Capitulo 11- Brigas, ciúme e medo
Saindo da faculdade, Natila partiu para sua casa. Já era por volta de umas duas horas da tarde quando ela chegou. Da faculdade para sua casa era semelhante a uma viagem de tão longe, e a superlotação no ônibus não ajudava. Depois que tomou banho e comeu algo, ela ligou para Belle numa tentativa de se acertarem, mas não obteve resposta. Belle viu a ligação no visor do seu Iphone, mas ignorou completamente. Ela ainda estava muito nervosa com tudo e decidiu prescindir seu namoro.
Ximenes estava num colapso nervoso tão intenso que ela voltou a fumar cigarro, coisa que outrora havia deixado por complicações pulmonares.
Ela preferiu se fechar de vez no seu mundo, deixando a Natila bastante preocupada por fazer diversas chamadas repetidamente e não obter sucesso.
Natila aflita com aquela situação, resolveu ir até a casa de Belle saber se estava tudo nos conformes. Já estava anoitecendo e a campainha tocou. Belle ouviu, mas permaneceu no seu quarto. Até porque a secretária do lar estava de serviço nesse dia, como todos dias. Um mistério que Belle nunca entendera era a presença maternal que Dona Astrogilda tinha naquela casa, já que ela nuca contou nada sobre seu passado.
Às vezes Belle fazia a imitação daquele apresentador do globo repórter; Dona Astrogilda, quem é? Onde nasceu? Será que tem filhos? Sexta-feira com Belle Ximenes.
Então Nati tocou novamente, e dessa vez Dona Astrogilda abriu. E recebeu-a elegantemente bem. Elas já tinham uma certa intimidade pelas visitas constantes da Nati.
A – Oi boa noite, querida!
N – Boa noite, D. Astro. A Belle está?
A – Sim, querida. Entre.
N – Ela está bem? liguei inúmeras vezes e ela não atendeu.
A – Olha, eu não sei. Desde aquela noite que vocês saíram, ela entrou feito um furacão e não falou com ninguém. Só sai do quarto para almoçar, às vezes nem isso. Estou muito preocupada.
N – Vou lá conversar com ela.
A – Ótimo!!! Tira ela de dentro daquele quarto.
A casa em que Belle morava era de andares, o quarto dela ficava na parte de cima. Natila subiu as escadas e bateu na porta, mas somente bateu não falou nada. Belle perguntou o que era, e ela permaneceu em silêncio. Já sem paciência ela abriu a porta com um cigarro aceso entre os lábios.
As duas se olharam com um misto de raiva, decepção, mas sobretudo amor. Os corações delas ficaram palpitando quando se viram. Então Belle abaixou a cabeça e deixou aporta terminar de escancarar. E disse:
B – O que você está fazendo aqui?
N – Temos um relacionamento, sendo assim precisamos nos resolver.
B – Ainda não estou preparada para uma conversa com você.
N – Sério? Ainda assim vamos conversar. A propósito, por que está fumando?
B – Porque eu quero. Sou de maior e vacinada.
N – Xiu, cavala. A bicha é ignorante.
B – Você veio aqui só para me insultar?
N – Não. Só quero saber o porquê de estar fumando.
B – Não sei. Talvez seja para me acalmar, ou porque peguei esse hábito do meu pai.
Natila pensou só consigo para evitar mais confusão. Então, na sua mente ela dizia:
P.N – Vou dar uma de Jhennyffer agora – hahahaha
Olhou no fundo dos olhos de Belle e afirmou:
N – Isto é a memória episódica que está agindo.
B – Incorporou a Rose. Estou dizendo que tem romance.
N – Aff. Para por favor.
B – Vou dar um "time" ... E o que diabos quer dizer essa tal de memória episódica?
N – Então, O subconsciente é alvo do reflexo exemplar. No ser humano existem diferentes tipos de memórias e a mais popular dentre delas é a chamada memória episódica. Ela é responsável por guardar experiências de vida e todo um episódio passado, formulando assim novos aprendizados. Empiricamente, nessa memória ficam salvas as nossas ações e reações.
B – Pode exemplificar?
N – Claro. Entenda, se uma criança que está na sua formação vê um adulto que admira fumando, vai querer testar o tabaco por mera inocência, apenas por curiosidade, mas se a mesma criança observar o exemplo de alguém que tenha parentesco com ela lendo, consequentemente ela vai querer ler também. Mais ou menos isso.
B – Entendi. O que realmente eu ainda não entendi foi porque quis ser advogada do diabo da Rose, sendo que sua namorada sou eu.
N – Para com isso. Vamos botar os pingos nos "is" e agir como adultas.
B – Hummm. Está cheia da atitude. Pensei que era passiva em tudo.
N – Percebo que você quer brigar. Eu vim tentar um diálogo com você, mas acredito que flopei no meu pensamento.
B – Ah, para de show. Até porque quem mantém uma amizade colorida é você.
N – Olha o que você está falando, cara. Você está me magoando, sabia?
B – Você fez isso quando defendeu "aquelazinha"
N – Eu não defendi ninguém. Só não vi necessidade de você surtar daquele jeito.
B – Eu surtar? você é uma idiota.
N – E você uma mimada obsessiva.
B – Não fala o que você não sabe. Porque você não nada sobre mim.
N – Realmente não sei. Até queria, mas seu egoísmo não deixa.
As duas estavam exaltadas e permaneceram um tempo em silêncio, uma de costas para a outra, assim como em uma briga juvenil. Então Natila virou e disse:
N – Diante dos fatos, a coletividade ajuda no caráter de um ser. O melhor caminho a ser traçado é o diálogo, afinidade, aproximação, mas vejo que isso está longe de prosperar entre nós. E a melhor e mais responsável forma de entendimento é o diálogo, com ele se pode solucionar problemas de diversas especialidades, quer seja profissional, pessoal, ou nosso caso amoroso, sem perder o foco. O diálogo tem um poder magnífico que é capaz de mexer psicologicamente na sua vida e promover transformações significativas e isso evita arrependimentos brutais.
B – Fez essa aula expositiva só para terminar?
N – Eu não queria, mas nisso você e o Willas se parecem. Com vocês não existe diálogo.
B – Nosssssssssssssaaaaaaaa que facada no coração. Me comparando com aquele puto do Willas? agora mesmo se você não quisesse, eu iria acabar. Terminou. pode ir embora.
N – Viu. Com você não tem diálogo. Com Willas também. Pode até ser que minha comparação foi fútil, mas infelizmente é a verdade.
B – Não é possível que estou ouvindo isso de você. Passou horrores na mão dele e não percebe a merd* que está falando.
N – Calma !!! só disse que você não sabe dialogar.
B – Mas ainda assim, me comparou.
N – Ok. Enfim, acabou mesmo, é essa a melhor maneira para você?
B – Você sabe que gosto de você. Seria bom darmos um tempo e pensar nas palavras que proferimos aqui.
N – Tudo bem. Farei isso.
Então Natila foi para casa com uma certa magoa no peito. Pensou sobre várias coisas no caminho. As palavras que ouvira, e as que falou. Se realmente esse relacionamento iria dar certo, e sobre tudo ela pensou no Jacob.
Aonde ele poderia estar? o que estaria tramando? De repente a angústia e medo tomaram conta do ser de Natila, pois em sua direção vinha um rapaz que usava óculos, e era aproximadamente da estatura de Jacob. Pediu licença e sentou do lado da janela do ônibus.
Com a vista embaçou por puro desconforto, ela ficou numa condição complicadíssima. Sem saber ao certo o que deveria fazer; perguntar se o rapaz realmente era Willas, ou somente correr.
O rapaz a desejou sorte, e desceu no próximo ponto ...
Escritora: Jessica Cantanhede
Revisão: Kathianne Maria M. S Pereira
Fim do capítulo
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