(Para facilitar o entendimento do leitor, no parágrafo que o personagem for falar, colocarei a inicial do nome)
Capitulo 3- A discórdia
No dia seguinte, Nati acordou intacta numa cama desconhecida. Olhou ao seu redor e o lugar também era estranho. Quando olhou para a porta do quarto, Jhennyffer estava parada, vestida com uma Lingerie azul, que por mais incrível que pareça era a cor preferida de sua amada. Jhenny sabia tudo sobre Nati. Quando se tratava de Natila Kindow, ela usava todo seu poder, influência e cuidava de todos detalhes pessoalmente, era uma espécie de perseguição e não de paixão.
Nati se assustou com aquela visão ótica, pois não sabia aonde estava e porque diabos Jhenny estava ali. Mas, diga-se de passagem, ela adorou aquela visão, a estrutura na sua frente era algo fantástico.
Jhenny tinha um metro e setenta e oito. A bunda era gigantesca... sua pele, a mais linda, era coberta de melanina e algumas tatuagens. Cabelo cacheado, dentes bem branquinhos e olhos castanhos. Ela se aproximou de Nati e falou:
J - Bom dia, linda. Aceita curar a ressaca com o orgasmo mais intenso da sua vida? Sei bem que a reação alcoólica em alguns intensifica a voluptuosidade.
Nesse exato momento, Nati fica atônita e muito perplexa com aquela situação tentadora que deixou escapar o sim, mas logo se recompôs e pensou em Belle.
Disse:
N - NÃAAOO, VOCÊ TÁ MALUCA? Preciso ir para casa. Perdi minha dignidade, bebi muito e ainda dormi com você e nem lembro do que aconteceu. Nós trans*mos, garota?
Jhennyffer sorriu e ao mesmo tempo fez cara de tristeza ao acrescentar:
J - Infelizmente não. Mas juro pelo direito da bandeira LGBT que era isso que queria.
N - Ainda bem que soube respeitar, né.
J - Óbvio!! Posso ser apaixonada, mas tenho caráter. Além do mais, você não parava de sussurrar o nome daquela tal de Belle. A propósito, o que você viu "naquelazinha"? Uma menina tão sem expectativa de vida...
N - Nem passou na OAB e já está julgando os outros?... você tem o direito de permanecer calada, já que não sabe nada da vida dela.
J - Hahaha. Eu sei sim, linda. E como sei.
N - Sabe o que, garota?
J - Sei que ela não te quer nem vestida de ouro para vender na próxima esquina.
N - haha.. e o que mais?
J - Sei que ela é hétero e felizmente vai casar e deixar seu amor para mim.
N - Pecado!
J - Por quê?
N - Aff, é modo de dizer, idiota. Mas, só pra você saber, eu não ficaria com você. Ok que você é linda e tals, mas a estrela da sua constelação é completamente diferente da minha.
J - Não entendi. Pode explicar novamente?
N - Deixa pra lá. Preciso ir, tenho aula.
J - O fora mais inteligente e fofo que já levei, apesar de eu não ter entendido muito bem...
N - Ok, mas muito obrigada, mesmo que sua colocação seja contrária a meu pensamento. Não quero ser rude, mas me trazer para seu apartamento foi jogada de mestre para conseguir o seu troféu tão desejado. Novamente obrigada, tchau e até mais.
Dito isto, Nati pegou um uber e foi para casa. Tomou banho e tomou seu caminho em direção à faculdade. Chegando lá, a avidez no olhar da garota com diretriz fixada em Belle era notória, tão notória que até Willas Jacob não pôde deixar passar despercebido. Ele foi marcar "território" dando uma carona a noiva até seu destino.
Como um flash que embaçou a vista, Nati desviou o olhar quando propositadamente Willas agarrou Belle e a beijou, um beijo profundo e suculento, que dava para ver as gotículas de saliva indo e vindo numa lentidão de tirar o folego. Ele continuou beijando-a por volta de uns dez minutos sem parar, só interrompendo quando Nati fingiu tropeçar e o empurrou fazendo-o separar abruptamente dos lábios de Belle.
Foi quando ele disse:
W - Ora, ora. Vejo aqui aquela cena calculada de filme bizarro onde a indesejada colide intencionalmente para chamar a atenção.
N - Que?
W - Me poupe do seu joguinho inútil. Percebi o seu olhar medíocre para a Belle.
B - Que? Como assim Willas? A Nati é minha amiga e ela sabe que nós dois vamos casar.
W - Ainda bem que a sapatão sabe a quem você pertence, mas isso não a impediu de te desejar, eu vi o olhar malicioso dessa Maria Machinho.
B - Para com isso, esses apelidos pejorativos me estressam e você sabe muito bem.
W-Sim, eu sei, mas a tamancão foi quem se meteu onde não era bem-vinda.
N - Você é extremamente idiota, cara. Prefiro nem debater com acéfalo.
W - Está com medo de não ter argumento sobre o fracasso que você é, e se envergonhar com sua depravação? Porcaa! Mulher gostando de mulher, isso é nojento. Fique sabendo que a Belle não gosta dessa baixaria e você nunca a terá em seus braços, seu filhote de cruz credo.
B - Bastaaaa, Willas Jacob e, por favor, vai para casa.
Nessas alturas as lágrimas de Nati já percorriam centímetros do seu rosto, e logo escorriam pelo chão do corredor da faculdade, aglomerado de curiosos por efeito da histeria. Quando Natila tentou rebater aquela situação com sabedoria, que ela tinha de sobra, novamente seus olhos encheram de lágrimas causando escurecimento na visão ótica, Nati foi ficando gelada e empalidecida, sentou-se.
Nesse exato momento Jhennyffer Rose surgiu e o alvoroço começou novamente.
J - O que estar acontecendo e por que a Nati está assim?
B - O Willas falou umas coisas duras para ela e alegou que ela me ama.
W - Duras não. Apenas verdades. Essa sapatãozinha de merd* pensa que é quem? Uma imunda dessas!
J - Olha o respeito, querido! preconceito é crime sabia?
W - Humm. Se doeu é porque é mais uma caminhoneira de merd*. Nossa, aqui está empestado dessa palhaçada de esfrega-esfrega. Além de sapatas são negras e porcas.
J - Você passou dos limites, além de preconceituoso e racista o que mais entra para seu currículo de infelicidade e falta de conhecimento?
Agora Jhenny iria expor o que ela mais amava, o seu conhecimento em Direitos. Prosseguiu ...
J - A pena de reclusão para esses casos é de três a cinco anos de xadrez. Agora pensa comigo, se é que você consegue: Preconceito (cinco anos), Racismo (cinco). Por mim, você nem vai pegar banho de sol quando estiver na cadeia. Eu vou adorar, porque a lei é clara e objetiva. Vejamos: No Supremo Tribunal Federal, a discriminação por motivo de orientação sexual, ficou amparada como crime de racismo, que é a seguinte: Lei nº 7.716/89.
W - E você vai fazer o que, me prender? sua sapatilha ambulante.
J - Infelizmente não tenho esse poder discursivo de dar ordem de prisão, mas quem testemunhou sua repreensão ideológica pode me ajudar nessa empreitada. E as câmeras estão ao meu favor.
W - O que?
J - Isso mesmo que você ouviu.
Nesse momento todos saem, exceto Willas que fica completamente atordoado com a lição de conhecimento, moral e sobretudo com a possibilidade de ir para a cadeia. Sem saber o que fazer nem para onde ir, a personalidade negativa de Willas se agrava pouco a pouco, fazendo com que ele fique cada vez mais isolado e se encoraje a mergulhar no mundo das drogas.
Muito alucinado com o uso abusivo de cocaína e outros entorpecentes, Willas consegue uma arma, uma daquelas que deveriam ficar só na mão de autoridades, mas ele era amigo de um policial corrupto e extremamente ambicioso que facilitou a aquisição. Outrora havia vasculhado o celular de Belle e conseguiu o endereço da turma da faculdade, e, incontrolável, foi até o apartamento de Jhenny chegando lá com o propósito de matá-la para não responder por injúria racial. Ele bateu repetida e abruptamente na porta, tão forte que os vizinhos do apê, acharam que o prédio estava em obras. Depois de tanta insistência, uma pessoa abriu a porta.
Escritora: Jessica Cantanhede
Revisão: Kathianne Maria M.S Pereira
Fim do capítulo
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