Tú Hijo
Carmen
Depois de fazer amor por horas, dormi no colo de Isabel. Sem dúvidas o meu lugar favorito no mundo e acordamos com Marta nos chamando para o almoço. Antes de sair para a sala de jantar, decidi que estava na hora de deixar algumas coisas bem claras aqui para o bem de todos. Enlacei meu braço no de Isabel que aceitou e caminhou orgulhosa até a mesa, podia sentir que ela não esperava aquilo, mas gostou e eu também.
Assim que botamos o pé no cômodo, Lucília me olhou da cabeça aos pés com desprezo e Héloïse se remexeu na cadeira. O lugar ao lado esquerdo da ponta da mesa estava vago e a Baronesa puxou a cadeira gentilmente para eu me sentar.
Ficamos em silêncio por um tempo, cada um perdido em seus próprios pensamentos e os meus eram uma oração, um pedido de paciência silencioso. Prometi a Isabel que tentaria manter a calma pelo bebê. Uma tarefa que se tornou quase impossível quando Héloïse quis saber onde a Baronesa estava pela manhã.
Louis logo chamou a atenção para ele e emendou uma conversa com Isabel sobre a fábrica. Senti que ela não poderia cumprir a promessa de ficarmos no quarto pelo resto do dia, mas entendi. Sei que eles precisam resolver tudo ainda essa semana. O francês notou por nossos olhares trocados que tínhamos planos, mas eles podiam esperar até a noite.
– Não sei porque atrapalharia a Isabel... Afinal, ela e Carmen não são um casal! – Héloïse disse.
Fechei os olhos e apertei os talheres com força. Tive um vislumbre do garfo que estava em minha mão entrando na garganta dela, mas me contive.
"¡Bebé, tú salvo a todos nosotros outra vez!"
Respirei fundo, balancei a perna na esperança de me acalmar.
– Isabel é uma moça solteira, Senhorita Héloïse. – A governanta asquerosa se pronunciou. Ela me detestava.
"Deus, eu sei que não gosta de cortesãs, nem de... bem... duas mulheres, então deduzo que o Senhor provavelmente deve detestar uma cortesã apaixonada por uma Baronesa. Mas pela benevolência que tens. Não permita que mais ninguém abra a boca."
Minha respiração estava alta, eu sentia que se alguém suspirasse, eu poderia facilmente matá-lo. Isabel segurou minha mão que apertava o talher. Delicadamente retirou o objeto e cercou seus dedos nos meus, assim, diante de todos. Ela me surpreendeu com o ato, mas mais ainda depois de dizer exatamente o que eu queria ouvir. Nunca me senti tão emocionada em toda a minha vida. Apertei sua mão e sorri, ela me olhava com carinho. Naquele momento me senti a mulher mais amada e mais odiada do Império.
– Ela está grávida, Isabel! E nem mesmo deve saber quem é o pai dessa criança!
"Obviamente e como sempre, Deus não ouviu minhas preces."
Levantei da mesa em um pulo.
– Esse niño é meu! Não pertence a nenhum hombre! – Disse ríspida.
"Quem ela pensa que é?"
Nossos olhares se cruzavam. A raiva era palpável. Há tempos quero estapear essa velha, acho que hoje é o dia. Louis, se levantou ao meu lado e delicadamente tocou meu braço. Pediu calma a todos, mas era tarde demais.
– Não criei Isabel para isso. – Nos encarávamos como dois animais prestes a se matar. – Ela não criará um bastardo!
Dizem que palavras são como açoites. Rápidas, certeiras e doloridas. Realmente são. Eu senti fisicamente o que Lucília disse e meu bebê também. Sei pela cólica que me fez suspirar um pouco depois de ouvir aquilo. Nem ele me seguraria depois disso.
– Sua hija... – Movi meu corpo em sua direção, mas Isabel me interrompeu.
– CHEGA! – Gritou e bateu as mãos na mesa assustando a todos. A Baronesa olhou com tanta raiva para Lucília que a mulher recuou um passo para trás.
– NUNCA... Eu disse, NUNCA MAIS fale assim do MEU filho! – Ela gritava e nem se deu conta do que disse.
"Seu filho..."
Ela tinha toda a razão. Ele era seu filho. Eu era o amor da sua vida. Nós dois pertencíamos somente a ela.
Lucília continuou a discussão mais um pouco e saiu em seguida, deixando uma Baronesa perdida para trás. Seu rosto dizia o quanto as palavras pesaram.
– Isabel... – Chamei pela terceira vez e ela finalmente me olhou.
Eu vi em seus olhos como estava magoada. Tentei segurar sua mão, mas ela se esquivou de mim e saiu correndo. Pensei em segui-la, mas não pude, senti minha cabeça rodar e corri para o primeiro quarto depois da sala de jantar. Era o cômodo que ficava o piano do antigo Barão. Assim que botei os pés ali, fechei a porta com força. Meu estômago embrulhou. Caminhei devagar, sentei na banqueta do piano e respirei fundo.
– Cálmate, bebé... ¡Va a quedar todo bien! - Sussurrei acariciando a barriga.
Não me lembro quando foi que comecei a amar essa criança. Mas o amava. Ele era meu, meu bebê, meu filho ou filha... E de Isabel também. Não importa o que Lucília dissesse, essa criança era dela. Ninguém fará por esse bebê tudo que ela já fez. Ainda não sei o que farei daqui a alguns meses, mas sinto que devo dividir com Isabel a minha decisão. A porta do quarto abriu, olhei esperançosa, mas senti o meu sangue ferver.
– Tu! Estragou a minha menina! - A governanta me encarava com ódio e lágrimas nos olhos. - Quase gostei de ti quando Isabel me contou que tinha recusado o pedido de casamento que ela te fez.
– Usted sabes muito bem que não estou aqui casada com ela. Viu como cheguei a essa fazenda. - Gritei.
– Lógico que vi! - Cuspiu as palavras. - Moribunda depois das atrocidades que fez com essa criança que carrega.
Engoli seco e senti meus olhos se encherem de lágrimas.
– Se amasse tanto Isabel como diz à ela, sairia dessa casa, levaria essa cria contigo e nunca mais apareceria aqui.
– No fale assim do meu hijo! - Gritei me aproximando perigosamente dela.
– Seu filho? Virou uma mãe protetora? - Debochou. - Há pouco mais de um mês estava em uma maca enquanto um médico lhe enfiav* tesouras para matar essa criança.
– ¡Calláte! - Gritei- Saia desse quarto!
– Tu não é dona desta casa! Eu não recebo tuas ordens!
– Usted... - Lucília me interrompeu.
– Ouça bem o que te direi, Carmen. - Caminhou ficando a centímetros de mim. - A minha menina não merece um bastardo filho de uma prostituta como herdeiro. Ela é uma Baronesa. Tu, uma cortesã. E essa criança não é nada além de um pequeno ser teimoso demais para morrer.
Eu simplesmente não consegui responder. Fiquei paralisada com tudo que ela me disse. Não sei quanto tempo fiquei parada no mesmo lugar ainda digerindo tudo o que acabara de ouvir. Mas quando me sentei na banqueta novamente, senti que ali não era o meu lugar. Lucília tinha razão. Isabel merece mais.
Minha cabeça estava um caos. Abri o piano e dedilhei aos poucos algumas notas. O som me trazia tantas lembranças. Algumas lágrimas desceram em meu rosto.
"– O que uma donzela faz aqui a essa hora? - Perguntei em deboche.
– Tu volverás, Isabel. Nosotros sabemos de eso.
– Acho que pode começar a cantar para mim, vou adorar!
– Eu te quero comigo todos os dias, acordar ao teu lado e ter uma vida inteira para satisfazer teus caprichos e sonhos... Casa comigo, Carmen?
– Acho que o bebê gosta do teu toque.
– Oi, pequeno... ou pequena.
I.C.B...
– Não criei Isabel para isso! Ela não criará um bastardo!"
Fechei a tampa do piano com força e me debrucei ali chorando compulsivamente.
– ¿Por qué no me dejaste morir? - Gritei indignada olhando para o crucifixo na parede da frente. – ¿Por qué me devolviste a su vida? ¿POR QUÉ?
Havia um pequeno vaso com uma única flor em cima do piano, joguei-o com ódio na parede. Me senti tonta e achei que fosse desmaiar.
– Está tudo bem? - Louis segurou minha cintura com delicadeza.
– Gracias. Eu estou bem. - Segurei em seus braços respirando forte ainda de olhos fechados.
– Vem... - Ele me levou até uma divã que ficava no canto da sala e deitei ali. - Volto em um instante.
Saiu correndo e voltou com dois travesseiros.
– Melhor? - Concordei.
– Obrigada, Louis. - Sorri triste para ele. - Onde ela foi?
– Não sei, Querida. - Suspirei. - Ela logo voltará para vocês, não se preocupe, só precisa de um tempo.
– Eu tenho que ir embora daqui. - Fechei os olhos e acariciei a barriga.
– Nem pensar! - Olhei-o e ele riu. - Isabel não me perdoaria se eu deixasse o amor da sua vida e o Barãozinho irem embora enquanto ela está fora.
– Barãozinho? - Ri.
– Eu prefiro Baronesinha. - Encolheu os ombros como se fosse a coisa mais natural do mundo. Louis era incrível.
– Queria que as coisas fossem simples como faz parecer. - Sorri triste para ele.
– Posso dar um conselho à ti? - Concordei e ele continuou. - Não dê ouvidos à Lucília. Ela sempre foi uma mulher difícil.
– Não, ela tem razão, Louis. Isabel merece mais. - Ele me repreendeu com o olhar. - A Baronesa deveria amar Héloïse...
Dizer aquilo doeu cada pedaço do meu ser.
– E eu deveria amá-la. - Olhei confusa. - Desde nosso nascimento, as duas famílias queriam que fossemos casados. Eu e Isabel, já imaginou?
Fui obrigada a rir.
– As coisas não são como devem, elas são como são. - Continuei olhando para ele, tentando absorver aquilo e esquecer tudo que Lucília me disse. Delicadamente ele tocou minha barriga e deixou um carinho ali. - Essa criança é mais amada por Isabel do que eu jamais fui por meu pai, Carmen.
Concordei com ele, eu sentia exatamente a mesma coisa, sei bem do que ele falava. Ficamos um pouco em silêncio. Louis me olhava ponderando se deveria dizer algo ou não e então finalmente decidiu.
– Ela está com medo. - Olhei sem entender. - Da tua decisão.
– Eu nem sei o que fazer...
– Isabel sabe que não ficará aqui. - Neguei com a cabeça de olhos fechados. Senti que ia chorar.
– No posso fazer isso...
– Por mais difícil que seja acreditar, Carmen, tu podes e deves. Mas Isabel já me disse que é uma mulher teimosa. - Ele revirou os olhos me fazendo rir. - Só quero te pedir algo como amigo da Baronesa: Não afaste essa criança dela.
– Louis...
– Isabel te ama. Não negue isso a essa mulher. Essa criança, filho de vocês duas, será o maior presente que tu podes dar para ela.
Eu nem sabia o que responder depois do que ele me disse, mas Marta parou na porta do quarto com uma bandeja me salvando da resposta. Pedi que ela entrasse e bebi um chá gostoso que me fez relaxar. Sentia uma dor incômoda no pé da barriga desde a confusão do almoço.
Fui para o nosso quarto. Nosso. Soava tão bem. Passei a tarde inteira pensando em tudo o que aconteceu. Aos poucos à tarde ia caindo e a Baronesa não aparecia.
– Marta, onde ela está? - Perguntei preocupada à senhora, quando entrou me trazendo outra xícara de chá e um pedaço de bolo de fubá, segundo ela, para o bebê. - O sol já se pôs...
– Ela está bem, Madame, pedi ao meu marido que fosse procurá-la.
– Obrigada, querida. Não sei o que seria de mim aqui sem ti. - Ela sorriu largo.
– Vou até o estábulo procurar por aqueles dois e volto para lhe dizer se os encontrei.
Sorri e agradeci a ela. Comi o bolo e senti o bebê mexer. Ele estava inquieto hoje depois de toda essa loucura. Algum tempo depois eu ouvi barulhos altos na sala, senti meu coração parar de preocupação e saí correndo. Suspirei aliviada e irritada. Xinguei ela na presença de todos sem me importar com os olhares tortos.
Isabel gritou para a casa inteira que renunciou ao título para ficar comigo, disse que assim aceitaria seu pedido de casamento e me senti mal. Sei que não falava a verdade sobre a renúncia, mas acabou comigo saber que ela pensa nisso.
"Lucília tem toda a razão."
– Olha ali o novo Barão de Vassouras! - Apontou para o filho de Marta.
– Por Deus, Baronesa! Não diga bobagens! - A senhora pediu sem jeito.
Logo Louis levou-a arrastada para o quarto. Eu estava muito brava.
– Onde esteve, Isabel?! Tem noção de como fiquei preocupada!?
Ela tentou se aproximar, mas empurrei-a para a cama de novo. Eu andava de um lado a outro. Depois de brigar, dei um banho gelado em Isabel enquanto ouvia ela reclamar.
– Não acredito que me hayas dejado aquí e sumiu por todo el día. Não foi capaz de pedir a um empleado que me dissesse que estabas bien.
Continuei xingando a mulher, mas pela sua cara nem estava entendendo o que eu falava. Depois de banhá-la, tirei-a da tina, ajudei a colocar suas roupas e a sentei na cama.
– Carmen, por favor, pare de gritar... - Pediu baixo.
– Continuarei gritando, até você aprender!
Isabel bebeu o chá de boldo que pedi à Marta com reclamações. Eu estava brava com ela, mas me sentia mal, responsável pelo seu estado e pela loucura que estava sua vida desde que cheguei aqui.
– Disse a verdade quando gritei na sala que renunciei ao meu cargo de Baronesa... - Sorri para ela já estava em seu lado na cama.
– Sabe que não pode fazer isso... - Falei baixo.
– Por ti eu faria! - Colocou a mão em minha barriga. - Por vocês eu faria!
Isabel sempre conseguia me desmontar.
– Tu estas fedendo a cachaça. - Fiz uma careta depois de beijá-la, o cheiro era forte e logo rimos.
Conversamos mais sobre tudo que aconteceu no dia e lembrei de Louis. Ele também tinha razão. Coloquei a mão dela em minha barriga.
– Essa criança aqui, Isabel... É tão tua quanto minha , tu podes não ser pai desse bebê, mas fez mais por ele do que qualquer um faria! - Ela chorava forte. - Espero que se lembre sempre disso. Nós te amamos, Baronesa!
Deitei na cama e puxei seu corpo para deitar em meu colo, onde ela se aninhou e chorou até adormecer. Passei um tempo ali no escuro ainda, deixando um carinho nos cabelos da minha amada. Acordei e Isabel já não estava na cama. Tivemos a feliz surpresa de não cruzar com ninguém além de Marta.
Isabel me levou até a Vila de Vassouras naquele dia. Me mostrou lugares, contou dos momentos da infância e me levou até uma igreja que fora construída por seu bisavô.
Igreja de São Rafael.
– Quer se casar comigo aqui? - Perguntou com aquele sorriso sapeca.
– Isabel... - Sorri triste para ela. - No podemos... tu sabes...
– Eu sei que não podemos e sei tudo o que pensa... Mas já que meu pedido não será aceito de verdade, aceita meu pedido pelo menos aqui nesse momento, para que assim eu o guarde para toda a eternidade em meu coração...
Aceitei emocionada e com o sentimento de que guardaria em meu coração para sempre também. Isabel tirou um anel bonito do bolso. Via-se que era antigo e a joia mais linda que já vi.
– Carmen, eu, Isabel Albuquerque de Castro te prometo aqui em frente a esse altar que te serei fiel, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza e em todos os momentos de nossas vidas, para eternidade e além da eternidade. - Chorei. Chorei por todos os momentos que passamos e por tudo que ainda viria. Isabel era o amor da minha vida, de todas as minhas vidas.
– Baronesa, yo, Carmen Montenegro, te prometo aquí delante de ese altar que te seré fiel, en salud y en enfermedad, en riqueza y en pobreza y en cada momento de nuestras vidas, por la eternidad y más allá de la eternidad.
Isabel sorria lindamente para mim. Colocou o anel em meu dedo e ele coube perfeitamente, assim como ela cabia perfeitamente em meu coração. Olhamos risonhas para os lados para termos a certeza de que estávamos sozinhas e ela me beijou selando o nosso matrimônio. Não tinha nada de mentirinha ali. Toda a promessa que fiz para ela eu pretendia cumprir.
– O bebê parece que aceitou também. - Falei sorridente quando senti ele mexer e Isabel acariciou ali.
Ficamos mais um tempo lá, namorando, nos amando com olhares, carinhos Quando saí da Igreja, senti uma dor forte que me fez gem*r e imediatamente me preocupei. Decidimos que o melhor era voltar para a casa.
– Está melhor, Querida? - Isabel perguntou acariciando meu ventre.
– No mucho... Estoy sentindo dolores, cólicas. – Estava sentindo desde a manhã anterior quando fizemos amor e elas só aumentaram depois de todo o estresse que foi o dia de ontem.
Assim que entramos em casa eu corri para o quarto e uma dor mais intensa que as outras veio. Tirei o vestido apertado e a pantalona e me assustei quando a vi manchada de sangue vivo. Gemi alto com outra cólica. Eu estava apavorada.
"No haga eso. No quiero perderte..."
– Carmen? - A Baronesa entrou correndo no quarto.
– Isabel, eu estou sangrando... - Falei nervosa.
Ela me olhou assustada e correu para fora novamente. Fechei os olhos com força. Senti muito medo, não queria perder essa criança, eu já o amava demais.
– Calma, meu amor! – Ela me pegou no colo e me levou até a cama. – Plínio já está a caminho...
– Isabel... – Ela me ajudava a colocar uma camisola. Eu já estava chorando a essa altura. Desejei com tanto vigor que essa criança não estivesse aqui e agora sentia meu coração parar de preocupação. – No quiero perderlo...
A Baronesa me abraçou forte e me deixou chorar em seu colo.
– Ficará tudo bem... – Ela acariciou meu ventre. – O bebê não sairá daqui agora... Escutou, criança? – Se abaixou e deixou um beijo demorado ali. – Aguente firme aí dentro, logo estará em nossos braços.
Sorri triste para ela. Ficamos ali na cama, Isabel me segurava em seu colo e deixava um carinho em meu ventre. Eu sentia sua preocupação, estava tão grande quanto a minha. Tentei manter a calma, mas a cada cólica meu choro voltava.
"Bebé, no me dejes. Por favor..."
O médico demorou uma eternidade, mas finalmente chegou.
– Plínio! – Isabel levantou em um pulo. - Graças a Deus!
– Baronesa! – Disse se aproximando e apertando sua mão.
– Obrigada por atender meu pedido...
– Estava na fazenda ao lado, por sorte o cocheiro me encontrou no caminho... – Ele se aproximou de mim. – Minha querida, o que houve?
. Plínio sempre foi um homem muito educado e gentil comigo.
– Senti dores ontem, mas nada muito forte. Então, hoje pela manhã fui com Isabel até a vila e as dores voltaram com mais força e quando cheguei, eu estava sangrando... – Falei aflita.
O médico se aproximou de mim e apalpou minha barriga.
– Baronesa, pode esperar lá fora para que eu possa examinar a Madame Carmen?
Isabel assentiu um tanto contrariada, pelo seu olhar percebi que ela não queria sair do meu lado.
– Por favor, Plínio, não deixe nada acontecer a minha mulher e meu filho... – Pediu na porta do quarto e senti meu coração se alegrar.
O médico pediu para que eu me deitasse na ponta da cama e me examinou.
– Madame, tu e a Baronesa tiveram intimidades? - Gelei.
– Sim...
– Entendi. - Ele suspirou incomodado e levantou em silêncio. Não perguntei nada, não sei se queria ouvir o que ele tinha a dizer. – A senhora teve algum estresse nesses últimos dias?
Concordei suspirando forte e ele sorriu pela a minha irritação.
– Pode se vestir. Chamarei a Baronesa.
Concordei e segundos depois Isabel entrou como um furacão. Sentou na cama ao meu lado e beijou minha mão. Dr. Plínio entrou no quarto e fechou a porta.
– Fiquem tranquilas, ao que tudo indica o bebê está bem! – Suspiramos aliviadas e instintivamente colocamos a mão em minha barriga. - Carmen me contou que tiveram intimidades ontem, certo?
Isabel endureceu a postura e eu olhei-a preocupada.
– Bem... As duas foram irresponsáveis. Não liberei a paciente para o sex*, Baronesa. – Ele falava sério. – Seus ferimentos ainda estão cicatrizando, teve uma grande melhora, mas levará algum tempo até estar totalmente curada. - Me olhou repreensivo. - Foram precipitadas...
Isabel suspirou aflita e levou as mãos à cabeça.
– Eu tive cuidado... – Tentou continuar, mas Plínio à interrompeu.
– Baronesa, o estado ainda é delicado. Eu liberei para passeios e não para relações. – Olhei para ela em um pedido de desculpas silencioso, afinal, foi eu que insisti para que fizéssemos algo. – Acredito que o sangramento e as cólicas foram por conta do estresse sofrido pela senhorita esses dias e por conta da relação os ferimentos se abriram um pouco, somente alguns, nada grave... Mas precisam tomar mais cuidado. Contenham-se por um tempo. Sei que são jovens e nessa idade são impulsivas! – Plínio disse nos fazendo rir. – Mas por agora evitem algo mais íntimo.
Eu e Isabel trocamos um olhar confidente e ela beijou minha testa.
– Outro ponto muito importante para uma gravidez mais tranquila, para Carmen e o bebê, é evitar emoções fortes, situações estressantes. – O médico foi até sua maleta e retirou de lá um frasco e alcançou para Isabel. – É o mesmo medicamento que ela tomou quando chegou a fazenda!
– Plínio... - A mulher começou sem jeito. - Quanto tempo para...
– Esperem em torno de trinta dias e então já podem se divertir, mas com cuidado. - Disse rindo. – Se cuide, Madame! E qualquer problema, me avisem!
– Obrigada, Doutor! – Pedi mais aliviada e ele sorriu gentilmente..
– Baronesa, cuide bem dos dois! – Apertou a mão dela. Sorri com as palavras do senhor.
– Obrigada novamente, Plínio! - Isabel agradeceu.
O acompanhou até a sala e minutos depois voltou ao quarto séria. Parecia brava.
– ¿Qué pasó, Cariño? - Seu semblante mudou na hora e sorriu largo para mim.
– Nunca me chamou assim... - Encolhi os ombros sorrindo sem graça. - Como és linda, Carmen.
– Pare! Está me deixando sem jeito! - Sorri largo. - Agora me diga, por que veio brava da sala?
– Lucília. - Suspirou. - Mas não quero falar sobre isso.
Agradeci silenciosamente e ela sentou na cama ao meu lado.
– Quase nos matou de susto hoje. Não faça mais isso. - Deitou a cabeça em meu ventre enquanto falava com o bebê, deixei um carinho em seus cabelos.
Suspirou pesado. Eu podia ver o quanto ainda estava magoada com tudo o que aconteceu ontem. Levantou devagar, descobriu meu corpo e levantou a camisola que eu usava até expor minha barriga. Fez um carinho terno e beijou ali. Era um momento só deles e eu respeitei isso.
– Eu te amo. - Sussurrou com os lábios colados na minha pele. - Não importa o que os outros digam, tu és meu bebê, ouviu? Meu filho ou filha! E como tua mãe, eu te proíbo de nos assustar assim outra vez.
Sorri largo, mas ela estava perdida ali, nem viu. Deitou novamente com a cabeça em meu ventre e cantou uma canção baixinho para o bebê. Senti meu corpo relaxar depois de tanta tensão e adormeci. Acordei com batidas na porta.
– Entre. - Isabel ainda estava do mesmo jeito e não levantou a cabeça.
– O almoço está servido. - Lucília olhava para ela repreendendo-a.
Mesmo depois de ouvir quem era, ela não se moveu, pelo contrário, nem se deu o trabalho de abrir os olhos.
– Peça à Marta que prepare a mesa da varanda para eu e Carmen. Só isso? - Foi seca, completamente diferente da maneira que falava com a governanta antes.
– Isabel...
– Pode sair, Lucília. Conversarei contigo mais tarde. - A mulher me olhou com desprezo e eu retribuí o olhar. Suspirou e saiu batendo os pés. Ficamos ali mais um tempo, só nós três.
– Vamos almoçar? - Isabel perguntou se espreguiçando.
Concordei sorrindo para ela. A Baronesa sorriu de volta e me beijou com carinho.
– Me desculpa pelo que aconteceu. - Falou se referindo ao sangramento.
– Não foi tua culpa. - Sorri maliciosa.
– Não me olhe assim, Carmen! - Riu nervosa. - Vem, vamos almoçar!
– Vamos. Teu filho está faminto. - Sorri para ela que me olhou sem jeito e me abraçou forte.
– Eu amo vocês. - Beijou meus lábios devagar. - Amo mais que qualquer coisa.
– Nosotros te amamos, Baronesa. - Abracei-a sentindo o cheiro de seu perfume delicioso. Deixei um beijo delicado em seu pescoço.
– Olha... eu acho que vou dormir esses trinta dias na divã da sala do piano. - Saímos para o almoço rindo e me peguei desejando mais uma vez que esses momentos fossem eternos.
Fim do capítulo
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