>>> Parabénssss Gabi, que seu dia seja extraordinário...aproveite e faça um belo pedido na hora de soprar as velinhas, estou na torcida por você...bjsss

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CAPÍTULO 28 - Hoje o tempo voa amor...

        No intervalo das aulas, pedi licença a Yolanda e fui tentar encontrar Miguel, ele estava escondido entre as sombras e de longe vi que passava a mão no rosto para enxugar as lágrimas, estava sentado em um banco de concreto por trás do bloco do Direito, comprei rapidamente dois sanduíches com refrigerantes e fui até ele.

- Oi Miguel, posso sentar com você?.

- O que você quer, Pedro?, vai rir da minha cara também?, pode rir que sei que estou merecendo.

- Não, eu queria conversar contigo, e trouxe esse lanche, eu vi que sempre pede a mesma coisa.

- Obrigado, mas, não precisava, eu estava sem fome, mas, já que trouxe, passa pra cá, vai ser bem vindo.

        Vi que ele abocanhou o sanduiche com rapidez, estava visivelmente faminto, mas, de certo não quis ir até a lanchonete para evitar confrontos, sei que depois de três mordidas e já tendo devorado um bocado do sanduiche, deu um grande gole no refrigerante e sorriu.

- Pedro, só esqueceu as batatinhas fritas...

- Quer que eu vá buscar?.

- Não, era uma ironia, você não saca essas coisas?.

- Nem tanto, para ser bem sincero...não sou muito bom nessa questão.

        Ele riu alto e pude ver que seus dentes eram perfeitamente alinhados, embora estivessem cheios de massa de pão, achei a cena mais linda do mundo e ali tive a certeza que ele tinha o sorriso mais lindo que já vi na vida, quando estava mais relaxado, é claro.

- Então, o que você queria Pedro?, foi muita gentileza sua trazer esse lanche, na verdade, eu não quis ir até a lanchonete, já me zoaram bastante desde que sai da sala de aula, ai preferi ficar na minha, você entende, né?. Aliás, foi mal cara, eu só queria te provocar, e nem sei o porquê disso, você nunca fez nada...no começo eu tinha muito ciúme de você com Yolanda, mas, depois descobri que eu nem gosto mais dela, aliás, faz muito tempo que não gosto, fiquei só nutrindo essa ilusão, me apeguei a isso, sei lá por qual razão...

- Na verdade, eu  gostaria de entender porque você sente tanta raiva de homossexuais, se você é hetero e é convicto, você não precisa se sentir tão ofendido com a vida do outro, o que muda na sua existência saber se o outro é gay ou não?.

- Eu não deveria te dizer, afinal você não tem nada a ver com minha vida...mas, sei lá, eu tenho vontade de te contar, embora eu saiba que você mesmo sendo gay, não vai ter como me entender...cara...eu...eu fui criado por duas mães, uma delas fez inseminação e gerou trigêmeos, eu e duas meninas, você não faz ideia de como eu era zoado por isso na escola, era horrível, eu era o estranho, o diferentão, depois quando adolescente, minhas mães eram fetiche dos meus amigos...quero que você me entenda, eu amo as minhas mães, mas, eu sempre quis ter um pai, sabe?, uma figura masculina, fui criado entre duas irmãs e duas mães...é isso.

- E elas te tratavam mal?, te batiam?, cometiam algum tipo de negligência?, trans*vam sem cuidado algum na sua frete, algo do tipo?.

- Não, de jeito algum, elas sempre foram mães maravilhosas, sempre cuidaram de nós três com todo o amor do mundo, mesmo agora que nós crescemos...elas continuam a cuidar, vê Pedro, as duas vieram até aqui, montaram um loft pra mim...na verdade, eu sempre fui um menino arredio, mas, elas não desistem...eu...eu que sempre fui muito na minha, meio retraído, entende?.

- Miguel, elas devem ficar bem tristes com essa sua maneira rígida de ser, não precisa recusar o amor das suas mães porque você foi magoado quando era pequeno...olha, aqui na universidade tem um setor da Psicologia que ajuda muito, eu só não procurei esse serviço porque já faço terapia há anos, depois as consultas aqui na universidade tem preços bastante acessíveis, elas não precisam saber que está fazendo se não quiser, tenho certeza que as terapias podem te ajudar e muito a superar tudo que sente e está bagunçado ai dentro.

- Está me chamando de doido, é isso?.

- Não seja ignorante Miguel, fazer terapia com psicólogo não tem nada a ver com loucura.

- Desculpe, eu vou pensar nessa sua dica, ok?.

- Sim, você vai se sentir bem melhor, tenho certeza. Agora preciso te contar um pouco da minha história, eu também sou filho de duas mães...

- Sério, cara?.

- Sim, mas, com uma sutil diferença, eu fui adotado pelas duas, meus pais, ou minha mãe, não se sabe nem indícios de quem possam ser meus pais biológicos...bom, eles me abandonaram na fazenda em uma cestinha de vime, mas, eu já os perdoei, e sou muito feliz que minhas mães me adotaram.

- Você vive em uma fazenda?.

- Vivo, você quer conhecer?.

- Claro, você tem cavalos?, eu ia a um haras quando pequeno, mas, era um pouco distante de Curitiba.

- Nossa, você é do sul?, minha mãe Mariana também é, só que ela é de Gramado...

- Não acredito cara, minha mãe também é de lá, quer dizer, uma das minhas mães, a Patrícia.

- Olha que coincidência interessante, esse mundo é muito pequeno mesmo.

- Quem sabe até nossas mães se conhecem...ah, no fim de semana eu te ligo para a gente combinar de andar a cavalo, obrigado pelo convite Pedro.

- Nada, vai ser um prazer.

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...

        Estávamos reunidas para jantar quando Malu chegou ladeada com um loirinho de cabelos espetados e olhos negros como a noite.

- Oi mamães, oi mana, esse aqui é o Sebastian, meu...bom, ainda não sabemos o que a gente tem, na verdade, trouxe ele aqui só para a gente filar um rango antes de sairmos, senta ai Seb, vamos comer que estou louca para dançar, aproveita que o rango é delicioso e minha casa é pra lá de animada.

- Animada?.

- É um deboche, olha só a cara desse trio padrãozinho,  Hahahahah.

        O loirinho deu um sorriso tímido e sentou ao lado de Malu.

- Com licença.

- Mas, não me olhem assim, estão lembrando da DJ, né?, ah, já era, estava muito pegajosa e melenta, ai me interessei pelo Seb e estamos nos conhecendo melhor.

- Entendi, seja bem-vindo Sebastian.

- Obrigada, a senhora é qual das mães?.

- Pode me chamar apenas de Patrícia, essa ao lado é a Dominique, minha esposa e na cabeceira é a gêmea de Malu, Maria Clara.

        Seguimos jantando entre silêncios acolhedores e barulhos típicos de talheres de prata, foi quando Malu deu um gritinho de alegria, fazendo com que todos soltassem os talheres ao mesmo tempo, fazendo um barulho seco em conjunto.

- Nossa, vocês são assustados demais, não é? Hahahahah. Mana, você não acredita que eu comprei para o meu sobrinho...um body maravilhoso do Nightwish, ai ele vai ficar tão estiloso.

- Ah, você vai ser mamãe, Maria Clara? - Perguntou Sebastian sorrindo e tentando ser simpático.

- Ah, para, lembra daquele body que comprei hoje no shopping ?, é justamente para o meu sobrinho Zion tenho certeza que vai ser um menino.

- Ah, o bebê vai se chamar Zion?.

        Maria Clara sorriu e corrigiu a irmã.

- Na verdade nem sei se vai ser menino, mas, se for ele vai se chamar Heitor, Malu que quer porque quer que ele se chame Zion, mas, é um nome incomum demais para mim.

- Heitor é muito careta, tá é um nome bonito, mas, Zion é muito mais legal, imagine um piá correndo na casa e eu atrás gritando Zion?.

- Ah, desculpa amorzinho, mas, acho que a mãe e o pai quem escolhem o nome.

       Malu olhou bastante séria e ao mesmo tempo levantou a sobrancelha direita para o rapaz de cabelos espetados e foi ai que tive certeza absoluta que ele perdeu totalmente a chance de se tornar seu namorado, só mais tarde ela comentou que ele era péssimo de cama e sempre fazia uma boca meio torta quando trans*vam, esse foi o veredicto final para que o rolo não passasse de uma única noite, mas, fez questão de frisar que ao contrário da irmã tinha se cuidado e usado camisinha.

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...

         - Pedro?, oi filho, já chegou?.

         Meu filho nem precisou dizer nada, pelo seu sorriso percebi que ele estava muito feliz, olhou para a travessa de frutas, escolheu a maçã mais vermelha entre elas, jogou por uns instantes no ar para em seguida segurar com a mesma mão, indo até a pia lavar e dar uma mordida, tendo engolido o primeiro pedaço, falou calmamente.

         - Mãe Mari, eu terminei a prova antes e fui liberado...mamãe, nesse fim de semana vem um amigo meu olhar os cavalos e curtir um pouco a fazenda, tudo bem?.

         - Claro querido, nem precisa perguntar, é aquele rapazinho que você gosta?.

         - É mãe, mas, ele não é gay, ou não se descobriu, na verdade, eu não sei ao certo...

         - Meu menino, cuidado para não se magoar.

         - Não mãe, nem se preocupe, ele é um bom rapaz, apenas estava .meio perdido, ah, e advinha a coincidência?, ele é filho de duas mães, mas, ao contrário de mim, ele não aceitava muito bem, mas, tenho certeza que ele vai mudar de opinião depois da conversa que tivemos.

         - Ah meu filho, eu tenho tanto orgulho de você, seu coração sempre foi tão generoso, que bom que conversou com o rapaz.

         - Tem algo mais impressionante, uma das mães dele é de Gramado assim como você, será que você não a conhece?, como ele se chama Miguel Brewer Ferraro, a mãe dele deve ter o mesmo sobrenome, né?.

         - Patrícia...esse rapaz é filho de Patrícia?, meu Deus, que mundo pequeno.

         Stella e aproximou, me abraçando pela cintura e dando um beijo estalado em minha bochecha.

         - O que minha linda família está conversando?.

         - Sabe aquele rapaz que o Pedro está gostando?.

         - Sei claro, não diga que estão namorando?

         - Não amor, ou ainda não....ele vem aqui no final de semana, mas, sabe a maior coincidência?, ele é filho da Patrícia.

         - Da sua ex?, gente eu não acredito! Hahahahah

         - Como é mãe, você namorou a mãe do Miguel?.

         - Ah, coisa de adolescente meu filho...

         - Sua mãe passou o rodo em Gramado meu filho, eu a salvei...

         - Stella!!!!

         - O que foi?, estou dizendo alguma mentira?.

         - Ai, o que o nosso filho vai pensar de mim?.

         - Mãe, vou pensar que todos tem um passado, o que sei é que atualmente é completamente apaixonada pela Mãe Stella e formam o casal mais lindo do mundo.

         - Stella, o que vamos fazer com ele?.

         Rimos e gritamos juntas...

         - Vamos dar um beijo sanduiche...

         Corremos em volta da mesa até pega-lo e apertamos ele entre nós enchendo seu rosto bonito de beijinhos.

Fim do capítulo