Capítulo 15 - Provas

No dia seguinte acordei com as meninas conversando e logo me inseri na conversa. Nenhuma delas fez nenhum comentário sobre a Márcia, então assumi que elas não tinham nos visto sair de lá. Descemos para tomar café e logo notei a ausência de uma certa pessoa. Aproveitei que estávamos apenas eu e Ritinha e perguntei:

-A Má ainda não acordou?

-Hnm... Já está com saudades? -Perguntou Ritinha com um sorrisinho.

-É, eu... não... -fiquei completamente desconsertada

-Calma, Mari. Eu sei que rolou alguma coisa ontem. A gente conversou. Ela meio que pediu minha autorização depois daquela cena que eu aprontei.

-Então foi isso que aconteceu?

-Eu meio que fiquei com ciúmes. Assim, você é minha amiga. Fiquei com medo de ela fazer alguma coisa e isso atrapalhar nossa amizade. Sei lá. Sabe esses ciúmes de amiga? Mas foi besteira minha.

-Então você tá de boa com ter rolado algo entre nós?

-To sim, pode ficar tranquila. E aí, o que rolou? A Má não quis me dizer nada. -Ritinha fez uma careta.

-A, só posso te dizer que ela é uma verdadeira dama. -Respondi ficando vermelha.

-Então rolou, né? Sabia que a cara de felicidade que ela saiu daqui não podia ser só por uns beijinhos.

-Rolou, amiga. -Disse e cobri o rosto.

Ela ia falar mais alguma coisa, mas se calou quando Camila chegou.

-Eu bem vi a senhorita saindo do quarto ontem acompanhada. Pode contar tudo. -Camila chegou já perguntando.

Fiquei vermelha outra vez. Não sabia ainda como reagir a isso. Nenhuma das meninas era mais virgem, então conversavam sem vergonha alguma. E então chegaram Juliana e Rafaela conversando. Quando me olharam já sabiam que estava acontecendo alguma coisa.

-Por que a Mari tá com essa cara de quem foi pega no flagra?

-Iii, Rafa, é que ela pegou a Má ontem. -Respondeu Camila sem nem pensar duas vezes.

-Na verdade eu acho que foi a Má que pegou ela, hein?! Aquela lá tem um fogo que meu Deus.

-Vamos combinar que de tia ela não tem nada, né, gente? -Respondi com uma cara safada. Já que o assunto já estava lá mesmo resolvi deixar a vergonha de lado.

-Sem detalhes, por favor!! -Disse Ritinha brincando.

-Que nada, deixa ela falar.

-Ué, Ca, mudou de time?

-Eu não, mas quero saber como foi a primeira vez da Mari. Todas nós compartilhamos a nossa primeira vez entre nós.

-Mas nenhuma de nós tinha perdido a virgindade com a tia de ninguém. -Respondeu Juliana com cara de poucos amigos.

-Achei que você fosse ser a mais interessada para saber já que joga no time delas. -Respondeu Ritinha.

-Eu já vou pra piscina. -Disse Juliana como se não tivesse sido com ela.

-Vai nem tomar café?

-Agora não.

-O que deu nela? -perguntei sem entender nada.

-Liga pra ela não, Mari. Conta pra gente, vai. -Rafa disse curiosa.

-A, gente, nós descemos pra piscina... -contei sem muitos detalhes como tinha sido.

***

-Nossa, como passou rápido esse semestre. Parece que foi semana passada que nos conhecemos, mas ao mesmo tempo parece que tem uma eternidade. -Júlia disse enquanto comíamos uma pizza depois de horas de estudo.

-Realmente. Os sufocos que já passamos valeram por muitos anos.

-Lembra quando a Ana passou mal e você encontrou ela desmaiada? - A Nanda ficou até branca olhando para Júlia.

-Claro que lembro. Foi um dos momentos mais assustadores da minha vida. E vocês tem alguma notícia dela?

Depois daquela sexta em que a Ana foi embora nunca mais tocamos no nome dela. O quarto estava lá ainda da mesma forma, com algumas coisas dela. Preferi não tocar mais no nome dela e depois de mais de quatro meses sentia que tinha superado o que havia acontecido entre nós. Claro que a Márcia era o grande motivo por trás disso, mas elas não tinham nem ideia. Nanda foi recuperando a cor quando viu que agi normalmente.

-Ela tá bem. Os médicos confirmaram que era uma pré diabetes e ela começou a controlar a alimentação e a chance dela desenvolver a diabetes diminui bastante. Mas pra continuar assim ela precisa ficar bem atenta. -Respondeu Nanda toda técnica.

-Que ótimo. Então foi bom ela ter ido.

-Foi sim, mas semestre que vem ela tá de volta. -Júlia disse e levou uma cotovelada da Nanda.

-Que foi, Nanda?

-É que ela tinha pedido pra não comentar porque ainda não estava tudo certo.

-É mesmo. Tinha esquecido. Foi mal.

-Tomara que dê certo. Ela está animada? -Eu perguntei feliz pois essa notícia não mexeu comigo como quanto eu esperava que me esse.

-Está sim. Só fala nisso. Vive perguntando de você. -Júlia disse isso e ficou me olhando, esperando uma reação.

Eu não sabia como reagir. Ana não havia respondido minhas mensagens e nunca tinha tentado entrar em contato. Não imaginava que ela tinha interesse em saber de mim.

-Pergunta, é? Ela nunca me mandou mensagem. -Respondi dando de ombros.

-Ela tem medo de falar com você pela forma como tudo aconteceu. -Nanda me surpreendeu com seu comentário.

-O máximo que eu poderia fazer era ignorar as mensagens dela assim como ela me ignorou as minhas. Mas ela preferiu nem dar o ar da graça. Vamos mudar de assunto porque nada vai mudar mesmo. Ainda temos bastante matéria pra estudar pra prova.

Terminamos de comer e logo continuamos a estudar. O assunto havia começado a me irritar. Então quer dizer que ela queria saber de mim, mas tinha medo de falar comigo? Isso só me irritou mais.

Fim do capítulo