Parte 10

Helen Alves

Eu sei, eu fui muito direta. No entanto, eu não podia adiar mais. Precisava dizer a Lívia o que eu estava sentindo, mesmo não sabendo se seria correspondida.

Fiquei um tempo aguardando a mensagem dela, contudo demorou para chegar. Até cheguei a pensar na possibilidade de mandar uma outra mensagem para ela.

“Você está brincando comigo?” Ela me respondeu dessa forma. Por que eu estaria brincando com ela? Bom... Falar para alguém que você gosta dela é algo muito sério, era isso que eu pensava.

“Não, eu estou falando a verdade para você. Por que eu estaria brincando?”

“Eu não sei. É difícil acreditar que você esteja gostando de mim.”

“Você é uma menina linda... maravilhosa. Eu tenho muitos motivos para gostar de você. Vamos conversar amanhã sobre. Podemos sair um pouco... a gente pode se conhecer melhor. Fazer tudo direitinho.” Eu sei, sapatão é bicho apressado.

“Helen, você está atropelando meu raciocínio agora. Vamos com calma. Me dê um tempo para pensar.”

Comecei a ficar angustiada com essa última mensagem dela. Isso de pensar poderia não ser bom. Já que noto a insegurança dela, ela poderia tentar se afastar de mim.

“Vai pensar com carinho?” Foi a única escolha que tive, pois ela também não poderia fazer tudo que desejo.

“Vou!”

Depois dessa conversa, eu procurei mudar de assunto. Pois notei que o clima havia ficado um pouco tenso. Acho que Lívia tinha receio de eu estar querendo me aproveitar dela e no final nunca assumir um relacionamento. Bom... como eu poderia fazer ela ter certeza que eu tinha boas intenções? Eu teria que pensar sobre isso.

_*_

No outro dia, cheguei na clínica bem mais cedo e fui direto para o refeitório. A minha cabeça estava doendo muito naquela manhã. Havia passado a noite em claro pensando em como fazer Lívia confiar em mim.

Conversamos muito na noite anterior. Foi muito agradável nossa conversa, como sempre. Pensar nisso me deixava angustiada, eu queria aquela moça para mim. Eu gostava de Lívia.

— Droga! – disse um pouco baixo quando não sabia mais como agir diante daquela situação.

— Acho que alguém não está muito bem aqui – Débora comentou ao chegar – O que anda acontecendo? – Ela começou a colocar café em duas xícaras.

— Eu me declarei para Lívia.

— Mas já? – Débora ficou surpresa com a novidade – Você a conhece a três dias. Bom... deve ter assustado a garota.

— Imagino que eu tenha a assustado, mas eu gosto dela. Será que fiz errado ao dizer?

— Deveria ter ido com calma. E você sabe se ela fica com mulheres?

Essa pergunta de Débora me deixou pensativa.

— Não conversamos sobre isso, mas sinto que ela curte – peguei a xícara que ela estava me entregando.

— Esse tal "radar" de vocês. Bom... dizem que pode falhar.

— Mas o meu é certeiro. Ela é... Bom... eu acho que é.

Fim do capítulo