Capitulo 9- Cara fechada
Passaram-se dias e as duas estavam relembrando dessa tal noite do hot, e como uma pessoa curiosa e bastante intrigada, Belle indagou o porquê de chama-la de cara fechada. Aquele nome era mencionado desde o ano de 2016. Por um motivo especial e notório. Nesse tempo a Belle de fato não dava um sorriso sequer.
N – Amor, você recorda como você era?
B – Claro que sim. Ainda sou como antes.
N – Desde a primeira vez que avistei você foi de cara fechada, parecia sempre estar brava – hahaha
B – Pelo amor de Jah!!! você queria que eu ficasse o tempo todo de dente para fora, era?
N – Não. Mas ao menos deveria ser mais simpática.
B – Perdeu a noção, mona.
N – Poderia andar sorrindo, como agora.
B – Naquela época a carne de palhaça estava escassa. Esses dias eu "comi" uma palhaça – hahaha
N – Não perde a mania de me deixar sem graça – hahaha. Mas é sério, vida!!! Sei que você deve carregar inúmeros problemas, isso pode ser consequência, mas você passava uma negatividade, tristeza, esses nuances tenebrosos.
B – É Nati eu sei, você não é a primeira pessoa a falar isso. Mas essa sou eu.
N – E foi por isso que me apaixonei. Sei que você tem seu lado amoroso e conheço ele também, mas eu realmente queria entender porque você é fechada assim.
B – Inúmeras situações contribuíram para esse trancamento interior e exterior também.
N – Quais?
Logo Belle foi esmorecendo o rosto e a lividez aumentando cada vez mais. Foi quando ela ergueu a cabeça, com os olhos lacrimejando disse:
B – O mais tenso foi a morte do meu pai.
N – Quer conversar sobre?
B – Não, prefiro que não.
N – Desculpa, não queria ser invasiva.
As duas se abraçaram. Natila propôs um rolê para espairecer, e tentar esquecer o final da conversa que foi tenso.
Então saíram sem um rumo, passando um tempo para definir o local. Decidiram ir caminhar na praia. Era noite e ventava muito, ainda assim a decisão foi definitiva.
Lá estavam caminhando na areia da praia de mãos dadas, uma verdadeira cena romântica. Estavam tomando algo, acredito que fosse um energético. Escutaram alguém aos berros chamando por Natila. Quando olharam para trás era Jhenny, que vinha correndo mais que o velocista olímpico Usain Bolt.
J – Esperem ...
Ela chegou bufando e disse ironicamente:
J – Olha só, o casalzinho em um passeio romântico.
N – Vai começar com as piadinhas?
B – Se está com raiva, morde um poste que passa, fofa!!!
J – Toda debochada, eu não quero tua mulher não. Até porque encontrei a tampa do meu batom ... ah, estou apaixonada.
N – O que isso quer dizer?
J – Que estou namorando. Depois a lerda sou eu – hahaha
N – Rápida você, para quem dizia amar intensamente.
B – Que é isso gente!!! acho que estou sobrando aqui.
N – Começa não, amor. Já te expliquei a situação.
B – Pois é, mas a DR tá tão intensa.
As três seguiram caminhando em silêncio na direção de um barzinho. Chegando ao local, os ânimos estavam mais calmos e conversaram sobre muitas coisas, inclusive sobre a misteriosa paixão de Jhennyffer Rose.
Dessa vez foi a Belle quem questionou ...
B – Então Rose, como é o nome da sua namorada?
J – Nathália Lorraine.
B – Tá de zoeira comigo. Que diabos tu vais namorar uma mulher com o nome parecido com o da minha?
J – Ah, pronto !!! agora a gostosona aí vai proibir até os nomes das pessoas. Eu não trabalho em cartório não. Quero é sentimento e não nome.
B – É para ficar lembrando do que tu não podes ter – haha
N – Amor, para com isso.
B – Ah tá, vai defender? eu mereço.... sinceramente, não preciso ficar aqui.
N – Espera, amor. Para de besteira.
B – Amor é um cassete. Fica aí com sua "amiguinha".
N – Que surtada, hein...
B – Não aparece lá em casa, ok?
Belle pegou a bolsa e foi embora soltando fumaça pelas narinas, deixando Natila para trás e acelerando de uma vez o carro, como se fosse um piloto de Fórmula 1. Ela realmente estava desnorteada de raiva.
Depois de algum tempo sentadas no barzinho, Jhennyffer propôs para que Nati fosse conversar com ela naquele momento, mas recebeu uma resposta negativa, e em seguida disse:
N – Se eu for, vamos brigar. Ela está nervosa desde a conversa que tivemos mais cedo.
J – A respeito de que?
N – Sobre a morte do pai dela, mas ela evitou contar. Só sei que ela presenciou tudo, e digo com toda certeza que foi horrível para ela.
J – Nossaaa, isso é doloroso e apavorante.
N – Sim. A gente sente a dor dela quando toca nesse assunto.
J – Pela barba do profeta!!! Esse deve ser uns dos carmas que a coitada carrega, que modela para ela ser marrentinha. As janelas da memória dela devem estar muito fechadas.
N – Lá vem a Wikipedia ambulante.
J – É sério.
N – Ok, sei que você quer um sinal verde para incorporar o papel de nerd. Vai, manda ver na explicação.
J – Então, li em um artigo do pesquisador e psiquiatra Augusto Cury, que nossa memória é repleta de janelas, e são elas que comandam a interpretação, sentimento, agir e etc... quando elas são abertas, somos propensos a raciocinar, dar respostas inteligentes e mais coisas agradáveis. Agora uma vez que elas são fechadas, a nossa probabilidade de ser agressivos e estúpidos é de 99,9%. E, contudo, há chaves para tais janelas, o sentimento de medo, tristeza, pânico. E quando a tensão, perda e contrariedade agem na memória o ser humano pode ficar irreconhecível, mudando assim o grau de aberturas de janelas.
N – Woooow... muito interessante. Adorei! Impossível não compreender ela, depois dessa explicação.
J – Aposto que você já sabia. Você é mais esperta do que eu. Só não gosta de demostrar os conhecimentos.
B – Hahahaha. Nada disso. Enfim, está ficando tarde. Amanhã você vai para a aula.
J – Vou sim. Nathália vai estar lá.
N – Ótimo!!! Assim me apresenta logo minha quase xará – hahaha
J – Está bem, linda. Toma cuidado por aí.
Levantaram-se e foram para destinos diferentes. Natila foi dormir na sua casa, decidiu dar um tempo para Belle.
Escritora: Jessica Cantanhede
Revisão: Kathianne Maria M. S Pereira
Fim do capítulo
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