu?, preciso mesmo ir.

          Laura ainda ligou o carro, que foi rapidamente desligado por Isadora, que sorriu e puxou a namorada pelos ombros para beija-la, primeiro de forma suave, depois de uma maneira intensa, Isadora gem*u abafado enquanto apertava as coxas de Laura, dizendo de forma rouca "eu preciso sentir você". Laura sorriu quando percebeu os olhos verdes da namorada vermelhos de desejo, depois respirou alto e falou "quer saber?, que se dane o amanhã, vamos para minha casa, amor". Da janela, Doralice com a mão da boca ria da situação que sem querer presenciou.

- Eita, o fogo da juventude, um dia já fui exatamente assim.

          Os dias seguiram tranquilos, assim como os meses, e apesar de Isadora passar boa parte dos seus dias na casa de Laura, ainda tinham tempo e disposição para marcar alguns encontros no banheiro da faculdade, e voltavam sempre rosadas e felizes, tentando disfarçar o que todos comentavam.

          Era uma sexta qualquer, Isadora terminava de ajeitar o visual no banheiro depois de mais um dos encontros com Laura no intervalo, sorriu ao se olhar no espelho, a seguir olhou o relógio, constatando que estava em cima da hora. Entrou rapidamente e perguntou a amiga:

- O Tio Porquinho não chegou ainda?

          Hannah não queria, mas, riu alto de forma quase instantânea, o apelido dado por Isadora casava perfeitamente com o perfil do Professor Dimas, ele tinha alergia a perfume doces e uma aluna usava um perfume francês fortíssimo, e por isso, o professor passava a aula praticamente inteira coçando a garganta, e o som que fazia de fato parecia de um porco.

          Quando Isadora e Hannah estavam saindo da última aula, Laura estava esperando encostada na parede.

         - Então meninas, querem carona?, deixei meu carro em frente ao bloco de vocês.

         Hannah agradeceu o convite e se despediu rapidamente, ia ao encontro do noivo, enquanto Laura e Isadora seguiram para o estacionamento.

         - Amor, Hannah estava caidinha por você no primeiro semestre e nunca mais me tratou da mesma forma depois que começamos a namorar.

         Laura ri alto e gostosamente, enquanto entraram no carro.

         - Claro que não meu bem, eu teria percebido, diferente de você que se arrepiava todinha só com minha aproximação, pensa que eu não percebia?, agora, eu vejo Hannah quase babando quando olha a minha ruiva, ela que não se meta a besta!.

         Isadora riu com a falsa crise de ciúme e avisou que em sua casa, Doralice estava esperando com um bolo de Chococcino molhadinho com brigadeiro de cobertura, "de lá amor, sou completamente sua", sussurrou, levando a mão de Laura até a minúscula calcinha, e já excitada com as lembranças dos últimas meses, nunca estivera com tantas olheiras e mesmo assim, tão feliz. A professora respirou profundamente, repetindo o gesto, levando a mão da namorada até o seu sex* igualmente úmido, havia subido o vestido até as coxas e gemia baixinho com o contato. Antes que se deixassem se envolver pelo desejo, Laura tirou delicadamente a mão de Isadora e acelerou o carro em direção à casa de Doralice, ainda não conhecia a sogra pessoalmente, só haviam conversado por telefone. Antes de seguir, respirou fundo e teve que parar o carro devido uma forte crise de tosse, a seguir respirou profundamente, até normalizar, sorrindo ao perceber que que estava com o rosto vermelho, no fundo estava nervosa em conhecer Doralice.

         Isadora entrou em casa como de costume, gritando pela mãe, com a diferença que dessa vez estava puxando Laura pela mão:

         - Maaaaaaaãe, vem ver quem está aqui, quero te apresentar a Laura.

         Doralice entrou na sala e abriu um enorme sorriso ao ver a nora, estava com o avental sujo de massa de pão de queijo, tinha acabado de fazer mais alguns, enxugou rapidamente as mãos que ainda estavam molhadas e estendeu para Laura.

         - Boa noite Laura, você é ainda mais bonita pessoalmente.

         - Boa noite Dona Doralice, obrigada...e obrigada também por fazer bolo, tenho certeza que está ótimo.

         - Venha minha querida, também fiz pão de queijo, gosta?.

         - Claro, gosto muito.

         - Você vai levar minha filha para dormir contigo de novo?.

         - Desculpe, não sabia que a senhora tinha programado nada com a Isadora, se a senhora quiser podemos deixar os filmes para amanhã.

         - De jeito algum, era só uma brincadeira, e se não deixo vou ouvir Isadora reclamar até pegar um táxi e ir até sua casa, o que importante é que ela está feliz como nunca a vi...

         - Mãe!  

         - O que eu disse demais?, é verdade.

         Após comerem o bolo e os pãezinhos de queijo com café com leite, Laura seguiu com Isadora até seu apartamento localizado no Bairro Jardim Social, assim que entraram na sala, avistava-se três quadros de anjos orientais tomando toda a parede, os quadros ficavam em cima do sofá, o apartamento não era muito grande, mas, confortável e bem decorado, com um toque levemente oriental. As duas entraram de mão dadas, sendo recebidas por dois gatos persas, Pinguim e Lex Luthor, que miavam enroscando hora em Laura, hora em Isadora.

         Em pé ao lado da porta, Dona Vera, mais conhecida como Bá, estava com as mãos na cintura igual a um açucareiro, esperando que os gatos se acalmassem para perguntar se Laura queria algo além do que já tinha feito. Vera havia sido babá por muitos anos na casa dos pais de Laura e seguiu com a "sua menina" quando a mesma se estabeleceu na vida. Bá era uma pernambucana bem humorada, mas, ciumenta, tinha ciúmes de todas as namoradas de Laura, e sempre tratava a todas de uma maneira seca, ou debochada, até se acostumar ou ser conquistada, mas, geralmente ninguém nunca estava à altura de sua Laurinha.

         - Laurinha, fiz um bolo de rolo pernambucano do jeito que gosta, está esfriando coberto em cima da geladeira, já sabe, é para essas duas pestes de gatos não comerem como da última vez, você quer algo mais, ou posso ir?.

         - Pode ir Bá, antes dê um oi para Isadora, acho que a senhora esqueceu dessa vez.

         - Sabe o que lembrei Laurinha?, diz uma vizinha lá na minha terra que tem duas coisas que ninguém segura, é o homem raparigueiro e a mulher de cabelo vermelho.

         Bá riu balançando o enorme corpo, saindo para não ouvir a resposta de Laura, e seguiu continuando a rir para buscar suas coisas. Na hora de se despedir, pegou a chave no seu carro e faz questão de apresentar orgulhosa a Isadora, sinal que a antipatia inicial já não estava tão presente.

         - Tirei a carteira de motorista com mais de cinquenta anos, esse ano troquei meu carrinho, que me leva para todo lugar, ter carteira é ser livre, levo meus netos para passear, faço compras, venho trabalhar e ainda vou as festas.

         Antes de sair, deu um abraço em Laura e avisou imitando a voz da mãe de Laura em alguns trechos.

         - Ah, ia esquecendo...sua mãe já ligou três vezes hoje, disse que ela, seu pai e aquele cu doce do seu irmão chegam amanhã e te esperam para o jantar, diz ela que eles preferem ficar no mesmo hotel de sempre do que nesse "apertamento", ó pra isso, e pior....falaram que também não gostam de ter as vestes cheias de pelos de gatos, então vão para o hotel por mais essa razão, também avisou que não vão ficar muito tempo nesse país terrível dessa vez, por conta da violência e dos drogaditos que circulam por todos os Estados do Brasil e novamente quis saber se você vai continuar nesse "apertamento" ou se pensa em mudar para mansão que ela comprou por aqui mesmo...

         Laura não respondeu de imediato, a princípio achou engraçado Bá imitando os modos da mãe, depois olhou contrariada para a ex babá e disse sem tomar fôlego.

         - Mas quantas vezes eu tenho que dizer que não vou sair do meu apartamento?, aqui tem tudo o que construí, não quero casa alguma, nem casinha e muito menos uma mansão.

         - Laurinha, só dei o recado, até amanhã querida, Isadora, tente acalmar esse cavalo brabo.

         Laura se desculpou, realmente a babá não tinha culpa alguma, mas, a maneira com que a mãe ainda tentava conduzir sua vida a irritava demais. Sentada no sofá após a saída de Bá, Laura contou a Isadora o resto da sua história que havia sido omitida ao longo dos meses de namoro.  Seus pais não moravam no Brasil, mas, em Paris junto com seu irmão gêmeo Luigi e vinham a cada três meses só para ver como andavam os negócios da família e o lucro das duas empresas que só cresciam, eram donos de dois enormes vinhedos e produziam vinho do tipo exportação, também tinham uma fábrica de cristais, afinal, "bem ou mal, todos bebiam, fosse para comemorar, fosse para esquecer seus problemas, e já que bebiam mesmo, que fosse em copos de cristais".

         Ao narrar o comportamento da mãe e o quanto tentava manipular a família inteira, as falas de Laura saiam entrecortadas de mágoa, Isadora, percebendo a fragilidade da namorada, passou o braço em volta de sua cintura e a puxou delicadamente para perto de si, passando a afagar carinhosamente seus cabelos, enquanto sentia a respiração no seu pescoço.

         - Vai ficar tudo bem meu amor, eu vou com você se quiser a esse jantar.

         - Você faria isso por mim?, com você por lá acho que a minha mãe não vai ter coragem de voltar a esse assunto da casa, quer dizer, eu acho, né?, ela é imprevisível, ela não é má, mas, é muito mandona.

         Já mais confiante, Laura ligou para mãe combinando o jantar na cobertura do hotel, avisando a presença da namorada. A mãe afirmou que chegariam de manhã cedo, mas, já havia contratado de Paris mesmo, o chef, o garçom e já acabara de pensar na entrada, no prato principal, e inclusive nas sobremesas, queria tratar muito bem Ingrid.

         - É Isadora, mamãe!

         - Não sei, você muda tanto de namorada, ma chérie. Me confundi, perdoa.

         Enquanto refazia as ligações mudando todo o cardápio, a mãe de Laura sorriu sarcasticamente, logo depois ergueu uma das sobrancelhas e riu se sentindo triunfante lembrando da nova entrada escolhida: "escargots à la bourguignonne", queria testar a classe da namorada de Laurinha.

         Ao entrar na sala do hotel, Isadora e Laura observaram que a mesa estava ricamente ornamentada, se a ordem era ostentar conseguiram majestosamente, percebia-se pelo número de pratos, talheres e copos que repousavam à mesa. Isadora percebendo a sutileza do requinte, sorriu graciosamente ao olhar o tenaz e a pinça para segurar os escargots e pensou, "olha isso, minha sogra quer me testar".

         O cabelo de Amália era impecável, curto e negros como o de Laura, com um leve topete no alto, parecia que nenhum fio saia do lugar, estava elegantemente vestida com um Armani preto, com detalhes brancos nas alças e nas barras, já vira um modelo parecido em alguma capa de revistas de moda, realmente era uma mulher rica, bonita e elegante.

         - Prazer, Amália!.

         - O prazer é todo meu, agora entendo porque Laura é tão bonita, você não me disse o quanto parece com sua mãe, amor...

         Amália sorriu satisfeita, e Laura fuzilou a namorada com o olhar, não gostava da semelhança física, mas, compreendeu o elogio e sorriu timidamente.

         Logo também conheceu Ernesto, o pai de Laura, ele entrou a seguir junto com o filho Luigi, eles falavam e riam alto comentando da vitória do time que torciam na cidade, o Coritiba. Amália olhou severamente os dois, e o assunto e os risos cessaram, Luigi para quebrar o gelo, resolveu soltar um gracejo:

         - Bom gosto irmãzinha, sua namorada é linda.

         A mãe novamente olhou contrariada, avisando a seguir que era hora de jantar, sorriu como uma estátua de mármore e indicou o lugar de cada um.

         - Então, soube que é aluna da minha filha.

         - Não mais, Laura foi minha professora no primeiro semestre.

         - Olha dessa vez não terei tempo hábil, mas, em minha próxima vinda espero conhecer seus pais, qual o sobrenome da sua família, querida?

         - Leoni

         - Ah, da "Leoni decorações & interiores"?, tenho várias peças de lá, um luxo de loja, tudo de muito bom gosto.

         - Não, Leoni herdei dos meus pais adotivos, que na verdade eram meus tios, bom, os dois sumiram no mundo me deixando com uma vizinha, no caso, minha mãe Doralice que me criou, ela é costureira e vende artigos místicos e faz atendimentos, por assim dizer, se é que me entende.

         Amélia quase engasgou com o vinho após essa fala, Laura riu abafado e olhou Isadora com cumplicidade. O jantar seguiu silencioso até a sobremesa, e, quando as duas terminaram, resolveram ir embora, queriam tomar o café de máquina da casa de Laura, ao invés do Kopi Luwak de Amália, principalmente, após sua explicação:

         - Este café é bastante caro, produzido em processo de coleta de grãos a partir das fezes da civeta, um roedor, os grãos são ingeridos, no entanto, apenas a polpa é digerida, e a semente passa intacta pelo sistema digestivo do animal. Assim, durante a digestão, as bactérias e enzimas fazem toda a diferença, modificando a qualidade do café, e claro, o seu preço. O Kopi Luwak é considerado o café mais caro e gostoso do mundo, seu sabor é único.

Após a rápida explicação de Amália, Isadora colocou a língua pra fora, segurando o estômago e fazendo uma careta engraçada, soltando a seguir o que sinceramente pensava sobre o café.

         - Nossa Dona Amália, que nojo, um café feito a partir de cocô de rato, como a senhora tem coragem de tomar isso?.

         Amália nem respondeu, mas, o seu olhar dizia tudo, ficou aliviada quando se despediram e ainda pensou, "mas, que moça petulante e sem classe alguma, meu Deus, Laura está namorando a filha de uma cartomante, que decadência".

         Enquanto isso no carro, Laura ria lembrando da cara da mãe.

         - Obrigada Isa, nunca havia me divertido tanto em um jantar com minha família nestes últimos anos, e o que foi aquela licença poética, como você improvisou essa história amor?.

         - Não foi um improviso, depois conto a você toda a história da minha vida, queria apenas que tua mãe tivesse um choque de realidade, não é porque sei usar talheres que isso me torna melhor do que ninguém. Um nome não é nada.

         Laura não soube o que falar, sorriu timidamente, disse um "tem razão" e ligou o som do carro, enquanto cantaram "Shinny people happy" da banda R.E.M, seguiram para a casa de Isadora.

         - Está entregue meu benzinho, até amanhã. Eu te amo

         - Também te amo minha Laura.

 

Curitiba, 01 de novembro de 2005

 

         O tempo voou trazendo amadurecimento a Isa, assim como novos fatos. Enquanto dirigia do trabalho em direção à sua casa, Isadora sonhava com o gosto de Laura em sua boca, para amenizar a saudade, aumentou a música de Ana Carolina e cantou "É isso aí, como a gente achou que ia ser, a vida tão simples é boa, quase sempre".

          A vida de Isadora seguia o rumo que considerava certo, estava formada e trabalhando em um escritório de um famoso advogado e o namoro com Laura estava caminhando, apesar de vê-la com menos frequência e da pressão da namorada para dividirem as escovas de dentes, considerava que seu namoro mantinha um saldo positivo, quando estavam juntas parecia que os anos não tinham passado, o único problema era quando Laura falava em morar juntas, as duas sempre acabavam se desentendendo, pois Laura deixou claro que Doralice estava descartada de seus planos e Isadora não queria deixar a mãe morando sozinha, apesar disso, consideravam que estava tudo bem entre elas, dentro das possibilidades.

          Isadora sorriu tristemente ao lembrar de Laura, estava com muitas saudades, mas, tentou esquecer assim que entrou em casa quando viu que Doralice já a esperava, com um abraço e novidades.

         - Isa, tem um convite de casamento em cima da sua cama, vou buscar.

         Enquanto Isadora descansava no sofá, a mãe preparou um rápido sanduiche e serviu com um suco de abacaxi, depois foi até o seu quarto e voltou com o convite, o envelope era muito sóbrio e escrito em uma caligrafia bem desenhava "Hannah & André". Isadora balançou a cabeça para mãe, que mencionou que cada um é feliz como quer, Hannah sempre quis casar com alguém rico, que desse tudo o que a vida negou, era sua frase preferida, e tanto fez que conseguiu que André, um rico empresário separasse da mulher e da filha para se unir a Hannah. André era do interior do Paraná, famoso por colecionar moedas, mulheres e brigas, era um homem de comportamento explosivo segundo os jornais de fofoca. Fazia muitos anos que Isadora não tinha notícias da amiga, desde que ela transferiu de curso, quando passou a estudar Gastronomia em uma faculdade particular, montando uma famosa confeitaria na cidade. Uma única vez foi até lá com Laura, mas, a amiga estava tão mudada, que não teve clima para retornar, apenas suspirou e disse.

         - Quer saber mãe?, eu espero de coração que ela seja feliz.

         - Bommmmm, mas, essa não é a única novidade, deixei você comer antes para contar, deixa eu dar um abraço na mais nova policial civil do estado do Paraná, você passou minha filha, esqueceu que o resultado saia hoje?.

         - Passei?, passei mesmoooo??. Não creiooooo.

         - Então, aquela sua amiga Samantha ligou, eu anotei tudo o que ela pediu para você ir providenciando, já vão te chamar logo, logo.

         Doralice riu quando percebeu que a filha terminou o lanche correndo, ligando a seguir para o escritório com o objetivo de justificar a falta dos dois dias seguintes, mas, precisava contar a Laura a novidade, essa semana elas tinha discutido outra vez pelo mesmo motivo de sempre, Isadora não queria morar junto de Laura, não apenas porque não queria deixar a mãe, mas, porque não pretendia casar antes de se firmar em bom concurso, aliás, essa desculpa já não mais existia,  assim, quem sabe Laura topava mudar para um apartamento maior, onde sua mãe pudesse ir?.

          Isadora sorriu e rapidamente arrumou uma bolsa de viagem para encontrar Laura, a amava e tinha que dividir essa felicidade, ia contar seus planos e pedi-la em casamento, antes de sair, passou na gaveta, pegou um dos seus anéis, o que acho mais bonito, colocou em uma caixinha e seguiu.

          Já no carro, ligou o som e acelerou, chegaria logo a Caiobá, uma praia do litoral paranaense, onde Laura havia construído uma linda casa, e estava por lá com Bá e família, aproveitando para descansar, tinha tirado uns dias de licença, estava sentindo fortes dores nas costas, com certeza por excesso de trabalho, pois além, das aulas, Laura estava trabalhando na administração dos vinhedos e na fábrica de cristais da família, dividindo as responsabilidades com Aurelie, uma francesa, que morava há anos no Brasil, sempre com empenho maior nas vinícolas.

          Isadora havia combinado com Laura que desceria para a praia apenas na sexta, mas, não ia conseguir esperar tanto tempo, estava ansiosa, depois riu alto ao lembrar do biquinho da francesa e passou a imitá-la sozinha no carro "prazer, meu nome é Aurelie, pronuncia Ôrrely, mas, prefiro que chame de Lily mesmo".

         Chegando a Caiobá, Isadora sorriu para Bá, que ficou entre surpresa e visivelmente constrangida ao abrir a porta. Após dar uma rápida olhada para a imensa mesa da sala, ainda viu Lily alisando os cabelos de Laura,  e tudo se transformou em um grande silêncio com sua chegada.

          Amélia se antecipou, indo até a ruiva e trazendo Isadora pela cintura, pedindo que se acomodasse ao seu lado.

- Levante-se Luigi, deixe Isadora sentar ao meu lado, ela já é de casa...querida, vá guardar suas coisas no quartos dos hóspedes, tudo vai se ajeitar.

          Isadora se levantou com os olhos vermelhos de raiva, os olhos verdes estavam faiscantes e fuzilavam Laura com uma mistura de indignação com ciúmes, principalmente quando olhou em direção a sua perna e ainda viu a mão de Lily repousando suavemente, pois não deu tempo de tirá-la.

          Já de pé, Isadora ainda seguiu até o quarto de hóspedes, onde iria guardar seus pertences, mas, não havia explicação para o que achava que presenciara, ainda parou uns minutos, sentindo tremer todo seu corpo e desistiu, isso não podia estar acontecendo, antes de sair, sentiu uma ira maior, quando Laura puxou seu braço dizendo "nós íamos conversar na sexta", com isso já não conseguiu segurar as grossas lágrimas que escorriam no rosto, e falou bem alto para todos ouvirem.

- Me poupe de qualquer explicação, volte para sua família e para sua francesa, eu me viro.

         Quando todos esperavam que a ruiva tivesse ido embora, Isadora volta da porta e rapidamente puxou a toalha da mesa, derrubando tudo o que estava em cima, logo depois mostrou o dedo do meio para todos e jogou a caixinha com o anel em Laura para gritar em plenos pulmões "vão se foder seus metidos", só assim foi embora, prometendo nunca mais voltar.

         Já no carro, acomodou-se no encosto, passando a mão no coração repetidas vezes como se estivesse fazendo uma massagem, mas, na verdade, queria conferir se tinha restado algum pedaço inteiro, estava com o coração doendo como nunca antes. Após respirar mais fundo, ligou o som, aumentando o volume, se antes tocava Ana Carolina, agora o carro vibrava ao som de Pink Floyd, "I wish you were here". Ainda deu uma última olhada no espelho, vendo as bochechas e o nariz rosado de tanto chorar, e passou novamente as mãos para espantar as lágrimas que desciam a contragosto, sem mais nada a fazer, acelera e vai embora.

         Na sala, Laura chorava ressentida.

- Ela já foi Bá?.

- "Foi Laurinha, você não acha que era melhor ter conversado?.

- Não, foi melhor assim, eu não ia saber como terminar, agora me deixem, quero ficar um pouco sozinha.

         Isadora dirigiu mais rápido do que o de costume, olhou no retrovisor e viu a vermelhidão dos olhos e do nariz que teimavam em continuar dessa cor, pingou um pouco de colírio para disfarçar e entrou no primeiro barzinho que encontrou, pediu batatinhas fritas  com suco enquanto repetia várias vezes como um mantra "eu fui muito burra, muito burra mesmo, como eu não percebi?", depois o mantra mudou "como acreditei nas falsas desculpas do tipo estou sem tempo, estou tão desanimada para sex*, minhas costas doem muito", e por último, Laura até se esquivava dos meus beijos, alegando dor aqui, dor ali, eu principalmente, devia ter desconfiado quando Lily cantou "Non je ne regrette rien" derretendo em cada frase com os olhos embevecidos de Laura. "Burra, burra, burra". 

Fim do capítulo


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Comentários para 3 - Capitulo 3 - Fractais:
Andreia
Andreia

Em: 12/12/2020

Eu acho que a Laura ama muito a Isadora e PA poupando ela de alguma coisa ela pode estar muito doente e não quer contar,  mais eu não acho que Laura traiu ela tem algo por trás ai.

Se for porque não conversa e resolve e percebi pelo jeito que a bá e Laura conversaram.

Isadora tbm tinha que colocar a cabeça no lugar por mais difícil que seja e resolver por mais que seja só traição mesmo.

Bjs.

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Gabi2020
Gabi2020

Em: 19/10/2020

Eitaaaaaa... Cabelo de fogo soltou fumaça pelas ventas!! Kkkkk...

Laurinha, Laurinha...

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brinamiranda
brinamiranda Autora da história

Em: 17/10/2020

Isadora juntou peças a partir do seu ciúme e Laura deixou que pensasse assim...pq foi ..aí nas cenas do próximo capítulo rs

Responder

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Rain
Rain

Em: 17/10/2020

Oi!

Poxa, magoou! Laura foi um tremenda filha de uma .... 

Merda! Ela já foi traída e ainda faz a mesma coisa, que merda! Ela acabou ficando com uma pessoa que a mãe dela ( que é uma megera) sempre quis. Laura foi muito idiota! 

No meio da história, eu já sentir aquela pontada no coração sabendo que algo ia dar errado, mas eu não achei que fosse traição. 

Tadinha da Isa... Merece alguém melhor que esses bandos de metidos.


Resposta do autor:

Ahhhh vou te adiantar, dar um pequeno spoiler rsrsrs não houve uma traição de fato ...mas a atitude de Laura explica, mas, na minha opinião não justifica. ..

Responder

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