CAPÍTULO 34 - POV Patrícia & Dominique

        Alguém já ouviu falar na Síndrome do ninho vazio?, é o que os pais sentem quando os filhos batem as asas e vão viver as suas vidas bem longe do ninho protetor que construímos, o primeiro a partir foi Malu, depois foi a vez do nosso ruivinho Miguel.

        Logo depois de toda confusão causada pelo nosso filho lá em Ilhéus,  ele acabou se envolvendo com uma professora mais velha e muito metida a sedutora, ela veio aqui e quase me come com os olhos, não apenas a mim, mas, a Patrícia da mesma forma, e o desenrolar da noite foi ainda pior, depois do jantar e da sobremesa, os dois seguiram juntos para o quarto de Miguel, vi que ela havia se adiantado, deixando a porta entreaberta com um único objetivo, ela queria que uma de nós a víssemos trans*ndo, quando passei pelo quarto do nosso filho, discretamente fechei a porta, Kitty estava nua e sorrindo em minha direção, seu corpo e o prazer que estava proporcionando ao ruivinho, impedia Miguel de ver qualquer outra coisa, enfim, tudo aconteceu em segundos, Kitty me olhou, piscou o olho e disse balbuciando uma única palavra com a boca, derramando em cima de mim cada letra da palavra G-O-S-T-O-S-A. Não lembro de ter sentido tanto asco em minha vida por alguém.

        Depois desse dia conversei bastante com Miguel, e lógico, tinhoso do jeito que é, de nada adiantou meus conselhos, e no final das contas ele acabou se mudando de mala e cuia para casa de Kitty, Patrícia comentou que não havia mais nada que pudesse ser feito em relação a isso, a não ser rezar que ele amadurecesse depois dessa, então, mesmo aborrecida, não tive mais nada a fazer a não ser torcer por sua felicidade.

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...♥...

         Eu não sei porque, mas, minha mãe Dominique não gostou nada do meu namoro com Kitty, eu disse que ela estava sendo preconceituosa porque ela era mais velha, e que isso era ridículo sendo que éramos praticamente uma família constituída só de minorias LGBT, se Malu pode namorar e casar com uma menina, se Maria Clara, a santinha do pau oco pode estar conhecendo outra, porque eu não posso namorar uma mulher mais velha, é errado ser hetero?, sim, porque quando estava namorando com o Pedro tudo bem, agora que estou namorando a Kitty não pode, ah, por favor, né?, como resposta minha mãe disse que eu estava distorcendo tudo, que essa era uma situação totalmente diferente, mas, não vejo onde está essa diferença sinceramente, sei que nem ouvi seu discurso todo, aceitei o convite da namorada e em uma semana me mudei de braços abertos para o moderno apartamento de Kitty, e olha, que mulher quente, nunca fui tão feliz na vida.

         No dia da minha mudança, minha namorada sentou comigo no sofá da sala, segurou minhas mãos e vi que o assunto era sério, enquanto esperávamos o caminhãozinho chegar com minhas coisas, delicadamente ela explicou que morar junto com ela não significava necessariamente um contrato de exclusividade, pois ela tinha muito tesão por mulheres e com certeza poderia ouvir algumas histórias nos corredores da universidade, mas, que não me preocupasse, porque era apenas sex* e isso jamais atrapalharia o nosso namoro, dessa forma, eu entendi que ela não seria minha apenas em relação a cama, então, pensei alto, relaxei e falei, "tudo bem, é apenas cama, vai que em uma hora qualquer você me chama para participar?", ela sorriu quando viu que estava de p*u duro logo após essa conversa, e Kitty não era de desperdiçar uma ereç*o, logo ela caiu literalmente de boca na minha excitação e depois tivemos o melhor sex* que fizemos em todos esses meses.

         Na semana seguinte íamos juntos a universidade, eu sentia um orgulho enorme de estar de chegar de mãos dadas com Kitty, nem me importava com os sorrisinhos dos invejosos, no fundo todos queriam estar no meu lugar, a inveja é uma merd*.

         Depois de me dar um selinho, Kitty foi dar aula e segui em direção a minha turma, estufei o peito e entrei na sala me sentindo o mais sortudo dos homens. O Professor Théo sorriu de uma forma cínica e pediu que sentasse enquanto explicava a parte introdutória da matéria.

         - Pode entrar Miguel, estávamos falando da viúva negra, uma aranha muito interessante esta mocinha. Então, Renata fale um pouco do que sabe sobre essa curiosa aranha, tenho a impressão que o atrasildo deve ter um enorme interesse sobre ela.

- Pois não professor...a Latrodectus, mais conhecida pelo nome do senso comum de aranhas-pretas ou viúvas-negras, é pertencente um género de aranhas da família Theridiidae, que incluem 32 espécies já confirmadas. O nome comum "viúva negra" deriva de um fato curioso, a maioria das espécies deste género praticam o canibalismo sexual, ou seja, a fêmea devora o macho logo após a cópula.

- Muito bem Renata, obrigada...interessante esse assunto, não concorda Miguel?.

- Achei, achei interessante por demais, mas, acredito em algo fortemente, tenho certeza que esse macho vai morrer saciado e feliz depois de passar pela boca da viúva nega, o senhor, não concorda?.

- Pode sentar, e saiba que não aceitarei mais atrasos em minha aula, seja lá com quem o senhor esteja amancebado, precisa ser pontual como qualquer aluno, estamos entendidos Sr. Miguel Brewer Ferraro?.

- Tudo bem Professor Théo, isso não vai mais acontecer.

- Renata, o que é amancebado?. - Falei sussurrado para a minha amiga que tentava abafar o riso.

- É quem mora junto com um companheiro, ou uma companheira, ou ambos. Hahahahah...

- Shiiiiii...preciso de silêncio para continuar a explicação.

- Desculpe professor. - Respondi ciente do seu profundo despeito.

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 ...♥...

         Estava com Nick na sala de cima do sobrado enquanto devorávamos um bolo de chocolate, cada uma mais irritada do que a outra, estávamos discutindo mais uma vez por causa de Miguel, sempre ele, tudo começou porque confessei que não consigo entender e nem aceitar a diferença de tratamento que ela faz em relação aos nossos filhos, eu entendo que Miguel tenha nascido do seu embrião, talvez por isso ela tenha um sentimento diferenciado em relação a ele, sei que ela vê no nosso filho a sua continuação, isso apenas baseado por um fator genético, e eu nunca fiz isso, as gêmeas levam o meu DNA e a única diferenciação que faço é em relação ao caráter dos três, as meninas tem seus defeitos sim, mas, nunca saíram pisando o coração das pessoas, nem em seu período mais fogueteira, Malu nunca magoou ninguém.

       Já estávamos exaltadas em uma discussão acalorada quando Dominique venceu a distância que nos separava e me agarrou pela cintura, me deitando no sofá.

         - Esquece o Miguel, as meninas e tudo mais, eu quero você agora.

         - Aiiiii...não morde o meu pescoço...sai Nick, eu não estou afim, me solta por favor.

         - Não quer?, mesmo?, humm, sei...e por um acaso, você pode me explicar essa sua respiração ofegante,  te solto, mas, antes diga olhando nos meus olhos que não me quer, diz...

         - Eu...

         Não consegui dizer mais nada quando ela subiu sua mão macia por minha coxa, chegando rapidamente ao ponto do meu prazer.

         - Você diz que não quer Paty, mas, seu corpo está dizendo que sim.

         - Isso é golpe baixo, você sabe que precisamos conversar so...so...sobre nosso filho, ui, para um pouco Nick, vamos falar do problema do nosso ruivinho...para vai...

         - Ele não está aqui, está?.

         Estávamos no auge do nosso tesão quando Zion entrou dando uns passinhos desajeitados, seguido por Maria Clara.

         - Mães, vocês não tem mais quarto não?, por favor, se ajeitem, Layla está na sala de baixo querendo conhecer vocês.

         - Bô...bô...

         - Pois é Zion, as vovós estão fazendo bobice em plena sala.

         - Bobobobo...

         - Isso filho, bobice...

         Minha mãe Dominique não achou nada divertido, amarrou a cara e levou mãe Paty para tomar banho e trocar de roupa.

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...♥...

         Querido diário,

         Acredita que peguei minhas mães fazendo amor na sala de cima?, pense na vergonha?, eu tive que brincar ou não ia conseguir lidar com a situação, ainda bem que Zion estava ao meu lado, assim, consegui contornar o ocorrido da melhor forma possível.

         Quando desci com o meu pequeno, Layla estava tranquilamente nos esperando e riu quando Zion abria e fechava a mãozinha direita balbuciando bô, bô.

         - Ele é muito apegado as avós, não é?.

         - Sim, mas, ele nunca vai perder o contato com elas meu amor.

         Cerca de meia hora depois, Mãe Paty e Mãe Nick desceram, vi que sorriram abertamente para Layla, realmente minha namorada exalava bondade e beleza, era ela radiante com sua pele negra realçada pelos cabelos fartos e encaracolados, enfeitados com uma boina vermelha que combinava com o vestido estampado.

         - Mãe Nick, Mãe Paty, essa aqui é Layla, oficialmente minha namorada.

         Minha mãe Patrícia venceu a surpresa inicial e disse sorrindo com muita sinceridade.

         - Nossa, vocês formam o casal inter-racial mais lindo que já vi na vida.

         Eu e Layla respondemos um "obrigada" no mesmo tempo, e sentamos para conversar.

         - Dona Patrícia, Dona Dominique, estou aqui por duas razões, primeiro para dizer que amo a filha de vocês e que vamos ficar juntas,  constituir a nossa família, por isso claro que queremos ter o nosso espaço, a nossa casa, vocês entendem, não é?.

         - Ah, primeiro tire esses donas...por favor...diga só Patrícia e Dominique, depois, deixa eu entender, está pedindo autorização para levar a minha menina?, bom, se estou vendo que ela já te disse sim, quem sou eu para dizer um não?, quero que minha Clarinha seja bem feliz, não concorda, Nick?.

         - Claro amor...

         - Obrigada Patrícia - Layla respondeu baixinho e cheia de vergonha.

- Mas querida, você disse que tinha duas coisas a dividir conosco, uma já sabemos, e a outra o que seria?.

- Sim,  outra coisa e não menos importante, bom, vamos passar um ano em Paris, vou finalizar meu doutorado sanduiche e Clarinha vai fazer um intercâmbio em uma das principais universidades especializadas em Neuropediatria, a área que ela tem em mente em dar continuidade, o que pensam?.

- Vamos morrer de saudade, mas, vai ser maravilhoso para vocês, por favor não suma com minha menina.

- Claro que não, somos uma só família agora.

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...♥...

        Acho que tem duas coisas que não conseguimos segurar, a primeira é o amor quando ele se abriga de forma indelével no coração, a segunda é o tempo, esse dono do nosso destino faz com que tudo mude como um sopro, e olha, o tempo voa, pisquei e hoje já fazem sete meses que fomos deixar minha gêmea Clarinha no aeroporto, ela viajou com Layla e o pequeno Zion para Paris, claro que nos falamos com muita frequência pela internet, mas, não é a mesma coisa, no entanto, sei que já ela está de volta e posso contar pessoalmente as novidades.

        Com o trabalho do Google pude agilizar a minha vida muito mais rápido do que imaginava, comprei uma casa confortável para morar com Renée e após quatro meses de obra podemos nos mudar, dentro dessa loucura toda que a reforma de uma casa propicia, também iniciamos todo o processo de fertilização em vitro, fizemos os exames necessários, encomendamos o sêmen em um banco de doação internacional e em pouco tempo eu estava grávida, implantamos dois óvulos, um de Renée e outro meu e foi com muita felicidade que convidamos minhas mães para contar a novidade, fomos direto do aeroporto para nossa casa, tão ansiosas que estávamos.

- Oh filha, oh Renée...nossa, a casa de vocês está muito linda, só não acostumo mesmo é com esse calor de Ilhéus,  pensei que fosse morrer lá fora, salve quem inventou o ar condicionado. Hahahahah...

- Ai mãe Paty, não exagera vai, já refresca, ele está programado a ligar assim que entramos no ambiente.

- Vem aqui filha, dá um abraço direito na mamãe, quantas saudades de você, e ai, em falado com seus irmãos?.

- Com Clarinha com muita frequência, com Miguel muito de vez em quando, ele não é de muita conversa, você sabe.

        Sai um pouco minha mãe e abracei Mãe Nick, ela sempre teve um ciuminho da minha proximidade e de Clarinha com Mãe Paty, como se ela não fizesse o mesmo com o ruivinho, né?.

- Querida, você está tão linda!!, quer ajuda para servir o jantar?.

- Não precisa mãe Nick, está tudo pronto, encomendamos comida japonesa, a mesa está posta, falta só buscar tudo na geladeira, enquanto isso Galadriel vai fritar os hots.

- Quem é Galadriel minha filha?.

- Ai mãe Nick, nunca assistiu e nem leu "O Senhor dos anéis"?, é a dama branca.

         Mal terminei de falar um jovem alto e albino se aproximou e sorriu.

- As senhoras desejam algo para beber?, os hots estão fritos e a mesa já está servida, podem me acompanhar.

- E como devo chama-lo?.

- Chama-la...vou fazer a transição graças à ajuda de Malu, uma verdadeira fada madrinha para mim.

Todos sorriram e Galadriel foi buscar os sucos e o saquê separado para ocasião.

- Não vai beber minha filha?.

- Não mãe, na verdade estava desejando um suco de cajá geladinho.

        Quando terminamos p jantar, Galadriel seguiu até a cozinha voltando com uma delicada bandeja de prata coberta.

- Mãe, essa é a surpresa antes da sobremesa.

       Galadriel levantou a tampa, haviam três lindos sapatinhos de lã na cor rosa. Mãe Paty correu e me abraçou.

- É isso mesmo Malu, vamos ser avós novamente?.

- Sim mãe, e de três meninas, advinha?, aconteceu igual a gravidez da mãe Nick, implantei um óvulo meu que se dividiu em dois e o da Renée, só que vamos três menininhas.

- Imagina Nick?, uma ruivinha e duas loirinhas de certo.

- Ai Paty, vai ser uma emoção tão grande....que não cabe no coração, e como essas princesas vão se chamar?.

        Minha mãe Paty me olhou apreensiva, assim como Mãe Nick, dei uma piscadinha de olho para Renée e falei "Esther, Bella e Rose".

- Sério filha, diz logo vai, estou esperando os nomes exóticos que escolheu, e Esther, Bella e Rose são lindos, mas, não são tão diferentes como Zion por exemplo.

- Desculpe decepciona-la Mãe Paty, mas, queria que as minhas meninas tivessem nomes bem delicados, e esses três atendem o que pensei, não concorda?.

- Sim, são nomes lindos, parabéns meninas, vamos ligar para os Maria Clara e Miguel, eles vão amar a notícia.

        Ao contrário do que a minha mãe esperava Miguel não comemorou, limitou-se a dizer "ah, que legal, parabéns Malu", depois inventou uma desculpa qualquer e desligou.

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...♥...

         Minha irmã Malu ligou, queria contar que está grávida, mas, não tive nem ânimo para comemorar, em plena noite de sexta feira estou em casa olhando o teto, enquanto me delicio com uma dose se whisky, Kitty saiu, está na casa de uma professora da Antropologia, e disse que nem esperasse que ela não ia dormir em casa hoje, essa professora é a mesma que encontrei semana passada entre as pernas da minha namorada em pleno laboratório, e sabe o que ouvi "Red hair, não bate mais na porta?, por favor espera lá fora, estava quase goz*ndo...bom, se quiser pode ficar...você que sabe, desde que fique quietinho", e voltaram a fazer o que estavam fazendo como se eu não existisse.

         Peguei o celular e praticamente meus dedos ligaram sozinho.

         - Pedro?...

         - Miguel?.

Fim do capítulo